quinta-feira, 23 de janeiro de 2025

"APCA" faz justiça e expõe o 2024 trágico para a teledramaturgia da Globo

 Em assembleia geral realizada no Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Estado de São Paulo na noite de segunda-feira, dia 20, a APCA - Associação Paulista de Críticos de Artes escolheu os melhores de 2024 nas seguintes categorias: Arquitetura, Artes Visuais, Cinema, Dança, Literatura, Música Erudita, Música Popular, Rádio, Teatro, Teatro Infanto-Juvenil e Televisão. Mais uma vez a justiça prevaleceu e ainda expôs bem como foi o cenário da teledramaturgia ano passado na categoria de TV. 


A Globo sofreu um baque histórico porque perdeu a categoria Novela, após 31 anos de hegemonia, para "Pedaço de Mim", drama impecável de Ângela Chaves, produzido pela Netflix. A última derrota da líder tinha sido em 1994, quando o primoroso remake de "Éramos Seis", adaptado por Silvio de Abreu e Rubens Edwald Filho no SBT, venceu como o melhor folhetim. A derrocada comprovou o ano catastrófico que foi 2024 para a teledramaturgia da emissora. A vencedora concorreu com "No Rancho Fundo", o remake de "Renascer", "Volta por Cima" e "Garota do Momento". 

É importante ressaltar que "Volta por Cima" e "Garota do Momento" têm muitas qualidades, mas foram indicadas, mesmo recém-iniciadas na época da indicação, porque "Família é Tudo" e "Mania de Você" foram (são) péssimas. Vale destacar ainda que antes de "No Rancho Fundo" teve o remake fracassado de "Elas por Elas" e antes de "Família é Tudo" a problemática "Fuzuê". Ou seja, nem tinha opções disponíveis.

E a trama atual das seis de Alessandra Poggi também merece o título de Melhor Novela, mas de 2025 porque estreou em novembro do ano passado. Então, o triunfo de "Pedaço de Mim" foi mais do que justo. Ângela Chaves conseguiu criar e desenvolver uma história com um mote central ousado --- uma mulher que engravida de gêmeos de pais de diferentes e um deles oriundo de um estupro ---- que rendeu um dramalhão da melhor qualidade, protagonizado por Juliana Paes, Vladimir Brichta e Felipe Abib. 

Na categoria Ator, Chay Suede foi o vitorioso e o ator merece porque vem carregando "Mania de Você" nas costas através de seu ótimo desempenho na pele do vilão da trama de João Emanuel Carneiro. É um raro acerto em meio a uma avalanche de equívocos. O intérprete concorreu com os igualmente talentosos Edu Sterblitch (pelo Sérgio na segunda temporada de "Os Outros"), Gabriel Leone (pelo Senna na série homônima da Netflix), Juan Paiva (pelo João Pedro no remake de "Renascer") e Vladimir Brichta (pelo Egídio em "Renascer").

Na categoria Atriz, Andrea Beltrão foi a escolhida a melhor e mais uma vez acertaram. A atriz emocionou na pele de Zefa Leonel, em "No Rancho Fundo", um papel totalmente diferente de tudo o que já tinha feito na carreira. A novela deixou muito a desejar em vários aspectos, mas o elenco brilhou e ela foi a maior estrela. A intérprete concorreu com Adriana Esteves (pela Cibele na segunda temporada de "Os Outros"), Mariana Ximenes (pela Ísis em "Mania de Você"), Daphne Bozaski (pela Lupita em "Família é Tudo") e Edvana Carvalho (pela Inácia em "Renascer"). 

Na categoria Série, a vencedora foi "Senna", da Netflix, e a superprodução mereceu, tanto pelo capricho nas reproduções de momentos importantes na vida do ídolo da Fórmula 1, quanto pelo desempenho do bom elenco, apesar do roteiro chapa branca. As concorrentes foram: a excelente "Cidade de Deus: A Luta Não Para", da Max; a quinta temporada de "Impuros", da Disney+; a fraca segunda temporada de "Os Outros" e a decepcionante "Justiça 2", ambas do Globoplay.

Já na categoria Documentário, o consagrado foi "Kubrusly: Mistério Sempre Há de Pintar Por Aí", do Globoplay, que homenageou lindamente a trajetória do jornalista que viajou pelo Brasil contando histórias, mas não se lembra mais de nenhuma delas por conta de uma demência frontotemporal. As concorrentes foram "Tributo", do Globoplay; "Maníaco do Parque: A História Não Contada", da Prime Video; "Gugu, Toninho e Augusto", do +SBT; e "O Ninho: Futebol e Tragédia", da Netflix. 

A última categoria foi a de Programa e realmente venceu a atração que mais se destacou em 2024: a nova versão do "Sem Censura". Após um período fora do ar, o longevo formato da TV Brasil voltou sob o comando da carismática Cissa Guimarães e a apresentadora está cada vez mais à vontade conduzindo os bate-papos e extraindo ótimos depoimentos dos convidados. É uma delícia acompanhar. O vencedor concorreu com os também ótimos "Companhia Certa", da Rede TV!"; "Lady Night"; do Multishow; "Projeto Falas", da Globo; e o "Que História é essa, Porchat?", do GNT. E o Prêmio Especial da Crítica foi para Fausto Silva, homenageando todo o legado que o apresentador ---- que agora tem ficado em casa, após dois transplantes ---- deixou na televisão. 

A "APCA" concede o troféu anual desde 1956 e o de televisão desde 1972.

5 comentários:

Anônimo disse...

Poderemos sonhar com uma possível indicação (acrescida de vitória) de "Dona De Mim" daqui a um ano? (Embora também acredite que "Beleza Fatal" tenha potencial para tanto.)

Guilherme

FABIOTV disse...

Olá, tudo bem? Agradeço a divulgação dos premiados da APCA. Li o texto com atenção. Abs, Fabio www.blogfabiotv.blogspot.com.br

Reflexos Espelhando Espalhando Amig disse...

Sergio,
Mais uma publicação
emvolvente
e empolgante.
Mas hoje quero
deixar meu desejo
eótimo fim de semana.
Bjins
entre sonhos e delírios
CatiahôAlc.

Ane disse...

Destes todos, só vi a série "Senna" que adorei!
Que fase da Globo, em?
😘

Anônimo disse...

Você está perdendo muito pedaço de mim, vale muito a pena assistir, assisti em 1 dia sem parar, não consegui desligar a tv sem saber o final rsrs