Retrospectiva 2023: os piores do ano

 As retrospectivas de fim de ano são uma tradição neste blog e há o costume de apresentá-la em partes. Após a lista de tristes perdas do meio artístico em 2023, chegou a hora das listas de piores, melhores casais, cenas, atores e destaques. Começando, como sempre, pela seleção do que teve de pior no ano que passou. Vamos a eles. 

"BBB 23": 

Quem achou que nada seria pior que o "BBB 22" teve que rever seus conceitos... Um fracasso de audiência, a pior de toda a história do reality, e um jogo que foi tomando um rumo repleto de preconceito e atitudes bastante controversas que não tiveram uma resposta merecida da produção. Para culminar, duas expulsões por assédio sexual, mas com os expulsos tendo seus contratos mantidos com a emissora, assim como seus privilégios dos prêmios que ganharam. Até os discursos de Tadeu Schmidt decepcionaram. O apresentador resolveu bancar o 'isentão' e elogiou todo mundo que foi eliminado, não houve crítica alguma a qualquer comportamento. Pareceu um conto de fadas. E o pior de tudo foi o público elegendo uma vencedora que pouco fez para ter honrado os quase três milhões de reais que faturou, a maior premiação da história do formato. 

"Travessia": 

A novela foi uma avalanche de problemas que dominaram o enredo do primeiro ao último capítulo. A trama derrubou os índices do bem-sucedido remake de "Pantanal" e se mostrou um grande fracasso. Mas teve motivos de sobra para tamanha rejeição do público. Não havia uma história consistente sendo contada e a ideia de abordar os avanços da tecnologia através da chamadas fake news não se sustentou nem por dois meses, o que naufragou a narrativa da protagonista, que ficou avulsa boa parte do enredo. A imensa maioria dos personagens não despertou atenção do telespectador e nem havia uma boa construção dos conflitos. Aliás, quais conflitos? Até mesmo Drica Moraes comentou, após o término da trama, que não entendeu a proposta de sua personagem. E Cássia Kiss? A atriz mal conversava com seus colegas por conta de seus pensamentos conservadores, o que deixava o clima das gravações nada agradável. Vale citar ainda a direção equivocada de Mauro Mendonça Filho, que prejudicou várias cenas, sendo criticado até pela autora no X, antigo Twitter. Chegou ao fim como o pior folhetim da carreira de Gloria Perez. 

"Fuzuê": 

A novela das sete ainda está no ar e seguirá na grade da Globo até março de 2024. A missão era ingrata: substituir o fenômeno "Vai na Fé". No início, a história se mostrou convidativa através da divertida rivalidade entre mocinha e vilã que surgiu durante uma saga de caça ao tesouro. Porém, a trama que marcou a estreia do talentoso Gustavo Reiz na emissora não se sustentou por muito tempo e logo demonstrou sinais de esgotamento com um excesso de mistérios em torno do famigerado tesouro escondido. O autor Ricardo Linhares foi chamado para salvar o enredo, mas até agora as mudanças não surtiram qualquer efeito e dificilmente haverá uma resposta do público uma vez que a estrutura do folhetim está toda voltada para a fortuna cobiçada, o que deixa o conjunto de conflitos monotemático e desinteressante.

"A Grande Conquista": 

O reality foi anunciado como uma criação original da Record. Mas o diretor Rodrigo Carelli apenas juntou todas as fórmulas conhecidas de qualquer reality em um só. Mas, como costuma acontecer em qualquer formato promovido pela emissora, o jogo se mostrou maçante logo no começo e o fiasco de audiência foi inevitável. A apresentação de Mariana Rios merece elogios, mas o programa não teve repercussão alguma e passou despercebido. Apesar de tudo, volta ano que vem...

"Minha Mãe Cozinha Melhor que a Sua":

O programa baseado no mesmo formato da emissora portuguesa RTP1 marcou a estreia de Paola Carosella na Globo, após anos como jurada no "Masterchef" da Band. No entanto, sua participação era muito pequena e também como jurada, mas uma jurada boazinha já que os competidores não eram profissionais. João Diamante foi o outro jurado e a atração tinha a apresentação de Leandro Hassum, que esteve deslocado o tempo todo. Não era um programa ruim, mas também não despertava maiores atenções. Tanto que fracassou aos domingos e não voltará ano que vem. 

"Fofocalizando": 

O programa de fofocas do SBT existe desde 2016 e já passou por diversos horários, mas nunca fez sucesso. Também já teve vários integrantes que hoje nem estão mais lá. E sempre foi caracterizado por replicar matérias de outros veículos ou então em comentar notícias dadas por um jornalista que expôs a gravidez de uma atriz de forma baixa e repugnante. No entanto, apesar de tudo, foi estranho ver uma profissional tão elogiada como Cris Flores dando palco e defendendo cegamente a mãe de Larissa Manoela diante de todas as informações sobre o caso que explodiu no "Fantástico". O pior foi acompanhar os comentários dos demais participantes da atração desrespeitando Larissa de todas as formas. Aliás, o "A Tarde é Sua", da Rede TV!, comandado por Sônia Abrão está no mesmo balaio no quesito defender gente indefensável. 

"Família Paraíso": 

A série estreou no Multishow em maio de 2022 e em outubro do mesmo ano foi exibido pela Globo nas tardes de domingo. O mesmo aconteceu em 2023. Protagonizado por Leandro Hassum, o humorístico retrata a rotina de Leleco trabalhando na Casa Paraíso, uma instituição de repouso para idosos. O único ponto positivo da atração é dar emprego para vários atores veteranos que acabaram excluídos das novelas por puro etarismo. No entanto, a série não tem a menor graça e não por acaso enfrentou dificuldades de audiência diante do "Domingo Legal", do SBT. 

"Pipoca da Ivete": 

A estreia de Ivete Sangalo com um programa para chamar de seu na Globo foi um fiasco em 2022. Deu tudo errado. Os quadros eram cópias de outros já feitos em atrações fracassadas, como o extinto "Se Joga", e Ivete ficou presa em um roteiro que a impedia de improvisar, algo que sempre foi sua melhor qualidade. O resultado: péssima audiência e massacre de críticas de jornalistas. A emissora, no entanto, insistiu com o formato em 2023 e na coletiva de imprensa a apresentadora garantiu que várias mudanças aconteceriam. De fato, alguma coisa mudou e Ivete ficou mais solta no palco, o que melhorou muito sua desenvoltura. Mas o resto... O novo quadro que misturava cantoria com namoro não funcionou e tinha um tempo excessivo, ao mesmo tempo que os convidados que participavam pouco acrescentavam. Agora, ao que parece, acabou de vez. Nada de terceira temporada. 

"Reis": 

A Record inventou um sistema de temporadas com a atual novela bíblica para disfarçar sua incompetência com as gravações. Como vem enfrentando vários problemas, inclusive financeiros, os trabalhos precisaram ser interrompidos em alguns momentos, o que implicou em atrasos que afetaram uma exibição regular da história. Tanto que ao longo dos meses precisaram reprisar algumas 'temporadas' até as novas serem finalizadas e atualmente a grade está com a reprise de "Jezabel", novela de 2019. E o resultado não despertou maiores atenções porque é mais uma história bíblica com figurinos iguais e atores sempre vistos na emissora. Vários intérpretes, aliás, participam de quase todas as fases, mudando apenas de peruca. A verdade é que desde que Cristiane Cardoso, filha de Edir Macedo, passou a interferir no setor de teledramaturgia que tudo ruiu de vez. Não por acaso, a atual trama é escrita por Cristiane em parceria com Raphaela Castro. Vale citar também as notícias divulgadas sobre figurantes em condições precárias de trabalho, incluindo pouca comida disponível.

Amauri Soares: 

O novo todo poderoso responsável pela gestão dos Estúdios Globo nega qualquer interferência, mas inúmeros sites especializados o colocaram como o verdadeiro responsável pelos cortes em vários beijos homoafetivos em "Vai na Fé", a 'cura gay' em "Amor Perfeito" e a perda de destaque do casal lésbico em "Terra e Paixão". Isso porque o seu intuito seria mirar no público evangélico, que vem crescendo a cada ano no país. Os mesmos sites publicaram que partiu dele a ordem para os autores não escreverem mais tramas espíritas, o que também causou um impedimento em futuras reprises de "A Viagem" e "Alma Gêmea". Ler essa quantidade de acusações em cima de uma pessoa que está responsável pelo setor dramatúrgico da maior emissora do país e segunda maior do mundo, em pleno 2023, é assustador. Vale até uma observação sobre o que Walcyr Carrasco e Thelma Guedes vêm fazendo neste final de dezembro na atual novela das nove: já foram três beijos de Menah (Camilla Damião) e Mara (Renata Gaspar), além de uma ótima cena com Luana (Valéria Barcellos) sendo pastora. Seria o recesso de fim de ano do poderoso?

"The Voice Brasil": 

Finalmente acabou. A décima segunda temporada chega ao fim em clima de já vai tarde. O reality musical da Globo deixou de repercutir e dar boa audiência há muitos anos, mas a emissora insistia com o formato apenas para tapar o buraco da grade agora que não há mais séries para exibir, uma vez que quase todas ficam exclusivas do Globoplay. A mesmice na análise dos técnicos, na escolha das músicas, enfim, tudo desgastou o formato. A fraca temporada de 2023 foi apenas mais uma confirmação do fato. 

Que em 2024 a televisão tenha menos produtos tão ruins, ainda que deixe a retrospectiva do blog mais enxuta. O telespectador merece.