quinta-feira, 21 de outubro de 2021

Apesar da temporada irregular, "Sob Pressão" fecha mais um ciclo com emoção e esperançosas cenas

 A quarta temporada de "Sob Pressão", co-produção da Globo com a Conspiração, chegou ao fim nesta quinta-feira (21/10) com apenas 11 episódios. Claro que ficou um gostinho de quero mais; afinal, a série, escrita por Lucas Paraizo e dirigida por Andrucha Waddington, manteve todas as qualidades já conhecidas desde seu lançamento, em 2017. A boa mescla de ficção com realidade mais uma vez se mostrou um dos maiores trunfos da produção, que optou pela não abordagem da covid-19, após os dois impactantes especiais produzidos ano passado. 

A estratégia de deixar a pandemia apenas como pano de fundo, através de personagens com máscaras ---- que retiravam em alguns momentos para a focalização da expressão dos atores em cena ---- se mostrou acertada. Havia um medo de deixar a série repetitiva e o risco era real. Sem a necessidade da abordagem da covid, o autor teve a possibilidade de explorar casos reais de grande repercussão em episódios de grande carga dramática, como o incêndio no fictício hospital Edith de Magalhães ---- nomeado para homenagear a enfermeira Edith de Magalhães Fraenkel, pioneira da saúde e enfermagem, que ajudou a combater a gripe espanhola no Brasil. 

Aliás, o episódio do incêndio foi o melhor da quarta temporada. O trabalho irretocável da direção ficou exposto em cada detalhe e a quantidade de cenas, incluindo planos-sequência de maior dificuldade, impressionou. Afinal, as gravações foram feitas em plena pandemia do novo coronavírus e na época em que as vacinas ainda não estavam com grande disponibilidade.

A dedicação valeu a pena e o resultado no ar ficou de tirar o fôlego, com o perdão do trocadilho. A destruição no hospital foi inspirada em casos divulgados amplamente pela imprensa, como o fogo no Hospital Badim, em 2019, e no Hospital Geral de Bonsucesso, em 2020, ambos no Rio de Janeiro. E sobre o episódio vale uma menção especial ao brilhante desempenho de Drica Moraes, que emocionou no momento em que Vera perdeu uma colega de trabalho. 

E Drica é apenas um dos muitos nomes de peso da série. O protagonismo de Evandro e Carolina novamente foi honrado por Júlio Andrade e Marjorie Estiano, que arrebatam sempre que aparecem. A perda do filho foi o conflito do casal na terceira temporada e a quase morte de Evandro o drama do especial sobre a covid. Já agora os heróis tiveram que encarar a chegada de um filho do médico. Isso porque Diana (Ana Flávia Cavalcanti em ótimo momento) levou uma criança para a emergência e, depois de muita insistência de Evandro, confirmou que era herdeiro de seu ex. Pouco tempo depois e com o filho já recuperado, entrou em depressão e sumiu, deixando Francisco sob os cuidados do casal. Carolina acabou se afeiçoando ao novo integrante da família, ao mesmo tempo que se culpou porque não conseguiu ajudar Diana. No entanto, semanas depois, Diana retornou e conseguiu a guarda do menino, o que implicou em um novo drama na vida do casal principal. Marjorie engrandece qualquer cena e não foi diferente na quarta temporada. Sua parceria com Júlio conquista ainda mais o público a cada ano. O choro dos personagens abraçados, logo após a sentença da juíza, foi devastador. 

As participações especiais sempre foram uma espécie de 'bônus' para os fãs da série. Muitos atores fazem aparições marcantes e melhoram um conjunto já harmônico. Em 2021, Arlete Salles e Ary Fontoura divertiram e sensibilizaram na pele de um casal da terceira idade soropositivo. Cláudia Di Moura deu um show interpretando a batalhadora Dona Maria, uma avó que não saiu do lado do neto em nenhum instante desde que o rapaz acabou internado por conta de uma bala perdida. Tatiana Tibúrcio (Elis); Miwa Yanagizawa (Cibele); Roger Gobeth (Guilherme); Adriano Garib (Nivaldo); Matheus Costa (que convenceu na pele de Joca, menino que sofria de problemas mentais); Enrique Diaz (Adilson); Grace Passô (Selma); Ailton Graça (Genésio); Tadeu Melo (Seu Toniquinho); Laura Barreto (Debora), Bianca Byington (Juíza) e João Vitor Silva (Leonardo) foram alguns que abrilhantaram a temporada. 

Todavia, nem tudo foram flores. Houve uma diminuição do tempo de cada episódio que fez diferença. Nas temporadas anteriores, os episódios tinham entre 50 minutos e uma hora. O menor tinha no mínimo 45 minutos. Agora foram episódios por volta de 35 minutos. Somente alguns com 40 minutos. Parece pouco, mas fica perceptível como os conflitos dos personagens se resolvem mais rapidamente, o que prejudica a narrativa. Outro problema perceptível foi a pouca valorização da talentosa Bárbara Reis, que entrou no elenco para interpretar a enfermeira Lívia e mal apareceu. Outros personagens que apareceram bem menos, em comparação aos anos anteriores, foram Rosa (Josie Antello), Charles (Pablo Sanábio), Gustavo (Marcelo Batista) e Keiko (Julia Shimura). Ao contrário das três anteriores, ficou perceptível a irregularidade. 

O último episódio foi marcado pela emoção e grandiosas atuações. Claudia Di Moura emocionou com a alegria de Dona Maria vendo o neto finalmente acordando, após um longo tempo internado em estado crítico. O discurso da personagem, agradecendo Evandro e todos os profissionais do hospital, também foi lindo. E o que dizer da cena final, com Diana voltando e decidindo ficar no Rio de Janeiro para dividir a guarda de Francisco com o ex? Ainda enfatizando que quer Carolina também como mãe do menino, registrado em cartório? Tudo ao som de "Força Estranha", cantada por Gal Costa. Não havia sequência melhor para o encerramento. Ana Flávia Cavalcanti brilhou ao lado de Marjorie Estiano e Júlio Andrade. 

"Sob Pressão" encerra sua quarta temporada já despertando expectativas para a quinta, que, segundo consta, será a última e apenas exibida na Globoplay. É uma péssima notícia para os admiradores da melhor série nacional já produzida e com vários prêmios internacionais ---- ganhou 4 troféus no 31st Festival International de Programmes Audivisuels (2018), em Biarritz, na França; melhor série, melhor interpretação feminina e masculina (para Marjorie e Júlio) e melhor roteiro. Em 2019, Marjorie Estiano foi indicada ao Emmy Internacional de melhor atriz, mas não levou. A produção já foi licenciada para mais de 65 países. Vale lembrar que a trama seria encerrada na terceira temporada. Quem sabe até 2022 a Globo não muda de ideia mais uma vez. 

16 comentários:

Anônimo disse...

Eu já estou com um vazio.

Arthur Barbosa disse...

Nossa, Sérgio, falar que a retirada das máscaras foi algo acertado pelos roteiristas é algo complicado, ainda mais que ainda vivemos a pandemia. É claro que, na série, ela é pano de fundo, o que não quer dizer que ela cessou de vez, vale lembrar, pois, caso contrário, não haveria a necessidade de colocar a máscara na trama. Me incomodou bastante ver médico tirando o equipamento de proteção individual no meio da rua e paciente pedindo, por exemplo, para tirá-la no meio de uma consulta, dentro do hospital. Foi o cúmulo do absurdo. 'Sob Pressão' sempre teve uma responsabilidade muito grande com a realidade e, infelizmente, nesse quesito a produção errou, e muito. Neste último episódio, eles colocaram "Um Mês Depois", nos minutos finais, e seria ótimo se os roteiristas deixassem claro, desde o início, quanto tempo da pandemia se passou com esse simples escrito na tela. Este comportamento de tirar a máscara, de colocar a máscara, não foi legal, não, e sim um desserviço. Além disso, a trama da Diana "não teve pé, nem cabeça", né?! Chegou, pintou, bordou e ficou boazinha no final? Quais eram as reais intenções dela? Ficar com Evandro? Pegar dinheiro dele, por meio da pensão alimentícia? Inverossímil ninguém ter cogitado ao menos o exame de DNA entre pai e filho. Até o Comendador, em 'Império', fez para comprovar a paternidade, não só de Cristina, como, também, dos outros filhos. Gostei da fotografia, com várias palhetas de cores e imagens aéreas de encher os olhos, dignas de cinema. Um pena 'Sob Pressão' ter se tornado uma série aquém do esperado, porque ela sempre foi além, em todos os sentimos. Globoplay ainda vai se arrepender e renovar a série, com certeza! Fico triste com o cancelamento e, mais ainda, com a não exibição na TV Aberta, a qual renovou o seriado para a quarta e quinta temporadas, não é mesmo?! Um desrespeito ao telespectador, ao meu ver.

Maria Lucia (Centelha) disse...

Se há uma série que eu sempre gostei foi "Sob Pressão" , emoção do começo ao fim. Mas por motivos de trabalho não mais assisti. Gostei da resenha. Bom pra me atualizar. Obrigada.
Beijinhos

Anônimo disse...

Essa temporada serviu pra me mostrar que é melhor acabar na quinta mesmo. Pq já está começando a se desgastar.

jack zanardi disse...

Sou fã de carteirinha. Realmente a quarta temporada, apresentou alguns problemas, a agilidade dos episódios, fizeram perder um pouco o brilho. A questão da máscara virou um problema crônico dos brasileiros, tirar pra falar e outras coisas mais. Percebi,que quando estavam no centro cirúrgico fica azul e fora sempre ao contrário (fundo branco). Mesmo com um um roteiro fraco, a Marjorie, brilhou como sempre. Sabe encantar, só com o olhar. O Evandro, teve episódios, que odiei, pq aflorou o seu lado machista e insensível. A última cena foi encantadora: Duas maes, um pai e um Francisco.

Isa Sá disse...

Não costumo ver séries.

Isabel Sá
Brilhos da Moda

Vinicius disse...

Apesar de amar sob pressão,quero logo que a marjorie volta as novelas,Vinicius

Sérgio Santos disse...

Eu tb, anonimo.

Sérgio Santos disse...

Arthur, na verdade eu falei que o acertado foi a não abordagem da covid como tema central. Na questão das máscaras, concordo que é controverso, mas eu entendi a razão. Era valorizar o elenco que participava dos episódios. Vejo New Amsterdan e é exatamente a mesma coisa. Covid como pano de fundo, todos com máscaras, mas tiram em vários momentos para a valorização do elenco.
Eu gostei da trama da Diana, achei que engrandeceu o casal protagonista. Nao vi necessidade do DNA com a criança sendo mesma filho dele. Eu ia querer se viesse aquele plot que eu imaginei: a criança nao ser filha dele e ela usar isso para ficar com a guarda. Essa exigência consumiria apenas o tempo dos episódios que ja estava reduzido. O que nao curti disse no texto, a falta de destaque de vários atores fixos. Fez diferença.

Sérgio Santos disse...

Eu tb, Maria Lucia.

Sérgio Santos disse...

Tb achei, anonimo. Melhor acabar em alta.

Sérgio Santos disse...

Verdade, Jack! O final foi lindo.

Sérgio Santos disse...

Ok, Isa.

Sérgio Santos disse...

Entendo seu desejo, anonimo.

Jovem Jornalista disse...

Ainda não vi essa temporada, mas pretendo em breve. Realmente essa é a melhor série médica que já ouviu se falar. Adorei sua resenha e crítica.

Boa semana!


Jovem Jornalista
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Até mais, Emerson Garcia

Sérgio Santos disse...

É mt bom, Teresa.