Luis Gustavo amava divertir o público

 O meio artístico sofreu mais um duro baque no último domingo, dia 19. O amado Luis Gustavo faleceu aos 87 anos, após três anos lutando contra um câncer no intestino. O corpo do artista foi cremado na segunda-feira (20) em uma cerimônia restrita à família. Foi o sobrinho, o também ator Cássio Gabus Mendes, que anunciou o falecimento do tio. 

Luis Gustavo Blanco nasceu em Gotemburgo, na Suécia, em 2 de fevereiro de 1934. Começou a carreira na televisão como contrarregra, levado pelo cunhado, o autor Cassiano Gabus Mendes, para a extinta TV Tupi. Após alguns trabalhos como ator, entre 1953 e 1967, viu sua carreira deslanchar de vez em 1968, quando interpretou Beto Rockfeller, na novela de mesmo nome. A trama revolucionou a teledramaturgia com uma linguagem mais coloquial, sem o então tradicional exagero de um folhetim. O sucesso foi tanto que em 1973 o ator interpretou novamente o personagem em "A Volta de Beto Rockfeller", uma espécie de continuação da produção anterior. 

A estreia na Globo foi em 1976, na novela "Anjo Mau". Luis ainda interpretou muitos outros tipos que imenso sucesso. Em 1982, caiu na boca do povo e virou um dos maiores trunfos de "Elas por Elas", novela de Cassiano Gabus Mendes. O atrapalhado detetive Mário Fofoca entrou para a galeria de grandes personagens do ator, que vivenciou a mesma experiência que teve com Beto Rockfeller.

O papel teve tanto êxito que acabou voltando em uma série no ano seguinte, ("Mário Fofoca" - 1983), onde se tornou protagonista. Vale lembrar que o mesmo personagem também retornou no remake de "Ti Ti Ti", em 2011, atualmente reprisada no "Vale a Pena Ver de Novo". 

Aliás, Luis esteve na versão original de "Ti Ti Ti", escrita por Cassiano Gabus Mendes em 1985. E deu um show na pele do atrapalhado Ariclenes Almeida, que virava o famoso estilista Victor Valentin. Sua parceria com Reginaldo Faria, intérprete do André Spina/Jacques Leclair, deu muito certo. O papel foi vivido por Murilo Benício no remake e a autora Maria Adelaide Amaral fez questão de homenagear Luis Gustavo quando escreveu cenas especiais para o ator reviver Victor Valentin, mesmo interpretando Mário Fofoca na história. Uma verdadeira junção de sucessos. 

O veterano também foi um dos maiores responsáveis pela realização do "Sai de Baixo" (1996/2002), formato que unia televisão e teatro, baseado na fórmula da "Família Trapo", exibido pela Record na década de 60. O sitcom foi uma ideia dele e do diretor Daniel Filho. Não por acaso, Luis viveu outro tipo que ficou marcado na memória do público: Vanderlei Matias, o Vavá. O personagem não era o mais engraçado da turma do Arouche, mas era a figura necessária para o brilho dos colegas. O perfil chamado de 'escada'. E como o intérprete se divertia em cena. Muitas vezes parecia assistir ao show dos amigos. Chegou a dizer várias vezes que por ele o programa jamais acabaria. Ele amava divertir o público e costumava dizer que seu melhor termômetro era a reação das crianças. 

"O Beijo do Vampiro" (2002); "Alma Gêmea" (2005); "O Profeta" (2006); "Cama de Gato" (2009); "Joia Rara" (2013); Êta Mundo Bom!" (2016) foram algumas outras novelas que contaram com seu talento. Sua última aparição na televisão foi em "Malhação - Vidas Brasileiras", de 2018. Já sua última aparição pública foi em fevereiro deste ano quando surgiu sorridente ao ser vacinado contra a covid-19, em Itatiba. 

Luis Gustavo era casado com Cris Botelho, pai de Luis Gustavo Vidal Blanco, fruto de seu relacionamento com Heloísa Vidal, e de Jéssica Vignolli Blanco, fruto de seu casamento com a falecida atriz Desireé Vignolli; avô de Marina Hoagland Blanco Buzone; e tio de Tato Gabus Mendes e do já citado Cássio Gabus Mendes, também atores. Mais uma figura querida que parte e deixa um vazio no mundo das artes cênicas.