Nesta quinta-feira (28/08), foi ao ar em "Vale Tudo" uma das cenas mais aguardadas pelo público em 1988: o momento em que Maria de Fátima (Bella Campos) bate na porta da casa da mãe e pede ajuda, exatamente como Raquel (Taís Araújo) disse que aconteceria no dia do rompimento entre as duas. A cena da obra original de Gilberto Braga, Aguinaldo Silva e Leonor Brassères é de lavar a alma. Só que não teve o mínimo impacto no remake e não por culpa das atrizes, mas do contexto criado por Manuela Dias na nova versão, que esvaziou todo o simbolismo da sequência.
Há 37 anos, a cena foi ao ar dentro de um contexto que honrou a essência da novela. A pergunta 'Vale a pena ser honesto no Brasil?' foi respondida especificamente nesta sequência, bem antes do final da obra. Raquel estava milionária graças ao sucesso de seu restaurante, fruto de seu trabalho ao lado do melhor amigo Poliana (Pedro Paulo Rangel). Não precisou passar a perna em ninguém, dar golpes, mentir, nada. Enriqueceu com a sua luta. Ainda que seja uma utopia diante de tantas desigualdades no país e da narrativa errônea em torno da meritocracia, uma vez que a oportunidade nunca é igual para todos, foi um momento catártico.
Raquel se negou a ajudar a filha e a expulsou seu seu apartamento de luxo em 1988. E na trama original, vale lembrar, Fátima já tinha parido e estava com uma criança nos braços para cuidar sozinha. A profecia daquela mãe se cumpriu depois da antológica cena em que Raquel rasgou o vestido de noiva de Fátima e disse em alto e bom som que sua queda era certa e nunca mais contaria com ela para nada.