O Globoplay promoveu na sexta-feira retrasada, dia 8, a coletiva virtual de 'Dias Perfeitos', nova série da plataforma de streaming, escrita por Raphael Montes e baseada no livro homônimo do autor. Participaram o escritor, a diretora Joana Jabace, a redatora Claudia Jouvin e os atores Jaffar Bambirra, Julia Dalavia, Felipe Camargo, Debora Bloch, Fabíula Nascimento, Julianna Gerais, Clarissa Pinheiro, Joana Castro, Giovanni Venturini, Lee Taylor e Heloísa Honein. Fui um dos convidados e conto sobre o bate-papo a seguir.
Claudia Jouvin falou sobre a sua adaptação: "Pra mim foi muito simbólico porque conheci o Raphael por causa de 'Dias Perfeitos'. Eu li o livro e chamei ele pra fazer uma série. Anos depois, o Rodrigo Teixeira nos chama para adaptar o livro. Tive ideia de fazer pontos de vista e entrar mais a Clarice na história. O livro é muito focado no Teo. Todos os eventos estão lá, mas agora temos outras camadas. Vemos uma cena do ponto de vista do Teo e o da Clarisse vendo aquela cena. Usamos esse recurso tanto para dar voz a Clarice quanto para expandir os pontos de vista. É um livro que eu já gostava, mas hoje em dia a gente precisa de alguma esperança de que ela pode ser salva. Porque são oito episódios e não daria para ver tudo sem essa esperança. Por isso sugeri ao Raphael para mudar o final. É um livro icônico que tem fãs e o Rapha tem um universo específico. Então o novo final tinha que estar dentro no tom dele. Contei sobre esse meu novo final, ele gostou e aprovou. Tudo do livro está lá até o episódio 7. Já no 8 é uma extensão e o final que eu criei. Não conseguiria adaptar esse livro se eu não pudesse estar trocando com o Rapha".
Joana Jabace acrescentou: "Eu li o livro assim que estreou e conheci o Rapha fazendo outro projeto. Nossa troca foi muito franca. E quando o Globoplay me chamou para dirigir 'Dias Perfeitos' me senti em casa porque trabalhei na Globo por muito tempo. O Rapha é um supermercado de gancho e fazer uma história que é um thriller psicológico popular.
A Claudia expandir o roteiro da série através de dois pontos de vista foi algo muito feliz. Adaptar um livro pro audiovisual é bem difícil e amplificamos a história através do ponto de vista da Clarice. Isso traz a narrativa para uma visão feminina poderosa. É um bússola importante para a série. Quando assistirem vocês vão entender. O ponto de vista da Clarice faz tudo ficar diferente. A gente tentou não julgar o Téo. Ele não é um sádico, não goza com o sofrimento da Clarice. Ele realmente acredita naquela história de amor. A gente não teve um olhar pré-concebido do Téo".Jaffar Bambirra falou sobre a sua percepção da história: "É um livro que é fácil você terminar em dois dias. É uma Bíblia do personagem. Todas as ações são da cabeça do Téo. A gente não quis romantizar essa história. Chamá-lo de psicopata é um termo vago. A questão dos pontos de vista é a grande sacada da história porque a gente só conhece quem é o Téo de verdade através do pensamento da Clarice. É uma série muito tensa. Eu e Julia tínhamos uma coisa muito pesada. A forma como lidei com a tensão toda foi estar ali no set de filmagem vendo que estava fazendo uma coisa muito legal. Tento não levar o personagem para casa porque nesse caso eu ia enlouquecer".
Julia Dalavia complementou a fala do colega: "Eu já tinha contato com o trabalho do Raphael Montes no audiovisual e quando li esse livro não consegui parar. Meu processo foi focado no roteiro da Cláudia porque o roteiro foi minha matéria prima para entender a Clarice. No livro ela é uma projeção da cabeça do Téo, a gente não sabe o que ela pensa de verdade. Foi uma construção coletiva minha, da Cláudia, da Joana e do Jaffar. A gente estava muito animado de fazer esse projeto. Com o Raphael a gente trocou mais no final das filmagens. A história é densa e exigia muita concentração da gente. Mas era tanta coisa para a gente realizar e fazer que aliviava um pouco o emocional. O cansaço era mais no físico. Quando chegava em casa é que o corpo sentia".
Debora Bloch analisou seu papel na série: "A minha personagem assiste. Ela nem assiste, ela nega. É uma mãe que não quer enxergar a doença do filho. A série tem sempre uma tensão pairando. De uma certa maneira, acho que a Patrícia sabe da doença do Téo, mas não quer enxergar. Algo muito comum nas mães. Difícil enxergar o lado feio de um filho, um lado doente, um lado triste. As cenas tinham uma carga bem dramática. Minha personagem é positiva, ativa, e apesar de ter vivido um trauma grave, uma relação tóxica com o pai do Téo, é aquela mulher que apesar das tragédias da vida é otimista. Mas, talvez até por isso, ela não queira enxergar que tem um elefante na sala. Nunca tinha feito uma série desse gênero e minha personagem foi muito diferente de tudo o que já fiz. Ela é ambígua, estranha, tem um mistério. Uma linguagem diferente das linguagens que eu já tinha trabalhado. Acho que vem uma série muito potente. Tô feliz de estar participando. Tem um ano e meio que a gente filmou".
Raphael Montes falou da adaptação de seu livro: "'Dias Perfeitos' mudou minha vida e foi o que me fez sair do Direito. Foi assim que virei roteirista. Comecei a ser roteirista da Globo, convidado pela Claudinha, através disso. Só fui encontrando pessoas legais e tive preocupação na adaptação desse livro. A grande força do livro é que a história é contada através da cabeça do Teo. E no audiovisual ficaria só a violência por si só e a gente não queria fazer isso porque só violência não é entretenimento. A Cláudia teve a ideia brilhante de trazer dois pontos de vista. E isso foi mudar a história, mas mantê-la. Saí da Globo e fui fazer séries e novela em outros lugares. Foi essa certeza que a Cláudia estava preocupada em manter o original que me tranquilizou. Tentei me aproximar, não como um defensor do livro, mas em como contá-lo na tela. É uma história tensa com muitas viradas, mas muito pop também. Não acho bom ver um filme que é idêntico a livro. É bom quanto tem coisas no filme que não tem no livro e coisas no livro que não tem no filme. Por isso gostei tanto desse novo final".
Julianna Gerais falou sobre a percepção feminina do enredo: "O livro não dá pra parar de ler. E esse novo final é um alento pra gente. E ter uma mulher dirigindo essa série fez toda diferença. Cenas violentas de homem contra mulher tem uma diferença gritante quando é dirigida por homem e quando é por mulher. Isso enriqueceu muito a série. Laura é minha personagem e melhor amiga da Clarice. Pra mim o que fica dessa relação é que estamos falando de amizades femininas. Porque no fim é só a gente pela gente mesmo. Laura não descansa até saber o que está acontecendo".
Clarissa Pinheiro resumiu sobre o seu papel: "Minha personagem é a vizinha da Patrícia. A Marly é sensitiva, lê cartas e puxa a Patrícia para sair daquele ambiente pesado. São forças femininas que se apoiam. Sempre fui apaixonada por Raphael Montes. Foi uma alegria gazer parte desse projeto".
Fabíula Nascimento falou de sua personagem: "É uma mãe que tem sua redenção, mas precisa passar por muita coisa para chegar lá. Ela acha que pensa o melhor pra filha. É uma pessoa que tem preconceito no olhar, classista, elitista, racista. Tem esse lugar. É uma advogada criminalista e cheia de nuances. Foi muito bom fazer parte. Meus bebês estavam com um ano e meio e estava voltando a trabalhar com um corpo que nunca tive e minha personagem também era mãe. E vivendo uma mulher desconectada da realidade e autocentrada. Foi um peso muito bem-vindo para a construção da Helena. Aquilo foi importante para aquele momento e nossos momentos de alegria por trás das câmeras fazia a gente deixar tudo mais gostoso para fazer uma série tão pesada. Trabalhei com a Joana (Jabace) em 'Avenida Brasil' e depois nunca mais tínhamos trabalhado. A Joana tem uma sintonia absoluta com a equipe e a série preenche todos os espaços. Foi super trabalhoso e gostoso. Um prazer, só agradeço estar nesse projeto".
Joana Castro comentou brevemente da sua participação: "A personagem que eu faço, a Sirrili, dá uma confrontada no Téo. É da universidade dele. E foi muito importante ter uma mulher dirigindo as cenas tão violentas. A gente não sabia como ia ser no set e gostei muito de ver as cenas do roteiro ganhando forma".
Giovanni Venturini falou de seu papel: "Estava saindo de 'Justiça 2' quando fui convidado e achei que emendaria duas séries muito pesadas, mas meu personagem tem uma leveza. E tinha uma preocupação para saber como o personagem com nanismo seria apresentado. Meu personagem é dono do seu próprio negócio, é dono da pousada, trata todo mundo bem e é amigo de infância da Clarice. Tem uma amizade próxima com ela e suspeita de algo. Ele traz um respiro e uma esperança para a série. A troca com a equipe no set foi muito prazerosa. Agradeço o convite para viver esse personagem".
Lee Taylor elogiou o trabalho da diretora e comentou sobre seu personagem: "Já trabalhei com grandes diretores na Globo e tinha uma vontade imensa em trabalhar com a Joana Jabace. E fui surpreendido extremamente. Primeiro na leitura com as referências que ela trouxe para cada personagem e depois no set. Tem um diálogo muito fecundo que acredito ter somado muito para a série. Foi a diretora que mais teve propriedade de falar de atuação no audiovisual com quem trabalhei. Quando li o roteiro fiquei aterrorizado, foi angustiante ir compreendendo até onde o roteiro poderia chegar. Foi importante ver a sensibilidade da Cláudia em mostrar o outro lado. Os diálogos já estavam adaptados e ficou tudo bem encaixado. Há um mérito muito grande da equipe. Meu personagem é o clássico delegado e havia o risco de cair no estereótipo. Tentamos sair dessa lógica. Tem uma ambiguidade na figura dele que foi interessante experimentar. Ele conduz a narrativa e foi muito estimulante fazê-lo".
Felipe Camargo também explicou seu papel: "Faço o pai da protagonista e sou pai de dois homens. Fazer essa série me colocou no lugar de ser pai de mulher, algo distante da minha realidade. Essa série tem uma fragilidade, uma falta de controle que temos sobre os filhos e o quanto a vida é frágil. O quanto isso é doloroso. A mulher tem a condição de fragilidade em relação ao homem e a história pega esse lado que acontece muito por aí, que é real. Não li o livro, mas fiquei hipnotizado pelo roteiro e por essa fragilidade de um ser humano em relação ao outro, que é um psicopata que invade uma outra família".
Heloísa Honein, que está no elenco, finalizou: "Sou completamente contra aquele ditado de que em briga de marido e mulher não se mete a colher. Essa série está vindo em um momento oportuno porque tivemos um cara que deu 61 socos na cara de uma mulher recentemente. O fato da série ser um thriller faz parecer que é algo muito distante, mas não é. Fico feliz de estar nessa trama e estou muito curiosa para assistir".
'Dias Perfeitos' já está com quatro episódios disponíveis no Globoplay e serão dois lançados a cada semana.
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