quarta-feira, 20 de agosto de 2025

A potência de Irandhir Santos em "Guerreiros do Sol"

 "Guerreiros do Sol" foi finalizada no dia 6 de agosto, após a disponibilização de seus últimos cinco capítulos no Globoplay, de um total de 45. Já no Globoplay Novelas, antigo Canal Viva, a trama chegou ao fim semana passada. É a melhor novela de 2025 e o melhor folhetim feito por uma plataforma de streaming. As várias qualidades da obra de George Moura e Sérgio Goldenberg já foram expostas neste espaço, entre elas o elenco repleto de atores brilhantes. Mas faltou elogiar separadamente um ator: Irandhir Santos. 


Embora seja até injusto focar em um nome só diante de tantos profissionais que deram um show ao longo dos capítulos, é necessário aplaudir mais um desempenho irretocável de um dos maiores intérpretes do país. O ator não é uma figura frequente na televisão, ainda esteja bastante requisitado nos últimos anos. Tanto que brilhou como o vilão Álvaro na controversa "Amor de Mãe", em 2019, e em 2022 teve uma jornada dupla no remake de "Pantanal": surgiu logo no primeiro capítulo na pele de Joventino, o pai de José Leôncio, e voltou dois meses depois, na segunda fase, no ingrato papel de Zé Lucas de Nada. Também emocionou como Tião Galinha, ano passado, no insosso remake de "Renascer". 

Em "Guerreiros do Sol", o ator viveu um dos momentos mais desafiadores de sua carreira televisiva. Irandhir interpretou o grande vilão da novela. O maior vilão da história da teledramaturgia, sem exagero. Era aquele tipo de perfil que sempre dava um passo a mais.

Quando o telespectador achava que não tinha como a perversidade daquele homem aumentar, Arduíno mostrava que desconhecia o significado de limites e havia espaço para mais crueldades de embrulhar o estômago. Foram tantas cenas pesadas e com uma carga dramática tão devastadora que é difícil enumerá-las. Há até uma foto divulgada pela equipe da produção que mostra o intérprete chorando, logo após a gravação da cena em que seu personagem arrancava a cabeça de Josué (Thomás Aquino), seu próprio irmão. Aquele instante de fragilidade de Irandhir só comprovou o quão desafiador foi o seu trabalho ao longo dos meses. 

Arduíno foi um tipo construído com preciosidade pelos autores, que demonstraram com riqueza de detalhes todo o processo de mudança em seu arco dramático. O público acompanhou o passo a passo da transformação de um homem aparentemente amoroso em um ser sanguinário, aterrorizante e ambicioso. O roteiro nunca optou pelo fácil caminho da superficialidade. Ele não virou uma chave do nada. Houve um acúmulo de dor, inveja e frustração até o irmão mais velho da família se transformar em um sujeito que botava medo em todos os demais personagens e no próprio telespectador. 

O vilão matou, direta ou indiretamente, três dos seus quatro irmãos. E espancou quase até a morte o caçula. Deixou um rastro de sangue em todos os seus caminhos. Traiu aliados, corrompeu inimigos, torturou das mais diferentes formas, decepou vários corpos, sequestrou a própria sobrinha, enfim, uma sucessão de perversidades. E todas as difíceis sequências tiveram um desempenho assombroso de Irandhir Santos. Não teve cena fácil para o ator. Até porque foram poucos os momentos de leveza daquele homem tão cruel. Eram sempre situações que exigiam muita concentração. Não dá para imaginar outro profissional na pele de Arduíno. 

Com mais de 20 filmes no currículo e considerado um dos melhores atores do cinema brasileiro, Irandhir tem vários prêmios oriundos de longas que contaram com sua luxuosa participação, incluindo o fenômeno "Tropa de Elite 2". São mais de 30 troféus. Uma coleção e tanto. Sua estreia na televisão foi em "A Pedra do Reino" (2007), minissérie de Luiz Fernando Carvalho, de quem se tornou um grande parceiro. O ator brilhou vivendo o Quaderna e despertou atenção na época. Mas a preferência pela tela grande sempre foi mais forte. Tanto que só voltou para a TV sete anos depois em "Amores Roubados" (2014), onde deu show na pele do psicopata obsessivo João da Silva, braço direito do poderoso Jaime Favais (Murilo Benício).

E foi no mesmo ano que o intérprete iniciou sua parceria com Benedito Ruy Barbosa e Bruno Luperi. Foi no lúdico remake de "Meu Pedacinho de Chão" que viveu seu grande momento na televisão na pele do capataz Zelão. O ator foi o responsável pelas cenas mais tocantes, sensíveis e emocionantes da novela, o que fez do seu personagem o grande trunfo daquela história transformada em conto de fadas pelo diretor Luiz Fernando Carvalho. Sua química com Bruna Linzmeyer foi arrebatadora e aquele amor que fazia o ignorante homem chorar como criança conquistou o público. Já em 2016, foi escalado por Luperi para viver Bento, o irmão do protagonista Santo (saudoso Domingos Montagner), em "Velho Chico", onde também emocionou. 

Irandhir Santos é aquela pessoa que mergulha de cabeça no que faz e para a sorte do público a sua profissão é a de ator. Seu desempenho em "Guerreiros do Sol" é merecedor de todos os prêmios do ano e é sempre um prazer vê-lo na tela.

3 comentários:

Daniela Silva disse...

Este texto ilumina o papel de Irandhir Santos em "Guerreiros do Sol" com uma reverência impressionante — descrevê-lo como “o maior vilão da história da teledramaturgia” não é exagero, mas reconhecimento do seu talento ímpar em construir um personagem que desafia limites com intensidade avassaladora. Cada nuance do seu Arduíno foi esculpida com profundidade, culminando em cenas que ensombram e marcam — especialmente a poderosa cena em que, após arrancar a cabeça do próprio irmão, vemos o ator em lágrimas, revelando toda a carga emocional devastadora do momento .

Com amor,
Daniela Silva 🦋
Alma-leveblog.blogspot.com — espero pela tua visita no meu blog

chica disse...

Sergio, passando para agradecer e deixar meus abraços praianos,chica

Lucimar da Silva Moreira disse...

É bom ter bons autores como o Irandhir Santos, quem ganha são os telespectadores, Sérgio obrigado pela sua opinião sobre o autor abraços.