As várias facetas de um ídolo de diferentes gerações se encontram em 'Raul Seixas: Eu Sou', série biográfica Original Globoplay que estreou em 26 de junho, semana em que o astro baiano completaria 80 anos. Estrelada por Ravel Andrade, a produção explora a vida do icônico pai do rock brasileiro e revive sua trajetória artística, os hits e shows emblemáticos, além do lado pessoal desde a infância. Os oito episódios – disponíveis na íntegra na data de lançamento – também desvendam marcantes relações do artista, dos relacionamentos amorosos aos encontros e parcerias musicais.
Criada por Paulo Morelli, que divide a direção com Pedro Morelli, e produzida pela O2 Filmes, a obra é uma imersão nas décadas de 1970 e 1980, transportando o espectador com sua meticulosa recriação que abrange desde a cenografia, o figurino e a caracterização até a trilha sonora. Tudo isso completa a experiência de quem está do outro lado da tela com um resgate à essência do homenageado e à atmosfera da época.Para entender a atemporalidade do músico, a série mergulha no artista, que sempre foi muito à frente do seu tempo. E mostra todas as suas fases, incluindo a transformação de Raulzito em um fenômeno, que sempre carregou consigo um espírito transgressor e uma genialidade precursora. A obra descortina momentos marcantes do artista permeados pelas influências culturais, políticas e espirituais que o guiaram. Ainda criança, o tímido Raul (interpretado nessa fase por Pedro Burgarelli) já demonstrava a precocidade em saber o que queria: fazer a diferença, ser famoso e mudar o mundo.
Outras características de sua personalidade também o acompanharam desde então, como o humor, a inteligência rápida, o dom de inventar histórias, a inquietude, o jeito contraditório e a curiosidade insaciável. Fascinado por literatura e astronomia, teve sua percepção pela vida impactada de vez quando escutou Elvis Presley.
No cerne da narrativa, a obra explora as raízes de Raulzito desde a infância, com Pedro Burgarelli interpretando o artista em seus anos iniciais. Os laços familiares são um pilar da produção, mostrando a relação do menino com a mãe Maria Eugênia, interpretada pela atriz Cyria Coentro, uma mulher extrovertida e comunicativa que, apesar de querer o filho diplomata, se torna seu porto seguro, e o irmão Plínio (vivido por Rodrigo Vidal e Vitor Novello em diferentes fases). Outro grande destaque do núcleo familiar é a poderosa conexão em cena entre Ravel Andrade e Julio Andrade, que dão vida a Raul Seixas e seu pai, Raul Varella. Irmãos na vida real, filho e pai na arte, eles revivem uma relação emocionante.
A vida afetiva do homenageado também é detalhada na ficção através de suas companheiras, mulheres fortes e potentes que foram base da sua vida e obra. Logo no primeiro episódio, o público pode relembrar a trajetória de Edith Wisner, esposa do músico vivida por Amanda Grimaldi ---- foi sua companheira de 1966 a 1974. Ela o ensinou inglês e o apoiou incondicionalmente em sua carreira, costurando figurinos e compartilhando suas buscas místicas. Testemunha e colaboradora da transformação de Raulzito em Raul Seixas. Do relacionamento, nasceu a pequena Simone. O segundo casamento, com Gloria Vaquer, também invade a tela. Fascinada pela inteligência de Raul e seu universo musical, Gloria participa ativamente das práticas místicas do artista. A trama mostra os altos e baixos dessa união e o nascimento da filha Scarlet.
Julia Stockler assume o papel de Tania Menna Barreto. Parceira de Raul de 1976 a 1979, a personagem é uma mulher à frente de seu tempo. A história desvenda uma figura feminina forte, autônoma e corajosa que, apesar de compartilhar das maiores loucuras e excessos do astro, navega com notável lucidez em seu mundo particular. Já Chandelly Braz dá vida a Kika Seixas (Ângela Costa), companheira do astro de 1979 a 1984. A produção também apresenta a pequena Vivian, fruto dessa união, e destaca uma Kika prática e descolada. Sua experiência no mercado da música a torna uma parceira essencial, não apenas afetivamente, mas também profissionalmente, auxiliando em composições, na prospecção de contratos e em estratégias para o pai do rock retomar sua carreira.
A série oferece ainda um olhar aprofundado sobre as importantes colaborações musicais e as amizades que influenciaram Raulzito, como a com Paulo Coelho (João Pedro Zappa). A produção aborda a conexão dessas duas figuras icônicas desde o seu surgimento até uma completa simbiose, passando por momentos emblemáticos da dupla, como a criação de canções que se tornaram clássicos. Jaffar Bambirra também tem a oportunidade de mostrar uma nova faceta artística na obra, ao interpretar o cantor e compositor Sérgio Sampaio: um encontro musical marcante na trajetória de Raul. Já João Vitor Silva, dá vida ao músico Cláudio Roberto. Na trama, a franqueza e o humor desse personagem da vida real, carinhosamente apelidado de "Claudete" pelo homenageado, o tornaram um amigo e colaborador indispensável de composições. A trama traz ainda Sylvio Passos, interpretado por Gabriel Wiedemann, um adolescente que, ao conhecer a música do roqueiro, transforma sua vida e se dedica a criar o famoso Raul Rock Club, o fã-clube oficial do cantor.
E por falar no lado musical da série biográfica, o talento por trás das cenas é um show à parte. Para as sequências de show que são revividas ao longo dos episódios, o artista Tony Gambel divide com Ravel a missão de fazer a voz do ícone, garantindo a autenticidade das performances musicais na tela.
Ao longo dos episódios, sucessos do astro, conhecido por sua potência musical, são protagonistas na tela e costuram a trama, proporcionando ao público uma imersão completa. Como a memorável performance no Festival da Canção, com ‘Let Me Sing, Let Me Sing’, e a famosa apresentação no Festival Phono 73. Surgia nos palcos um artista que tinha habilidade em fundir o rock com o baião e elementos místicos. Sem falar em sequências que resgatam como foi o processo de composição de grandes hits ao lado de parceiros como Paulo Coelho e Cláudio Roberto.
A produção revela ainda as lutas internas do eterno “Maluco Beleza” e sua busca constante por autenticidade e liberdade de expressão. As relações pessoais com suas esposas, amigos e parceiros criativos também são trazidas em profundidade, mostrando a complexidade de sua personalidade e as influências mútuas em sua jornada.
Em cena, objetos e cenários ajudam a narrar a história. Para capturar a autenticidade dos ambientes e dos anos retratados, a série foi filmada em diversas locações. A cenografia e a direção de arte, lideradas por Cassio Amarante, tiveram o desafio de recriar com precisão os anos 70 e 80, dos palcos emblemáticos que Raul dominou aos momentos mais íntimos de sua vida. Tudo foi pensado para refletir fielmente o período e transportar o público diretamente para o contexto cultural daquela era.
A música e os efeitos visuais também recriam a magia durante a série biográfica, que tem a trilha sonora como um de seus pilares. Para garantir uma sonoridade autêntica, músicos que trabalharam com Raul Seixas, como Rick Ferreira, Paulo César e o saudoso Mamão (Ivan Conti), foram reunidos para regravar fonogramas clássicos com rigor histórico. A iniciativa busca incorporar a presença e a energia contagiante do ícone, rememorando a vivacidade de shows e gravações de estúdio originais.
O figurino, assinado por Andrea Simonetti, e a caracterização, sob a responsabilidade de Rosemary Paiva, são outros protagonistas da trama, garantindo o passeio completo pela trajetória de Raul. Cada peça e aspecto da maquiagem foram escolhidos para se integrarem ao trabalho de cenário e direção de arte, resultando em uma experiência envolvente que reflete a personalidade, a evolução e a atemporalidade do cantor ao longo da história.
O elenco merece todos os elogios, principalmente Ravel e João. Os dois conseguiram replicar a entonação da voz de Raul e Paulo de uma forma impressionante. Você enxerga as figuras reais em cena, o que não costuma ser uma missão fácil em produções que retratam a vida de personalidades que existiram ou ainda existem. Se fechar os olhos e apenas escutar as vozes dos atores interpretando, é de fácil identificação as figuras do cantor e do escritor tão presentes na cultura brasileira.
‘Raul Seixas: Eu Sou’ tem roteiro e redação final de Denis Nielsen, a equipe de roteiristas é formada ainda por Lívia Gaudencio e Marcelo Montenegro. A obra foi selecionada para a competição oficial do festival Series Mania na França, um dos maiores eventos internacionais dedicados a séries, marcando a primeira vez que uma produção brasileira participa da mostra. Cada episódio tem cerca de uma hora de duração, mas não dá para sentir. Vale a pena conferir.
14 comentários:
Linda e merecida homenagem e há muito a se ver da vida de Raul Seixas!
abração, ótima semana, chica
Não conhecia! Muito obrigada pela partilha!
Bjxxx,
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Resenha impecável. Fiquei com vontade de assistir.
Boa semana!
O JOVEM JORNALISTA está no ar cheio de posts novos e novidades! Não deixe de conferir!
Jovem Jornalista
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Até mais, Emerson Garcia
Sérgio ainda não assisti a série sobre o Raul Seixas, obrigado por compartilhar, desejo uma ótima semana abraços.
Olá, Sérgio.
Essa é a próxima série que eu ver na Globoplay.
Beijos,
Lulu on the sky
Vou ver. Sou fã do Raulzito e curto muito os anos em que ele brilhou.
Beijão
Essa série eu noa perco por nada Sérgio e ler o seu texto me deixou ainda mais animada em assistir, pois a trilha sonora deve estar absolutamente fantástica!!
Só de alguém poder celebrar a potência musical de Raul compensa tudo!!
Beijos e uma linda semana!!!
verdade
bj
obrigaddo
bjsss
bj
bj
obaaa
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