quarta-feira, 19 de agosto de 2020

Reprise de "O Clone" foi uma boa escolha do Canal Viva

Entre 1º de outubro de 2001 e 14 de junho de 2002, a Globo exibiu "O Clone", um de seus maiores sucessos, e ainda conseguiu emplacar em vários países, consolidando seu êxito. A novela de Glória Perez foi um de seus melhores trabalhos da carreira e a autora foi muito feliz na construção desta história tão rica e repleta de personagens atraentes. A produção foi reprisada no "Vale a Pena Ver de Novo" entre 10 de janeiro e 9 de setembro de 2011, repetindo a boa aceitação que teve na época. E não foi diferente a reexibição no Canal Viva, que chega ao fim nesta sexta-feira (21/08).


Protagonizada por Giovanna Antonelli e Murilo Benício, o folhetim estreou pouco depois do atentado às Torres Gêmeas, tragédia que abalou os Estados Unidos e chocou o mundo. Houve até um certo desconforto inicial, uma vez que parte da trama era ambientada em Marrocos, na cidade de Fez, onde viviam vários muçulmanos. Mas a polêmica não durou muito tempo e os costumes daquele povo caíram no gosto popular, comprovando que o núcleo foi um dos muitos acertos da produção.

A novela abordou vários temas polêmicos e soube explorá-los com competência. Dividida em duas fase, a história começa em 1983, apresentando a vida de Leônidas (Reginaldo Faria), rico empresário, pai de gêmeos idênticos (Lucas e Diogo, vividos por Murilo), que não tem muito tempo para os filhos.
Jade (Vivida por Giovanna) é uma muçulmana que vive no Rio de Janeiro, mas acaba voltando para Fez, após a morte de sua mãe (Walderez de Barros). Os filhos de Leônidas vão passar férias em Marrocos com o padrinho de Diogo (o geneticista Albieri - Juca de Oliveira) e a partir de então o destino de Jade e Lucas se cruza.

O romance do casal protagonista, impedido pelos rígidos costumes da família da mocinha, arrebatou o telespectador e a química do par era evidente. Já o acidente de helicóptero que mata Diogo resulta na trama envolvendo a clonagem humana, uma vez que Albieri guarda as células de Lucas, depois que o rapaz vai em seu laboratório extrair uma pinta. Tudo para 'reviver' Diogo. A situação rendeu ótimos desdobramentos e ainda fez Murilo Benício se destacar, pois o ator acabou interpretando três personagens distintos, mas iguais: os gêmeos e o clone.


A segunda fase é iniciada em 2001, prosseguindo com todos os dramas apresentados na primeira e ainda acrescentando novos núcleos que deixaram a novela ainda mais interessante. O mais dramático foi o protagonizado por Débora Falabella, que impressionou com sua atuação na pele da rebelde Mel, uma viciada em drogas, filha de Lucas com Maysa (Daniela Escobar). As cenas mais fortes da novela foram vividas por ela e algumas entraram para a história da teledramaturgia pela entrega da atriz. O alerta sobre o consumo de substâncias ilícitas mesclou entretenimento e utilidade pública.


Já a parte cômica da história ficou por conta de duas personagens, cujos bordões ainda são lembrados pelo telespectador: Dona Jura (ótima Solange Couto) e Odete (maravilhosa Mara Manzan). Jura tinha um bar e vendia pastéis que faziam um baita sucesso. O bordão "Né brinquedo, não" virou febre, assim como o "Cada mergulho é um flash", proferido por Odete, personagem hilária interpretada pela saudosa Mara, que amava frequentar o Piscinão de Ramos e incentivava sua filha Karla (Juliana Paes) a dar o golpe da barriga --- essa trama hoje em dia seria bem criticada até pelas resoluções absurdas da autora.


O núcleo de Marrocos também obteve êxito e as danças dos personagens faziam sucesso, assim como as expressões ditas por eles, como o inesquecível "Ishalá", falado constantemente por Khadija (Carla Dias). A solteirona Nazira (Eliane Giardini) também foi outro destaque desta trama, assim como Zoraide (Jandira Martini), cúmplice e confidente de Jade. E impossível não lembrar do rabugento Tio Abdul (saudoso Sebastião Vasconcellos), defensor da moral e dos bons costumes, que vivia mandando as pecadoras "Arder no mármore do inferno".


Outro acerto da novela foi a questão do alcoolismo, abordada com competência através de Lobato, vivido magistralmente por Osmar Prado. Nesse mesmo núcleo havia uma vilã que não media esforços para atingir seus objetivos, a Alicinha, muito bem interpretada por Cristiana Oliveira. Vale destacar também as brilhantes atuações de Cissa Guimarães (Clarisse) e Thiago Fragoso (Nando), que emocionaram várias vezes nas cenas onde a mãe se desesperava com o vício de drogas do filho, que era amigo das também viciadas Mel e Regininha (Viviane Victorette).


Além dos ótimos profissionais já citados, a novela também contou com outros excelentes atores, como Nivea Maria, Adriana Lessa (perfeita na pele de Deusa, a mãe do clone), Ruth de Souza, Elizângela, Beth Goulart, Antônio Calloni, Letícia Sabatella, Françoise Fourton, Perry Salles, Totia Meirelles, Guilherme Karan, Léa Garcia, Stênio Garcia e Marcello Novaes. A trama ainda foi a última da carreira do mestre Mário Lago, que veio a falecer meses depois. Porém, a reprise no Canal Viva serviu para observar melhor algumas falhas que não são muito faladas pelos saudosistas. O núcleo de Dona Jura é bem deslocado dos demais enredos e tem como única função preencher o tempo dos capítulos com convidados especiais que visitavam o bar da popular personagem. Era o elemento utilizado pela autora para enrolar o telespectador. Há uma barriga bem clara na história, algo bem comum na época, importante ressaltar. A primeira fase, principalmente, cansa pelo ritmo arrastado e os conflitos também se desgastam perto do meio da produção. Até as idas e vindas de Jade e Lucas se esgotam. A burrice dos protagonistas é outro problema evidente. A sorte foi mesmo a química dos intérpretes. Mas os meses finais reaquecem os dramas e a novela volta a prender.

"O Clone" foi um marcante folhetim e Glória Perez viveu um grande momento. Com 221 capítulos, a produção está na lista dos mais elogiadas e lembradas novelas da Globo e fez por merecer a boa aceitação da reprise no Canal Viva.

18 comentários:

Anônimo disse...

Eu achei ótima pra ver como essa novela era arrastada e eu achava boa...

Anônimo disse...

A melhor novela do século, uma aula de como fazer ficção científica sem cair nos clichês do tipo (as brigas com raio laser o mundo futurista / utópico), é mais bem um drama épico.

Anônimo disse...

Esse seu baita texto fez um perfeito release da novela.

Andressa Mattos M. disse...

Que texto perfeito, Sérgio!!!

Andie disse...

Também percebi isso com o Bar da Jura. Em uma semana, era quatro, cinco visitas.

Unknown disse...

Atuações marcantes de Stenio Garcia, Juca de Oliveira, Adriana Lessa, Osmar Prado, Nívea Maria, Eliane Giardini,Débora Falabella, Thiago Gravoso, Cissa Guimarães e muitos outros atores fantásticos

Unknown disse...

Quero Stenio Garcia e Jandira Martini de volta às novelas

Anônimo disse...

Cruz credo, essa O Clone usa a mesmíssima fórmula da GP: uma mulher de uma cultura diferente se apaixona pelo galã da cidade grande no Brasil e são meses e meses de encontros e desencontros, com uma polêmica científica de pano de fundo e muuuuita barriga. O canal Viva devia focar mais nas novelas dos anos 80, essas sim eram em sua maioria ótimas!

Anônimo disse...

Jandira Martini e difícil voltar a fazer novelas ela já disse que não tem mais vontade de fazer,e o Stênio foi demitido da #GloboLixo.

Sérgio Santos disse...

Entendo, anonimo...kkkk

Sérgio Santos disse...

Marcou muito, anonimo.

Sérgio Santos disse...

Fico feliz, anonimo.;

Sérgio Santos disse...

Valeu, Andressa!

Sérgio Santos disse...

Exatamente, Andie. Só pra encher linguiça.

Sérgio Santos disse...

Muitos mesmo, anonimo.

Sérgio Santos disse...

Sinto saudades principalmente da Jandira, anonimo.

Sérgio Santos disse...

Tudo bem, anonimo.

Sérgio Santos disse...

Jandira faz falta.