A trama, dirigida com competência por Vinícius Coimbra, primou pelo capricho do primeiro ao último capítulo, mesclando contextos históricos com o folhetim tradicional, havendo espaço ainda para momentos de pura fantasia, remetendo aos clássicos da Disney, como "Piratas do Caribe". Os autores conseguiram juntar perfis que realmente existiram a outros meramente ficcionais com maestria, presenteando o telespectador com personagens bem construídos e conflitos convidativos, sem poupar história.
Isso porque a novela não teve barriga (período de enrolação, onde nada de relevante acontece), expondo a criatividade dos autores na elaboração de ótimas viradas ao longo do enredo. Claro que deslizaram em alguns pontos, como o já cansativo recurso do sequestro da mocinha no penúltimo capítulo ---- é um clichê, mas absolutamente todos os folhetins recentes da Globo vêm apresentando essa situação.
Também pecaram quando deixaram Anna (Isabelle Drummond) passiva, sob o comando de Thomas (Gabriel Braga Nunes), esquecendo a heroína valente do começo. Ao menos, corrigiram essa questão quando a amada de Joaquim (Chay Suede) foi resgatada em uma sequência de tirar o fôlego, voltando a ser aquela mulher ativa de antes.
Também pecaram quando deixaram Anna (Isabelle Drummond) passiva, sob o comando de Thomas (Gabriel Braga Nunes), esquecendo a heroína valente do começo. Ao menos, corrigiram essa questão quando a amada de Joaquim (Chay Suede) foi resgatada em uma sequência de tirar o fôlego, voltando a ser aquela mulher ativa de antes.
Aliás, Anna e Joaquim foram mocinhos cativantes e os escritores foram muito inteligentes quando decidiram aproveitar a química dos atores na primeira fase de "A Lei do Amor". Na problemática novela das nove, o público só pôde aproveitá-los por cinco capítulos. Agora tudo foi diferente, incluindo a riqueza dos personagens, bem mais densos. Deu vontade de torcer pelos heróis, sendo necessário citar as várias aventuras que ambos passaram, como fuga de Balão, batalhas com piratas em alto-mar, guerra com índios, luta de espadas com o vilão, tiroteios, enfim, não faltou adrenalina na vida do casal. Representaram um toque de fantasia delicioso em meio a um enredo permeado por contextos históricos.
A saga de Dom Pedro (Caio Castro) e Leopoldina (Letícia Colin) representou uma sucessão de momentos que todo mundo já estudou na época da escola. Mas, claro, com bons toques de ficção, como não poderia deixar de ser. O telespectador acompanhou a chegada da Família Real ---- Leo Jaime e Débora Olivieri maravilhosos como Dom João e Carlota Joaquina ----, a vinda de José Bonifácio (Felipe Camargo), o Dia do Fico, a nomeação de Leopoldina como princesa Regente, entre outros fatos importantes, além de, claro, a Proclamação da Independência do Brasil, levada ao ar em pleno 7 de setembro. A trama ainda fez questão de ressaltar a importância que Leopoldina teve durante todo o processo da independência. Foram cenas arrepiantes.
A vida dos imperadores também foi bem desenvolvida, optando pelo tom um pouco mais leve, exibindo um Dom Pedro com toques de malandragem e humor, fazendo um contraponto com sua canalhice em trair a esposa constantemente. E a inserção de Domitila (Agatha Moreira), a Marquesa de Santos, foi feita com o intuito de despertar a empatia do público, em virtude da vida sofrida que levava, sendo espancada pelo marido e humilhada pela irmã perversa. Entretanto, aos poucos, a personagem foi transformada na grande vilã da história, fazendo uma empolgante rivalidade com Leopoldina. Os autores mais uma vez se mostraram inteligentes, mesmo abusando da ficção em vários pontos. Afinal, nada melhor do que acompanhar a amante ambiciosa sendo confrontada pela majestade empoderada. Letícia e Agatha brilharam juntas.
Por sinal, Letícia compôs uma Leopoldina irretocável. Viveu seu melhor momento na carreira, angariando inúmeros elogios merecidos. Impossível não ter se apaixonado por aquela imperatriz e se comovido pelos seus vários dramas, como a perda do filho e as constantes traições do marido. Sua bem-sucedida parceria com Isabelle Drummond, já vista em "Sete Vidas" (2015), também merece menção, assim como sua sintonia com o excelente Felipe Camargo e Caio Castro. Caio, inclusive, é mais um que se destacou muito positivamente, surpreendendo com seu desempenho. Após vários trabalhos fracos, o ator amadureceu e Dom Pedro é seu melhor papel de longe. Dificilmente algum outro superará. É importante, ainda, observar que todos os fatos históricos foram muito bem inseridos na trama, evitando a sensação de uma chata aula de História. Tudo funcionou da melhor forma.
Os núcleos paralelos se mostraram tão bem trabalhados quanto o central. A comicidade da história ficou muito bem servida com os impagáveis Licurgo (Guilherme Piva), Germana (Vivianne Pasmanter) e Elvira Matamouros (Ingrid Guimarães). O trio protagonizou cenas hilárias e os atores estiveram sensacionais. Ingrid ganhou sua melhor personagem na carreira televisiva e até a morte da atriz 171 foi revista pelos autores em virtude do sucesso daquela carismática trapaceira. Já Guilherme e Vivianne formaram um casal nojento, mas no bom sentido, se é que isso existe. Vale citar o primoroso trabalho da caracterização, deixando os intérpretes irreconhecíveis. A composição dos atores também primou pelo cuidado com os trejeitos, como 'risadas de porco', olhos arregalados, enfim. Que show eles deram. Theo de Almeida, aliás, foi mais um integrante da trupe, se revelando uma grata revelação mirim. Quinzinho ficou mudo quase a novela toda, mas nos últimos meses desandou a falar. Carismático demais o menino.
O conflito encabeçado por Sebastião (Roberto Cordovani), Cecília (Isabella Dragão), Matias (Renan Monteiro), Idalina (Dhu Moraes) e Libério (Felipe Silcler) foi outro que despertou atenção, expondo o racismo gigantesco da época e a crueldade da escravidão, mesmo com cenas mais suavizadas. Também foram feitas críticas precisas ao Brasil atual, mostrando que pouco mudou em quase 200 anos, vide a corrupção dos poderosos. O amor da menina branca com o jornalista negro foi bonito de se ver, assim como o carinho que os escravos tinham com ela. A crueldade do poderoso fazendeiro foi digna de um excelente vilão e que privilégio o telespectador teve em acompanhar o desempenho extraordinário de Roberto Cordovani, um premiado ator de teatro que nunca tinha participado de uma novela. Que essa seja a primeira de muitas outras. Aliás, é preciso citar os momentos da reta final, com Idalina conseguindo sua sonhada liberdade e se vingando do patrão inescrupuloso. De lavar a alma.
O romance protagonizado por Wolfgang (Jonas Bloch) e Diara (Sheron Menezzes) foi mais um ponto positivo da novela, havendo uma clara referência ao clássico "Xica da Silva", com a escrava se casando com um poderoso homem e ganhando a liberdade. Os atores tiveram muita sintonia. Porém, é necessário ressaltar que a inserção de Ferdinando (Ricardo Pereira) no núcleo acabou sendo desnecessária, criando um conflito bobo em torno dos sentimentos da ex-escrava. Com isso, o par acabou perdendo a importância. Mas, felizmente, os autores viraram o jogo quando trouxeram a cruel Greta (Júlia Lemmertz, ótima) para infernizar a vida do par. A vilã movimentou a situação, tentando envenenar Wolf, seu irmão, e enfrentando Diara, dando um novo fôlego para o contexto.
O drama de Amália (Vanessa Gerbelli) inseriu um tom de mistério no folhetim, pois o desespero daquela desmemoriada mulher, e aparentemente louca, em busca do filho desaparecido, provocou várias desconfianças a respeito da identidade dessa pessoa. Tudo levava a crer que era Cecília a sua filha, mas os autores surpreenderam e colocaram Joaquim como o herdeiro de Dom João e irmão de Dom Pedro. Isso porque Amália teve um caso com o rei tempos atrás e tudo acabou explicado em um bem realizado flashback, implicando em uma linda cena, defendida com total entrega por Vanessa e Chay Suede. A relação amorosa entre a paciente e seu médico, o Dr. Peter, ainda engrandeceu todo o conjunto, expondo uma cumplicidade tocante entre Vanessa e Caco Ciocler.
A tribo indígena e a gangue dos piratas pareciam deslocadas da trama, mas foi apenas uma impressão inicial. Os dois núcleos foram vitais para o desenvolvimento do enredo central e acabaram sendo os responsáveis por algumas das melhores cenas de ação de "Novo Mundo". A batalha dentro do navio de Fred Sem Alma (Leopoldo Pacheco), no começo do folhetim, impressionou e o retorno dos piratas na reta final rendeu mais uma leva de batalhas ótimas, como a luta contra as índias que protegiam o tesouro que Edward Nilmann (Ney Latorraca, em uma participação final luxuosa) descobriu. Leopoldo esteve bem demais, sendo necessário citar ainda Luana Tanaka (Miss Liu), Thiago Tomé (Hassam) e Babu Santana (Jacinto). Já a tribo protagonizou empolgantes embates com a trupe de Thomas, além de capatazes que queriam destruir a mata. Eles ainda serviram para expor a verdadeira face de Piatã (Rodrigo Simas), que procurava uma identidade desde que era criado como irmão de Anna. O índio, por sinal, formou um lindo casal com Jacira, a índia guerreira e empoderada. Rodrigo e Giullia Buscacio esbanjaram química. Daniel Dantas (Olinto), Jurema Reis (Jurema), Roney Villela (Tibiriçá) e Allan Souza Lima (Ubirajara) foram outros bons nomes do núcleo.
Aliás, essa produção teve como uma de suas qualidades a valorização do elenco. Não teve ninguém desperdiçado. Todos tiveram espaço para brilhar em algum momento. Além de todos os já mencionados, não é possível esquecer de César Cardadeiro (Hugo), Rômulo Estrela (Chalaça), Larissa Bracher (Benedita), Viétia Zangrandi (Nívea), Bruce Gomlevsky (Felício), Alex Moreno (Francisco), Alice Morena (Rosa), Ruben Gabira (Schultz) e o trio impagável formado por André Dias (Patrício), Bia Guedes (Lurdes) e Mariana Consoli (Dalva). Só é de se lamentar o afastamento da maravilhosa Márcia Cabrita por problemas de saúde (ela enfrenta um câncer há anos). A Narcisa ficou por poucos capítulos e tinha tudo para render muito. Pena.
Uma característica peculiar da produção que vale ser ressaltada foi a trilha sonora. Pela primeira fez uma novela não teve cantores ou bandas embalando os temas. Todas as músicas eram incidentais. E como funcionou bem com o roteiro. Os instrumentos foram os protagonistas do núcleo dos piratas, da abertura (a melhor do ano, diga-se), das cenas de batalhas, enfim. E todas as trilhas eram bem características, deixando claro para o telespectador quando a trupe de Fred Sem Alma surgiria ou então a vilania de Thomas, por exemplo. Uma inovação bem-vinda.
A reta final do folhetim expôs o bom planejamento dos escritores, que conseguiram concluir todos os dramas aos poucos, sem atropelos, valorizando cada núcleo. A queda de Sebastião, que ficou na miséria e virou mendigo (com direito até a um banho de cocô), após ter todos os bens confiscados pelo governo, era bastante esperado, assim como o encontro de Anna com seu pai ----- Roberto, Isabelle e Ney ótimos. Elvira ser reconhecida como uma grande atriz foi o máximo. O casamento de Amália e Peter primou pela delicadeza, enquanto o momento de aparente paz entre Leopoldina e Dom Pedro foi um alento para o público, que tem pleno conhecimento da vida infeliz que os dois tiveram, com direito ao caso interminável que o príncipe teve com Domitila, provocando até a morte da imperatriz. Ao encerrar a novela com a coroação de ambos, evitou-se o trágico desfecho dessa problemática história do Brasil. E o embate final entre Joaquim e Thomas ---- desfigurado depois de ter sobrevivido ao incêndio no Galeão (perfeito trabalho da caracterização) ---- empolgou com o clássico enfrentamento do bem contra o mal.
O último capítulo fechou a trama brilhantemente, expondo a coragem de Anna, surpreendendo Thomas e quase o matando. A coroação de Dom Pedro primou pelo capricho, enquanto o discurso de Diara pela igualdade emocionou. A despedida de Elvira, indo viajar com sua Companhia Teatral, mesclou humor e tristeza pelo fim. Já o suicídio de Ferdinando, indo se encontrar com o amor de sua vida, se mostrou bem delicada. O momento em que Fred Sem Alma matou Thomas, se vingando de tudo, lavou a alma do público. E a sequência final, com Anna fazendo um resumo sobre sua vida com Joaquim e narrando a novela, falando da descoberta desse Novo Mundo que todos ali fizeram, sendo os autores de suas próprias histórias, encerrou a saga do folhetim deixando aquele vazio.
"Novo Mundo" teve 24 pontos de média, a maior da faixa das seis desde 2012, com exceção do fenômeno "Êta Mundo Bom!" (2016), que obteve 27 pontos. É um feito e tanto, fazendo jus ao conjunto apresentado. A novela dos estreantes Alessandro Marson e Thereza Falcão foi um sucesso de público e crítica merecidamente. Valeu muito a pena ter acompanhado um produto tão caprichado, que explorou fantasia e contextos históricos de forma competente. É uma obra de inúmeras qualidades e digna de Emmy Internacional. Fará falta.
O conflito encabeçado por Sebastião (Roberto Cordovani), Cecília (Isabella Dragão), Matias (Renan Monteiro), Idalina (Dhu Moraes) e Libério (Felipe Silcler) foi outro que despertou atenção, expondo o racismo gigantesco da época e a crueldade da escravidão, mesmo com cenas mais suavizadas. Também foram feitas críticas precisas ao Brasil atual, mostrando que pouco mudou em quase 200 anos, vide a corrupção dos poderosos. O amor da menina branca com o jornalista negro foi bonito de se ver, assim como o carinho que os escravos tinham com ela. A crueldade do poderoso fazendeiro foi digna de um excelente vilão e que privilégio o telespectador teve em acompanhar o desempenho extraordinário de Roberto Cordovani, um premiado ator de teatro que nunca tinha participado de uma novela. Que essa seja a primeira de muitas outras. Aliás, é preciso citar os momentos da reta final, com Idalina conseguindo sua sonhada liberdade e se vingando do patrão inescrupuloso. De lavar a alma.
O romance protagonizado por Wolfgang (Jonas Bloch) e Diara (Sheron Menezzes) foi mais um ponto positivo da novela, havendo uma clara referência ao clássico "Xica da Silva", com a escrava se casando com um poderoso homem e ganhando a liberdade. Os atores tiveram muita sintonia. Porém, é necessário ressaltar que a inserção de Ferdinando (Ricardo Pereira) no núcleo acabou sendo desnecessária, criando um conflito bobo em torno dos sentimentos da ex-escrava. Com isso, o par acabou perdendo a importância. Mas, felizmente, os autores viraram o jogo quando trouxeram a cruel Greta (Júlia Lemmertz, ótima) para infernizar a vida do par. A vilã movimentou a situação, tentando envenenar Wolf, seu irmão, e enfrentando Diara, dando um novo fôlego para o contexto.
O drama de Amália (Vanessa Gerbelli) inseriu um tom de mistério no folhetim, pois o desespero daquela desmemoriada mulher, e aparentemente louca, em busca do filho desaparecido, provocou várias desconfianças a respeito da identidade dessa pessoa. Tudo levava a crer que era Cecília a sua filha, mas os autores surpreenderam e colocaram Joaquim como o herdeiro de Dom João e irmão de Dom Pedro. Isso porque Amália teve um caso com o rei tempos atrás e tudo acabou explicado em um bem realizado flashback, implicando em uma linda cena, defendida com total entrega por Vanessa e Chay Suede. A relação amorosa entre a paciente e seu médico, o Dr. Peter, ainda engrandeceu todo o conjunto, expondo uma cumplicidade tocante entre Vanessa e Caco Ciocler.
A tribo indígena e a gangue dos piratas pareciam deslocadas da trama, mas foi apenas uma impressão inicial. Os dois núcleos foram vitais para o desenvolvimento do enredo central e acabaram sendo os responsáveis por algumas das melhores cenas de ação de "Novo Mundo". A batalha dentro do navio de Fred Sem Alma (Leopoldo Pacheco), no começo do folhetim, impressionou e o retorno dos piratas na reta final rendeu mais uma leva de batalhas ótimas, como a luta contra as índias que protegiam o tesouro que Edward Nilmann (Ney Latorraca, em uma participação final luxuosa) descobriu. Leopoldo esteve bem demais, sendo necessário citar ainda Luana Tanaka (Miss Liu), Thiago Tomé (Hassam) e Babu Santana (Jacinto). Já a tribo protagonizou empolgantes embates com a trupe de Thomas, além de capatazes que queriam destruir a mata. Eles ainda serviram para expor a verdadeira face de Piatã (Rodrigo Simas), que procurava uma identidade desde que era criado como irmão de Anna. O índio, por sinal, formou um lindo casal com Jacira, a índia guerreira e empoderada. Rodrigo e Giullia Buscacio esbanjaram química. Daniel Dantas (Olinto), Jurema Reis (Jurema), Roney Villela (Tibiriçá) e Allan Souza Lima (Ubirajara) foram outros bons nomes do núcleo.
Aliás, essa produção teve como uma de suas qualidades a valorização do elenco. Não teve ninguém desperdiçado. Todos tiveram espaço para brilhar em algum momento. Além de todos os já mencionados, não é possível esquecer de César Cardadeiro (Hugo), Rômulo Estrela (Chalaça), Larissa Bracher (Benedita), Viétia Zangrandi (Nívea), Bruce Gomlevsky (Felício), Alex Moreno (Francisco), Alice Morena (Rosa), Ruben Gabira (Schultz) e o trio impagável formado por André Dias (Patrício), Bia Guedes (Lurdes) e Mariana Consoli (Dalva). Só é de se lamentar o afastamento da maravilhosa Márcia Cabrita por problemas de saúde (ela enfrenta um câncer há anos). A Narcisa ficou por poucos capítulos e tinha tudo para render muito. Pena.
Uma característica peculiar da produção que vale ser ressaltada foi a trilha sonora. Pela primeira fez uma novela não teve cantores ou bandas embalando os temas. Todas as músicas eram incidentais. E como funcionou bem com o roteiro. Os instrumentos foram os protagonistas do núcleo dos piratas, da abertura (a melhor do ano, diga-se), das cenas de batalhas, enfim. E todas as trilhas eram bem características, deixando claro para o telespectador quando a trupe de Fred Sem Alma surgiria ou então a vilania de Thomas, por exemplo. Uma inovação bem-vinda.
A reta final do folhetim expôs o bom planejamento dos escritores, que conseguiram concluir todos os dramas aos poucos, sem atropelos, valorizando cada núcleo. A queda de Sebastião, que ficou na miséria e virou mendigo (com direito até a um banho de cocô), após ter todos os bens confiscados pelo governo, era bastante esperado, assim como o encontro de Anna com seu pai ----- Roberto, Isabelle e Ney ótimos. Elvira ser reconhecida como uma grande atriz foi o máximo. O casamento de Amália e Peter primou pela delicadeza, enquanto o momento de aparente paz entre Leopoldina e Dom Pedro foi um alento para o público, que tem pleno conhecimento da vida infeliz que os dois tiveram, com direito ao caso interminável que o príncipe teve com Domitila, provocando até a morte da imperatriz. Ao encerrar a novela com a coroação de ambos, evitou-se o trágico desfecho dessa problemática história do Brasil. E o embate final entre Joaquim e Thomas ---- desfigurado depois de ter sobrevivido ao incêndio no Galeão (perfeito trabalho da caracterização) ---- empolgou com o clássico enfrentamento do bem contra o mal.
O último capítulo fechou a trama brilhantemente, expondo a coragem de Anna, surpreendendo Thomas e quase o matando. A coroação de Dom Pedro primou pelo capricho, enquanto o discurso de Diara pela igualdade emocionou. A despedida de Elvira, indo viajar com sua Companhia Teatral, mesclou humor e tristeza pelo fim. Já o suicídio de Ferdinando, indo se encontrar com o amor de sua vida, se mostrou bem delicada. O momento em que Fred Sem Alma matou Thomas, se vingando de tudo, lavou a alma do público. E a sequência final, com Anna fazendo um resumo sobre sua vida com Joaquim e narrando a novela, falando da descoberta desse Novo Mundo que todos ali fizeram, sendo os autores de suas próprias histórias, encerrou a saga do folhetim deixando aquele vazio.
"Novo Mundo" teve 24 pontos de média, a maior da faixa das seis desde 2012, com exceção do fenômeno "Êta Mundo Bom!" (2016), que obteve 27 pontos. É um feito e tanto, fazendo jus ao conjunto apresentado. A novela dos estreantes Alessandro Marson e Thereza Falcão foi um sucesso de público e crítica merecidamente. Valeu muito a pena ter acompanhado um produto tão caprichado, que explorou fantasia e contextos históricos de forma competente. É uma obra de inúmeras qualidades e digna de Emmy Internacional. Fará falta.
34 comentários:
Sentirei saudade do novelão! Ótima a sua crítica, Sérgio, condiz com o que assisti na tela. Abraços!
Ótima crítica, vai fazer muita falta mesmo.
Essas suas críticas finais são sempre as mais completas e vc não deixa escapar nada.Adorei.
"Isso porque a novela não teve barriga", hahahaha, adorei a expressão! Não tem nada mais chato, na realidade as "barrigas" me desmotivam bastante em novelas e filmes. Gostei muito do figurino da novela. Abraços!
NOVELÃO!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!
Olá Sérgio tudo bem???
Não consegui assistir a nova toda, espero que ela passe aqui em Portugal (estão passando Sol Nascente agora)... O pouco que assisti achei o máximo!!!
Beijinhos;
Débora.
http://derbymotta.blogspot.pt/
Apesar de não ter assistido muito, achei super legal essa novela. Gostei!!
Foi uma novela maravilhosa, do começo ao fim. Vai deixar muitas saudades!
Que novela maravilhosa! Que elenco primoroso! Que casal protagonista para ter químicaaaa! Vou sentir muita falta do meu ship Annaquim! Chay Suede e Isabelle Drummond muito bem nos papeis de mocinhos e mocinhos que davam gosto de torcer. Eu amei também vero Leopoldo Pacheco como Fred sem alma. Ele é maravilhoso demais. Ver o Daniel Dantas como padre Olinto também me deixou muito feliz. Eu amo o ator e adoro acompanhar seus trabalhos. Outro casal que vai deixer saudades é Diara e Wolfgang. O Jonas Bloch é tão fofinho. Me apaixonei. A última cena do Ricardo Pereira como Ferdinando foi muito delicada. Ferdinando finalmente foi encontrar o grande amor da vida dele.
Acompanhei pouco, mas gosto de novela de época.
bjokas =)
Olá Sérgio
Que post maravilhoso, perfeito!
Uma novela que sem sombra de dúvidas vai deixar saudades.
História, arte, interpretações magníficas, roteiro coeso, instigante e direção competente.
Bjs Luli
https://cafecomleituranarede.blogspot.com.br
Sérgio, não acompanhei a novela mas pelo visto vc adorou.
Big Beijos,
LULU ON THE SKY
A novela foi ótima mesmo.Letícia Colin, Isabelle Drummond, Chay Suede, Caio Castro, Ágatha Moreira, Viviane Pasmanter, Guilherme Piva, Ingrid Guimarães e Gabriel Braga Nunes, Vanessa Gerbelli, Sheron Menezes e Jonas Bloch estiveram ótimos e convenceram.Mas apesar de ótima, a novela teve alguns defeitos que merecem menção(na minha humilde visão):
1- A passividade extrema de Anna, que virou uma imbecil quando se casou com o Thomas, chegando até a ficar contra o Joaquim.
2- Joaquim, apesar do ótimo desempenho de Chay Suede, foi chato em alguns momentos.Seu extremo heroísmo e sua extrema humildade me enjoou em uns momentos(menos que a Anna, mas enjoou).
3- O casal Diara e Wolf perdeu a magia com a entrada do Ferdinando(como a Diara ficou apaixonada por ela se amava o Wolf????), a trama deles se perdeu e nem a Greta(Júlia Lemmertz impecável) melhorou o núcleo na minha opinião, porque ficou tudo andando em círculos, ela envenenando o irmão, envenenando o irmão, envenenando o irmão...Ao menos o desfecho do casal foi bonito.
4- Não vi nada demais no casal Piatã e Jacira.Os atores estavam muito bem e atores tinham química, mas o Piatã era chato demais(principalmente na época em que rejeitava a Jacira por querer ser pajé), preferia a Jacira sozinha como guerreira.Eu sei que o casal foi bem admirado, é só uma visão pessoal minha mesmo.
A novela foi tão boa que eu nem tinha atentado pra falta de trilha sonora, rs. Realmente, só coisas boas a dizer, e parabéns aos autores pela falta de barriga, incomum nas novelas de hoje. Parabéns também ao fato de terem aproveitado todo o elenco. Elenco esse aliás que ninguém ficou devendo nada, estavam todos fantásticos, inclusive Caio Castro, que eu pensava que ia estragar a novela. Fico feliz por ele, e pela novela. Aliás, Pedro e Leopoldina foram os protagonistas morais da novela, ainda que Anna e Joaquim também fossem um bom par, com excelentes intérpretes. Vi que alguns reclamaram, mas eu amei o último capítulo e, principalmente, os discursos de Piatã (sobre a destruição da natureza), de Diara (sobre racismo), de Pedro e Leopoldina (sobre o povo brasileiro), e o discurso final de Anna, emocionante. Aliás, uma das coisas mais legais dessa novela foi que, em inúmeros momentos, os autores conseguiram fazer críticas ao Brasil atual, por meio de situações acontecidas na novela, escrachando que depois de tanto tempo, infelizmente algumas coisas não mudaram. Enfim, um novelão! Redondinha, produção caprichadíssima, elenco maravilhoso... Tão boa que até tinha esquecido que um dia existiu Sono Nascente.
Olá Sérgio!!
Novo Mundo teve inúmeros méritos mesmo, como a apresentação (eu diria que é a melhor dos últimos anos, criativa e condizente com a proposta da novela), a trilha sonora (excelente ideia e muito bem executada), a direção de arte (a novela era lindíssima) e o elenco (afiado e sem espaço para "figurantes de luxo").
Mas, na minha humilde opinião, a trama deixou a desejar; embora os protagonistas tivessem química, não gostava do romance deles: Joaquim era ótimo quando estava tentando desmascarar os vilões, ou lutando ao lado dos índios, mas caía quando estava as voltas com a Anna; ela, por outro lado, nunca me convenceu como "heroína forte", só estava desfazendo as besteiras que tinha feito quando se casou com Thomas. O contexto histórico de pano de fundo também me incomodou pelo excesso de licenças poéticas (eu sei que novela não é documentário, mas acho que exageraram um pouco em alguns acontecimentos e situações).
Mas também reconheço a excelente condução da trama, sem enrolações; e também a criatividade dos autores de dar um final feliz a Pedro e Leopoldina e um "castigo" a Domitila, satisfazendo o público; e não pode faltar uma menção à Letícia Colin, que fez uma princesa/imperatriz inesquecível.
No mais, é isso. Abraços!!
Novo Mundo foi uma ótima novela até a metade, mais ou menos até o episódio do “dia do fico”. A partir daí entrou num grande ciclo vicioso de “Thomas prende – Anna foge” e “Domitilla sacanea Leopoldina – D. Pedro engole”. As tramas paralelas tb foram se perdendo e se arrastando: o núcleo indígena que sempre foi meio deslocado tornou-se totalmente supérfluo com pontuais intervenções para ajudar o casal protagonista repetitvo e o núcleo de Diara e Wolfgan sofreu com a intervenção desnecessária de Ferdinando e Greta. Isso sem falar que Thomas foi o vilão mais incompetente que eu já vi em novelas: nenhum plano dele deu certo, não sei que milagre ele ter conseguido casar com Anna.
Pra equilibrar a boa primeira metade e a repetitiva segunda metade, daria pra novela 6.5. Pode incluir aí uma certa decepção por conta da expectativa no começo da novela. Minha maior decepção foi por deixarem o contexto político-histórico em 10º plano durante tanto tempo da novela para privilegiar dramas romanticos xoxos e um casal de amantes que o público amava odiar.
Fornecendo uma tréplica à sua resposta ao meu comentário sobre as liberdades poéticas que os autores tomaram e o final de Domitilla, não considero de forma alguma um caso extra-conjugal como fato de grande importância histórica. Ainda mais pq nada influiu na política e na evolução da sociedade imperial. Domitilla ganhou dinheiro e prestígio com seu caso com D. Pedro I, mas jamais teve nenhuma influência para o futuro do país a não ser para advogar em benefício próprio. Achei o preciosismo histórico dos autores meio hipócrita nesse sentido. Pq nem seguiram a história à risca (inventando até um meio-irmão brasileiro) nem foram coerentes com a própria trama e personagens que inventaram (jamais qualquer dos envolvidos aceitaria uma continuação do caso com Domitilla depois de todos ações vilanescas e fictícias que a personagem tomou).
Como balanço final, Novo Mundo só valeu pela forma como retratou e o destaque que deu à princesa Leopoldina. Esse foi o grande mérito da novela e o único motivo pelo qual eu vou lembrar de Novo Mundo. Vale tb destaque para Elvira, Licurgo e Germana, outro bom trunfo da novela. De resto, fecha a conta e passa a régua!
Mt obrigado, Fernando!
Vai, Kaio!
Fico feliz, Camila!
Exato, Vane. rsrs bj
Fato, anonimo.
Sol Nascente foi horrivel, Debora... rs bjs
Idem, Pensamentos.
Já está deixando, Roseli.
Perfeito comentário, Porlapazy!!!
Idem, Bell!
É isso, Luli!!
Amei, Lulu!
A passividade da Anna eu citei, Gustavo.
Perfeito comentário, Malu. E jura que não tinha notado??? Achei a trilha 100% incidental uma sacada brilhante. bjs
Adorei o comentário, Germana.bjsssssss
Respeito sua opinião, Raquel!
Foi realmente uma ótima novela,revendo em 2020. Adorei
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