Tudo sobre a coletiva online de "Raul Seixas Eu Sou", nova série do Globoplay

 O Globoplay promoveu na segunda-feira passada, dia 23, a coletiva virtual de "Raul Seixas Eu Sou", nova série da plataforma de streaming, em parceria com a O2 Filmes. Participaram os diretores Paulo e Pedro Morelli e os atores Ravel Andrade, João Pedro Zappa, Caroline Abras, João Vitor Silva, Cyria Coentro, Gabriel Wiedemann, Camilla Molica, Amanda Grimaldi, Júlio Andrade e Chandelly Braz. Fui um dos convidados e conto sobre o bate-papo a seguir.

Paulo Morelli explicou a produção: "A série tem um recorte um pouco convencional. Os eventos da vida do Raul eram tão incríveis que rompemos o padrão de fazer recortes. A gente pega a vida inteira dele, dos dez anos de idade até sua morte em oito episódios, o que é equivalente a quatro longas. Deu pra contar muita coisa. O que me dá mais satisfação de ver com a série pronta é ver as cenas que muita cena nunca viu. Ver o Raul com o Paulo Coelho, a composição acontecendo em cena. A gente se divertiu muito. Não sabia que o Raul era tímido. Na vida privada era muito calmo, bem diferente do que era nos palcos. E na série temos cerca de 60 músicas do Raul. Ele compondo, tocando em momentos mais íntimos ou nos shows". 

Pedro Morelli, filho de Paulo, acrescentou: "É muito lindo dividir isso com o público. Fizemos essa série com muita paixão. Raul fala com muitas gerações, vide pai e filho terem feito essa série. O Raul Seixas tinha essa coisa de maluco beleza, defender a vida libertária e não era da boca para fora, ele viveu assim até que o corpo dele não aguentasse.

A nossa intenção foi sempre entrar na cabeça dele e temos muitas cenas com tons surrealistas porque tentamos ver ele de perto de forma sensorial para tentar trazer a experiência visceral dele. O Raul era um grande músico e a gente se sentiu na obrigação de fazer algo bem cuidado musicalmente. Todas as pessoas que estão no palco são músicos de verdade e as cenas musicais dão muito orgulho pra gente porque foram muitas pesquisas até chegar ao resultado final".

Ravel Andrade falou da responsabilidade de viver um ícone: "Quando Paulo e Pedro falaram que eu ia ser o Raul era 23 de dezembro de 2022 e eu na hora já fui pro livro, para as músicas, os clipes e fui mergulhando no caminho mais solitário até ir para a sala de ensaio, onde tive muitos preparadores. Interpretar esse cara multifacetado que foi degradando a própria vida foi muito importante. Foram alguns meses de muita intensidade. Conversei com a filha dele, a Vivi, que me disse como ele era dentro de casa, enfim, uma responsabilidade homenagear o Raul dessa forma tão grandiosa mostrando o legado que ele deixou. A série é um pouco fantástica e as viagens do Raul foi um prato cheio para a gente pirar na hora de filmar e mostrar o quanto ele era uma metamorfose ambulante mesmo, o que é inspirador para as novas gerações. Os discursos libertários do Raul são inspiradores na série até porque ele vivia em uma ditadura pesada junto com o Paulo. O mundo foi ficando careta e acho que vai ser incrível se a juventude atual absorver. Eu e Andreia (Horta, sua esposa) perdemos um neném com pouquíssimas semanas durante a gravação da série, então gravei com uma mistura de sentimentos, e hoje veio a Iolanda e curou todas as feridas. Raul teve três filhas e eu tive uma menina. Sempre que posso estou com minha filha tocando um vilão porque Raul me ensinou que a presença é muito importante". 

João Pedro Zappa falou do seu trabalho na série: "Eu interpretei o Paulo Coelho e sou muito fã do Raul. Meu primeiro grande ídolo e quando entrei nessa série fazendo o melhor amigo dele com o Ravel, que é meu melhor amigo, foram muitos milagres em uma série só. Sou amigo do Ravel há mais de dez anos. Fico num lugar do privilégio de um ator misturado com a sensação de fã. O que a gente fez é um presente inestimável para os fãs. O legado que ele deixa é de liberdade, irreverência e provocação. Está nos convidando a encontrar nosso próprio caminho. O discurso dele e do Paulo sempre foi anti-missiânico. Que tal você achar seu próprio caminho? É um legado poderoso. Sabia que era um produtor musical, mas não tão bom. Ele abandona essa sua posição de respeito para virar artista mesmo. E viveu as consequências das escolhas que fez, as boas e ruins. Ele sofreu muito e isso tá na série".

Gabriel Wiedemann, intérprete de Sylvio Passos, falou das gravações: "Os bastidores têm muito de misticismo também. Lembro que acontecia sempre de ser transportado para o universo do Raul Seixas. A série vai transpassar isso muito bem. Vivi a vida inteira no Butantã (SP) e o Raul viveu uma época lá, então ouvi a vida toda histórias dele. Eu pequenininho ficava admirado nas histórias e ter vivido algumas delas na série foi muito importante pra mim".

Caroline Abras falou de sua personagem: "Não consegui ver o Raul no palco e na série eu vi e isso pode impactar bastante o público, como impactou a minha vida. Ele tem uma personalidade complexa, teve problema com droga e álcool, e a série traz isso tudo e mostra quem foi Raul. Vivo a Gloria Vaquer que foi a segunda mulher do Raul e não consegui falar com ela porque eles se afastaram. E, pouco tempo depois do fim das filmagens da série, ela faleceu no Alabama (EUA). As gravações fluíram de uma forma natural porque juntaram atores que já se conheciam e eram amigos. Sou mais fã ainda desses meus amigos hoje". 

Cyria Coentro comentou sobre seu papel: "Interpreto a mãe do Raul e sou fã dele desde que me entendo por gente. Foi o primeiro artista que chorei quando morreu e não sabia da história dele. Tudo foi novidade pra mim e a série traz isso. Tem uma transgressão, uma grandeza dele, um maluco grandioso com sua arte e com a relação de respeito que tinha pela mãe, pelo pai, com a relação que tinha com o irmão, enfim, um universo desconhecido que a série traz".

Jaffar Bambirra resumiu sua participação: "Foi uma surpresa pra mim adentrar na relação. Estudei muito o Sérgio Sampaio e o Sérgio que eu fiz é o Sérgio da vida do Raul. É uma série do Raul e todos nós do elenco fomos apenas uma ponte pra esse Raul. Ravel é um cara muito querido e todo mundo gosta muito dele. Isso vai dar uma camada a mais pra essa história".

Chandelly Braz comentou sobre sua pesquisa para a série: "Tem uma coisa muito maravilhosa na nossa profissão, uma coisa muito linda, que é o privilégio de se colar em uma situação que na vida você não se aprofundaria. Fui uma adolescente que ouvi muito Raul, que é a idade que começamos a contestar as coisas. Na série, entrei em contato com um Raul frágil e doce que eu não tinha ideia. A gente tem acesso à loucura do artista, é o miúdo do miúdo que a gente acessa. Não sou uma conhecedora de música, mas percebo que há uma mistura de baião e rock, e na série a gente vê ele mergulhando nisso. Prestar atenção nesses aspectos é ver o marco que o Raul foi na música. Acho que conheci a mistura de gêneros musicais que eu só percebia de uma maneira geral. Interpretei a Kika, que virou a pessoa responsável pelo legado do Raul. É uma figura muito atuante hoje. Pesquisei muito as entrevistas dela".

Amanda Grimaldi falou de sua experiência: "Conhecia o Raul pela figura do artista. A coisa mais aprofundada da vida dele, as relações íntimas, eu não fazia ideia. Uma pessoa profunda a ponto de viver suas relações muito apaixonadamente. Foi muito apaixonado pela Edith, foi o grande amor da vida dele e a interpreto na série. Foi a primeira esposa do Raul. Ele vive suas paixões de uma maneira muito forte. Era uma pessoa apaixonada, ao mesmo tempo que vivia outras relações, era uma pessoa libertária. Tinha uma visão de amor livre, mas não praticava necessariamente com suas parceiras. Isso me pegou muito e mostra essa figura envolvida pelos afetos que ele tinha, mas de uma maneira muito intensa, no mínimo".

João Vitor Silva comentou sobre o privilégio de estar na série: "Quando surgiu a possibilidade de interpretar um parceiro de composição do Raul, que é o Cláudio Roberto, fiquei feliz. Eu desconhecia essas outras parcerias do Raul. O Cláudio é quase o maluco beleza de verdade. Foi muito interessante aprender com o roteiro essas conexões que eu sempre desconheci".

Camilla Molica explicou sua personagem: "Fiz a Lena Coutinho e tive pouco material de contato. Mas a caracterização, a pesquisa, as cenas permitiram uma abertura de criação, o que acabou sendo muito rico. As companheiras do Raul não quiseram estar muito dentro de tudo da série porque elas tiveram seus traumas".

Júlio Andrade falou de sua parceria com o protagonista: "Fiz o pai do Raul na série e sou irmão do Ravel. Foi muito bonito ver meu irmão concentrado e queria dizer que estou muito feliz em fazer parte desse projeto. Eu me convidei pro projeto. Quis estar ao lado do meu irmão nesse momento tão importante pra carreira dele. Estou muito curioso pra assistir tudo e só queria agradecer mesmo. Ravel nasceu com um vilão debaixo do braço. Eu que dei o primeiro violão pra ele. Ele nasceu Raul", se emocionou o ator. 

'Raul Seixas Eu Sou' estreou no Globoplay no dia 26 de junho e já está com os oito episódios liberados.