quinta-feira, 20 de fevereiro de 2025

Camila Pitanga fez de Lola o maior acerto de "Beleza Fatal"

 A estreia de "Beleza Fatal" (no dia 27 de janeiro, na Max) mostrou que Raphael Montes, além de um ótimo escritor de livros e séries, também sabe fazer uma novela. O primeiro folhetim da plataforma de streaming da HBO, dirigido por Mária de Médicis, vem despertando atenção através de bons ganchos e muitos clichês típicos do gênero. E o maior acerto da trama vem sendo a carismática Lola, vilã vivida por Camila Pitanga. 


Lola é um perfil intrigante e multifacetado que encarna uma ambição desmedida, movendo-se entre o brilho encantador das redes sociais e os segredos obscuros escondidos sob a fachada de seu sucesso. E todos os segredos o público já descobre nos primeiros cinco capítulos que contam a primeira fase do enredo. De uma secretária sonhadora a uma poderosa empresária, Lola constrói seu império, a Lolaland, a maior clínica de estética do país, às custas de escolhas que colocam sua moralidade em xeque. 

Ao lado de Benjamin Argento (Caio Blat), a vilã projeta a imagem de uma vida perfeita, marcada por modernidade, luxo e virtude. No entanto, por trás da aparência impecável, manipulações, mentiras e até assassinatos se tornam ferramentas indispensáveis para manter o controle de tudo o que conquistou.

A sua trajetória simboliza o lado sedutor e destrutivo do poder, revelando sacrifícios, jogos de influência e dilemas éticos. É um perfil cheio de possibilidades que proporciona excelentes momentos e todos são abraçados por uma atriz em total estado de graça. 

A novela apresenta uma trama clássica de vingança, tanto que há inúmeros elementos similares, para não dizer iguais, aos já vistos em obras como "Avenida Brasil" e "Revenge". E Lola tem um quê de Carminha (Adriana Esteves), mas que Camila consegue diferenciar e adequar ao seu modo de atuar, aproveitando também alguns momentos de fragilidade da personagem que lembram o lado inocente e até ingênuo da Bebel, seu papel de maior sucesso na carreira televisiva, revisto ano passado na reprise de "Paraíso Tropical" no "Vale a Pena Ver de Novo". Mas também há uma terceira faceta, essa inédita, em que a crueldade se faz presente, assim como a frieza para contornar os muitos obstáculos que surgem em seu caminho. E impressiona como a intérprete domina todas as cenas em que aparece. Até porque não são poucas. Está praticamente em todos os atos da história, é o perfil com mais destaque e que norteia o enredo, sendo o pilar de sustentação. 

É uma delícia ver Camila Pitanga em "Beleza Fatal". Tanto que a vilã pode ser facilmente considerada a personagem mais querida da história e justamente porque tem suas sensibilidades expostas em determinados momentos. Embora seja uma assassina, interesseira, oportunista, corrupta e muitas vezes cruel, é uma mulher que veio de uma vida difícil e no fundo só queria ser bem-sucedida e amada de verdade. É nessa vulnerabilidade que o telespectador se apoia e até se compadece. O choro da empresária diante da péssima relação que tem com o filho (Gabriel - Enzo Romaní) comove, assim como sua solidão diante de um desabafo com sua funcionária Júlia (Camila Queiroz), sua então desconhecida algoz Sofia. É necessário destacar também a despedida de Viviane (Naruna Costa) com uma última transa, pouco antes de matá-la. 

Em meio a um folhetim repleto de perfis maniqueístas (o que não é um demérito), Lola sobressai através de suas múltiplas camadas. E uma profissional mais limitada não conseguiria passar veracidade nas fragilidades da vilã, o que prejudicaria até a intenção do autor em humanizar sua vilã. Grande parte do público acharia as situações forçadas ou até piegas. Mas não é o que acontece. Camila diverte e emociona com a mesma facilidade e empresta o seu carisma para a personagem, que vem tomando conta da novela desde o primeiro capítulo. É inegável que o melhor texto também é o dela, com direito a algumas tiradas impagáveis e repletas de deboche. Vale citar ainda os instantes em que a ricaça surta de ódio quando algum plano dá errado, o que vem acontecendo com cada vez mais frequência. O desempenho da atriz é visceral. 

Camila Pitanga estava afastada dos folhetins desde "Velho Chico", exibida em 2016, na Globo, em virtude de seu trauma com a morte trágica de Domingos Montagner, que se afogou no Rio São Francisco durante as gravações da novela, que, além de colega, era seu grande amigo pessoal. Voltou a trabalhar na dramaturgia em 2019 em "Juntos a Magia Acontece", um especial de fim de ano da Globo, e "Aruanas", série do Globoplay. "Beleza Fatal" marca sua volta aos folhetins, ainda que seja uma novela de apenas 40 capítulos. E seu retorno não poderia ter sido melhor. Lola valoriza o seu talento e a sua grandiosidade, já entrando para a galeria de grandes personagens da sua carreira 

2 comentários:

Reflexos Espelhando Espalhando Amig disse...

Sergio querido amigo,
Eu amo tudo que a
Camila Pitanga trabalha.
Além de talentosa ela
é linda.
Obrigada pela matéria.
Bjins
CatiahôAlc.

Pedrita disse...

ai que bom, alguém que conheço está vendo como eu, ando solitária com essa novela. minhas amigas não estão vendo e uma nem quer ver. eu adoro os textos do raphael montes. eu gosto bastante da multiplicidade de sentimentos dos personagens. eu gosto muito q lola e rog só ficaram ricos pelo casamento. um em chantagem e o outro em oportunismo. mas nem por isso eles são legais com quem os fazem ricos. a maldade de rog com sua esposa é de cortar o coração. camilla disse q teve dificuldade de aceitar a personagem pela infinidade de maldades q faz. eu adoro o romance de lola com a ex-policial. naruna está maravilhosa. todos estão. beijos, pedrita