quarta-feira, 21 de julho de 2021

"No Limite" fracassou no seu principal objetivo: entreter o público

 O "No Limite" estreou no dia 11 de maio. Uma semana após o fim do "BBB 21". O intuito de Boninho era claro: mantar uma parcela dos fãs do reality de sucesso que consagrou a vitória de Juliette. E inicialmente parecia que conseguiria. Mas, ao longo das semanas, o nível de interesse do público foi dissipando. O programa se manteve na liderança isolada, mas a audiência esteve longe da almejada, assim como a repercussão. A final foi exibida nesta terça-feira (20/07).

O formato é baseado no formato estadunidense "Survivor", que por sua vez é uma versão do programa sueco "Expedition Robinson". A primeira temporada estreou na Globo há quase 21 anos. E foi o primeiro reality do Brasil. Um fenômeno. Mas não repetiu o sucesso nas três temporadas posteriores. A quinta, exibida atualmente, tinha tudo para voltar com uma boa repercussão. A escolha de ex-BBBs para a disputa foi um ótimo chamariz. Mas o principal erro foi a permanência da exibição semanal. Pois o esquema funcionava há anos, quando não existia reality no país. Agora, após a produção de inúmeros realities de convivência, fica difícil o público se prender a algo que não desperta uma rotina. 

O principal atrativo seria o foco na convivência dos participantes ao longo dos dias, passando frio, fome e tantas outras dificuldades propostas pela competição. A parte em que eles conversavam ou discutiam pareciam ter pouca importância. Havia um protagonismo muito maior nas provas. E, sim, o formato do "No Limite" sempre foi esse.

Todavia, alterações são necessárias quando o comportamento de quem assiste muda. Muitas vezes ficava  difícil saber o motivo de alguma tensão entre os competidores porque muito bastidor era deixado de lado. Gleci chegou a levar 3 votos da equipe Calango em uma semana e o telespectador nem descobriu o motivo. Ariadna teve uma discussão com Chumbo em outro momento na equipe Carcará e foi impossível saber o estopim da briga porque era um desentendimento que ocorreu na noite passada, que acabou não exibida. 

Se o programa fosse diário, parte do problema seria resolvido. E nem precisava ter uma hora de duração para não atrapalhar a grade da Globo. Uns 20 minutos estariam de bom tamanho. Ajudaria a criar uma rotina no público e aproximar a audiência dos participantes, como costuma acontecer em qualquer reality de convivência. Ainda mais uma convivência durante momentos difíceis. Aliás, outra questão que merece uma ressalva: os participantes receberam muito privilégio. Cada prova resultava em prêmios como brigadeiro, doce de leite, pizza, enfim. Isso nunca existiu em "No Limite". Claro que o maior número de patrocinadores explica o fato. Mas os alimentos citados, por exemplo, não fazem parte de qualquer propaganda. Afinal, o título não é "No Limite"? 

Em uma última tentativa de melhorar o programa, Boninho inseriu um quadro de humor, depois de quase metade de temporada já exibida. Rafael Infante recebeu a ingrata missão de fazer rir com um reality que raramente tem alguma situação cômica. O resultado foi o pior possível. A intenção de imitar o quadro de sucesso de Rafael Portugal no "Big Brother Brasil" ficou clara. Mas não funcionou. E nem poderia. O formato não combina em nada com comicidade. É um reality de sobrevivência. Ou deveria ser. Todas as situações protagonizadas pelos participantes que foram usadas pelo ator como 'diversão' não despertaram qualquer sorriso amarelo. 

Outro fator que merece menção foi a apresentação apática de André Marques. O apresentador sempre se saiu muito bem em todos os programas que esteve na Globo. O saudoso "Vídeo Show" é o maior exemplo. Ele também merece elogios em todas as temporadas do "The Voice Kids". Mas no reality não ficou à vontade. A intenção de se mostrar frio e mais distante dos participantes (dita pelo próprio como algo proposital na época do pré-lançamento da atração) não surtiu um bom efeito. Ficou parecendo que estava ali por pura obrigação e contando os dias para tudo acabar logo. Suas narrações nas provas eram desanimadas e as interações na hora da votação no Portal, momento mais importante para o surgimento de bons conflitos, superficiais. Até as entrevistas com os eliminados não empolgaram e as suas perguntas eram burocráticas. 

O "No Limite" tinha tudo para emplacar, mas infelizmente não aconteceu. Ao menos a vitória de Paula Amorim consagrou a melhor competidora da edição e o público fez justiça na única votação popular da disputa. Embora tenham anunciado as inscrições para uma nova temporada em 2022, não será uma surpresa se um futuro cancelamento ocorrer. E caso se confirme, será necessária uma forte mudança no formato do ano que vem. Caso contrário um novo fracasso se repetirá.

12 comentários:

Anônimo disse...

Concordo, muita coisa mudou desde o ultimo No Limite, o programa precisava de uma renovada, o programa deveria sim ser diário, durando 30 minutos, para manter o interesse do público, com dinâmicas novas, e cara, isso é um reality show, não tem nada mais real do que a relação e convivência dos participantes, é algo que tinha que ter sido mostrado, seria puro entretenimento, os participantes exaustos, brigando por qualquer coisinha devido ao stress e frustrações, nossa, Boninho pisou na bola... e olha, sei que não é a intenção do programa, mas acho sim que deveria rolar votação do público, certas eliminações são injustas pra caralho e desanima demais continuar acompanhando, fica um gosto amargo na boca pq tu não pode fazer nada, deveria ter votação aberta, os dois mais votados disputam quem sai, seria mais interessante e involveria mais o público, iria gerar engajamento e isso seria algo positivo pro programa, sinceramente, para o programa acontecer, tem que deixar o público participar.

Jovem Jornalista disse...

Acabou e eu não consegui assistir. Mas adorei sua resenha sobre esse programa que marcou época. A Globo mostra que só é bem sucedida em realities com o 'Big Brother Brasil'.

Boa semana!

Jovem Jornalista
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Até mais, Emerson Garcia

Teresa Isabel Silva disse...

Nunca vi!

Bjxxx
Ontem é só Memória | Facebook | Instagram | Youtube

Anônimo disse...

Apesar de não ter acompanhado nenhuma temporada de "No Limite", principalmente essa que se distanciou várias vezes do estilo "raiz" do reality show, a vitória de Paula Amorim foi justa e merecida. Só uma correção: estreou em 11 de maio, uma terça-feira.

Guilherme

Fernanda Mendes disse...

Expectativa: comer olho de cabra
Realidade: Churrasco com Safadão.

Nunca mais voltei pra ver

Margarida Pires disse...

Desejo - lhe um bom final de semana!
Um beijinho!
Megy Maia💝💙💝

Sérgio Santos disse...

Concordo com tudo, anonimo, menos com a votação do publico. O reality é de sobrevivência e teoricamente nem deveria ter votação popular na final.

Sérgio Santos disse...

Obrigado, Jornalista.

Sérgio Santos disse...

Bjs, Teresa.

Sérgio Santos disse...

Obrigado, Guilherme.

Sérgio Santos disse...

Resumiu bem, Fernanda.

Sérgio Santos disse...

Beijo, Megy.