Tudo sobre a coletiva online da volta de "Amor de Mãe"

 A Globo realizou nesta segunda-feira (22/02) uma coletiva online sobre o retorno de "Amor de Mãe", novela de Manuela Dias, dirigida por José Luiz Villamarim, após um ano de paralização por conta da pandemia do novo coronavírus, que interrompeu as gravações em março de 2020. Participaram todos os atores da família de Lurdes: Regina Casé, Jéssica Ellen, Juliano Cazarré, Humberto Carrão, Thiago Martins e Nanda Costa, além da autora. Fui um dos convidados e conto um pouco como foi o bate-papo.

Perguntados sobre as cenas mais marcantes da primeira parte do folhetim, os intérpretes fizeram questão de relembrar algumas. "Uma das cenas mais bonitas que vi na novela é uma da Vitória (Taís Araújo) quando adota o filho. Me marcou muito. Lembro que estava vendo em casa e fiquei muito emocionado. Até liguei para Taís", disse Thiago Martins. "Tem muitas cenas lindas nessa novela. Uma das muitas cenas fortes é quando Lurdes, no presídio, descobre que não é mãe de Sandro. E a minha cena no hospital foi muito forte também", acrescentou Jéssica Ellen. "Eu gostaria de lembrar de duas cenas. A diplomação da Camila. Vejo ali um esforço familiar. Não é só o personagem da Regina que está sendo recompensado. Todo mundo ali está diplomando a irmã mais nova. A família precisou se estruturar. E a cena do primeiro capítulo quando um irmão corre atrás do outro e vê o irmão ser levado", contou Juliano Cazarré. "A cena que a Lurdes fala para o filho, ainda criança, 'Tua mãe está aqui' também foi incrível", declarou Nanda Costa. 

Humberto Carrão lembrou: "Minhas lembranças mais marcantes são as cenas da Jéssica na escola. A invasão da polícia, os tiros, a forma como se relaciona com seus alunos. E todas da Lurdes, um dos personagens mais lindos que já vi. Mas a melhor foi minha cena com ela na praia quando a personagem conta que não é mãe do Sandro".

"Eu não sabia como a Lurdes falava, olhava... As minhas cenas da Lurdes no ônibus com o Magno que me mostraram como aquela mulher era. Também lembro com carinho da cena que me vi dentro do noticiário. No cemitério, um tiroteio, e eu querendo salvar meu filho. A sensação de estar morrendo de medo e ainda assim tentar salvar o filho foi muito forte. A Lurdes se enfiou no meio das balas para salvar o filho. E nós vemos isso tantas vezes nos jornais", se emocionou Regina Casé.

A autora Manuela Dias contou um pouco como foi o impacto do coronavírus na trama: "Quando a novela parou eu fiquei preocupada com o mundo e não com a novela. Não teve nem espaço para eu sofrer com a minha novela. Uma coisa é a vida das pessoas morrendo e outra é interromper uma narrativa. Claro que a gente não parou de trabalhar. Até pensei em não colocar a covid na novela, mas ficou claro que não teria como. A experiência seria muito mais longa e comecei a curtir e pensar em como seria a reação de cada personagem com isso. A minha parceria com o Zé (Luis Villamarim, diretor) ficou ainda mais intensa. Quando começaram a adaptar o novo protocolo fui vendo com ele o que precisaria fazer. Não poderia mais misturar alguns personagens. Nem é que não poderia, mas como poderia ajudar nessa operação de guerra. Será que vai dar para voltar? Essa novela acabou durando três vezes mais que uma produção normal. A Lurdes também vai continuar com os meios dela para procurar o Domênico". 

Sobre a volta das gravações, Humberto contou: "Primeiro teve a beleza de reencontrar as pessoas. Foi em setembro. Foi muito estranho, mas também bom rever todos. A gente achou que quando tudo fosse exibido, em março, demoraria muito e até lá poderíamos ter uma festa de encerramento bacana. Mas tudo segue igual. Mas ao menos poderemos mostrar na trama como é se relacionar e se abraçar na ficção". "Quando vi a Regina na minha frente tive muita vontade de abraçar, mesmo com máscara e tudo, e deu uma certa esperança. É muito mais trabalhoso gravar com esse protocolo. Porque a concentração era muito maior. Tinha um acrílico separando a gente, uma trena, enfim, mas era muito bom voltar a trabalhar. O psicológico ficou menos abalado", confessou Nanda Costa. "Essa foi uma das novelas mais divertidas que fiz e a pandemia destruiu tudo isso. Tanta gente morrendo. Mas veio uma luz no fim do túnel. Quero mostrar minha gratidão pela Rede Globo porque trataram muito bem a gente. Foi um cuidado muito especial. Desde o distanciamento, ficar em um hotel confinado, o exame de PCR toda semana, enfim", disse Thiago Martins. 

Regina Casé contou um pouco a rotina das gravações: "Eu era a pessoa mais velha. E todos se preocuparam muito comigo. Ao mesmo tempo que eu era a que mais me jogava. A Lurdes é uma personagem muito arrebatadora. Então me joguei de um jeito. Quando você tá dirigindo um caminhão grandão é mais difícil puxar o freio. Mas o encontro com esse elenco é uma coisa única. As pessoas tinham um amor e um cuidado muito grande umas pelas outras. E a Globo foi a primeira empresa que parou. Depois, na volta, ficar uma semana em um hotel antes de testar, botando e tirando a máscara, era bem difícil. Eu que ando na rua beijando e abraçando todo mundo na rua, imaginem com a Lurdes. E tudo isso foi roubado pela pandemia. Não recebo beijo e abraço nem de amigos mais, quanto mais de desconhecidos. Eu sofri muito essa falta de afeto, mas as redes sociais acalentaram um pouco. Todo mundo falando para eu procurar Domênico de máscara. Me confortou muito". 

Perguntada a respeito de 'quebrar tabus' (uma afirmação que virou meme nas redes sociais), Manuela Dias declarou: "Estou na Globo há vinte e poucos anos e era um sonho para mim fazer uma novela. Quando o Silvio de Abreu falou que eu estrearia no horário nobre falei: 'vamos'. Foi intenso. Estou muito feliz. Fiz parceiros que vou levar para a vida. Tenho 43 anos, então o processo é mais importante que o produto. Fiz parcerias novas e aprendi muito. Transformamos todas as adversidades em força. A resiliência foi muito importante no processo e é importante voltarmos. Fiz seis meses de passagem de temepo para não exibir os personagens descobrindo a covid-19. Já começa com todos lidando com o problema. A doença afetará vários personagens. E não quero quebrar tabu nenhum, só emocionar as pessoas. Quebrar padrões é sempre maravilhoso. Se eu to quebrando tabus, acho ótimo". 

Sobre a retomada dos trabalhos, Jéssica Ellen confessou: "Estávamos contanto uma história que ficou suspensa no ar. E quando a gente voltou foi um turbilhão de emoções. Quando dava o PCR  negativo a gente dava um abraço. Quando cheguei na escola me debulhava de chorar. Foi uma sensação esquisita porque nosso corpo cria memórias afetivas, então foi mais fácil reconectar. Mas o que fez falta mesmo foi não poder comer nas gravações por causa dos protocolos. O resto deu para contornar", finalizou. "A primeira cena que eu fiz na volta foi bem rapidinho. Eu entrando numa loja, de xérox, acho, e eu até cheguei a dizer para o diretor que não sabia mais fazer. Porque no final da primeira parte o Sandro já estava se transformando. E quando retomei as gravações parecia que estava interpretando aquele primeiro Sandro, lá do início. Foi estranho. Mas depois foi voltando. Acabou sendo mais estranho do que eu imaginava", acrescentou Humberto Carrão. "Tenho uma coisa engraçada. A bolsa da Lurdes, a sombrinha com a toalha e os óculos estão pendurados na porta da minha casa. Tive medo de voltar e perder o sotaque da personagem. Mas eu botei o óculos, segurei a bolsa e a toalhinha. Pronto, a Lurdes veio em um segundo", se divertiu Regina. 

"Amor de Mãe" retorna no dia 1º de março com duas semanas de reprise da parte exibida ano passado. Logo após, dia 15, os 23 capítulos restantes inéditos começam a ser devidamente exibidos. Seu término está marcado para 9 de abril.