Em um ano tão problemático como 2020, foi possível elaborar uma lista de destaques da televisão? A resposta é sim. Várias reprises tomaram conta da grade de todas as emissoras, mas ainda no primeiro semestre produções iniciadas em 2019 foram concluídas brilhantemente. Séries até então exclusivas da Globoplay migraram para a tevê aberta para ocupar espaços vazios. E algumas reexibições foram muito bem escolhidas. Vamos a elas na última retrospectiva do ano.
"Éramos Seis": O quinto remake do romance de Maria José Dupré, baseado na novela exibida pelo SBT em 1994, manteve as qualidades vistas nas produções anteriores, além de algumas diferenças. Angela Chaves conduziu brilhantemente essa versão exibida pela Globo e o folhetim primou pelo capricho da direção de Carlos Araújo. O elenco também foi escalado com precisão e Glória Pires deu um show como Dona Lola, assim como vários outros intérpretes, vide Cássio Gabus Mendes, Nicolas Prattes, Kelzy Ecard, Carol Macedo, Simone Spoladore e Ricardo Pereira. Foram muitas cenas emocionantes e lindamente interpretadas. Pela primeira vez a protagonista teve um final feliz, mas o título continuou fazendo sentido. Antes representava a tristeza. A quinta adaptação expôs o crescimento de uma família, que de seis passou a ter quinze integrantes. A novela foi a última que conseguiu ser finalizada antes da pandemia do novo coronavírus.
"Bom Sucesso":
A novela das sete de Rosane Svartman e Paulo Halm, dirigida com maestria por Luiz Henrique Rios, foi um fenômeno de audiência e mereceu todo o sucesso. A trama se encerrou em janeiro, época em que a pandemia ainda não existia no Brasil. Quase um outro mundo. Os autores, responsáveis pelas também ótimas "Malhação - Intensa" (2012), "Malhação Sonhos" (2014) e "Totalmente Demais" (2016), emplacaram outro produto de qualidade e conquistaram o público com uma história deliciosa que abordou a literatura com delicadeza, apresentou personagens bem construídos, formou casais apaixonantes e ainda explorou viradas que emocionaram e tiraram o fôlego com boas doses de tensão. Impossível não ter se envolvido com Paloma (Grazi Massafera), Marcos (Romulo Estrela), Alberto (Antônio Fagundes), Nana (Fabiula Nascimento), entre tantos outros bons e bem interpretados perfis. É o melhor folhetim das 19h desde "Totalmente Demais", ironicamente, também escrito por eles e reprisado em 2020.
"BBB 20":
A vigésima edição do "Big Brother Brasil" foi prometida como histórica. Afinal, era uma temporada comemorativa pelos quase vinte anos de reality (só não completos porque no primeiro ano duas edições foram exibidas). O risco da promessa de Boninho cair por terra era alto. Mas não caiu. A temporada acertou em cheio com o time de famosos e anônimos. Não demorou para cair na boca do povo, antes mesmo da pandemia. Mas, claro, o início do isolamento social ajudou a aumentar ainda mais o êxito da temporada. O paredão de Manu Gavassi X Felipe Prior entrou para o Guinness Book pela maior votação da história dos realities: 1,5 bilhão de votos. A eliminação do rapaz gerou comemoração gravada em várias cidades. Parecia Copa do Mundo. A final com Thelma, Manu Gavassi e Rafa Kalimanm foi maravilhosa, assim como a vitória merecida de Thelma. Um BBB inesquecível.
"Combate ao Coronavírus":
A Globo lançou um programa especial, diário e matinal, apresentado por Márcio Gomes e com dois médicos em cada episódio, para informar a população sobre os cuidados para lidar com a covid-19, uma doença até então desconhecida e assustadora. A segurança de Márcio no comando foi um dos trunfos da atração e o formato enriqueceu a grade da emissora. Uma pena que o talentoso jornalista tenha ido para a CNN Brasil meses depois.
"Hebe":
Por medo das críticas negativas que marcaram o filme sobre Hebe Camargo, a Globo desistiu de exibir a série sobre a maior apresentadora do país em janeiro de 2020. Porém, a pandemia do novo coronavírus fez a emissora rever seus planos. Afinal, a avalanche de reprises prejudica qualquer programação. Acabou exibindo a produção no final de julho. E a série se mostrou bem mais completa e atrativa que o longa. Escrita por Carolina Kotscho e dirigida por Maurício Farias, a trama não fez um apanhado completo da vida de Hebe e nem procurou ser fiel a todos os fatos, mas explorou com competência parte da trajetória de uma das mulheres mais queridas pelos brasileiros e todas as suas controvérsias. Andrea Beltrão esteve maravilhosa como Hebe e acertou ao fugir da caricatura, imprimindo pequenos trejeitos da dama da televisão. Valentina Herszage foi outro bom nome na pele de Hebe jovem.
"Sessão de Terapia":
A série de maior sucesso do GNT, que apresentou três temporadas primorosas protagonizadas por Zecarlos Machado como o terapeuta Teo, entre outubro de 2012 e setembro de 2014, ganhou uma versão exclusiva para a Globo Play em 2019. Já em 2020, a produção acabou exibida pelo GNT. A trama é baseada na série israelense "Be Tipul", mas a quarta temporada era totalmente inédita. E como o ator principal está contratado da Record, Selton Mello, que dirigia a produção, virou o novo protagonista, o Dr. Caio. E Selma Egrei, psicóloga de Teo, também teve que sair, o que resultou na entrada de Morena Baccarin, talentosa atriz brasileira conhecida pelos trabalhos em produções americanas. Os dramas da série continuaram envolvendo o telespectador e o elenco é luxuoso. Além dos citados, David Júnior, Cecília Homem de Melo, Fabíula Nascimento e Livia Silva brilharam.
Reprise de "Avenida Brasil":
Fenômeno do horário nobre, a novela de João Emanuel Carneiro foi um marco na teledramaturgia. Reprisá-la no "Vale a Pena Ver de Novo" resultou em mais um sucesso. Afinal, matar saudades de Carminha, Nina, Tufão e cia foi irresistível. Porém, seria a reprise ideal para o horário nobre. A Globo só não tinha como imaginar que uma pandemia mundial interromperia as gravações em seus estúdios.
"Que História é essa, Porchat?":
Fábio Porchat rescindiu seu contrato com a Record para buscar novos desafios. Uma atitude corajosa. E valeu a pena. O apresentador conseguiu emplacar um ótimo programa no canal a cabo GNT, em 2019, fugindo daquele tradicional formato de talk-show que virou moda no país. Fábio reúne três convidados especiais por edição para ouvir histórias curiosas de cada um, incluindo a participação de pessoas da plateia, que também contam situações hilárias sobre algum momento da vida. São tantas histórias interessantes que várias viraram memes, como Fernanda Torres falando de sua passagem 'totalmente drogada' pelo "Altas Horas", programa de Serginho Groisman na Globo. Chegou para ficar e o sucesso no canal a cabo foi tanto que migrou para a Globo em 2020, assim como aconteceu com o "Lady Night".
"Aruanas":
A série era exclusiva da Globo Play, mas a emissora exibiu a ótima história sobre quatro destemidas ativistas ambientais para preencher sua grade durante a pandemia do novo coronavírus. E valeu a pena. Além da temática nunca ficar ultrapassada (infelizmente), a história foi como um sopro de novidade em meio a tantas reprises. Débora Falabella, Leandra Leal, Taís Araújo e Thainá Duarte honraram o protagonismo de um enredo que ganhou ainda mais relevância em 2020, período catastrófico da Amazônia. Ainda foi possível ver Camila Pitanga na rara faceta de vilã, na pele de uma ambiciosa advogada.
"Sob Pressão - Plantão Covid":
A melhor série de 2017, 2018 e 2019 não iria ao ar em 2020. A quarta temporada estava prevista apenas para 2021. Mas, em virtude da pandemia do novo coronavírus, a equipe resolveu produzir dois episódios especiais para homenagear os profissionais de saúde. A trama de Jorge Furtado, com redação final de Lucas Paraizo, baseada no livro de Márcio Maranhão ("Sob Pressão - A Rotina de Guerra de um Médico Brasileiro"), e dirigida por Andrucha Waddington, manteve todas as qualidades, mesmo neste breve especial. A história mescla ficção e realidade com uma propriedade impressionante e todos os dramas apresentados envolvem o público. As gravações foram realizadas com todos os cuidados possíveis e conseguiram emocionar e alertar o público com conflitos arrebatadores. Júlio Andrade e Marjorie Estiano novamente deram um show em cena e a coragem dos protagonistas diante da covid-19 honrou uma classe que anda tão destruída emocionalmente em 2020. Vale destacar também as luxuosas participações, vide Marcos Caruso, Kelzy Ecard, Heslaine Vieira, entre outros. Roberta Rodrigues e David Jr. ainda foram as novas aquisições do elenco fixo.
"Em Pauta":
O programa diário da GloboNews sempre foi um dos melhores formatos do canal a cabo, mas se firmou fez vez em 2020. A atração ganhou uma importância ainda maior diante da pandemia do novo coronavírus e na cobertura do assassinato de George Floyd, nos Estados Unidos. A produção também soube usar uma enxurrada de críticas a seu favor, quando somente jornalistas brancos debatiam sobre o racismo. O canal não só admitiu o erro, como expôs a crítica no ar e colocou Flávia Oliveira no time fixo de comentaristas. O programa especial só com jornalistas negros foi outro ápice do formato em 2020.
"Em Nome de Deus":
O documentário da Globoplay sobre o monstruoso João de Deus, homem que se apresentava como um "cirurgião espiritual", mas que na verdade abusava sexualmente de várias mulheres, é de embrulhar o estômago. Precisa ser forte para ver todos os episódios. Mas vale a pena. O trabalho minucioso da equipe e os depoimentos das vítimas impressionam do início ao fim.
"Sinta-se em casa":
O especial de Marcelo Adnet para a Globoplay seria bem curto. Mas fez tanto sucesso que acabou estendido por muito mais tempo. As imitações do humorista foram impagáveis e o auge do quadro foi na época do "BBB 20", quando Adnet criava esquetes ótimas sobre os participantes. Um formato que deu certo e ainda dá (vide a recente imitação de Marcelo Crivella, ex-prefeito preso do Rio de Janeiro).
"Conversa com Bial":
Por incrível que pareça, as entrevistas por meio de vídeo-chamadas (em virtude da pandemia) ficaram muito mais atrativas que as presenciais. Em casa, os convidados de Pedro Bial ficaram mais à vontade e o papo fluiu com muito mais facilidade. As conversas ficaram ainda melhores. Destaque para ótimos bate-papos com veteranos da televisão, em comemoração aos 70 anos da TV, como Tarcísio Meira, Glória Menezes, Ary Fontoura, Betty Faria, Gloria Pires, entre outros. E a cereja do bolo da temporada foi a luxuosa participação de Barack Obama, ex-presidente dos Estados Unidos, como entrevistado.
"Altas Horas":
O programa comandado brilhantemente por Serginho Groisman foi o que melhor se adaptou ao momento de pandemia. O apresentador conseguiu ótimas entrevistas por vídeo-chamadas, muitas delas com vários convidados ao mesmo tempo. Ainda teve a habilidade de reprisar breves momentos da atração no meio dessas conversas, camuflando um pouco a natural falta de conteúdo inédito para preencher todo o tempo de atração. O melhor programa foi o especial sobre a reprise de "Laços de Família", quando conversou com os três protagonistas. Uma delícia de acompanhar.
Reprise de "Totalmente Demais":
A novela de Rosane Svartman e Paulo Halm fez um imenso sucesso em 2015/2016. A escolha de reexibi-la para substituir "Salve-se Quem Puder", interrompida pela pandemia do novo coronavírus, era natural. Mas nem a Globo imaginaria que daria tão certo. Pela primeira vez na história da teledramaturgia uma reprise fez ainda mais sucesso que sua exibição original. Na época, a média geral foi de 27 pontos. Já em 2020 os índices saltaram para 29, perdendo apenas para o fenômeno "Cheias de Charme", exibido em 2012. A saga de Eliza (Marina Ruyh Barbosa), Jonatas (Felipe Simas), Arthur (Fábio Assunção) e Carolina (Juliana Paes) novamente arrebatou o público. E valeu muito a pena ver tudo de novo.
Reprise de "Chocolate com Pimenta" no Viva:
O canal a cabo da Globo acertou em cheio quando resolver reexibir um dos maiores sucessos de Walcyr Carrasco. E a resposta veio na audiência. Foi a novela mais vista da emissora em 2020. Rever a deliciosa história, dirigida pelo saudoso Jorge Fernando e com um grande elenco, ajudou a esquecer um pouco dos vários problemas de um trágico ano. Ao menos por uma hora diária. Mariana Ximenes, Murilo Benício, Elizabeth Savalla, Rosane Gofman, Laura Cardoso, Lilia Cabral, Fulvio Stefanini e Priscila Fantin foram alguns dos muitos destaques da inesquecível novela.
Reprise de "Mulheres Apaixonadas" no Viva:
A reexibição de uma das mais marcantes novelas de Manoel Carlos estava cercada de expectativa. Até para a direção do canal a cabo. Vide o anúncio da reprise: quase seis meses antes da estreia. E quando estreou, em agosto, foi só alegria. Os números de audiência da emissora já estavam altos com a trama de Walcyr e seguiram elevados com mais um clássico amado pelo público. Giulia Gam, Vera Holtz, Regiane Alves, Helena Ranaldi, Dan Stulbach, Tony Ramos e Vanessa Gerbelli são alguns dos muitos destaques.
Maratona de "Chocolate com Pimenta" e "Mulheres Apaixonadas":
O Viva acertou com as reprises e ainda presenteou o público com domingos de muita teledramaturgia. Os capítulos de segunda a sábado de cada novela eram exibidos em sequência e quase sem intervalos. Um prato cheio para quem sofre com a programação dominical dos canais abertos e fechados. A emissora já usava o esquema de maratona com outras novelas, mas pela primeira vez dois folhetins tão amados pelo telespectador foram exibidos colados um no outro. A saga era iniciada às 14h15 e só terminava depois das 23h.
Reprise de "Êta Mundo Bom!":
"Tudo que acontece de ruim na vida da gente é pra melhorar". Quer uma premissa melhor para 2020? A Globo foi inteligente quando escolheu o fenômeno de Walcyr Carrasco, exibido em 2016, para o "Vale a Pena Ver de Novo". E a missão era difícil, afinal, a reprise anterior foi da aclamada "Avenida Brasil". Mas a história protagonizada por Candinho (Sérgio Guizé) conseguiu até bem mais audiência que a reexibição da vingança de Nina (Débora Falabella) contra Carminha (Adriana Esteves). A reprise dava mais Ibope que "Malhação - Viva a Diferença" e "Novo Mundo", também reprisadas no mesmo período. Um fenômeno que se repetiu.
Reprise de "Laços de Família":
A melhor novela de Manoel Carlos completou 20 anos em 2020. E nada melhor que uma reexibição para comemorar essa data. A Globo fez uma ótima escolha para substituir "Êta Mundo Bom!". Mas teria acertado ainda mais se exibisse a reprise no horário nobre. "A Força do Querer" é o melhor trabalho de Glória Perez e fez um baita sucesso, mas é muito recente na memória do público e por isso tem enfrentado dificuldades na audiência. A envolvente trama de Maneco tem alcançando excelentes índices à tarde e certamente repetiria o feito depois das 21h. Tem sido um prazer rever o show de Vera Fisher, Deborah Secco, Carolina Dieckmann, Marieta Severo, Giovanna Antonelli, Tony Ramos, entre tantos outros.
"Lady Night":
A pandemia impediu que o talk show de Tatá Werneck tivesse plateia e brincadeiras que exigem muita proximidade com seus convidados. Isso poderia ter sido fatal para o formato. Mas não foi. Tatá conseguiu se virar muito bem e a plateia virtual funcionou, sem parecer artificial, como ocorreu em quase todos os programas de auditório. E as entrevistas seguiram impagáveis e deliciosas. As conversas com Fábio Assunção, Agatha Moreira e Rodrigo Simas, Fabíula Nascimento e Emílio Dantas, Xuxa e Gloria Groove foram os pontos altos da temporada.
"Bom Dia, Verônica":
A melhor série nacional da Netflix e uma das melhores surpresas de 2020. A série protagonizada por Tainá Muller, que merecia uma oportunidade como essa há anos, arrebatou o público e virou um sucesso de repercussão e crítica. Merecidamente. O enredo ---- baseado no romance homônimo de Ilana Casoy e Raphael Montes ----, em oito episódios, prende o telespectador e a segunda temporada já está garantida. Destaque ainda para o show de Camila Morgado e Eduardo Moscovis, que dominaram em todas as cenas.
"A Fazenda 12":
O sucesso do "BBB 20" ajudou a impulsionar o êxito do reality da Record, além, claro, do fator pandemia e escassez de atrações inéditas nas programações das emissoras. Mas o elenco foi muito bem escalado e vários barracos empolgaram o público. É verdade que muitos erros primários ocorreram em provas e viraram motivo de chacota, além do vergonhoso carro de som enviado pelos fãs da ardilosa Mirella, que destruiu parte do jogo. Porém, é inegável que foi um bom entretenimento. A vitória da maravilhosa Jojo Todynho, que protagonizou os momentos mais emblemáticos da edição ao lado de Raissa Barbosa e Luiza Ambiel, fechou com chave de ouro a temporada mais bem-sucedida do formato.
Amizade de Jojo e Raíssa em "A Fazenda 12":
O reality da Record envolveu o público com muitos embates e barracos, mas foi bonito de ver o vínculo criado entre Jordana e Raissa. As duas pessoas mais instáveis da casa e que se identificaram pelo descontrole emocional. Jordana virou a fiel protetora de Raissa desde que soube que a amiga sofria da Síndrome de Borderline, um transtorno de comportamento. Mas essa proteção não era em questão de votos no jogo e, sim, como pessoa, impedindo que a colega agredisse rivais que provocavam seus surtos ou que se descontrolasse por razões pequenas.
"Falas Negras":
Idealizado por Manuela Dias e dirigido por Lázaro Ramos, o especial exibido pela Globo no Dia Nacional da Consciência Negra esbanjou emoção. Foram vários atores negros interpretando figuras históricas e impactando quem assistia. Destaque especial para Tatiana Tibúrcio, vivendo a mãe do menino Miguel (que caiu de um prédio em virtude da negligência da patroa de sua mãe), e Silvio Guindane na pele do pai de João Pedro, garoto assassinado com vários tiros, dentro de casa, por policiais militares. Um programa forte, necessário e grandioso.
O especial de quatro episódios, gravados durante a pandemia do novo coronavírus e por atores que moram juntos, foi uma ótima forma de exibir um pouco de leveza para o telespectador em um ano tão difícil. Foram quatro histórias distintas e independentes muito bem desenvolvidas e escritas. Os próprios intérpretes também ajudaram na direção, caracterização do ambiente e figurinos. Afinal, o cenário era a casa de cada casal ou família. Fernanda Torres e Fernanda Montenegro protagonizaram o primeiro e melhor episódio. Não por acaso, as duas gravaram um outro especial com as mesmas personagens para a noite de Natal ("Gilda, Lúcia e o Bode"), tão bom quanto. Vale destacar também Taís Araújo, Lázaro Ramos, Fabiula Nascimento, Emilio Dantas, Luisas Arraes e Caio Blat.
"Amor sem Igual":
A novela de Cristianne Fridman foi a primeira que voltou ao ar durante a pandemia do novo coronavírus. E ainda segue como o único folhetim inédito em exibição. Mas a trama não merece estar na lista por isso e, sim, pela ótima história criada pela autora, que prende o telespectador com um bom ritmo de acontecimentos e uma protagonista cativante, a garota de programa Angélica, cujo nome de profissão é Poderosa. Day Mesquita honra o protagonismo. As cenas mais recentes, inclusive, provocaram uma boa reviravolta, com o assassinato de Ramiro (Juan Alba) e a volta por cima do vilão Tobias (Thiago Rodrigues).
"Diário de um Confinado":
O especial escrito e protagonizado por Bruno Mazzeo, dirigido pela sua esposa Joana Jabace, foi mais uma boa surpresa dos tempos de quarentena. Com o intuito de expor o dia a dia de vários brasileiros diante da pandemia, a série exibiu várias situações, antes surreais, que viraram rotina na vida de cada um, como passar álcool gel em tudo e participar de festas via 'zoom'. Bruno esteve ótimo, assim como as luxuosas participações especiais de Débora Bloch, Marcos Caruso, Mateus Nachtergaele, Renata Sorrah e Arlete Salles. Inicialmente foi exclusiva da Globoplay, mas depois foi exibida em dois sábados, após a reprise da novela das nove, na Globo.
Negros vencendo todos os realities de 2020:
Em um ano tão destruído pela pandemia e com a questão do racismo virando temática mundial diante do covarde assassinato de George Floyd, nos Estados Unidos, foi gratificante o triunfo de tantos negros em todos os realities exibidos. Começou com a Thelma, no "BBB 20", e terminou com Jojo Todynho, em "A Fazenda 12". Mas teve também Kauê Campos no "The Voice Kids", Victor Alves no "The Voice Brasil", Lucy Ramos na "Dança dos Famosos", entre outros.
A série, exclusiva da Globoplay, derivada de "Malhação - Viva a Diferença", foi uma das estreias mais aguardadas do ano e tem feito muito sucesso com episódios semanais. Cao Hamburger criou novos conflitos para as cinco protagonistas do seriado adolescente reprisado atualmente pela Globo e impressiona como Daphne Bozaski (Benê), Gabi Medvedovski (Keyla), Ana Hikari (Tina), Heslaine Vieira (Ellen) e Manu Aliperti (Lica) dominaram suas personagens. A sintonia segue perfeita e o serviço de streaming da emissora ainda se aproveitou bastante do quinteto através do "Making Five", uma espécie de bastidores sobre as gravações da série, e "Talk Five", programa semanal de entrevistas com as protagonistas comentando o capítulo da semana.
"220 Volts":
O programa de Paulo Gustavo que fez um baita sucesso no Multishow voltou como um único especial, inédito, na Globo. O humorista gravou em novembro e interpretou todos os seus personagens mais marcantes, como Dona Hermínia, Senhora dos Absurdos e Maria Enfisema. Ainda contou com participações de Deborah Secco,
Iza e Marcus Majella. Foi uma ótima surpresa em um ano tão difícil. Matou um pouco as saudades de tipos tão marcantes e queridos do público.
"Gilda, Lúcia e o Bode":
O especial de fim de ano da Globo foi criado em virtude do sucesso do primeiro episódio de "Amor e Sorte", protagonizado por Fernanda Montenegro e Fernanda Torres. A espécie de continuação foi igualmente primorosa e abordou a rotina de mãe e filha após a descoberta da vacina contra a covid-19. Foi possível aproveitar mais o delicioso mau-humor de Gilda e a história em torno da dívida da personagem foi muito bem conduzida. Com roteiro assinado por Jorge Furtado, Antônio Prata e Fernanda Torres, com direção de Andrucha Waddington, o especial de Natal ainda teve participações luxuosas de Arlete Salles, Fabíula Nascimento, Kelzy Ecard e Joaquim Torres, filho de Fernanda e neto de Fernandona. A cena final foi linda. Uma delícia encerrar o ano com uma produção tão engraçada, leve e emocionante.
O ano de 2020 foi um dos mais traumáticos que o mundo já viveu. O Brasil teve mais de 190 mil mortes pelo novo coronavírus, uma crise econômica gigante e muitas famílias despedaçadas. O setor cultural foi o mais afetado pela covid-19, pois se sustenta com base nas aglomerações, agora proibidas por razões sanitárias (embora muitos irresponsáveis ignorem as medidas). E a programação televisiva sentiu o baque com a interrupção das gravações de todas as novelas e séries. Mas ainda assim a cultura segue viva e com muitos destaques positivos, vide a última retrospectiva do blog. Desejo a todos os leitores um 2021 de muita paz, alegrias e saúde. Muita saúde para todos com a chegada das vacinas. Que seja um ano minimamente melhor porque está todo mundo necessitando de um respiro. Feliz ano novo!
12 comentários:
E assim se encerra mais um ano com o melhor (e o pior também, risos) do que as emissoras de TV podem apresentar sobretudo em termos de teledramaturgia. Feliz Ano Novo, Sérgio, com muitas bênçãos, saúde, paz, sucesso, alegria, esperança, felicidade, e por que não, muitas análises das mais diversas atrações televisivas, no melhor blog do melhor criador! Abração!
Guilherme
Feliz 2021, Sérgio. A última retrô fechou em grande estilo.
Muito obrigado, Guilherme. Pra voce também!!!!
Pra vc tb, Gabriella.
gostei demais da entrevista com o obama. quero muito ler o livro. e o da esposa dele tb. aruanas comecei a ver, mas só o começo. tb gostei bastante de bom dia verônica. realmente tainá muller merecia esse destaque. estava sempre em papéis muito pequenos. esperança é o que quero pra 2021. se cuida. beijos, pedrita
E a última retrospectiva encerra uma leva de um trabalho primoroso seu, Sérgio. Parabéns.
Éramos Seis, Bom Sucesso e o BBB 20 salvaram o ano.
Concordo com o comentário acima e acrescento as reprises de Totalmente demais e Lacos de Familia que foram gratas surpresas!
Olá, tudo bem? Aproveito a oportunidade para desejar um ótimo 2021! Abs, Fabio www.blogfabiotv.blogspot.com.br
Vc sempre encerra em grande estilo. Aguardando agora as tradicionais previsões do que venm por aí em 2021.
Reprise de "O Clone", para min o melhor do ano. E Tieta e Vale Tudo no globoplay.
Amei acompanhar a sua retrospectiva.
Convido você para participar da pesquisa de público no meu blog, para me ajudar a melhorar o conteúdo.
Feliz 2021!
Big Beijos
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