quinta-feira, 13 de fevereiro de 2020

"Fora de Hora" não é ruim, mas para ficar bom ainda falta bastante

Após seis temporadas bem-sucedidas do "Tá no Ar: a TV na TV", Marcius Melhem e Marcelo Adnet resolveram encerrar o  melhor humorístico do país (sem exagero) no auge. Tudo para evitar um natural desgaste. Com a missão de substituir esse sucesso, praticamente a mesma equipe responsável lançou o "Fora de Hora" e a estreia foi no dia 21 de janeiro, logo depois do "BBB 20". A mesma faixa da atração anterior. Porém, o novo programa não agradou muito.


O humorístico em formato de telejornal, com a supervisão de Marcius e Daniela Ocampo, é uma clara inspiração do impagável "Furo MTV", um dos melhores produtos da extinta emissora da época, comandado por Dani Calabresa e Bento Ribeiro. A nova versão é apresentada por Paulo Vieira e Renata Gaspar, que interpretam dois âncoras irônicos sem papas na língua. Um terço do programa é gravado sem grande antecedência para a exploração das notícias mais frescas, facilitando as piadas.

Caito Mainer, Luciana Paes, Welder Rodrigues, Gustavo Miranda, Júlia Rabello, Késia Estácio, Luana Martau, Luis Lobianco, Marcelo Adnet, Marcio Vito, Pedroca Monteiro e Verônica Debom compõem o restante do elenco e todos representam repórteres do jornal ou fazem participações como entrevistados ou especialistas.
Como se nota, vários nomes eram do time do "Tá no Ar", o que é ótimo. Afinal, era um programa repleto de talentos e todos merecem elogios sempre. Todavia, esse novo formato apresenta várias deficiências.

O principal problema é o longo tempo de algumas reportagens. Infelizmente, o "Tá no Ar" e o excelente "Isso a Globo Não Mostra", que têm no DNA a agilidade das esquetes (duram menos de um minuto em sua maioria), acostumaram muito mal o telespectador. Os repórteres apresentam características distintas e todas baseadas em profissionais que realmente existem. Tem o repórter sensacionalista, o que quer aparecer mais que a reportagem, aquele que se comove com o entrevistado, enfim. A ideia é boa, mas não funciona. Por exemplo, Fabiula Argento (Verônica Debom) que representa a Justiceira do Consumidor. O intuito é debochar da época do quadro do agora político Celso Russomano. A crítica é válida, mas não tem graça. Outro caso é a repórter que se mete em enrascadas porque o cinegrafista é medroso e não se aproxima para filmá-la. Chato.

O quadro com Pedro Rezedá, interpretado por Caito Mainier. É uma tentativa de copiar o sucesso de Jorge Beviláqua (Welder Rodrigues) do "Tá no Ar", mas sem a original presença das crianças, sendo um retrato mais fiel do que ocorre nos policialescos da concorrência. O apresentador é um deboche ao sensacionalismo barato que nomes como Datena e Luiz Bacci fazem há anos na televisão. Porém, também não provoca riso. E Caito repete todos os trejeitos do Rogerinho do Ingá, um dos ícones do "Choque de Cultura". Ou seja, fica visível que não há rendimento quando focam nos perfis criados especialmente para o novo programa. A única exceção é a sanitarista Clarissa Girão, vivida pela Luciana Paes. Ótima.

A atração pega ritmo e fica muito mais divertida quando foca em notícias rápidas, exatamente como era no extinto "Furo MTV". Porque a graça está justamente nos comentários breves dos apresentadores ou então nas próprias informações transformadas em piadas ácidas pelos roteiristas. Afinal, o que mais existe no noticiário nacional são fatos que mais parecem uma brincadeira de mau gosto. Outro trunfo do formato é Marcelo Adnet com suas imitações. Uma grata surpresa vê-lo interpretando o prefeito do Rio de Janeiro, Marcelo Crivella, ou na pele do ex-juiz Sérgio Moro. São performances irretocáveis. Até o índio Obirajara Dominique chegou a aparecer para comentar uma notícia sobre o presidente Bolsonaro. O formato ganha nova vida com esses momentos.

O "Fora de Hora" é uma tentativa muito válida para apresentar algo novo ao público, ainda que sua essência já seja bem conhecida. Lamentavelmente, não houve uma harmonia nesse início. Serão 13 episódios ao todo. Como houve grande rejeição ao produto, tanto da audiência quando da crítica, uma segunda temporada está quase descartada pela Globo. Porém, é preciso reconhecer que houve uma melhora nos programas mais recentes. Claro que esses ajustes deveriam ter sido feitos antes da estreia, mas antes tarde do que nunca.

6 comentários:

Anônimo disse...

O Fora de Hora até tem seus bons momentos. Mas a verdade é que nada irá superar o Furo MTV, principalmente com relação à agilidade e acidez. Se vcs repararem bem, os próprios âncoras apresentam uma similaridade com os âncoras do extinto programa. O Paulo é uma versão mais "contida" da Dani Calabresa e a Renata, uma versão menos lesada do Bento Ribeiro.
Enfim, gosto do Paulo e da Renata, mas Dani e Bento são insúperáveis assim como o saudoso Furo MTV.

Anônimo disse...

Eu ja achei aquele Ta no Ar tão ruim quanto.

Anônimo disse...

Eu até que gostei mas não chega nem aos pés do Furo MTV.

Sérgio Santos disse...

Concordo com voce, anonimo!

Sérgio Santos disse...

Tudo bem, anonimo.

Sérgio Santos disse...

Nao msm, anonimo.