O drama de uma mãe (Bete-impecável Fernanda Montenegro) que descobriu no momento em que seu marido faleceu que seu filho não tinha morrido como pensava, enquanto a vilã Clara (Mariana Ximenes) começava a mostrar a que veio ouvindo toda a conversa para depois despejar toda a novidade para seu comparsa e amante Fred (Reynaldo Gianechini que começou mal, mas evoluiu muito e agora está perfeito no papel) era envolvente. Além disso tínhamos diversos núcleos, com ótimos atores e dramas paralelos que nada deixavam devendo à história principal.
A novela começou mal no ibope (como todas as suas antecessoras, diga-se de passagem), mas não havia explicação plausível para isso, pois história e agilidade ali não faltavam. Aos poucos a trama começou a atingir picos de 43 pontos e se estabilizar nos 39/40 (marcas que suas antecessoras não conseguiam desde A Favorita). E isso com muita justiça e méritos.
E acabou chegando o momento do famigerado assassinato que daria uma reviravolta na trama. Mas Silvio cometeu um grave erro matando um de seus melhores personagens e o mais politicamente incorreto.
Saulo Gouveia, interpretado pelo ótimo Werner Schunemann se foi e com ele 70% da adrenalina da novela toda.
O autor fez um grande mistério, mas já estava óbvio que Saulo seria a vítima, pois na ultima semana anterior a sua morte, seu personagem brigou e chantageou quase todos seus inimigos e não inimigos. Com certeza, Silvio não previu a popularidade absurda que Saulo teria e planejou tudo antes da novela ir ao ar, pois já sabíamos dessa morte antes mesmo do primeiro capítulo. Mas não custava rever seus conceitos e mudar o rumo de seu navio.
Após esse fato, a reviravolta foi pra pior. A novela estagnou e começou a dar destaque em histórias que já haviam cansado o público. Um exemplo é o trio italiano (Jéssica-Berillo-Agostina). Além de não ter graça vermos duas mulheres submissas a um canalha que as engana 24 horas por dia, Bruno Gagliasso está péssimo no papel sendo engolido pelas ótimas Gabriela Duarte e Leandra Leal. O que tem salvo o núcleo são as peripécias de Clô (hilaria Irene Ravache), Olavo (Francisco Cuoco) e Fortunato (Flavio Migliaccio).
Não posso deixar de falar do pior casal da novela formado pela insossa Diana e sonolento Mauro. Carolina Dieckman está sofrível, com uma atuação apática e canastrice em alto grau. Rodrigo Lombardi mostra que só não foi massacrado em 'Caminho das Índias' porque Marcio Garcia foi o alvo da vez, pois está horrível em Passione. Em cada dez pessoas,nove odeiam o casal e os personagens. A prova é a forte torcida que Melina (a novata e grande revelação Mayana Moura) tem dos telespectadores.
O autor não esperava por isso, então resolveu vilanizá-la para tentar (em vão) que o público passe a torcer por Diana. Missão difícil...
Ainda há a "redenção" de Clara. Óbvio que isso foi uma estratégia que Silvio de Abreu teve com o objetivo de confundir o telespectador. Mas o que poderia ser interessante, ficou enfadonho e cansativo. Essa dúvida era para durar no máximo duas semanas, mas se estendeu demasiadamente ao ponto de niguém aguentar mais aquela situação inverossímil de uma víbora mudar da água pro vinho do nada. A boa noticia é que semana que vem ela já voltará com suas vilanias e enganará o burro do Totó( grande Tony Ramos)novamente. Outra coisa boa é a volta de Daysi Lúcidi (a pérfida Valentina) que havia sumido da novela sem maiores explicações e que também ajudou a prejudicar ainda mais o ritmo da mesma.
Apesar da perda de agilidade e dinâmica,'Passione' é uma grande novela e tem tudo para retormar o seu rumo. A trama tem um dos melhores elencos já escalados como: Cleyde Yáconis (que se recupere e volte logo), Fernanda Montenegro, Tony Ramos, Vera Holtz, Daisy Lucidi, Leonardo Villar, Elias Gleiser, Aracy Balabanian, Irene Ravache, Flavio Migliaccio, Francisco Cuoco, dentre tantos outros.
Há também as exceções como: Bruno Gagliasso, Carolina Dieckman, Rodrigo Lombardi, Kayky Britto, Maitê Proença, Katy Lira, enfim.
Mesmo com as críticas citadas,é uma novela infinitamente superior às monótonas e chatissimas 'Viver a Vida' e 'Caminho das Índias'. Após o fenômeno 'A Favorita', o telespectador estava carente de uma novela que realmente fosse interessante e lhe prendesse. 'Passione' conseguiu isso e embora tenha se perdido, esperamos que volte a ser o que era.
Um comentário:
Olá. Estou de bobeira e resolvi ler seus posts antigos. Resumiste tudo o que eu pensava sobre Passione, você praticamente leu a minha mente: protagonistas chatos, vilões legais, triângulo da bigamia irritante, novela mais legal que Viver a Vida (muito ruim, Maneco devia ter se aposentado depois de Páginas da Vida) e Caminho das Índias (só foi reprisada porque ganhou Emmy).
Uma pena que Mayana Moura tenha sumido, gostava dela e de seu cabelo playmobil.
Rio até hoje do fato que Bruno Gagliasso, em seu pior personagem da carreira, gordo e feio pra caramba, ganhou o prêmio de Melhor Ator Coadjuvante do Melhores do Ano do Faustão em cima do favoritaço Cauã Reymond, que interpretou um personagem denso: o drogadito Danilo. Esse prêmio também foi meio injusto com Mariana Ximenes, que perdeu o título de Melhor Atriz pra Claudia Raia, mas pelo menos ela levou o Troféu Imprensa.
Você não pode dormir sem saber que Passione é a última novela das 8, depois dela todas as novelas do horário passaram a ser exibidas às 9.
Penso que a Globo devia mudar a programação e antecipar as novelas das 9 pra serem das 8 de novo. Era uma grife e tanto, ser protagonista da novela das 8 era o ápice da carreira do ator, todo mundo falava dela, agora, às 9, praticamente todas as novelas tiveram dificuldades (já enfrentavam antes), mas com a exceção de Avenida Brasil, nenhuma empolgou tanto como Mulheres Apaixonadas, Celebridade, Senhora do Destino, América, Belíssima, A Favorita e a reta final de Passione, só pra citar os últimos casos.
As novelas das 9:20 acabam quase 11 da noite, e o brasileiro médio, que trabalha e acorda cedo todo dia, não aguenta ver até o final. Minha tese se confirma com os recentes sucessos das novelas das sete, que estão entrando no sagrado horário das 8.
Outra coisa que confirma o que digo é o êxito que emissoras concorrentes vêm tendo no horário das 8:30: Os Dez Mandamentos (fenômeno recordiano), A Terra Prometida (não tá fazendo feio) e as novelas infantis sbtistas, que agradam a garotada. E pra fechar, com esse excesso de não-pode (não pode beijo gay, não pode violência, não pode isso e aquilo), as novelas das 9 podem perfeitamente serem exibidas às 8, são tão infantis quanto as das 7.
Embora a atual representante, A Lei do Amor, trate de temas relativamente pesados e esteja fracassando honrosamente, acho que a novela é fichinha perto de coisas muito mais avançadas já exibidas em décadas antigas (e em horário mais cedo).
Postar um comentário