segunda-feira, 20 de novembro de 2023

Renata Gaspar expõe o retrocesso da Globo com a causa LGBTQIAP+

 Hoje, dia 20 de novembro, a atriz Renata Gaspar postou em seu Twitter (agora chamado de X) que sua personagem em "Terra e Paixão" não terá mais história até o final da novela escrita por Walcyr Carrasco e Thelma Guedes. Isso porque o lindo e até então bem construído romance entre Mara e Menah (Camilla Damião) foi simplesmente sumindo do enredo até desaparecer quase que por completo. 


As personagens despertaram interesse logo no começo da história por conta do nascimento da amizade entre elas. Mara vivia um casamento abusivo. Além de ser muito maltratada e desrespeitada, o marido (Elias - Lourinelson Vladimir) sempre costumava roubar parte do seu salário, já que ela ganha mais do que ele como motorista de caminhão. Menah é professora da escolinha da fictícia Nova Primavera e se aproximou da então conhecida justamente por conta dos desabafos a respeito de seu relacionamento. 

As duas estavam com um ótimo desenvolvimento e despertando cada vez mais atenção do público, incluindo as reações positivas nas redes sociais. Tanto que a amizade acabou originando um flerte mútuo, onde um novo sentimento se fez nitidamente presente. A aproximação cada vez maior despertou o incômodo de Jonatas (Paulo Lessa), irmão de Menah, e o ciúmes de Elias.

E Walcyr ainda ousou um pouco mais no núcleo quando inseriu uma nova personagem: Nina (Kizi Vaz). Isso porque, aos poucos, ficou subentendido que a agora recepcionista da pousada de Lucinda (Débora Falabella) viveu um relacionamento no passado com Mara e até hoje não superou o término. Ou seja, o autor criou um triângulo lésbico, ainda que implícito, em pleno horário nobre. 

Mas o que parecia uma evolução e tanto foi se transformando em algo irrelevante. As duas personagens foram desaparecendo aos poucos da história até praticamente sumirem. Tanto que o término do casamento de Mara se resumiu a uma breve cena de menos de dois minutos e a 'oficialização' do relacionamento dela com Menah nem foi exibida. Até hoje não se sabe se as duas estão juntas ou ainda flertando. Viraram duas figurantes. Até o ex-marido abusivo de Mara não dá mais as caras. Tudo do núcleo foi invisibilizado. Coincidentemente, tudo passou a acontecer depois que saiu uma notícia em vários sites dizendo que Amauri Soares, novo responsável pelo setor de teledramaturgia dos Estúdios Globo, ordenou que Walcyr parasse de destacar o casal lésbico. E como esquecer o que o novo todo poderoso da emissora fez em "Vai na Fé"? Vários beijos de Clara (Regiane Alves) e Helena (Priscila Sztejnman) foram gravados e censurados na hora de irem ao ar. Vini (Guthierry Sotero) foi retirado da história de sucesso de Rosane Svartman depois de vários cortes de seus beijos em Yuri (Jean Paulo Campos). E a cura gay de Érico (Carmo Dalla Vechia) em "Amor Perfeito"? E os cortes das cenas de Clara (Alinne Moraes) e Rafaela (Paula Picarelli) na reprise de "Mulheres Apaixonadas"?

Renata Gaspar e Camilla Damião estão ótimas na trama e a química está presente em todas as poucas aparições das atrizes. Camilla, aliás, é uma grata revelação da novela, assim como Diego Martins e Amaury Lorenzo. Curioso até que três das melhores surpresas do elenco estejam interpretando personagens LGBTQIAP+. E novamente vale ressaltar que a construção da relação das personagens estava sendo muito bem realizada por Walcyr. Com a chegada de Thelma, tudo deveria ficar ainda melhor, até porque a autora (juntamente com Duca Rachid) foi muito feliz no desenvolvimento do casal Camila (Anaju Dorigon) e Valéria (Bia Arantes) em "Órfãos da Terra" (2019). Mas infelizmente a censura da nova cúpula da Globo é muito mais forte. Kelvin (Diego Martins) e Ramiro (Amaury Lorenzo) têm destaque porque foram abraçados pelo grande público e há humor na relação, caso contrário já teriam sido diminuídos no enredo por ordens superiores com toda certeza. Até porque ainda não se beijaram mesmo estando juntos o tempo todo. Vale lembrar ainda que até Luana (Valéria Barcellos), personagem trans que tinha grande destaque no começo, acabou perdendo relevância. 

Como bem disse Renata Gaspar, Mara e Menah não terão mais enredo e viraram aquelas tias que ficam no fundo da festa e ninguém pergunta a história porque não querem saber. Ao que tudo indica, "Vai na Fé" e "Terra e Paixão" serão as últimas novelas com casais homoafetivos. O remake de "Elas por Elas" não tem personagem gay e o protagonismo de Renée (Maria Clara Spinelli) vem deixando a desejar. Já "Fuzuê" tem apenas dois homossexuais avulsos e sem conflitos ---- Caíto (Clayton Nascimento), cuja única função é mencionar personagens marcantes da teledramaturgia com intenção cômica, e Bartô (Guil Anacleto), que serve apenas como conselheiro dos amigos. Em 2024, o cenário tem tudo para ser ainda pior. Um retrocesso que assusta e envergonha a trajetória de uma emissora que se diz progressista. 

8 comentários:

Matheus Nogueira disse...

Bruxo,bruxo,bruxo feio.Bruxo,bruxo,bruxo feio.Bruxo,bruxo,bruxo feio.NÓS ODIAMOS O AMAURI!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!

Yasmin disse...

Que cara infeliz que está destruindo a dramaturgia da Globo.

Anônimo disse...

Renata Gaspar fez o que qualquer pessoa com o mínimo de bom senso deveria fazer: protestar contra os desatinos de Amauri Soares no tocante à condução das tramas de personagens LGBTQIAPN+ em obras teledramatúrgicas. A falsa inclusão promovida já passou dos limites. A televisão, pelo menos a brasileira, parece nunca ter deixado de ser conservadora.

Guilherme

Jovem Jornalista disse...

É algo a se pensar e se levar em consideração.

Boa semana!

O JOVEM JORNALISTA está no ar cheio de posts novos e novidades! Não deixe de conferir!

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Até mais, Emerson Garcia

Anônimo disse...

Bom cara para falar verdade eu tou assistindo Senhora do Destino, e a distância do que acontece agora e na época é assustadora. É inacreditável que para 2004 um casal de lésbicas tinha maior liberdade que hoje, aliás casal de lésbicas bem subestimado que foi acusado de copiar ao Maneco, cuando Maneco vaso su casal em brigas clichês com a Paulinha e ainda as de Maneco também estão a anos luz de hoje.

Anônimo disse...

Vou à falar a coisa mais controvérsia aqui, porque é preciso olhar num campo mais ampliou: a globo ta fechada mas a diferença do que se pensa não por causa de Amauri. A contrario da opinião as ultimas eleições provarem que o pais esta dividido e a globo a acordado em medio de um pesadelo de realidade "a direita também asiste televisão e é um espectador em potência", a globo esta fazendo o que pode para sobreviver num período de autênticas vacas magras e para atraer novos consumidores. A nova direção vem num consenso dos propios accionistas que si desejarem podiam parar a Amaury, o problema é que ao final do dia e o espectador quem paga a emisora aberta. A globo ja tem um camino distinto da disney que não se da conta de seus errores. Se a emisora perde e os estudios, os chefes não vão a perder dinheiro vão a despedir gente dos subúrbios e a clase trabalhadora e ao final ja não seriam apenas os beijos de novela sino muita gente desempregada. E aí e onde radica o grande problema a questão etica e moral é mais amplia. Beijos gay na televisão o gente da vida real na rua?
Daniele

Anônimo disse...

Isso que você falou é bem real, Daniel. Não acho que mude uma linea do texto de zamenza, más bem amplia o que acontece e longue de fazer uma apologia ao que acontece explica a situação, e nos abre os olhos a novas vitimas maís diretas (os trabalhadores do projac). Como falou Aguinaldo "o politicamente correto esta matando as novelas" ninguem pode falar nada sem temblar, agora como sera num país de extrema direita e também esquerda radical. Os autores tem que fazer malabares. Mas acho no fundo que tudo é por nada, duvido que a direita fanatica volte agora "a globo é um enemigo"(é o que eles acreditam).

João Pedro disse...

Curioso esse movimento da Globo agora, porque até 2019, com todas as novelas com ótima audiência, como Orfãos da Terra às 18h, Deus Salve o Rei e Bom Sucesso às 19h, A Dona do Pedaço às 21h... Todas elas tinham personagem lgbt+ e nem por isso impediu BS ser um sucesso, por exemplo...