sexta-feira, 29 de setembro de 2023

"Elas por Elas" tem início repleto de acertos

 Nesse eterno passar de estações que é a vida, em que tudo está sempre se modificando, inclusive nós mesmos, quantas vezes já olhamos para o passado e nos deparamos com algo - ou alguém - de quem sentimos falta? A amizade supera tudo? Essa basicamente é a premissa de "Elas por Elas", folhetim de sucesso escrito por Cassiano Gabus Mendes, exibido em 1982, que agora ganha uma releitura adaptada por Alessandro Marson e Thereza Falcão, dirigida por Amora Mautner. 


A história reúne sete amigas após 25 anos. Com um enredo que tem como ponto central a amizade, a trama reúne drama, comédia e uma pitada de suspense. Por meio da trajetória destas sete mulheres e de suas reconciliações com o passado, o público é convidado a embarcar com elas nas dores e nas delícias da juventude. O conjunto é típico de uma novela das sete, tanto que a original foi exibida nesta faixa, mas agora o setor de teledramaturgia da Globo resolveu colocá-la às 18h, o que não deixa de ser um risco desnecessário. Mas é um produto de tantas qualidades que dificilmente terá rejeição, mesmo indo ao ar mais cedo. 

Lara (Deborah Secco), Taís (Késia), Helena (Isabel Teixeira), Adriana (Thalita Carauta), Renée (Maria Clara Spinelli), Natália (Mariana Santos) e Carol (Karine Teles) se conheceram em um curso de inglês e, inseparáveis, compartilharam as alegrias e desafios típicos da juventude. Porém, em uma viagem de fim de semana, um triste acontecimento quebra esse laço e provoca um hiato nessa amizade.

Duas décadas e meia depois, Lara encontra uma foto antiga e tem a ideia de juntar o grupo novamente em sua casa, sem desconfiar que o momento do reencontro, que deveria ser de apenas alegria, iria trazer também grandes revelações e desenterrar mágoas que tinham ficado guardadas no passado. 

A estreia mereceu muitos elogios. A história começou no ano de 1998 com todos os protagonistas jovens se divertindo na mansão de Lara e deu para observar a personalidade de cada um apenas vendo as breves ações. Logo depois o enredo migrou para os dias atuais, onde Lara foi apresentando as protagonistas para as filhas, Cris (Valentina Haerszage) e Ieda (Castorine), que acabaram representando o público fazendo perguntas sobre cada um. Um método didático, mas criativo. E, ao contrário das duas novelas das seis anteriores, não houve correria ou atropelo de acontecimentos. Houve um bom ritmo de apresentação, tanto que duas personagens nem apareceram no reencontro das amigas no primeiro dia: Renée (Maria Clara Spinelli) e Natália (Mariana Santos). O que foi ótimo porque as duas tiveram mais tempo de tela no segundo capítulo, que manteve o dinamismo da estreia. 

A novela tem poucos personagens secundários, já que são sete protagonistas. Portanto, os núcleos paralelos são todos ligados aos personagens centrais, pois representam suas respectivas famílias. E até o momento todas as situações apresentadas se mostram convidativas, não há nada o que criticar. O conflito envolvendo Lara e Taís, que se envolveram com o mesmo homem, que por sua vez morreu de infarto no segundo capítulo, é promissor, assim como a rivalidade entre Helena e Adriana em virtude da disputa amorosa por Jonas (Mateus Solano). O típico jogo de gato e rato entre Ísis e Giovani também já despertou atenção, assim como a química entre Rayssa Bratillieri e Filipe Bragança. Vale lembrar que na versão original os dois foram trocados na maternidade e resta aguardar como a situação se desdobrará agora. 

E não dá para não elogiar o Mário Fofoca. O personagem, que marcou a carreira do saudoso Luis Gustavo e foi um fenômeno na época, está sendo muito bem defendido por Lázaro Ramos, que vem tendo uma gostosa sintonia com Mariah da Penha e Cosme dos Santos, que interpretam os pais do detetive atrapalhado. A trilha sonora também é um show à parte. "Melô do Piripipi" (Gretchen), "Beija Eu" (Marisa Monte), "Alma Sebosa" (Johny Hooker), "Saúde" (Rita Lee), "Tous Le jours" (Luisa e os Alquimistas), "Angels Like You" (Miley Cyrus), "Sangue Latino" (Secos & Molhados), entre tantas mais. Apenas a regravação da abertura, "Coisas da Vida", por Duda Beat, Preta Gil e Ivete Sangalo, que não ficou nada boa. Seria melhor a original dos The Fevers.

No entanto, em meio a tantos acertos, é preciso mencionar um único ponto fora da curva: a iluminação da novela. Amora Mautner tem a mania de escurecer qualquer produção que conte com a sua direção e o caso mais evidente foi o último folhetim que contou com o seu trabalho: "Verdades Secretas 2". Só que o clima sombrio combinava com a atmosfera da continuação da história de Walcyr Carrasco, o que não é o caso da trama das 18h. A história é alegre, viva, aconchegante. Muitas vezes é até difícil enxergar os atores em cena e não é exagero. Parece que há sempre uma falta de luz em qualquer ambiente. Tanto que a sensação é que todos os dias são nublados ou as cenas são gravadas depois do entardecer. A sorte é que é um problema bastante fácil de ser resolvido. Basta a diretora querer. 

"Elas por Elas" apresentou um delicioso começo e a história tem tudo para prender o telespectador ao longo dos meses. Todos os elementos de um bom folhetim estão presentes e que bom que Alessandro Marson e Thereza Falcão se mostram dispostos a atualizar o roteiro e fazer modificações, ao contrário de outros autores que preferem a facilidade do copiar e colar. Tanto que a dupla já anunciou que a partir do capítulo 100 haverá uma outra novela, uma vez que os conflitos deixados apenas para o último capítulo da obra original passarão a ser desmembrados. Resta torcer para que o dinamismo da trama siga assim até lá.

29 comentários:

Andressa Mattos M. disse...

Essa novela está me surpreendendo positivamente. Estou achando tudo perfeito.

Anônimo disse...

Concordo com cada vírgula do seu texto, Sérgio. A nova versão de "Elas Por Elas" tem de tudo para agradar ao longo dos meses. Despertam curiosidade os desdobramentos da obra a partir do centésimo capítulo, ponto em que Alessandro Marson e Thereza Falcão comprovarão a prometida atualização do folhetim.

Guilherme

Pedrita disse...

tenho gostado muito. eu evito saber da história antecipadamente. sim, eu estranho o horário das 6 com uma trama das 7. mas tem um roteiro consistente e isso me agrada. o q nao me identifico é com o besteirol de algumas novelas das 7. espero q a novela fique mais solar, principalmente na iluminação. beijos, pedrita

FABIOTV disse...

Olá, tudo bem? Discordo de sua visão. A novela começou com sinais preocupantes. Até erraram na escolha do filtro escuro na imagem. Erro básico e grosseiro da direção. Comentarei no meu blog. Abs, Fabio www.blogfabiotv.blogspot.com.br

Marly disse...

Realmente, a novela começou bem. E penso que vai seguir assim até o fim.
E isso porque o tema atrai jovens e 'maduros', quando expõe acontecimentos da juventude, que têm desdobramentos em outros tempos.

Beijo

Anônimo disse...

Finalmente uma novela boa no horário das 18h! As últimas produções eram clichês e não davam nenhuma vontade de acompanhar, também sentia falta de novelas contemporâneas. Por enquanto está uma delícia de ver, nada a reclamar, até da abertura eu gostei.

Citu disse...

Gracias por la recomendación

CÉU disse...

Um bom fim de semana também para si, Sérgio.
Esperava uma palavrinha acerca do meu poema, mas talvez estivesse com falta de tempo.
Abraço e tudo de bom.

Monique Larentis disse...

Eu não assisti, porque assisto pouca novela, mas o seu resumo e opinião me deu até vontade de conhecer essa novela que está começando. Ter sete protagonistas é no mínimo muito interessante.

www.vivendosentimentos.com.br

Lulu on the sky disse...

Não acompanho essa novela, esse horário é bem complicado pra mim. Eu era criança quando passou a primeira versão. Quem sabe um dia assista.
Esses autores não são os mesmo de Novo Mundo?
big beijos

www.luluonthesky.com

Maria Rodrigues disse...

Pela análise parece um enredo muito interessante.
Abraços

bianca disse...

Concordo, estou me divertindo muito com a novela. A única crítica que eu faria (fora as já feitas nesse post) é que algumas atrizes não estão alinhadas com as outras. A Lara e a Helena, por exemplo, estão mais caricatas que outros personagens, como a Adriana. Não é uma crítica às atrizes em si, mas acho que faltou um alinhamento. (Estou adorando a Helena, tá? É mais uma observação.)

Não gosto da Ísis, mas isso é preferência minha. Ela me lembra demais a Guta Regatinha do Pantanal, não gosto quando a Globo faz jovens militantes porque sempre fica muito exagerado e a personagem geralmente é insuportável, o que acaba diminuindo a causa que ela apoia.

Ah, e não entendi a escolha da novela passar às 18h. Para mim é ótimo porque não consigo assistir a das 19h, mas que tem cara de novela das 19h, tem.

Bjs

Jovem Jornalista disse...

Parece que é um remake e algo totalmente novo, ao mesmo tempo.

Boa semana!

O JOVEM JORNALISTA está no ar cheio de posts novos e novidades! Não deixe de conferir!

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Até mais, Emerson Garcia

Sérgio Santos disse...

Eu idem, Andressa.

Sérgio Santos disse...

Tomara, Guilherme!

Sérgio Santos disse...

Ja melhorou bastante, Pedrita.

Sérgio Santos disse...

Ok, Fabio.

Sérgio Santos disse...

Isso, Marly!

Sérgio Santos disse...

Amém, anonimo. Merecíamos.

Sérgio Santos disse...

Abçs, Citu.

Sérgio Santos disse...

Bjs, Ceu.

Sérgio Santos disse...

Mt, Monique.

Sérgio Santos disse...

São sim, Lulu.

Sérgio Santos disse...

Bjs, Maria.

Sérgio Santos disse...

Eu tb nao entendi pq botar essa novela as 18h, Bianca.

Sérgio Santos disse...

É isso, Emersosn.

Anônimo disse...

Oi Sérgio, é impressão minha ou a sala do Átila é a mesma sala da Clarice de Cara e Coragem, assim como a mansão da Lara é a mesma do Lui Lorenzo de Vai na fé? E o que você está achando atualmente da novela? Abs!

Anderson da rosa disse...

Mar do Sertão era uma novela contemporânea

Anderson da rosa disse...

Qualquer militante é insuportável