quarta-feira, 24 de abril de 2019

"Jezabel" apresenta um bom início

"Jesus", novela bíblica da Record que chegou ao fim nesta segunda-feira (22/04), ficou nove meses no ar. Um longo tempo. A trama, escrita por Paula Richard e dirigida por Edgar Miranda, não fez o sucesso esperado, sempre perdeu o segundo lugar para "As Aventuras de Poliana" (do SBT) e a repercussão foi nula. No entanto, conseguiu se manter entre 9 e 10 pontos de audiência, o que não é ruim para os parâmetros da emissora. E o folhetim acabou emplacando nos Estados Unidos, surpreendendo o canal. Agora o objetivo é atrair o público com "Jezabel", nova produção bíblica que estreou nesta terça-feira (23/04).


Interpretada por Lidi Lisboa ---- atualmente também no ar na minissérie "Se Eu Fechar os Olhos Agora", na Globo, na pele da madre Maria Rosa ----, Jezabel é um tipo bem controverso apresentado no Livro dos Reis (um dos livros históricos do Antigo Testamento da Bíblia) como uma sacerdotisa dominadora, potencialmente religiosa e que se denominava porta-voz de Deus. Isso a categorizava como profetisa. Filha do rei dos Sidónios Etbaal, se casou com Acabe para fortalecer as relações entre Israel e Fenícia. Não demorou para sua forte personalidade apagar por completo o marido, promíscuo e fraco.

A história da nova trama da Record, curiosamente chamada pela emissora de macrossérie e não novela ---- resta aguardar a duração do formato para constatar se acertaram ou não na classificação ----, vai abordar todas as camadas dessa rica personagem. Afinal, aparentemente parece uma grande vilã, mas a autora Cristianne Fridman deixou bem claro logo na estreia que o intuito do enredo será humanizá-la.
Tanto que uma cena de flashback mostrou Jezabel defendendo a mãe da violência do pai. Esse é um pesadelo frequente da poderosa mulher, o que ajuda a explicar seu total desprezo pelos homens e a sua conduta muitas vezes arrogante diante deles.

A ambição pelo poder também foi rapidamente exposta no enredo através do plano de Jezabel para matar o rei de Israel (Arthur Kohl) com o intuito de ver o herdeiro do trono, Acabe (André Bankoff), assumindo seu lugar. O todo poderoso acabou envenenado por Getúlia (Hylka Maria), que ainda conseguiu incriminar o rapaz que descobriu a intenção da mulher e tentou alertar o rei, sem sucesso. Dias depois, a protagonista logo chega em Israel com seus vários seguidores e inicia um flerte com Acabe para se tornar rainha do lugar. O capítulo teve quase uma hora de duração e apresentou bem a premissa do enredo.

A rainha tem como aliado Hannibal (Rafael Sardão), seu amante e principal guerreiro; Thanit (Mônica Carvalho), ambiciosa melhor amiga que a influencia com suas armações; e Baltazar (Alexandre Slavieiro), ex-profeta que trata a esposa Temima (Juliana Schalch) com crueldade. É a primeira vez que a Record coloca uma vilã como personagem principal e não deixa de ser uma atitude ousada. No entanto, uma figura bem parecida com a de uma ''mocinha" foi apresentada já na estreia para não fugir do folhetim tradicional: a pobre Aisha (Adriana Birolli) provocou um encantamento em Acabe e o rei a chamou para trabalhar no palácio. Ela se torna a primeira esposa dele e fará de tudo para alertá-lo das manipulações de Jezabel.

Outros personagens têm chances de crescimento na trama ao longo dos meses, como o intrometido Isaac, vivido por Leonardo Miggiorin. Com boas tiradas, o perfil tem tudo para destacar o talento do ator e sua rixa com Jezabel é um ponto a seu favor na produção. Obadias (Juan Alba) --- administrador do palácio que trabalha como espião em favor da luta dos profetas contra a rainha maquiavélica --- também é um tipo promissor, pois ainda vive conflitos com as filhas: Joana (Camila Mayrink) e Samira (Laís Pinho). O maior inimigo da rainha, todavia, é Elias (Iano Salomão), profeta  que tenta desmascará-la a todo custo juntamente com seus aliados. Mais um perfil com potencial.

O único porém é a repetição de todo o conjunto. Por mais que seja uma nova história, é quase impossível para o telespectador não sentir que está vendo a mesma produção há pelo menos uns 5 anos. Os figurinos são sempre os mesmos, os cenários pouco variam e muitos atores já participaram de inúmeras produções bíblicas da emissora, como Henrique Pagnoncelli (Emanuel), Igor Cosso (Miguel), Flávio Galvão (Nabote), Brenda Haddad (Anaid), entre outros. O intuito da emissora é claramente manter seu nicho, assim como faz o SBT com os folhetins infantis, mas dificilmente atrairá uma nova parcela do público. O fenômeno "Os Dez Mandamentos" (2015) se comprovou como mera exceção.

"Jezabel" apresentou um bom começo e Lidi Lisboa promete segurar o protagonismo com bastante segurança. Seu desempenho na pele da personagem-título é merecedor de elogios e a atriz estava merecendo uma oportunidade como essa há um tempo. Tem tudo para ser um divisor de águas na sua carreira.

10 comentários:

Anônimo disse...

É tudo igual parece a mesma novela de sempre.

Yasmin disse...

Eu vi ontem e já desisti. Sempre parece que to vendo aquela dos Mandamentos...

Nina disse...

A Lidi Lisboa é talentosa, mas achei a história mais do mesmo.

Pedrita disse...

ontem fizeram escárnio sobre os deuses de outros povos. em tempos de tanta intolerância chega a ser violento. claro, é novela bíblica q fala de deus único. mas debochar de outras fés é monstruoso. a trama tb está focada em muito beijo na boca e romancezinho no estilo romântico que surgiu muito depois. ta muito malhacao. principalmente a traminha da stephany brito. no segundo capítulo já tava enrolando. concordo, parecia q os autores copiaram e colaram textos das anteriores. os q justificam o deus único, e único salvador são igualzinhos. eu gosto muito da atuação da lidi lisboa e está ótima mesmo. ela tb foi insuportável em rainha mãe. está sendo realizada em paulínia mas a produtora tinha outro nome. beijos, pedrita

Rafa disse...

Pena que a Globo deixou a Laís Pinho escapar. Apesar da vilã que ela fez em Apocalipse ter sido ótima, não teve repercussão pela novela ser um desastre. Espero que a Christiane Friddman a coloque em Topissima. PS: Você gosta da Laís, Sérgio?

Sérgio Santos disse...

Isso é, anonimo...

Sérgio Santos disse...

Entendo, Yasmin.

Sérgio Santos disse...

Concordo, Nina.

Sérgio Santos disse...

Concordo, Pedrita.

Sérgio Santos disse...

Gosto sim, Rafa!