quarta-feira, 23 de julho de 2025

Sem censura, romance de Jânia e Otília emociona e destaca atrizes em "Guerreiros do Sol"

 Diante de uma sucessão de retrocessos na atual teledramaturgia da Globo, onde o conservadorismo vem tirando o destaque e a presença de casais homoafetivos na ficção, é um alento ver o desenvolvimento do amor de Jânia e Otília em "Guerreiros do Sol", atual novela do Globoplay, escrita por George Moura e Sérgio Goldenberg, e dirigida por Rogério Gomes. 


O casal não está no mote central do enredo, mas nem por isso a relação das personagens é tratada de forma superficial. Há uma preocupação dos autores em explorar o sentimento genuíno que surgiu entre as duas e que vem sendo trabalhado com muita delicadeza, em meio a um enredo repleto de assassinatos e cenas fortes. Quando as duas surgem em cena é quase um respiro para o telespectador, que não tem como deixar a tensão de lado enquanto acompanha o enredo impactante e arrebatador, protagonizado por personagens densos e defendidos por um elenco repleto de talentos. 

Jânia iniciou a novela como uma típica mulher de 1920: submissa ao marido, Idálio (Daniel de Oliveira), e sem voz na fazenda do sogro, Elói (José de Abreu). Otília também teve um começo parecido: cresceu sendo reprimida pelo pai, Seu Neném (Cláudio Jaborandy), e dedicou sua vida à irmã, Rosa (Isadora Cruz), por quem tem imensa cumplicidade.

segunda-feira, 21 de julho de 2025

"Chef de Alto Nível": o que esperar do novo reality culinário da Globo?

 Tensão, criatividade, pensamento rápido, pratos de dar água na boca e boas doses de emoção são alguns dos ingredientes principais de ‘Chef de Alto Nível’, novo reality de gastronomia da Globo, com formato inédito na TV brasileira, que coloca em disputa 24 cozinheiros encarando desafios em três cozinhas com diferentes níveis de dificuldade. Ligadas por uma plataforma de alimentos, do nível mais alto ao mais baixo, elas testam a agilidade e a capacidade de reinvenção de cada competidor. A apresentação é de Ana Maria Braga, e o programa conta com os chefs Alex Atala, Renata Vanzetto e Jefferson Rueda na missão de mentoria dos cozinheiros e avaliação das provas. 


O formato estreou no dia 15 de julho e será sempre exibido às terças e quintas, após ‘Vale Tudo’. O reality é baseado no formato do Studio Ramsay Global, LLC, tem produção de Rodrigo Tapias e Taluana Grieco, direção geral de Carlo Milani e direção de gênero de Rodrigo Dourado. A disputa é exibida no GNT às quartas e sextas, às 21h15. O canal exibe ainda às sextas, às 22h30, a partir de 18 de julho, o spin-off ‘Cozinha de Alto Nível’ com o trio de mentores.

Para abrigar a competição, foi construída no Centro de Produção de Realities dos Estúdios Globo, no Rio de Janeiro, a Torre das Cozinhas, uma superestrutura com três cozinhas empilhadas, sob uma tenda de aproximadamente 17 metros de altura, em uma área total de 1.500 metros quadrados.

quinta-feira, 17 de julho de 2025

Por que a Globo não elimina de vez os casais gays em suas novelas?

 A pergunta no título desta crítica parece um ato claro de homofobia. Mas na realidade é um questionamento cada vez mais pertinente diante da hipocrisia que a atual cúpula da Globo que comanda o setor de teledramaturgia, chefiada por Amauri Soares e José Luiz Villamarim, vem abordando os relacionamentos homoafetivos na ficção. 


Junho foi o mês da visibilidade LGBTQIAP+ e a emissora é a única das redes brasileiras que pode ser classificada como progressista, ainda que não em sua totalidade. Mas o conservadorismo tomou conta do canal desde que houve uma mudança no comando do setor de entretenimento, ainda que de uma forma não tão explícita. E tudo foi sendo feito de forma camuflada, mas acabou escancarado em "Vai na Fé" (2022), novela das sete de sucesso de Rosane Svartman, por conta das várias censuras aos beijos gravados pelos dois casais gays da trama e que eram sempre cortados na hora da exibição. 

É importante lembrar que a temática nunca foi tratada com liberdade na Globo, tanto que os romances homoafetivos nas novelas eram sempre abordados de uma forma discreta e sem beijos. Os autores nem podiam escrever cenas do tipo. Mas o primeiro veto público a um beijo ocorreu no último capítulo da novela "América", de Glória Perez, em 2005.

terça-feira, 15 de julho de 2025

Tudo sobre a coletiva online da terceira temporada de "Rensga Hits"

 O Globoplay promoveu na segunda-feira passada (07/07) a coletiva virtual da terceira temporada de 'Rensga Hits'. Participaram as diretoras Carol Durão e Natália Warth, a roteirista Renata Corrêa e os atores Mouhamed Harfouch, Leo Bittencourt, Maíra Azevedo, Guida Viana, Lúcia Veríssimo, Jeniffer Dias, Jean Paulo Campos, Fanieh Moura, Júlia Gomes, Letícia Lima, Jean Pedro, Júlia Gomes, Rafa Kalimann, Alice Wegmann e Lorena Comparatto, que enviou um vídeo gravado previamente porque estava em gravação de outro projeto. Fui um dos convidados e conto sobre o bate-papo a seguir. 


Carol Durão comentou sobre a terceira temporada: "O Rensga é uma série que sempre abordou um sonho. Tudo o que a gente prometeu lá no início da primeira temporada vai estar cumprindo agora. Os sentimentos que muitas vezes os personagens tentam esconder a gente vai estar mostrando agora. Essa temporada é muito intensa e começa com um enterro, mas vai ter triângulo amoroso, reconciliação, enfim". 

Renata Côrrea falou do desafio de escrever a trama: "No mercado atual que a gente tem é difícil ter uma série tão longeva e acompanhar os personagens por tanto tempo. A gente mostra o que acontece depois que você atingiu o sonho e já teve toda sua ostentação.

sexta-feira, 11 de julho de 2025

"O Século do Globo" é um documentário chapa 'quase' branca, mas bem informativo

 Cem anos de história. Fatos que marcaram gerações e que determinaram a evolução da sociedade brasileira são retratados em "O Século do Globo", documentário criado por Pedro Bial e produzido pelos Estúdios Globo. Composto por quatro episódios, que foram ao ar na TV Globo nesta semana, o documentário apresenta eventos e personagens inesquecíveis, narrados através dos olhos de quem viveu e produziu notícia ao longo dos últimos 100 anos. O projeto, que combina ficção com elementos documentais e entrevistas inéditas, ilumina a trajetória do jornal fundado por Irineu Marinho e conduzido por décadas por seu filho Roberto Marinho, ilustrando seu papel na evolução do jornalismo brasileiro e do próprio país na política, na economia e na cultura. 

O jornal, que completa 100 anos no dia 29 deste mês, marcou o início do que se tornaria o maior grupo de mídia e comunicação da América Latina. “A história dos 100 anos do jornal O GLOBO não é só uma história sobre o jornal, trata da matéria prima do jornal: a realidade, os acontecimentos que formaram o Brasil no último século. A história com H maiúsculo”, declara Pedro Bial. “O jornalismo tem que ter a grandeza de se curvar à realidade. E, num arco longo de 100 anos, é possível acompanhar as transformações sociais e culturais e as mudanças na linguagem do jornalismo e da comunicação”, complementa. A ideia de narrar os maiores acontecimentos históricos do país, sob a perspectiva do maior jornal brasileiro, nasce ainda na redação de O GLOBO, e ganha vida no documentário. 

No elenco, Tony Ramos e Eduardo Sterblitch interpretam Roberto Marinho em diferentes fases da vida. “Você leva um susto quando te convidam para interpretar um personagem icônico, que faz parte da história recente do Brasil”, afirma Tony Ramos.

quarta-feira, 9 de julho de 2025

Início de "Êta Mundo Melhor!" é um grande obituário

 A continuação de "Êta Mundo Bom!", fenômeno de Walcyr Carrasco, exibido às 18h em 2016, mal começou e já demonstra uma forte aceitação popular, através de excelentes índices de audiência, o que não é uma novidade para a carreira do autor. O fato novo mesmo é a parceria com Mauro Wilson, que conduzirá "Êta Mundo Melhor!" sozinho a partir do capítulo 30. Mas o que tem sido visto até agora não é uma nova novela e, sim, um amontoado de resoluções um tanto apressadas de vários personagens e tramas da obra anterior. 

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Há uma nítida preocupação em eliminar o mais rápido possível todas as pontas soltas para iniciar um novo enredo. O problema é que "Êta Mundo Bom!" foi um folhetim com um final redondo, ou seja, concluído com habilidade por Walcyr, que não deixou qualquer possibilidade de uma continuação, ao contrário do que aconteceu com o final de "Alma Gêmea" (2005), por exemplo, que apresentou Rafael (Du Moscovis) e Serena (Priscila Fantin) reencarnados e se conhecendo crianças. 

Portanto, a solução do autor foi promover uma legião de mortes e viagens para justificar a ausência de diversos personagens da novela de 2016 em "Êta Mundo Melhor!". Isso porque alguns atores não aceitaram ou puderam participar da nova novela, como Marco Nanini e Camila Queiroz, que não toparam reviver o professor Pancrácio e a caipira Mafalda, respectivamente, ou Rosi Campos, que não conseguiu reviver a Eponina por conta de seu trabalho em "A Caverna Encantada", atual folhetim infantil do SBT.

segunda-feira, 7 de julho de 2025

Cena emblemática prova que Taís Araújo foi a melhor escalação do remake de "Vale Tudo"

 Nesta segunda-feira (07/07), foi exibida uma das cenas mais emblemáticas de "Vale Tudo" e da história da teledramaturgia nacional: o momento em que Raquel (Taís Araújo) desmascara Maria de Fátima (Bella Campos) e rasga o vestido de noiva da filha. A sequência original, interpretada por Regina Duarte e Gloria Pires em 1988, é uma das mais reproduzidas até hoje nas redes sociais e foi reprisada inúmeras vezes na televisão em programas, como o extinto "Vídeo Show". 


A cena foi muito aguardada, mas por motivos de desconfiança. Afinal, o remake vem se mostrando um fracasso de audiência e enfrenta uma avalanche de críticas (quase todas muito justas), tanto do público quanto dos jornalistas especializados em televisão. Então, havia o receio da destruição de um dos momentos mais lembrados pelos telespectadores da versão original de Gilberto Braga, Aguinaldo Silva e Leonor Brasséres. Porém, o resultado foi bastante positivo e comprovou o acerto da escalação de Taís Araújo. 

O desafio de escolher uma nova atriz para defender uma personagem tão ingênua e correta era grande, até porque Regina Duarte teve um desempenho brilhante em um papel de difícil composição. Todavia, ao contrário de vários outros nomes, a escalação de Taís foi quase uma unanimidade quando anunciada. Os elogios dominaram os espaços porque todos acreditavam no potencial da atriz, que já esbanjou talento em vários papéis, desde a sua estreia na televisão, em "Xica da Silva", aos 17 anos.

quinta-feira, 3 de julho de 2025

"Êta Mundo Melhor!": o que esperar da nova novela das seis?

 “Na vida, muitas veiz nóis sofre, falta as esperança, nóis inté pensa em desistir, mas olha a minha história: sempre tem qualquer coisa boa pra acontecer... então eu digo pra todo mundo. Nunca perda as esperança, porque tudo o que acontece de ruim na vida da gente é pra meiorá!”. Com essa mensagem, Candinho (Sergio Guizé) deixou o seu recado para o público ao final de ‘Êta Mundo Bom!’. Agora, o personagem volta em ‘Êta Mundo Melhor!’, ao lado do seu fiel companheiro, Policarpo, para mostrar que amor, determinação e generosidade nunca saem de moda e não devem ser esquecidos no caminho para realizar os sonhos.  


Criada e escrita por Walcyr Carrasco e Mauro Wilson, com direção artística de Amora Mautner, a nova novela das seis da TV Globo, que estreou nesta segunda-feira (30/06), é ambientada em São Paulo, no final da década de 1940. A trama parte do desfecho de ‘Êta Mundo Bom!’, exibida em 2016, e traz novos desafios a personagens já conhecidos do público. Ao mesmo tempo, ganha outros nomes no elenco, núcleos diferentes e histórias inéditas, que prometem emocionar e divertir, sempre com a mensagem de otimismo que conquistou os brasileiros. 

‘Êta Mundo Melhor!’ tem como fio condutor a saga de Candinho (Sergio Guizé), que vive na capital paulista, na mansão da mãe, Anastácia (Eliane Giardini, em ‘Êta Mundo Bom’), a quem procurou durante toda a novela anterior. Apesar da riqueza que o cerca, ele enfrentará uma nova busca, em torno da qual a trama vai girar: a procura pelo filho perdido, Junior/Samir (Davi Malizia).

terça-feira, 1 de julho de 2025

Tudo sobre a coletiva online de "Raul Seixas Eu Sou", nova série do Globoplay

 O Globoplay promoveu na segunda-feira passada, dia 23, a coletiva virtual de "Raul Seixas Eu Sou", nova série da plataforma de streaming, em parceria com a O2 Filmes. Participaram os diretores Paulo e Pedro Morelli e os atores Ravel Andrade, João Pedro Zappa, Caroline Abras, João Vitor Silva, Cyria Coentro, Gabriel Wiedemann, Camilla Molica, Amanda Grimaldi, Júlio Andrade e Chandelly Braz. Fui um dos convidados e conto sobre o bate-papo a seguir.

Paulo Morelli explicou a produção: "A série tem um recorte um pouco convencional. Os eventos da vida do Raul eram tão incríveis que rompemos o padrão de fazer recortes. A gente pega a vida inteira dele, dos dez anos de idade até sua morte em oito episódios, o que é equivalente a quatro longas. Deu pra contar muita coisa. O que me dá mais satisfação de ver com a série pronta é ver as cenas que muita cena nunca viu. Ver o Raul com o Paulo Coelho, a composição acontecendo em cena. A gente se divertiu muito. Não sabia que o Raul era tímido. Na vida privada era muito calmo, bem diferente do que era nos palcos. E na série temos cerca de 60 músicas do Raul. Ele compondo, tocando em momentos mais íntimos ou nos shows". 

Pedro Morelli, filho de Paulo, acrescentou: "É muito lindo dividir isso com o público. Fizemos essa série com muita paixão. Raul fala com muitas gerações, vide pai e filho terem feito essa série. O Raul Seixas tinha essa coisa de maluco beleza, defender a vida libertária e não era da boca para fora, ele viveu assim até que o corpo dele não aguentasse.

sexta-feira, 27 de junho de 2025

"Garota do Momento" teve altos e baixos, mas foi uma deliciosa novela das seis

 A novela das seis da Globo, escrita por Alessandra Poggi e dirigida por Natalia Grimberg, chegou ao fim nesta sexta-feira, após 203 capítulos. "Garota do Momento" conquistou o público por várias razões e a trama sai de cena com um saldo muito positivo, que inclui um enredo envolvente, um elenco que brilhou em sua totalidade, casais apaixonantes, personagens bem escritos e uma trilha deliciosa. No entanto, a produção também apresentou problemas visíveis em seu desenvolvimento, o que provocou muitas críticas justas dos telespectadores nas redes sociais. 


A sinopse da novela é muito bem amarrada. Beatriz (Duda Santos) acreditava desde os quatro anos ter sido abandonada pela mãe, Clarice (Carol Castro). Só que ela não sabia que, na verdade, Clarice tinha perdido a memória em um grave acidente. Dezesseis anos depois, quando finalmente descobriu o paradeiro da mãe, Beatriz se deparou com uma outra Bia (Maisa) em seu lugar, precisou lidar com essa nova realidade e iniciou uma saga que conquistou o público. Nessa busca por identidade, surgiu o entendimento de sua potência, desafiando os padrões impostos na década de 1950, quando se tornou garota-propaganda de uma das maiores empresas de sabonetes do país e depois virou atriz e protagonista de um folhetim.

A novela se mostrou impecável até por volta do capítulo 100. Era um capítulo melhor que o outro, onde o dinamismo dominava a narrativa e sempre presenteava o telespectador com vários acontecimentos, ao mesmo tempo que aprofundava os dramas de todos os núcleos de uma forma rica. Até porque os personagens sempre foram muito bem interpretados e os conflitos despertaram a atenção.