O remake de "Vale Tudo" vem enfrentando uma sucessão de críticas e todas em relação aos novos conflitos criados por Manuela Dias são justas e pertinentes. A autora quer abordar milhares de assuntos possíveis e não consegue dar profundidade a nenhum, o que deixa a adaptação da obra original de Gilberto Braga, Aguinaldo Silva e Leonor Brassères superficial e genérica. O pior é que a essência do folhetim é deixada de lado, a ponto da pergunta central --- "Vale a pena ser honesto no Brasil?" --- perder toda a relevância porque não há discussão alguma de temas pertinentes e incômodos para a sociedade.
É impressionante os inúmeros temas que já foram explorados na história e não houve um sequer que tenha durado mais de uma semana. Todos surgem e são resolvidos em tempo recorde. Não há uma construção mínima para envolver o público, o que esvazia qualquer abordagem e automaticamente deixa os dramas dos personagens sem qualquer impacto. É humanamente impossível o telespectador ter alguma empatia por aquelas pessoas fictícias diante da ausência de uma linha narrativa ou arco dramático sólido.
Assexualidade, tráfico de animais, adoção por casais homoafetivos, redução dos gases do efeito estufa, vício em jogo do tigrinho, pensão alimentícia, etarismo, assédio moral, falta de sexo no casamento, Burnout, bebê reborn, onlyfans, racismo, maternidade solo, enfim, nem dá para enumerar todas as abordagens rasas da trama.