sábado, 21 de junho de 2025

Trama de Cecília e Laís em "Vale Tudo" é uma vergonha

 O remake atual da Globo anda de mal a pior. A baixa audiência é um reflexo do que vem sendo mostrado ao longo dos capítulos. A trama, adaptada por Manuela Dias e dirigida por Paulo Silvestrini, está cada vez mais distante da essência da obra original e os vários problemas da narrativa merecem uma análise em outra crítica. Porque agora é preciso focar no equívoco que vem sendo a abordagem da relação de Laís (Lorena Lima) e Cecília (Maeve Jinkings). 


Em coletivas de imprensa antes da estreia da novela, Manuela Dias reforçou que agora teria a liberdade para aprofundar o casal homoafetivo da história, já que o Brasil evoluiu e não tem mais a censura de 1988. Porém, faltou combinar o a atual gestão da teledramaturgia da Globo, chefiada por Amauri Soares, que desde então vem cortando e diminuindo o destaque de todo par gay que surge em qualquer folhetim. A única exceção foi "Terra e Paixão", por conta do peso de Walcyr Carrasco, o responsável pelas maiores audiências da emissora. 

E vale ressaltar que o casal não chegou a sofrer qualquer tipo de censura ou rejeição do público na época porque Gilberto Braga, Aguinaldo Silva e Leonor Brassères quiseram discutir a questão da divisão de bens, após o falecimento de um dos pares. Afinal, o casamento homoafetivo ainda não era legalizado e não havia uma lei para amparar o viúvo ou a viúva.

Foi algo planejado pelos autores e não fruto de uma mudança da narrativa. No entanto, a autora declarou que agora não mataria Cecília e destacaria a relação das duas através da adoção de uma criança. Uma alteração válida e que não compromete o remake. O problema é que o resultado no ar está vergonhoso. 

Um dos muitos equívocos da nova versão é a superficialidade dos dramas apresentados, onde tudo é mostrado sem qualquer construção e resolvido da forma mais jogada possível. E tudo piora quando se trata de Cecília e Laís. As duas são proprietárias de um hotel em Paraty, cidade localizada no litoral sul do Rio de Janeiro, e passaram boa parte da história sumidas até então. E nas poucas vezes que apareciam não protagonizavam cenas dignas de um casal. Sempre pareceram duas irmãs ou melhores amigas que resolveram adotar uma criança. Nunca houve gestos mais íntimos de afeto e beijo muito menos. Apenas um selinho muito rápido foi exibido e olhe lá. 

Para culminar, a rotina das personagens sempre foi confusa. Cecília foi apresentada como ativista ambiental, mas até hoje o público não sabe se ela trabalha no Ibama, em alguma empresa privada que combate o tráfico de animais silvestres ou se age por contra própria. Somente duas cenas, muito mal dirigidas, foram mostradas com Cecília armada indo atrás de traficantes. Pouco tempo depois, a personagem foi ameaçada e sabotaram seu carro, o que causou um acidente grave e a deixou em coma. Tudo sem qualquer desenvolvimento. A sua internação serve de pretexto para o início de um conflito novo criado pela autora: a obsessão de Marco Aurélio (Alexandre Nero) pela sobrinha, que ainda não foi adotada pelo casal. Na versão original, Cecília morre e o vilão entra em uma guerra com a viúva pelos bens de sua irmã. 

Em meio a tantas situações forçadas, o capítulo deste sábado (21/06) conseguiu piorar o que já estava ruim. Para que Marco Aurélio consiga a guarda da menina, Manuela Dias inventou um desaparecimento de Laís. Porém, todos os desdobramentos não foram mostrados, apenas narrados. A personagem foi navegar e sumiu no mar. Depois foi encontrada desacordada em uma ilha deserta e levada a um hospital. Isso tudo aconteceu em um único capítulo sem uma cena sequer. A Globo não gravou nada. Por que diabos Laís resolveu sair em um barco sozinha? E por que fez algo tão perigoso no atual momento em que a esposa está em coma? Como foi achada? Como foi o acidente? Ela caiu no mar? O barco afundou? Quem a levou ao hospital? A emissora não quis gastar verba com as filmagens? O corte de gastos está tão gritante assim? Agora a teledramaturgia será tratada de uma forma tão amadora? Isso tudo foi um gigantesco desrespeito com o público. Parece algo feito de qualquer maneira já que o remake está fracassando. Como o telespectador vai comprar a história se não viu nada? É radionovela? Ou a situação está tão vergonhosa que não quiseram correr o risco de botar no ar uma sequência com efeitos visuais pobres, como foi feito na cena de Molina (Rodrigo Lombardi) afogando Mércia (Adriana Esteves) no mar em "Mania de Você", que foi outro fracasso de audiência? 

Além de todos os pontos já abordados, há o péssimo 'timing'. Junho é o mês do Orgulho LGBTQIAPN+ e a Globo já está exibindo as chamadas do seu especial "Falas de Orgulho". É assim que a emissora valoriza a diversidade? Desenvolvendo de qualquer forma o relacionamento de duas lésbicas, onde uma está em coma e a outra some no mar sem uma mínima explicação? É uma pena que o remake de "Vale Tudo" esteja tão problemático e que Cecília e Laís protagonizem cenas sem o menor cuidado, prejudicando uma história que tinha potencial e as próprias atrizes, que são talentosas e mereciam muito mais. 

4 comentários:

chica disse...

Uma pena quando isso acontece.Por outro lado, não me chamam mais os remakes! Cansei de novelas ! abração ,lindo domingo! chica

Adriana Helena disse...

Querido Sérgio, realmente é uma história mal contada, sem pé e sem cabeça. E olha que a Globo poderia fazer das duas uma casal incrível pois são atrizes lindas e talentosas para poder honrar o mês de Junho, do Orgulho LGBT. Não sei o porquê desses cortes de cenas que nunca são feitas ou explicadas.
Mas vamos aguardar para ver se tem um respiro nesta história....
Linda semana!!!

Anônimo disse...

Habla mesmo!! Esse remake está uma vergonha, o maior equívoco foi a escalação da Manuela Dias para fazer essa novela, uma autora inexperiente que não consegue escrever um roteiro, não era mais fácil seguir inspiração do Gilberto Braga?

FABIOTV disse...

Olá, tudo bem? A nova versão de Vale Tudo (falei nova versão e não remake) aparece com bases erradas desde o planejamento da produção. A repercussão negativa já era bastante previsível, antes da estreia. Abs, Fabio www.blogfabiotv.blogspot.com.br