A novela das seis da Globo, escrita por Alessandra Poggi e dirigida por Natalia Grimberg, chegou ao fim nesta sexta-feira, após 203 capítulos. "Garota do Momento" conquistou o público por várias razões e a trama sai de cena com um saldo muito positivo, que inclui um enredo envolvente, um elenco que brilhou em sua totalidade, casais apaixonantes, personagens bem escritos e uma trilha deliciosa. No entanto, a produção também apresentou problemas visíveis em seu desenvolvimento, o que provocou muitas críticas justas dos telespectadores nas redes sociais.
A sinopse da novela é muito bem amarrada. Beatriz (Duda Santos) acreditava desde os quatro anos ter sido abandonada pela mãe, Clarice (Carol Castro). Só que ela não sabia que, na verdade, Clarice tinha perdido a memória em um grave acidente. Dezesseis anos depois, quando finalmente descobriu o paradeiro da mãe, Beatriz se deparou com uma outra Bia (Maisa) em seu lugar, precisou lidar com essa nova realidade e iniciou uma saga que conquistou o público. Nessa busca por identidade, surgiu o entendimento de sua potência, desafiando os padrões impostos na década de 1950, quando se tornou garota-propaganda de uma das maiores empresas de sabonetes do país e depois virou atriz e protagonista de um folhetim.
A novela se mostrou impecável até por volta do capítulo 100. Era um capítulo melhor que o outro, onde o dinamismo dominava a narrativa e sempre presenteava o telespectador com vários acontecimentos, ao mesmo tempo que aprofundava os dramas de todos os núcleos de uma forma rica. Até porque os personagens sempre foram muito bem interpretados e os conflitos despertaram a atenção.
Não por acaso, eram constantes os elogios, tanto na crítica especializada quanto nas redes sociais. A trama sempre teve uma grande repercussão, ao contrário do folhetim anterior, "No Rancho Fundo", que tinha até uma audiência maior, mas os comentários eram em bem menor quantidade em virtude da ausência de acontecimentos relevantes ao longo dos meses.No entanto, tudo começou a desandar quando Flora (Bella Piero) deixou a história. A vilã foi uma ótima aquisição para narrativa e tinha potencial para outros desdobramentos, uma vez que fingia ser a verdadeira Isabel e tinha acabado de iniciar um confronto mais direto com Maristela (Lilia Cabral) e Juliano (Fábio Assunção). Mas a sua viagem, após quase ter sido assassinada, marcou o início da barriga da novela. O termo é utilizado para definir a ausência de acontecimentos relevantes no enredo, que passa a apresentar conflitos que giram em torno do próprio eixo para disfarçar a estagnação do roteiro. A eliminação da interesseira fez Bia retroceder e a desculpa foi uma respiração boca a boca que Beto fez para salvá-la de um afogamento. Aquilo destruiu todo o processo evolutivo da personagem, que voltou a ficar obcecada pelo ex-noivo. Todos os planos para separar os mocinhos retornaram. E no meio das armações ocorreram crimes, como a troca de um colar Mystic Necklace para incriminar Beatriz e a simulação de uma transa com Beto, que foi despido por ela durante uma embriaguez. Além de ter botado a mocinha atrás das grades, ainda obrigou o mocinho a se casar com ela. Isso também destruiu sua relação com Ronaldo (João Vitor Silva), que tinha caído nas graças do público por conta do irresistível clichê do jogo de gato e rato, onde um implica com o outro até se descobrirem apaixonados.
Todas as armações da Bia foram condizentes com uma boa vilã e necessárias para a movimentação do roteiro. Maisa esteve ótima em cena. O problema foi a conivência de Clarice, o que destruiu o principal arco dramático do roteiro, que era a sua relação com Beatriz. A cena mais esperada pelo público era lembrança do passado da mãe da mocinha. Após longos meses sem memória, a personagem recordou de quase tudo e a sequência fez jus ao tempo de espera. Foi um lindo momento protagonizado por Carol Castro e Duda Santos. Aquela catarse tinha que marcar uma nova fase na história e estabelecer um elo de muita cumplicidade entre mãe e filha. Só que o resultado frustrou a expectativa do público. Clarice sempre acreditou em todas as mentiras ditas por Bia e fazia sentido, uma vez que estava cercada por uma grande farsa. Só que depois a verdade veio da boca de sua herdeira biológica. E ainda assim preferiu priorizar a outra filha, a ponto de não ter acreditado na palavra de Beto e Beatriz e mantido a armação do casamento para que a garota não tivesse um problema cardíaco. Vale lembrar que Beatriz sofre de asma crônica, uma condição de saúde também delicada. Mas isso não importava para Clarice. Tanto que a personagem levou Bia para fazer seu vestido de noiva com Arlete (Bete Mendes) na pensão em que mora Beatriz e nem parou para pensar que provocaria uma mágoa gigante na filha. Só pensou em aproximar Bia da avó biológica. E qual a consequência diante de todas essas conveniências de roteiro? A destruição da aproximação entre Clarice e Beatriz. Tanto que as cenas amorosas das duas não causaram qualquer receptividade dos telespectadores nas redes sociais, já que era visível a sua predileção pela outra filha. O texto repetiu inúmeras vezes que Clarice amava as duas igualmente, mas suas atitudes demonstraram o contrário.
O pior foi o comportamento submisso que Beatriz passou a ter para não desagradar sua mãe, aceitando tudo o que era pedido, incluindo o rompimento com Beto. A mocinha altiva, dona de si e que nunca era feita de idiota tinha ficado para trás. Virou uma passiva, a ponto de sofrer agressões verbais e físicas de Bia, sem reagir. O texto ainda justificava a passividade da protagonista com um argumento racial, reforçando que Beatriz não agredia a rival para não ser vista como uma preta agressiva e não rebaixar seu nível. Todo bom folhetim tem rivalidade entre mocinha e vilã, com direito a tapas e puxões de cabelo, sim. Nem mesmo a desculpa de Bia ser cardíaca pôde ser usada até o final porque a patricinha fez uma cirurgia e ficou ótima. Mas a predileção da autora pela Bia sempre foi visível, a ponto de colocar quase todos os personagens atenuando seus crimes e os colocando como meras armações de péssimo gosto. Tanto que a sua redenção aconteceu apenas na reta final e toda a culpa de seus atos recaiu em cima de Juliano e Maristela. Claro que os vilões a criaram muito mal, mas Clarice também teve muita culpa e a própria Bia se deleitava com os planos do pai e da avó. Em nenhum momento foi coagida ou induzida a nada. Vale até lembrar que Poggi apresentou o mesmo 'vício' em "Além da Ilusão", sua bem-sucedida estreia como escritora solo. Ela gostava tanto do Davi (Rafael Vitti) que nunca colocou os demais personagens questionando seu romance bastante controverso com uma menina que era irmã de sua falecida namorada --- brutalmente assassinada pelo próprio pai --- e ainda tinha o rosto idêntico ao dela. Todos achavam aquilo lindo.
Mas voltando ao folhetim das seis encerrado hoje, é preciso citar outra situação que decepcionou, após um início delicado e promissor: o romance de Guto e Vinicius. Pedro Goifman se mostrou uma grata revelação e teve química com Elvis Vittorio. Todo o processo de descobrimento da homossexualidade do filho de Anita (Maria Flor) foi muito bem trabalhado pela autora, que incluiu um término sensível com Eugênia (Klara Castanho) e uma identificação genuína com Vinícius. Só que o namoro foi breve. Os dois deram apenas um selinho de três segundos em uma cena sombreada e pouco tempo depois foi inventada uma viagem para Vinícius porque o pai, que o tinha expulsado de casa por ser gay, estava muito doente. Ele foi embora, Guto chorou muito e fim. Quem foi o responsável pela destruição gratuita do casal? A autora, a atual cúpula da Globo na teledramaturgia, chefiada por Amauri Soares, ou ambos? A dúvida ficará no ar, mas foi um ato de homofobia e conservadorismo explícito. O que não deixa de ser uma ironia, pois a novela, mesmo ambientada em 1958, era repleta de personagens progressistas e quase todo mundo entendeu o romance, o que ficou até forçado para uma trama de época. Teria sido até melhor os personagens namorarem às escondidas na trama, o que ficaria verossímil e dentro dos padrões atuais de retrocesso da maior emissora do país. Não dá para deixar de lado nem a abordagem em torno da Verônica Queen, personagem do talentoso Silvero Pereira. A abordagem do preconceito em cima do conflito com o filho, Carlito (Caio Cabral) e a ex-mulher, Marlene (Ana Flávia Cavalcanti), rendeu boas cenas, mas o personagem não durou muito e logo saiu da história.
A produção também deixou a desejar no desenvolvimento de alguns núcleos. É bom frisar que todos os personagens da novela eram ótimos e por isso mesmo mereciam mais tempo de tela. Anita, por exemplo, teve um início de destaque diante da rotina de uma mulher que era apaixonada por um apresentador de televisão, amava os dois filhos e sofria em um casamento abusivo. A autora ainda foi corajosa em juntá-la com Alfredo Honório (Eduardo Sterblitch), diante do sucesso que o personagem fazia ao lado da esposa Teresa (Maria Eduarda de Carvalho). Tudo ficou bem construído, incluindo a cena do divórcio, o acerto de contas entre as duas mulheres e a concretização do sonho de Anita em estar ao lado de seu amor e apresentando um quadro de culinária na TV Ondas do Mar. Porém, tudo aconteceu cedo demais e a saída de Nelson (Felipe Abib) apagou Anita do roteiro. Como a personagem perdeu seu único ponto de conflito, ficou sem função e foi perdendo cada vez mais importância. O que foi uma pena, pois Maria Flor brilhou e fazia falta na teledramaturgia. A questão do TOC de Teresa também merecia uma melhor abordagem. A mãe de Eugênia desenvolveu a Transtorno Obsessivo Compulsivo porque esqueceu uma vela acesa em casa e a filha quase morreu queimada quando criança. As queimaduras no braço da menina eram um gatilho para as duas. E tudo foi resolvido porque Teresa iniciou uma terapia. Mas nunca teve qualquer cena da ex de Alfredo se consultando e expondo o seu progresso. Fez falta. Ainda vale mencionar o conflito envolvendo Ana Maria (Rebeca Carvalho), Orlando (Philipp Lavra) e Iolanda (Carla Cristina Cardoso), que tinha tudo para destacar os três, mas se esvaziou pelo caminho, e a perda de destaque de Arlete, que foi interpretada pela grandiosa Bete Mendes. A aguardada cena da avó descobrindo que sua neta era Bia e que sua filha, Valéria (Júlia Stockler), estava morta foi muito aquém do esperado. E não por culpa da atriz, mas pela opção de colocar a personagem em negação e só depois aceitando, o que diluiu o impacto. Ainda é preciso criticar o excessivo destaque para as confusões envolvendo Jacira e sua pata Paty. Flávia Reis é uma ótima atriz e humorista, mas merecia mais instantes de drama com Maria Eduarda de Carvalho e Klara Castanho. Quando havia essa união, as três cresciam em cena. No início, as situações com o fantoche eram divertidas, mas se prolongaram demais e ficaram repetitivas, o que afetou até o núcleo de Alfredo Honório, que sempre foi uma delícia de acompanhar, vide as várias homenagens a programas popularescos que sua atração fazia na TV Ondas do Mar, com direito a ações de merchandising e jingles que todo mundo cantava junto. Foram tantos momentos desnecessários que até uma mexicana assassina e uma fã alucinada entraram na reta final, interpretadas pelas ótimas Stella Miranda e Catarina Abdalla. As atrizes brilharam, mas as cenas não tiveram graça.
Após o apontamento de tudo o que decepcionou, é a hora de aplaudir os vários acertos da história. Poggi conseguiu triunfar em uma missão impossível para muitos autores: o casal de mocinhos. É uma tarefa cada vez mais difícil conquistar o amor do público através dos protagonistas. A construção quase sempre é apressada demais ou fica refém da pouca química dos atores. Mas não foi o que aconteceu em "Garota do Momento". Beatriz e Beto foram apaixonantes e a sintonia entre Duda Santos e Pedro Novaes imediata. E os personagens se apaixonaram à primeira vista no primeiro capítulo, o que costuma ser letal para qualquer par em produções que não são espíritas. Hoje em dia, o telespectador está bem mais criterioso para esse tipo de clichê. Só que funcionou com o casal 'Betriz' e muito por conta do carisma e do talento dos atores. Aliás, Beto foi um mocinho 'torcível'. O rapaz nunca foi feito de besta por nenhum vilão e esteve sempre ao lado da mocinha. Ainda enfrentou um conflito familiar com sua mãe, resolvido apenas na reta final e de forma sensível. Beatriz também foi uma excelente mocinha, mas teve seu arco prejudicado pelas conveniências de roteiro a favor da Bia.
Entre os êxitos da história, não dá para esquecer a Família Sobral. Danton Mello e Palomma Duarte ganharam um bom tempo de tela e souberam aproveitar. Raimundo foi o personagem mais condizente com o ano de 1958 graças ao seu machismo e conservadorismo, mas o ator soube inserir um toque cômico e trejeitos irresistíveis em sua composição, que caíram no gosto popular. Lígia largou o marido e os três filhos para ir atrás de seu sonho de cantar e nunca conseguiu uma reaproximação porque o ex jamais permitiu. Era um casal com tramas densas e que foram bem desenvolvidas pela autora, que deu a eles um bonito final feliz para a satisfação do público. Beto, Ronaldo e Celeste também foram perfis que tiveram arcos dramáticos bem trabalhados, ainda que a trajetória de Ronaldo tenha se perdido na reta final por conta de seu amor cego pela Bia. Por falar em amor, é preciso citar o romance açucarado entre Celeste e Edu (Caio Manhente), que representaram bem um par típico das seis da tarde. Os atores tiveram química e protagonizaram um conto de fadas que ganhou toques de realidade diante de uma gravidez na adolescência. A família fez tanto sucesso que parte da audiência pede um 'spin-off' nas redes sociais.
O Clube Gente Fina foi outro ponto alto. Tatiana Tibúrcio e Cridemar Aquino emocionaram com Vera e Sebastião, o casal mais harmonioso e saudável da trama. Os dois mereciam até mais destaque, mas protagonizaram muitas cenas bonitas com apresentações musicais incríveis e que renderam lindas homenagens, todas a personalidades que fizeram ou fazem parte da história do Brasil, como Elza Soares, Pixinguinha, Ruth de Souza, Alaíde Costa, entre outros. Ainda dentro do núcleo, vale mencionar o par formado por Ulisses e Glorinha, interpretados pelos talentosos Ícaro Silva e Mariana Sena. O filho de Vera e Sebastião ainda era o dono do 'Bowling Rock', o boliche que servia de ponto de encontro para os mais jovens, entre eles o Topete, rapaz arrogante, burro e que praticava bullying com todos os colegas. Interpretado por Gabriel Milane, uma grata revelação, o personagem teve um arco de regeneração bem realizado e seu amadurecimento ficou crível, assim como o nascimento de seu amor por Eugênia. E o que dizer das fofoqueiras que viviam no telefone, mesmo morando uma ao lado da outra? Aparecida e Conceição foram interpretadas pelas ótimas Arlinda Di Baio e Mariah da Penha, que divertiram comentando todos os conflitos da novela. Os bordões "Cala-te boca", "Ô, se calo" e "Deus tá vendo" eram ótimos.
O time de vilões foi outro trunfo do enredo. Ao contrário da novela anterior, os malvados agiam sem pudor e com crueldade. Ainda tinham momentos cômicos maravilhosos durante a saga das vilanias. Fábio Assunção e Lilia Cabral formaram uma dupla vitoriosa e Cauê Campos roubou a cena como Basílio, personagem mais carismático da trama e que teve o melhor arco de redenção. Cauê ainda fez uma parceria impagável com Lilia através de um casal improvável e recheado de ironias e ataques mútuos. Já Letícia Colin pintou e bordou como Zélia, uma canalha adorável. Só é preciso um parênteses na trama de Zélia. A personagem demorou 16 anos para se vingar, não se vingou de ninguém, teve um caso com Juliano, ajudou os vilões nas armações e foi assassinada na última semana, logo depois do seu único triunfo na história --- quando fez justiça pelo seu finado marido e conseguiu a presidência da Perfumaria Carioca. Um desfecho que desagradou até a atriz. Nada contra a morte em si, uma vez que a personagem cometeu muitos crimes e era controversa. Morrer em um ato de redenção é sempre um clichê emblemático, mas desde que aconteça de uma forma apoteótica, o que não foi o caso. As situações forçadas para que Bia fosse a única testemunha também se evidenciaram. A saga da vingança e o seu final decepcionaram igualmente.
O penúltimo capítulo foi encerrado com um gancho de tirar o fôlego, quando Juliano tentou matar Beatriz e Clarice se jogou na frente da filha. Um clichê irresistível e tipicamente folhetinesco em uma bem sequência dirigida. A participação luxuosa de Paulo Vieira, na pele de Mirosmar, um fazendeiro rico e inspirado no Sinhozinho Malta, de "Roque Santeiro", foi outro ponto alto, assim como o casamento de Glorinha com Ulisses no antepenúltimo dia de novela no ar. Já o último capítulo teve um início com muitos cortes e correria nos acontecimentos. Juliano foi preso, mas a cena não foi mostrada. O mesmo aconteceu com o julgamento de Bia, que nem contou com a presença de Clarice e Arlete. Ficou claro que a prisão da patricinha foi inserida de última hora por conta da avalanche de críticas do público nas redes sociais sobre a falta de punição. Perderam tanto tempo focando na saga da pata e de outras situações repetitivas e deixaram de lado uma sequência tão importante. A reação da Bia recebendo a sentença do juiz era o mínimo. Até mesmo a sua cena na cadeia foi rápida. Nem vinte segundos. A prisão deveria ter acontecido antes, até para destacar o talento de Maisa nas cenas e colocar Beatriz a visitando, para aí sim concretizar uma reaproximação, algo que ficou súbito demais.
No entanto, todos os demais desfechos engrandeceram o capítulo. O melhor final foi o de Maristela, que deixou Juliano apodrecendo na cadeia e logo depois acabou atropelada por um bond, perdendo a memória. A cena em que Basílio pergunta se a vilã já tinha morrido, em referência ao mesmo questionamento feito por Maristela quando viu Clarice desmaiada na rua, foi uma sacada genial, assim como a sua esperteza em se aproveitar daquela fragilidade para transformar a 'ex-esposa' em sua empregada. Coralina (Cilene Guedes) virou governanta e passou a mandar em Maristela, que também virou alvo de deboche do casal formado por Basílio e Flora. A avó de Bia quebrando a quarta parede e tentando se lembrar da música de abertura, em referência ao momento da veterana que virou meme nas redes sociais, fechou o ciclo da víbora com chave de ouro.
O final feliz de Raimundo e Lígia também merece uma carinhosa lembrança. Porém, Lígia tendo que escolher entre sua profissão e o casamento do filho mais velho se mostrou desnecessário e com o único intuito de criar um suspense bobo sobre a decisão de Raimundo. Ainda assim, a viagem do casal, em uma avião da extinta Varig, com o apoio dos três filhos, foi um momento lindo e divertido. A beleza esteve presente em outra sequência de encher os olhos: o casamento de Beto e Beatriz. Um clichê que os dois mereciam. A cena de Beatriz protagonizando o filme "A Pedra de Exú" foi outro momento de muita delicadeza e Duda Santos encerrou a novela com um monólogo emocionante sobre ser a "Garota do Momento" e querer ser a "Garota do Futuro", listando tudo o que um mundo mais justo precisa ter, enquanto imagens com manchetes do jornal O Globo eram exibidas, como "Câmara aprova aumento de pena para injúria racial", "Rachel de Queiroz é eleita para a Academia", "Senado aprova lei que regulamenta o divórcio" e "CNJ aprova resolução determinando que cartórios registrem casamentos civis homoafetivos". A última cena foi com a dupla de fofoqueiras finalmente saindo de casa e indo para a sua em um compilado com todo o elenco e a equipe dançando "Tuti Frutti", tema de abertura cantada por Little Richard. Bonitinho demais.
"Garota do Momento", que teve uma direção competente de Natália Grimberg, apresentou um início irretocável, um desenvolvimento até a metade da história repleto de qualidades e expôs suas maiores falhas de roteiro depois do centésimo capítulo, o que implicou em uma quebra daquele conjunto tão harmonioso até então. Mas entre altos e baixos, os altos prevaleceram diante da soma de atores talentosos, história cativante e personagens bem escritos. Alessandra Poggi mostrou que sabe os ingredientes de uma boa novela das seis e tende a se firmar no posto. Resta torcer para que os erros apontados sejam ao menos absorvidos para um maior aperfeiçoamento em seu terceiro futuro trabalho. Porque, apesar de tudo, a saudade vai ficar.
9 comentários:
Farei dois comentários: nada do mundo me fará aceitar Lígia ter abandonado os filhos de novo. No final, ela não fez concessão alguma. A carreira sempre virá na frente dos filhos. Talvez, eu esteja exagerando, movida pelas emoções do último capítulo, mas eu JAMAIS perdoaria meus pais por me deixarem sozinha no meu casamento. Não engulo essa decisão dela. Ela fala tanto do Raimundo não enxegá-la, mas ela também nunca o enxergou. Como eu diss, talvez eu esteja exagerando, mas no momento não consigo enxergar de forma diferente. A relação de Beto e Lígia foi a que mais eu queria que fosse resgastada e me doeu muito saber que a mãe que tanto lutou pelo amor do filho mais velho o abandonou na primeira oportunidade... E qual era a necessidade de Raimundo ir junto no dia do casamento? Lígia poderia ir na frente e ele ir depois da cerimônia, afinal não era ele quem estava em turnê... Enfim...
Comentário dois: O Edu e a Flávia são atores excelentes, mas nada explica o tanto de tempo de tela que eles tiveram. As histórias encabeçadas por eles não contribuíram em nada para o enredo e não eram engraçadas (com todo o respeito do mundo). Arcos que realmente tinham alguma coisa a dizer passaram a maior parte do tempo apagados... O que mais me frustou foi o TOC da Teresa. Foi muito mal desenvolvido. Só quem convive com o transtorno sabe da dificuldade que é enfrentar todas essas manias (falo isso por experiência própria; há quinze anos eu me trato e ainda não me livrei dele; e o meu TOC é considerado grave). Ah, outra coisa: TOC não deveria ser sempre o alívio cômico das novelas. Existe muito sofrimento por trás desses inúmeros rituais de limpeza. Infelizmente, quase nunca é mostrado. Falei que faria dois comentário, mas farei um terceiro...
Terceiro comentário: a redenção da Bia não me convenceu. Ela só confessou porque foi pega pelo Ronaldo! Depois da extensa lista de crimes cometidos, a fedelha mimada não sofreu um centésimo do que merecia. Para piorar, o Ronaldo ainda ficou com ela. Como pode Ronaldo aceitá-la de volta depois de ser usado da maneira mais cruel possível! Também não engulo! Ainda sobre a bandida, o nome dela SEMPRE estava nos diálogos de Beatriz e Clarice. Só nas últimas duas/três semanas isso mudou. Acho que foi tanta reclamação do público que a autora se viu obrigada a tirar o nome dela da conversa de mãe e filha. E que mãe é esse que constantemente violenta a filha biológica? Aliás, a Bia é horrível do jeito que é por conta da Clarice TAMBÉM! Ela ajudou a criar esse monstro. Fracassou SIM como mãe! Nossa, acho que me envolvi demais com essa novela... Por isso, escreverei um último comentário!
Agora virá a parte boa: Beatriz e Beto foramaram o melhor par da novela. Eles se tornaram o meu casal preferido da teledramaturgia brasileira. Eles são: melhores amigos, namorados, noivos, marido e mulher, pais de meninas, par, dupla, companheiros, parceiros, confidentes, almas-gêmeas, conselheiros, melhores ouvintes, suporte um do outro. TUDO EM UM SÓ. Não serei capaz de superá-los jamais! Que química de Duda Santos e Pedro Novaes! Que talentos da nova geração. Espero que possamos vê-los em uma outra novela como par romântico novamente. Já estou com saudade! Eu vi recentemente em uma dessas redes sociais a frase que diz: "A saudade é o azar de quem teve muita sorte". Me sinto assim quanto a "Garota do momento". Fi incrível acompanhar essa jornada ao lado de personagens tão carismáticos. Passei três comentários reclamando da novela, mas eu amei vê-la de cabo a rabo. Ficará para sempre em meu coração. O monólogo final de Beatriz me deixou muito emocionada. Que texto lindo perfeitamente transmitido pela Duda Santos. Eu teria mais mil e uma coisas para falar dos demais núcleos, mas vou deixar para lá! Veria tudo de novo só para assistir a história de Beto e Beatriz novamente. Eles fizeram tudo valer à pena! Perdão pelos inúmeros comentários, mas é tão bom se envlver com um produto tão brasileiro quanto uma novela né? Desde "Além da ilusão", não acompnahava um folhetim. Agora, pude recordar o porquê de ser tão noveleira. P.S.: não me responsabilizo pelas minhas inconsistências. Em alguns momentos amo a novela, em outros, odeio. KKKKK
Você levantou uma questão a ser realmente pensada.
A história da pata então foi o que de mais sem graça teve na novela.
Realmente a Clarice, o Juliano e a Maristela mimaram ao extremo a Bia. Concordo com você. Acredito que a Bia também foi velhaca, algumas vezes, ao usar a doença cardíaca ao seu favor; fazendo-se de vítima quando necessário para ela mesma ou para obter alguma vantagem quando lhe era conveniente.
Eu gostei dos seus comentários e das suas análises e opiniões sobre a novela. São pontos a serem pensados. Um abraço daqui de Fortaleza CE. Deus te abençoe.
Gostei do final da Maristela. Foi um castigo digno para uma vilã soberba do naipe dela. Lilian Cabral é uma atriz de primeira. Saudades do Basílio. Cauê Campos fez um vilão incrível que virou um anti-herói igualmente incrível. Fábio Assunção mandando bem como sempre. Desta vez, fazendo um vilão que se precisasse, passava por cima até da própria mãe. E não! Não gostei da Zélia ter morrido. Letícia Colin é fantástica. Gosto da interpretação dela desde Chamas da Vida, a primeira novela em que eu vi a Letícia em ação. A sua Zélia me ficou como uma boa recordação. Por último, tem o Nelson do Felipe Abib, que eu também gostei. Aliás, o Felipe é bom em interpretar um mau caráter. O que eu não gostei, no caso do Nelson, foi ele não ter sido punido por ter deixado o filho do Érico, o Carlito, temporariamente cadeirante. Bom! Gostei de muita coisa da novela (a pata eu achei sem graça), mas quis falar dos três vilões - Maristela, Juliano, Nelson - e dos dois anti-heróis - Basílio e Zélia - que deram um tempero na novela. Gente, o Basílio se fazendo de maluco, para o Beto tirar a Beatriz do hospício, e passando a perna no Dr. Pimenta é memorável! Garota do Momento foi top!
Postar um comentário