segunda-feira, 26 de fevereiro de 2024

"Betinho - no fio da navalha" mescla entretenimento com boa informação

 O Globoplay estreou a série "Betinho: No Fio da Navalha" no dia 1º de dezembro de 2023 propositalmente. Afinal, a data representa o Dia Mundial de Luta contra a AIDS, doença que vitimou Herbert José de Souza no dia 9 de agosto de 1997. A saga do sociólogo e ativista dos direitos humanos é contada de forma delicada e com ótimas interpretações de um elenco bem escalado. 


Herbert de Souza era um homem que sempre tinha pressa. De agir, de ajudar, de transformar vidas, de viver. Um herói brasileiro conhecido por muitos, mas nem sempre reconhecido. A história pessoal do sociólogo e o legado social que contribuiu para o país são as vertentes da série protagonizada por Júlio Andrade e criada por José Júnior, com direção geral de Lipe Binder. O trabalho impressiona principalmente pelo processo de caracterização do ator, feito por Martín Macías Trujillo, que o fez ficar tão parecido com Betinho a ponto de ser visto como um filho real do ativista. 

Em oito episódios, a obra dramatúrgica biográfica retrata a luta de Herbert por grandes causas sociais, em especial o combate à AIDS e à fome, e resgata momentos importantes da vida do homenageado entre os anos 1960 e 1990, intercalando imagens de diferentes fases de Betinho.

Na adolescência, é o ator Antonio Haddad, o Marcinho da série "Os Outros", quem interpreta o mineiro de Bocaiúva. Em seu caminho, o ativista enfrentou a AIDS, a ditadura militar, a hemofilia e tantos outros obstáculos pessoais, mas escolheu a fome da população como seu principal inimigo, fundando a Ação da Cidadania Contra a Fome, a Miséria e Pela Vida, a maior campanha de solidariedade do Brasil, que completa 30 anos em 2023. A organização também reconhecida pelo Natal Sem Fome, um dos projetos parceiros do "Para Quem Doar" (https://www.paraquemdoar.com.br), plataforma criada pela Globo em abril de 2020 para conectar pessoas com organizações de todas as regiões do país que trabalham para combater e amenizar diferentes impactos sociais na vida da população em situação de risco e vulnerabilidade. 

Depois do exílio político de oito anos no exterior, a luta de Betinho por justiça social foi ainda maior. E seu legado e representatividade serviram de inspiração para muitos movimentos sociais, incluindo o AfroReggae, projeto idealizado há três décadas por José Júnior, criador da série, que revela um lado pessoal pouco conhecido do ativista, a partir de uma trama familiar no centro da narrativa, costurada por eventos históricos, como a campanha das Diretas Já. Entre as locações, a trama passeia por lugares simbólicos da trajetória do homenageado, como as ruas da capital paulista e a igreja da Candelária, no Rio de Janeiro. 

A série contou ainda com a participação ativa da família de Betinho, em especial Daniel Souza, seu filho, um dos consultores e produtor associado da obra. Na produção, é o ator Filipe Bragança quem revive a relação entre o filho e o pai ao interpretar Daniel. A séria traz ainda outros personagens que fizeram parte do convívio do sociólogo, como Dona Maria, mãe do protagonista, interpretada em diferentes fases por Silvia Buarque e Walderez de Barros. Já Ravel Andrade encara uma inusitada irmandade dentro e fora de cena com Julio Andrade: irmãos na vida real, eles contracenam como os também irmãos Chico Mário e Betinho. Outro irmão de Herbert de Souza que ganha destaque na trama é Henfil, cartunista, quadrinista, jornalista e escritor brasileiro, personagem de Humberto Carrão. No campo afetivo, Leandra Leal é Irles Carvalho, primeira mulher do sociólogo e mãe de Daniel; e Julia Shimura é Maria Nakano, sua companheira até o fim da vida e mãe de seu segundo filho, Henrique. 

Outras figuras reais marcam presença na trama, como Atila Roque (Michel Gomes) e Carlos Afonso (Luiz Bertazzo), grandes parceiros de Betinho na luta pelos direitos humanos no IBASE (Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas), fundado em 1981 pelo sociólogo e por Carlos e Marcos Arruda (Higor Campagnaro); Nádia Rebouças (Andréia Horta), publicitária e ativista ssocial com relevante atuaçção ao lado de Betinho na luta contra a miséria; Terezinha Mendes (Sirlea Aleixo), amiga do homenageado e criadora do slogan "Quem Tem Fome, Tem Pressa"; e dois grandes ícones da cultura popular brasileira, Elis Regina (Elá Marinho) e Chico Buarque (Mouhamed Harfouch). 

Criado por José Júnior, com roteiros de Alex Medeiros, Sergio Machado, Armando Praça, George Walker, José Júnior, Manaíra Carneiro e Rafaela Camelo; redação final de Alex Medeiros; direção de Lipe Binder e Julio Andrade; e direção geral de Lipe Binder, a série é produzida pela AfroReggae Audiovisual, em parceria com a Formata Produções e Conteúdo e o Globoplay. Uma produção que mescla entretenimento e muita informação com coesão e delicadeza. Todo mundo deveria ver. 

16 comentários:

chica disse...

Interessante série! Um abração,m tudo de bom,chica

Fá menor disse...

Parece bem interessante.

Outsiders disse...

O AfroReggae Audiovisual, em parceria com a Formata Produções e Conteúdo, tem feito um trabalho exemplar em explorar nossa história recente.

A série limitada fala sobre um dos personagens mais íntegros e admiráveis do Brasil, exemplo de luta, resiliência e coragem, Betinho, o eterno irmão do Henfil, imortalizado pela música famosa de João Bosco e Aldir Blanc. Dá gosto assistir a história desse cara, ainda mais com um trabalho tão delicado de direção e roteiro e a interpretação impressionante de Júlio Andrade.

Confesso que não conhecia toda a história dele; e que ser humano extraordinário! E o mais legal a TV do Brasil fazer séries de pessoas reais é o rico acervo documental que eles conseguem inserir nas séries, com imagens de reportagens e acontecimentos da época.

Gostei porque não é daquelas biografias chapa-branca dos documentários e séries limitadas.

Mostra que um ser humano normal que acerta e erra pode fazer a diferença... isso serve para todos nós.

Por mais Betinhos no mundo!

Corram e assistam!

Marly disse...

Vou me esforçar por assistir a esta série. Betinho foi uma figura importante e até histórica, que continua inspirando e fazendo falta.

Beijão

Monique Larentis disse...

Muito legal, e mesmo com poucos capítulos acho que deve dar para conhecer muito da história desse personagem que marcou o Brasil.

www.vivendosentimentos.com.br

izabel disse...

Que série rica! lindíssima história, super emocionante e uma aula de história do Brasil! Imprescíndivel para quem viveu e para quem não viveu aquele período.

Sem dúvida, uma das melhores séries da atualidade. Elenco estelar e nota 1000 para Júlio Andrade. 👏🏼👏🏼👏🏼👏🏼👏🏼👏🏼👏🏼👏🏼👏🏼

Anônimo disse...

Ótima série! Importante sua crítica pra dar mais visibilidade.

Camila Nere disse...

Sérgio, eu vi “Betinho "quando saiu e gostei bastante. Confesso que não conhecia ele. Foi legal ver alguns atores de “Sob Pressão" nesse projeto. Eu me emocionei bastante. Ao mesmo tempo que foi interessante ver toda questão política e social em tela. Foi desesperador e triste ver a negligência do Estado. E notar que precisou acontecer uma tragédia para mudar a política de doação de sangue no Brasil . Toda parte política e a luta dele e dos irmãos mexeram comigo

Sérgio Santos disse...

Bjs, Chica.

Sérgio Santos disse...

É sim, Fá.

Sérgio Santos disse...

Perfeito, Outsiders.

Sérgio Santos disse...

Vale a pena, Marly.

Sérgio Santos disse...

Dá sim, Monique.

Sérgio Santos disse...

Perfeito, Izabel.

Sérgio Santos disse...

Obrigado, anonimo.

Sérgio Santos disse...

Exatamente, Camila.