A Globoplay estreou "Shippados" em junho de 2019, exclusivamente para os assinantes da plataforma. Foi o último trabalho da saudosa escritora Fernanda Young, em parceria com seu marido, Alexandre Machado. A autora faleceu dois meses depois. Mas encerrou sua trajetória com uma ótima produção. A história protagonizada por Tatá Werneck e Eduardo Sterblich, agora, estreou na grade da Globo, quase dois anos após o lançamento em seu serviço de streaming.
Como os erros foram bem menos numerosos que os acertos, é evidente que os escritores têm um currículo televisivo admirável e "Shippados" entrou para a lista de seriados bem-sucedidos. A história protagonizada por Rita e Enzo ---- o 'shipper' 'Rizo' não é obra do acaso ---- mistura momentos essencialmente cômicos com outros depressivos de forma hábil e inteligente.
Aliás, é possível afirmar que essa é a trama mais dramática da dupla, onde o humor é quase uma consequência dos problemas emocionais dos 'mocinhos'.
O divertido é justamente acompanhar o nascimento do amor de duas pessoas que costumam ser ignoradas em uma sociedade que busca a perfeição ou o chamado "padrão de beleza e comportamento". Os dois fogem de todas essas caraterísticas. Ela é uma jovem depressiva que grava vídeos no You Tube falando de sua pouco atrativa rotina. Vive em um pequeno apartamento completamente bagunçado com a mãe, a controladora Dolores (Yara de Novaes). Ele é um nerd infeliz, adepto de teorias da conspiração, que mora com um casal que pratica o nudismo 24 horas (Brita - Clarice Falcão e Valdir - Luis Lobianco).
Os protagonistas se conhecem por conta de uma infelicidade em comum: a decepção com o aplicativo de encontros. Ambos enfrentaram inúmeras humilhações e nunca conseguiram um segundo encontro ---- os pretendentes costumam fugir no primeiro mesmo e é o que acontece logo no começo. Como ficaram sem seus respectivos pares, Rita e Enzo começaram a interagir e se identificaram com suas frustrações. Obviamente, a aproximação se transforma em um sentimento maior e uma relação acontece, o que resulta em um conjunto de situações constrangedoras, engraçadas e até sensíveis. Há ainda uma preocupação com o arco dramático de Rita, que inicia uma busca pelo seu pai e o fato impede que a série caia na repetição.
Tatá Werneck está perfeita e conseguiu incorporar o tom naturalmente depressivo da personagem, respeitando os instantes dramáticos de Rita e a diferenciando de seus papéis mais escrachados das novelas. A graça da menina não está na piada e sim na forma como se expressa. Já Eduardo Sterblich interpreta um sujeito quase bipolar e sua parceria com Tatá funciona plenamente. Até porque os dois são mestres na arte do improviso e fica claro que usam essa habilidade com frequência. Tanto que muitas vezes fica difícil saber quando o absurdo dito por eles está no texto ou não. É visível, ainda, como ambos riem de verdade um do outro em algumas cenas. Isso é ótimo. Juntá-los em uma produção foi um acerto. A trama ainda conta com outros bons nomes no elenco, como Júlia Rabello (Suzete) e Rafael Queiroga (Hélio), vivendo um casal que se junta aos personagens mais para frente.
Dirigida com competência por Patrícia Pedrosa ---- que imprime um tom contemplativo apropriado para a trama ----, "Shippados" é uma comédia romântica que foge do convencional e proporciona bons momentos para o telespectador. Alexandre Machado e Fernanda Young voltaram inspirados e criaram uma espécie de Rui e Vani ("Os Normais") da nova geração. O último trabalho da ácida autora não poderia ter sido melhor e finalmente chegou ao grande público.
12 comentários:
E não deu outra: mais uma ótima série com o inconfundível texto de Alexandre Machado e Fernanda Young. E, com a exibição de toda a primeira temporada na Rede Globo, já deixa o grande público ávido pela estreia da segunda.
Guilherme
Essa série é mt gostosinha.
Reze este Rosário! Pela Meditação das Mensagens, encontrareis e compreendereis os motivos de Rezar o Rosário Sempre, até faze-lo todos os dias. A Paz esteja contigo!
Melhor papel da tata werneck na minha opiniao
Até hoje nao me conformo com a morte besta da Young.
Ainda não vi a série, mas fiquei curioso com sua resenha.
Bom fim de semana!
Jovem Jornalista
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Até mais, Emerson Garcia
Verdade, Guilherme.
Muito, anonimo.
Bjs, Maria.
Ela foi mt bem mesmo.
Nem eu, anonimo.
Veja, Jovem!
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