Gilda é o perfil mais complexo da história e o mais atrativo. Sócia de Saulo (Selton Mello) no empreendimento em torno da construção do edifício comercial que desabou, a empresária demonstra uma frieza assustadora diante dos negócios e toda a sua conduta em torno do resultado trágico que a ambição do sócio ocasionou desperta nojo. Ela simplesmente ignora a dor das vítimas e só pensa em se safar das investigações da polícia, deixando de lado qualquer moralidade.
A influente mulher faz questão de incriminar um inocente ---- o passional Newton (Enrique Diaz) ----, sem pensar nas consequências, e ainda despacha todos os funcionários contratados irregularmente para evitar o flagra da imprensa.
Em contrapartida, seu lado humano é exposto quando está sozinha, pensando na morte de Saulo, fruto de seu amor platônico. Seus raros momentos de choro ocorrem justamente quando está sentindo falta do sócio (ou melhor, comparsa).
Porém, sua face mais frágil também se expõe nas horas que está com o pai, vivido pelo magistral Emiliano Queiroz. Internado por ela em uma clínica de repouso, o idoso apresenta claros sinais de demência em meio a instantes de lucidez. O quarto dele serviu de esconderijo para as plantas que provavam a inocência de Newton por uns dias e Gilda até tentou levar o pai em sua fuga, mas o plano fracassou por causa da instabilidade dele ---- por uns instantes ficava agressivo e em outros se desnorteava totalmente. E esse fracasso lhe doeu muito. A cena em que a personagem levou o pai de volta para a clínica evidenciou a sua tristeza.
Débora se entregou do primeiro ao último minuto da trama, valorizando todas as nuances desse riquíssimo perfil. Despertou ódio quando Gilda fez de tudo para se safar da polícia, provocou piedade na hora que chorou a perda de seu parceiro e emocionou nos instantes que passou ao lado do pai. Ainda demonstrou com precisão a perplexidade da personagem assim que foi demitida pelo novo dono da empresa, evidenciando o fundo do poço que se encontrava.
A atriz nos últimos anos vem demonstrando um cuidado grande com seus trabalhos. Ela só tem participado de produções de imensa qualidade. Sua íntegra Lígia em "Sete Vidas" (2015), por exemplo, arrebatou o público, e sensibilizou com o seu belo romance com Miguel (saudoso Domingos Montagner) na linda novela de Lícia Manzo. Já a sofrida Elisa, de "Justiça" (2016), fez muita gente chorar com o calvário de sua vida, após a perda da filha em um chocante assassinato, no enredo de Manuela Dias. Isso citando apenas as produções mais recentes.
Não é uma surpresa aplaudir o talento de Débora Bloch. É uma profissional que costuma se entregar a todos os seus desafios e não é diferente em "Treze Dias Longe do Sol". Não por acaso os autores lhe presentearam com a personagem mais grandiosa da minissérie. Gilda não poderia ter ganhado uma atriz melhor. Aliás, vale ressaltar, ela estará em "Onde Nascem os Fortes", próxima trama das 23h que estreia em abril e com certeza brilhará novamente.
16 comentários:
Ela está maravilhosa mesmo e sempre foi uma atrizona!
essa é terceira vilã dela, né? Lembro de Salsa e Merengue e Cordel Encantado. Teve mais alguma?
Gostei muito dela em Caminho das Índias. Abraço!
Essa mulher é uma atriz de alto nível!!!!!Bom saber que estará em outra novela esse ano.
Sérgio, sou nova aqui no seu blog. Esse é só meu segundo comentário, mas eu tenho acompanhado todos os seus posts. Bom, só queria te parabenizar mesmo, suas análises são maravilhosas, concordo com quase tudo e o que eu discordo, sua argumentação me faz querer concordar kkkkkk. É sempre um prazer ler tudo que você escreve. E sobre Débora Bloch, todos os elogios são poucos, uma das grandes atrizes do nosso país.
Débora Bloch (Gilda), diretora financeira da construtora, com um pai doente e envolvida diretamente na obra desabada. Faz muito bem o seu papel.
Contudo existe outros papéis com destaque na trama, conseguem transmitir a emoção necessária para seus conflitos. Por exemplo, Fabrício Boliveira (o bombeiro major Marco Antonio) e um personagem que tem que enfrentar a resistência de seus superiores.
A Débora é maravilhosa!!! Também gostei muito dela em Caminho das Índias e Sete Vidas. Mas, pra mim, seu papel mais marcante foi a Elisa em Justiça.
Ah, vai acompanhar as novas reprises do Viva? de qual gosta mais? (Explode Coração, Sinhá Moça e Bebê a Bordo.)
Olá Sérgio
A Debora Bloch é excelente atriz e tem se destacado pelo cuidado com que escolheu os personagens dos últimos papéis em que atuou, imprimindo detalhes que fazem toda a diferença, sem falar na força de atuação e na arte com que interpreta!
Sem sombra de dúvidas é o grande destaque da série, com méritos e digna de aplausos.
Bjs Luli
Café com Leitura na Rede
Ótimo texto Sergio. Bloch é, sem dúvida alguma, o grande destaque dessa produção, é um prazer enorme poder estar acompanhando o talento dela durante as noites.
Sempre, anonimo.
Foi vilã em A Lua me Disse também, Raica.
É ótimo ela estar em outra produção msm, William.
Puxa, anonimo, que honra ler isso. Pois então venha mais vezes! E da próxima vez coloque seu nome. Fico feliz demais com o carinho. Beijão!!!
Daylightts, é verdade. O Fabricio também se destacou.
Débora, não cheguei a acompanhar nenhuma dessas novelas. Só o remake de Sinhá Moça mesmo. Vi alguns capítulos desse começo de Bebê a Bordo e realmente não curto esse estilo do Carlos Lombardi...
Perfeita colocação, Luli. bjs
Prazer mesmo, Alinne.
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