terça-feira, 24 de setembro de 2024

Primeira fase de "Mania de Você" teve ritmo frenético, construções rasas e muitos cortes

 A primeira fase da nova novela das nove chegou ao fim nesta terça-feira, dia 24. João Emanuel Carneiro apresentou sua trama central com um ritmo frenético, o que causou uma sensação incômoda de correria e ainda agravada pelos inúmeros cortes realizados pela cúpula da Globo por conta da baixa audiência. O lado positivo foi a ótima direção de Carlos Araújo e o elenco que se entregou em sequências tensas e repletas de reviravoltas, mas o negativo foi uma superficialidade em várias situações consideradas importantes e passagens de tempo confusas. 


O melhor capítulo da primeira fase foi o da morte de Molina (Rodrigo Lombardi), impregnado com uma adrenalina que norteou todas as cenas até a catarse final, quando o poderoso empresário acabou misteriosamente assassinado. O primeiro ato foi uma encenação do vilão, que agradou Mércia (Adriana Esteves) com a desculpa de celebrar a relação dos dois. A governanta desconfiou das intenções do patrão e amante, mas ainda assim foi dopada por ele. Pouco antes de perder os sentidos, Mércia conseguiu enviar uma mensagem para Mavi (Chay Suede), que chegou à mansão do empresário na companhia de Luma (Agatha Moreira) a tempo de salvar a mãe. 

Quando voltou a si, Mércia afirmou que Molina tentou matá-la. Ainda fez revelações sobre o passado de Luma e Mavi, e confirmou que os dois não eram irmãos. Enquanto isso, Molina foi à Zontex e deletou todos os documentos comprometedores.

Assim que voltou para casa, ele foi confrontado por Mércia e Luma, que demitiu e expulsou o empresário da ilha. Uma cena em que todos brilharam, especialmente Agatha Moreira. O vilão saiu escoltado, mas já no píer, prestes a entrar no barco, conseguiu escapar, pegou a arma do segurança e seguiu rumo a casa de Viola (Gabz), a tornando sua refém com o intuito de estuprá-la. 

Os últimos acontecimentos levaram Mércia, Mavi e Rudá (Nicolas Prattes) à Zontex, onde Molina mantinha Viola sob a mira de uma arma. Rudá foi o primeiro a chegar e entrou em confronto com Molina, que deixou o revólver cair. Mércia veio logo depois e desligou os disjuntores do escritório. Mavi e Luma chegaram em seguida. Sob o olhar dos quatro, Rudá e Molina lutaram no chão, até que a arma disparou duas vezes sem que ninguém tenha visto quem realmente atirou, o que tornou todos suspeitos. Foi uma cena de tirar o fôlego que resultou no melhor gancho da novela até o momento. Um instante catártico de respeito. 

No entanto, o ritmo apressado prejudicou a construção de muitas relações que norteiam a história, como a amizade de Viola e Luma e o amor entre Rudá e Viola. Levando em consideração que o arco central da história é iniciado por conta do rompimento de dois elos tão importantes, havia a necessidade de um maior cuidado na estruturação, até porque o autor ousou ao colocar os 'vilões' sendo traídos pelos 'mocinhos'. As aspas são necessárias porque tudo foi tão jogado de qualquer forma que grande parte do público está vilanizando os mocinhos e inocentando os vilões. Será que era a intenção do autor? Não há como saber, mas o fato é que não deu para comprar o amor gigantesco que Rudá e Viola passaram a nutrir um pelo outro. Os dois mal trocaram cinco frases e nem sequer tinham transado quando se viram perdidamente apaixonados. Também ficou um pouco forçada a cumplicidade tão grande entre Viola e Luma com apenas um mês de convívio. Se as duas ao menos tivessem se conhecido ainda crianças, haveria mais credibilidade no roteiro. E o que dizer de Luma ainda querer dar parte de uma sociedade em seu futuro restaurante para uma amiga que não conhecia nem por dois meses? Difícil de comprar, ainda mais quando essa amiga inicia um caso com o namorado da outra, onde ambos nem parecem sentir remorso. Ficou tudo superficial.

O pior é que os cortes promovidos pela Globo deixaram o conjunto ainda mais prejudicado. Segundo noticiado, foram dois capítulos inteiros jogados no lixo. O que estava corrido, ficou ainda mais atropelado. Foram tantas edições por conta do desespero da cúpula da empresa por conta da baixa audiência ---- o que nem é algo tão anormal assim, principalmente quando uma obra substitui um fracasso, como foi o caso do remake de "Renascer" ---- que alguns personagens até desapareceram sem explicações. Foi o caso da tia de Rudá, Moema (Ana Beatriz Nogueira), que nem teve qualquer cena sabendo sobre a fuga do sobrinho. O mesmo vale para o núcleo protagonizado por Ísis (Mariana Ximenes) e Berta (Eliane Giardini), cujos conflitos foram tão apressados que as mortes de Henrique (Antônio Saboia) e Guga (Allan Souza Lima) tiveram o impacto diluído. E depois que o amante de Ísis foi assassinado por Berta ---- em uma sequência que tinha tudo para ser grandiosa, mas acabou retalhada pelos cortes ----, parece que o enredo delas na primeira fase foi concluído porque desapareceram e nem no velório de Molina marcaram presença. As duas só voltaram no capítulo desta segunda-feira e com mais um arco jogado sem qualquer construção. Berta sentiu dor no peito, foi até o hospital e chegou a suspeitar que estava com um tumor. Ísis se animou com a possibilidade de herdar tudo da sogra, mas logo a médica revelou que a milionária estava com a saúde perfeita. Logo depois cortaram a cena. Qual o objetivo daquilo?

E a correria seguiu a todo vapor nos próximos acontecimentos, a ponto do telespectador ficar sem entender a cronologia da história. Rudá foi parar em Portugal, graças a uma armação de Mavi, e passou a trabalhar como um quase garoto de programa. O rapaz seguiu se comunicando com tia? Ele avisou que precisaria fugir? Porque do nada surgiu uma cena da caiçara angustiada por não ter recebido notícias do sobrinho e falando que não confiava no irmão de Rudá porque Iberê (Jaffar Bambirra) não tem caráter. Um irmão que mal apareceu. Viola teve uma ascensão meteórica no ramo da gastronomia. A mocinha foi contratada pela dona de um restaurante e logo na primeira semana de trabalho pediu um adiantamento para visitar Rudá em Portugal. Que chefe anteciparia o salário de um recém-contratado? A dela antecipou, mas a personagem caiu em uma armadilha de Mavi, que fingiu ser Rudá no WhatsApp e foi grosso com ela, o que bastou para Viola terminar a relação. Ela não pensou em ligar para ele? Enfim, foi tudo tão rápido que o contexto já controverso se mostrou ridículo. E, paralelamente, o público acompanhou Luma sendo feita de idiota por Mavi e assinando vários documentos sem ler. Mavi disse que viajaria com Mércia por uma semana e durante esse período vendeu a mansão de Luma e limpou todas as contas dela. Foi tão rápido que os compradores se mudaram para a casa e alteraram toda a decoração, o que deixou Luma em choque quando chegou ao local. Não existe mais burocracia no Brasil? Ou a venda demorou mais tempo e não foi em uma semana? Não houve qualquer explicação diante de tantas edições grosseiras. A rapidez também diluiu o impacto da descoberta sobre o verdadeiro caráter de Mavi. Para culminar, Luma ainda foi assaltada no Centro de São Paulo, o que aumentou a lista de desgraças em sua vida. 

Já a passagem de tempo, tão esperada pela cúpula da Globo, liderada por Amauri Soares, se mostrou uma decepção. Ficou tudo bastante aleatório. Difícil entender o motivo da emissora ter cortado tantas cenas para antecipar a segunda fase. Dez anos se passaram e não houve qualquer cena de transição ou algum clipe, como costuma ocorrer em qualquer folhetim. A última cena da primeira fase foi o irmão de Rudá conseguindo convencer os caiçaras a 'vender' a ilha deles para Mavi. Depois, surgiu uma imagem do resort do vilão construído com a mensagem na tela de 'Dez anos depois' e pronto. Quase todo mundo manteve o mesmo visual e nem parece que houve mudança cronológica. O telespectador mais desatento pode nem se dar conta. E várias incongruências no roteiro ficaram explícitas. Antes dos anos passarem, o pai de Viola a aconselhou a se inscrever em um programa de culinária na televisão. Mas a mocinha só surge na tal atração, apresentada por Claude Troisgos, dez anos depois e se consagrando vencedora. Demorou tudo isso para a sua inscrição? Após sua evolução na gastronomia, a personagem enfrentou dez anos de fracassos? Houve uma derrocada? Não teve sentido, assim como não deu para engolir a miséria de Luma. A herdeira de toda a fortuna da mãe não sabia que Berta e Molina eram sócios em vários negócios, além de amigos pessoais? Ela não procurou a ricaça em nenhum momento, contando tudo o que aconteceu? Tudo bem que faz parte do clichê uma situação do tipo, mas era necessária ao menos uma cena de Luma procurando Berta e sendo atendida por Ísis, por exemplo. A vilã, sim, poderia ter ignorado a patricinha e não ter dado recado algum para a sogra, o que seria coerente. E Rudá? Como escapou do prostíbulo? E o pai de criação de Mavi, (Nahum - Ângelo Antônio), por quem o rapaz aparentava ter tanto carinho? Ele enriqueceu e o pai nunca soube? O homem morreu? Foi esquecido em algum churrasco? Tudo pareceu irrelevante. 

Agora, a segunda fase começa e novos personagens surgem, o que provocará um maior dinamismo na história, que até o momento foi focada apenas na trama principal e uma paralela que é quase um complemento. O autor nunca foi bom em enredos secundários, mas tomara que esteja inspirado. Resta torcer para que os cortes vergonhosos parem de vez, aguardar os novos conflitos e o que João Emanuel Carneiro está planejando para o futuro dos protagonistas em "Mania de Você".

11 comentários:

  1. Com todo respeito do mundo, mas que novela ruim!

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  2. Sérgio na cena da Berta e Isis conversando sobre a Luma me pareceu que a Isis tem simpatia pela menina( mesmo ela sendo vilã) e não vai com a cara do Mavi. Achei muito ruim o desenvolvimento do Rudá e Viola realmente. Fico na dúvida se foi os cortes que prejudicaram ou se o autor foi apressado nessa parte. Vendo o capítulo de terça me deu um ódio do Mavi quando falou da Luma. Estou torcendo muito pra Luma ferrar com o Mavi bonito.

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  3. Penso que enquanto os autores estiverem especialmente focados na audiência e desesperados para 'prender a atenção do público' as obras seguirão rasas e desconexas, rsrs.

    Beijão

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  4. Decepcionada com os enredos e ganchos inverossímeis. Vejo o núcleo da Ísis, pra mim o mais interessante da novela, sem desenvolvimento, aleatório. A Ísis surgiu na casa do pai e da irmã do nada. A sogra não pergunta da família dela, tudo muito raso. A protagonista Viola é detestável, muito sem carisma e em 10 anos só tirou as tranças.

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  5. Fiquei alguns dias sem poder ver a novela e hoje consegui me atualizar, apenas para decidir droppar essa novela, ainda mais depois de ver os spoilers da novela, raiva viu? Gosto da Luma e odeio como o JEC está destruindo ela, é a típica mocinha sofredora e batalhadora que não se deixa abater, pena que o JEC prefere fazer a personagem de palhaça. 

    Está impossível ignorar quão mal construída essa história é, fica difícil se envolver com a história porque são várias situações sem sentido algum, além do que, os núcleos paralelos são tão desconexos da trama central que parece outra novela dentro da novela. 

    Cara, como a Luma ainda confia na Mercia depois de tudo? Ela ajudou o Mavi, sabia dos esquemas do Molina, sabia que o Molina matou o pai biológico dela, que ele roubava dinheiro dela, e a mona ainda acredita na Mercia? O JEC ESTÁ PENSANDO QUE O PÚBLICO É BURRO PARA ENGOLIR ISSO?

    A Viola continua uma sonsa cretina, ela não tem um pingo de lealdade à Luma, mas exige isso dela. Me irrita bastante como ela é sempre a dona da verdade e da razão quando ela é cheia de inconsistências. 

    O Rudá é outro sem função alguma nessa trama, o cara volta para o Brasil perigando ser preso, ao invés de voltar para provar a inocência, não, volta por causa da Viola, abandona a mulher que lhe ajudou quando ela está enfrentando uma barra com a mãe, e assim, o amor pela Viola é tão forte que bastou a Luma falar para ele as coisas que pronto...

    Temos também aquela trama horrenda da Ísis, pelo amor de Deus, que porcaria é aquela? Como uma mulher que já correu riscos, matando dois, se sujeita aquilo? E assim, se fosse lá para o final da novela, depois de aprontar muito, a Ísis ser obrigada a passar por tudo isso, seria ótimo, mas ela mal fez maldades para justificar ela nessa situação.

    Essa novela tinha potencial, só precisava ser melhor pensada, a Luma e a Viola sendo amigas de infância, Viola morando na praia junto do Ruda, o Molina odiando a filha dele ao lado dos trombadinhas, aos 14 mandando a Luma para uma escola na Europa, Luma voltando depois de ter graduado em uma universidade de economia, mas sempre tendo amor pela gastronomia e querendo se especializar nisso, quando volta ela descobre que Viola e Rudá estão namorando, Mavi chega na ilha, os dois se envolvem, mas ele fica obcecado na Viola, e aí a novela segue a história normal, só que com profundidade e desenvolvimento... Luma perdendo tudo, aquele cara que ela conheceu em SP se tornando um aliado, no estilo Patrick e Clara de O Outro Lado do Paraíso, Luma planejando sua vingança contra o Mavi... O JEC tinha a faca e o queijo na mão para entregar uma boa novela, pena que se perdeu totalmente, culpam a Bispa e os cortes, mas a história em si só já é mal construída. 

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