Com ótimo elenco e campeão justo, "BBB 24" foi um sucesso de audiência e repercussão

 A vigésima quarta edição do "Big Brother Brasil" chegou ao fim nesta terça-feira, dia 16, com tudo o que um bom reality precisa ter: ótimo elenco, boas rivalidades, entrega no jogo, polêmicas, barracos e o melhor: repercussão. Após duas temporadas fracassadas em sequência ("BBB 22 e 23"), Boninho voltou a sorrir com o "BBB" de volta na boca do povo, o que refletiu na audiência e no engajamento das torcidas. 

Mesmo diante dos problemas que a temporada teve, todos bem visíveis, é inegável que o "BBB 24" entra para a lista de melhores edições do reality. Não chegou nem perto dos fenômenos "BBB 20 e 21", que explodiram na época da pandemia, mas forneceu o que o fã do formato espera. Embora tenha repetido o erro de manter uma parte do elenco com famosos, os chamados "Camarotes", Boninho voltou a selecionar pessoas que realmente precisam do dinheiro e não querem apenas número de seguidores nas redes sociais para ganhar com publicidade. Isso fez toda diferença. 

O time "Pipoca" foi recheado de participantes carismáticos e que quiseram jogar sem maiores medos. O diretor só errou ao colocar 26 pessoas na casa para criar um início mais movimentado com várias eliminações por semana. O começo 'turbo' do "BBB" prejudicou o andamento do jogo porque o público não tinha tempo para conhecer quase ninguém e os paredões não causavam emoção alguma.

Tanto que é até difícil lembrar os nomes de todos que saíram naquela época. Não havia necessidade daquilo. Mas, após o período corrido, ficou visível o acerto na escolha do time de anônimos. Muitos logo caíram no gosto popular, como Davi, Beatriz, Fernanda e Pitel. 

Já os poucos famosos escolhidos (um número menor em comparação aos quatro anos anteriores) deixaram a desejar e tiveram uma trajetória vergonhosa. Todos se acomodaram na posição de 'plantas' e se agarraram na 'notoriedade' (uns nem com tanta assim) que tinham. Wanessa Camargo e Yasmin Brunet ficaram avulsas na casa e só se destacaram quando começaram a perseguir Davi gratuitamente. Wanessa ainda acabou expulsa em um episódio constrangedor que resultou em uma entrevista ainda pior no "Fantástico". Rodriguinho reclamava de tudo o que acontecia e fazia questão de dizer que não precisava estar lá dentro. Ainda proferia absurdos no quarto, principalmente a respeito da vontade que tinha em espancar Davi. Vanessa Lopes não fez nada de relevante e ainda sofreu um desequilíbrio emocional grave a ponto de ter apertado o botão da desistência pouco tempo depois, enquanto Vini nem merece ser citado por sua total irrelevância. A exceção foi Bin Laden. O cantor não teve medo de se expor e protagonizou barracos históricos com Davi, além de ter sido o responsável por quase todas as fofocas da edição, o que resultou em vários conflitos e mal entendidos ao longo dos meses. 

O dinamismo do jogo foi levando a uma disputa entre quartos, o que se tornou uma constante nas temporadas passadas. Mas Boninho foi inteligente em 2024. O diretor criou um terceiro quarto, o que fez diferença na hora da formação dos grupos e combinação de votos. Era uma embate entre quarto Fadas e quarto Gnomos, mas com o quarto Magia como um ponto de equilíbrio que tirava o jogo da obviedade. Tanto que os próprios participantes precisavam fazer movimentações para angariar aliados de todos os lados. O grupo dos Gnomos quase empatava com o Fadas, enquanto o chamado grupo Puxadinho (formado por pessoas que entraram através da escolha dos próprios participantes na primeira semana) era uma espécie de pêndulo. E tinha a dupla formada por Davi e Isabelle, que entrou junta por voto popular, mas nunca jogou em sintonia. 

O favoritismo de Davi foi sendo criado diante da perseguição gratuita que praticamente a casa toda tinha diante de suas atitudes. O baiano, no entanto, nunca foi santo. Tinha falas machistas e homofóbicas, e também fazia muita coisa para provocar seus rivais, o que fomentava um embate cada vez maior. Ainda teve contradições visíveis ao longo de sua jornada, como exigir lealdade ao mesmo tempo que ofereceu uma troca de imunidade (que ele nem tinha) a Alane para poder entrar no grupo Fadas, o que deixou Isabelle vulnerável. Só que Isabelle sempre foi uma jogadora omissa e ele no fundo sabia que não podia contar muito com ela em votações. Ele sempre quis jogar em grupo, mas não tinha abertura em nenhum. Porém, amava discursar contra a combinação de votos depois que viu que levou nove votos na casa. Só que quando teve a oportunidade de votar em grupo, não pensou duas vezes. E a oportunidade surgiu quando Deniziane foi eliminada no paredão emocionante com Fernanda. Ela era o muro que impedia sua aproximação com Matteus, Alane e Beatriz. A saída da participante abriu a porta para a sua entrada definitiva no Fadas. Davi tinha como maior objetivo estar no grupo que considerava o mais forte e conseguiu. Todas essas movimentações foram deliciosas de acompanhar, assim como as jogadas dos Gnomos, liderados por Fernanda, que conseguiu formar uma ampla maioria graças aos convites Vips em uma de suas lideranças. Comprou uma parte de seus aliados com jujubas e chocolates. A sua comemoração com Pitel, vitoriosas depois que viram que a jogada com Giovanna, Raquele e Michel tinha funcionado, foi impagável. 

Porém, enquanto o jogo se encaminhava, a produção foi cometendo erros crassos. A temporada foi marcada por muitas situações que foram questionadas nas redes sociais. A inércia diante do surto de Vanessa Lopes, por exemplo, que deveria ter sido retirada do programa ou ao menos consultada por médicos, mas preferiram esperar a garota apertar o botão. A bronca ao vivo em Leidy foi o ato mais vergonhoso da edição. Aquele sermão do Tadeu Schmidt por causa de roupas jogadas na piscina? É crime por acaso? Ela que enfrentasse o julgamento do público, como de fato enfrentou no paredão. A produção ter se metido foi ridículo. Isso depois da própria Leidy ter ido ao confessionário e perguntado se podia jogar as roupas. Houve uma permissão involuntária quando afirmaram que era proibido apenas agredir. Esfriou a temperatura do jogo na hora e expôs o favoritismo do Davi. E por que interviram quando Davi tentou jogar um balde de água na cama da Leidy? Medo dele ser expulso? Aliás, as falas do Rodriguinho, sim, mereciam uma intervenção da direção ou do apresentador. O cantor declarou que tinha vontade de espancar o Davi, dar um murro na boca, enfiar uma estaca, quebrar uma cadeira nele. Dizer isso durante um acesso de raiva é compreensível porque todo mundo é humano, mas no caso dele era uma constante. A proteção aos Camarotes, aliás, era escancarada a ponto da equipe ter chamado Yasmin Brunet ao confessionário para impedi-la de perder estalecas de propósito e assim levar o grupo todo ao "Tá com Nada". Desde quando se tornou uma regra uma proibição do tipo? O objetivo era evitar que a participante ficasse ainda mais odiada pelo público. Também é preciso mencionar a proteção ao grupo Fadas. Beatriz tentou invadir o palco dos artistas que se apresentavam várias vezes e nunca recebeu uma punição severa. Só foi chamada atenção quando os próprios participantes começaram a questionar o favorecimento. E como o apresentador não repreendeu Alane ao vivo por conta de uma falsa acusação de assédio? 

Em relação ao programa em si, o quadro "Fanfic BBB" foi o maior êxito da temporada. As montagens, memes, situações, enfim, tudo ali atingiu o objetivo de divertir o público. A contratação de Marcos Veras pareceu um equívoco inicial, mas foi se mostrando um acerto ao longo das semanas. A ideia de colocar um famoso na casa enquanto os participantes ficavam trancados do lado de fora foi uma ideia simples e que funcionou. Ary Fontoura, Susana Vieira, Nany People, Lázaro Ramos, Deborah Secco e Sabrina Sato, que foi derrubada por Bia e Alane em um dos momentos mais lembrados da temporada, foram algumas das figuras que marcaram presença. Já o quadro de Luís Miranda fracassou, apesar do talento do ator. Os comentários e as entrevistas com os eliminados não tinham graça e algumas vezes constrangiam. Deu saudades de Paulo Vieira com sua acidez. E a respeito das dinâmicas clássicas no jogo, mais uma vez falharam na exploração do Big Fone, que tocou muito menos que o esperado e o pior de tudo foi o castigo do Monstro. A falta de criatividade impressionou. Todos os castigos tiveram a mesma resolução: os dois escolhidos eram fantasiados e precisavam dançar fora da casa quando tocava uma música. Jura que não conseguiram pensar em nada diferente durante 4 meses? No entanto, o "Sincerão" no lugar do "Jogo da Discórdia" foi uma novidade interessante. Com menos pessoas participando, houve um melhor aproveitamento do tempo e não diminuiu o conflito. 

A final contou com a presença de Davi, Matteus e Isabelle, mas seria bem mais justo se Davi estivesse ao lado de Beatriz e Fernanda ou Alane que tiveram bem mais relevância e movimentações no jogo do que Matteus e Isabelle, que só chegaram lá porque o elo com o favorito não ficou estremecido nas últimas semanas. Davi viu que Bia podia ser um risco ao seu prêmio e tratou de limá-la do jogo quando a escolheu como alvo a chamando de egoísta e relembrando todos os defeitos que os rivais apontavam na vendedora, que não teve inteligência emocional para lidar com as críticas de seu então amigo e aliado. O público comprou a briga e a eliminou em um paredão contra Isabelle e o próprio Davi. Mas a vitória de Davi foi merecida. Um participante que pensou o tempo todo em jogar e soube mexer as peças sempre a seu favor. Nunca ficou apagado ao longo do programa e se metia até na briga dos outros para sobressair. Davi ganhou com 60,52% dos votos, enquanto Matteus ficou em segundo lugar com 24% e Isabelle em terceiro com 14%. Os índices coroaram a festa: 27 pontos de média, sete pontos a mais que a média do fracassado "BBB 23", que chegou a 19,5 pontos ano passado.

O "BBB 24" fechou seu ciclo de forma vitoriosa, após dois anos de pouca audiência e baixa repercussão. Apesar dos altos e baixos, foi uma temporada excelente e com muitas figuras que ficarão eternizadas na história do programa, como Davi, Fernanda e Beatriz do Brás. O Brasil do Brasil. O fã de reality não tem muito do que reclamar do saldo geral da vigésima quarta edição do "Big Brother Brasil". Foi um bom entretenimento.