quarta-feira, 26 de abril de 2023

Após uma avalanche de polêmicas, "BBB 23" chega ao fim marcado pelo fracasso

 A vigésima terceira edição do "Big Brother Brasil" chegou ao fim com uma audiência ainda menor que a exibida ano passado, que já tinha apresentado uma queda significativa em relação aos fenômenos "BBB 20 e 21". Claro que a temporada do ano passado teve como reflexo o início do fim da pandemia, o que implicou em mais gente na rua. Mas o "BBB 23" não melhorou os índices e a escolha do elenco, em sua grande maioria, se mostrou tão fraca quando a do ano passado. Para culminar, várias polêmicas cercaram a atração a ponto de cancelarem o "BBB 101", que marca o reencontro do elenco na casa, inaugurado no "BBB 21". 


A primeira situação que provocou repercussão negativa no reality foi a relação abusiva entre Gabriel Fop e Bruna Griphao. A forma como o rapaz agia com a então ficante vinha despertando cada vez mais incômodo até colocar a mão fortemente no ombro dela e no mesmo dia dizer, durante uma discussão, que 'daria cotoveladas' na boca da atriz. O comentário provocou uma intervenção de Tadeu Schmidt, que o repreendeu ao vivo e diante dos demais concorrentes. Por mais absurdo que pareça, após a represália, Fop chegou a exigir que Bruna falasse para todos que ele não tinha feito nada demais. 

No entanto, a polêmica expôs que o público estava bastante tolerante na atual edição. Tanto que Gabriel foi eliminado com 53,3% em um paredão triplo, índice que nem configura rejeição. Ou seja, parte votante da audiência nem achou grave o que aconteceu. Mas ainda era só o começo, tanto no quesito acontecimentos pesados quanto na benevolência do público diante de tudo o que era mostrado.

Fred Nicácio sofreu intolerância religiosa de Gustavo, Key e Cristian. Ninguém na casa soube a respeito do acontecido porque, ao contrário do que fez com Fop, o apresentador foi mais sutil na represália: disse apenas para Fredão contar mais sobre a sua religião, o Culto de Ifá, e ressaltou a importância da diversidade religiosa. Os três responsáveis pelo preconceito perceberam na hora que era sobre eles, já os demais não. No entanto, somente Gustavo saiu com rejeição (71,7%), já Key (56,7%) e Cristian (48,3% ) não. Aliás, Cristian teve a menor porcentagem para sair da temporada. 

E ninguém tinha ideia que ainda tinha muita água (poluída) para rolar no "BBB 23". Ninguém entendeu quando Boninho escolheu Key para participar do intercâmbio. Foi uma premiação mesmo depois de tudo o que fez no reality. A jogadora de vôlei foi para "La Casa de Los Famosos", reality do México, enquanto Dânia Mendez veio para o "BBB". Era o início de um pesadelo para a mexicana. A influenciadora teve sua mochila revirada por Marvvila e Fredinho assim que botou os pés na casa e durante a festa foi tocada por MC Guimê e importunada por Cara de Sapato. Os dois foram expulsos no dia seguinte com um anúncio ao vivo de Tadeu, o que chocou todos os participantes. Agora ambos são investigados pela Polícia Civil do Rio de Janeiro por assédio e importunação sexual, respectivamente. A atitude da produção foi correta, mas a covardia de colocar a dupla oficialmente como 'eliminada' (o que garante os prêmios faturados, assim como o contrato com a Globo) foi lamentável. Era para ter sido uma expulsão também no papel. 


A saída de dois jogadores provocou uma estratégia desesperada de Boninho para garantir a duração do programa até o dia 25 de abril: uma repescagem. A decisão provocou uma avalanche de críticas, mas a volta de Fred Nicácio e Larissa movimentou o jogo. E foi bonita a constante exaltação de Fred a respeito da representatividade preta na temporada, o que resultou em uma das mais bonitas imagens da edição: uma foto com todos os pretos reunidos. Pena que nada disso teve qualquer efeito popular diante do favoritismo de Amanda, que virou a queridinha de parte do público por conta do casal inexistente formado com Cara de Sapato. Favoritismo que arrastou Larissa, Bruna e Aline junto com a médica. Aline porque sempre foi a melhor amiga da participante e as outras duas porque passaram a bajulá-la depois que Lari voltou falando da força da torcida que a médica tinha ao lado do lutador expulso.  


O racismo estrutural foi mais uma polêmica da temporada. Era algo escancarado, apesar de aparentes 'sutilezas'. Bruna era uma pessoa agressiva e reativa que não sabia ouvir e nem ser contrariada. Não por acaso, brigou com vários participantes na casa. No entanto, Tina, que tinha um temperamento parecido, mas bem mais moderado, foi colocada como agressiva pelos demais e parte do público, tanto que não resistiu ao primeiro paredão e foi eliminada com mais porcentagem que Gabriel Fop, por exemplo. Ricardo Alface, Domitila Barros, Fred Nicácio, Cezar Black e Sarah Aline nunca podiam reagir aos ataques nos jogos da discórdia porque sempre eram classificados como agressivos, maldosos, e opressores. 


No caso de Facinho, durante duas discussões sérias com Bruna, foi chamado de desequilibrado e 'pessoa ruim'. Já a situação protagonizada por Black foi a mais repugnante da temporada. O enfermeiro foi atacado por Bruna e Aline porque se indignaram quando ouviram atrás da porta o participante falando que Larissa voltou orientada por uma assessora. As duas o ofenderam de várias formas e ex-cantora do Rouge insinuou que havia o risco de uma agressão. Isso porque Black exigiu ser respeitado. Teve que ouvir "OU O QUE?" como se tivesse imposto uma condição, o que não ocorreu. Mas qual foi a resposta do público diante de todas as situações assistidas? Nenhuma. Black foi eliminado um dia após o momento em que foi humilhado e Sarah saiu pouco tempo depois, perdendo um duelo de votação contra Bruna. 


O reality terminou de ser enterrado com a eliminação de Domitila Barros, a única que tinha favoritismo fora do grupo chamado 'desértico'. Foi eliminada pela torcida da Amanda, mesmo sem ter qualquer embate com a médica na casa. A torcida decidiu adotar Larissa, mesmo sabendo que a bajulação era falsa. A última 'vítima' foi Ricardo Alface, que fez jogo duplo e protagonizou vários momentos marcantes da temporada. Já a dona do quarto lugar foi Larissa, que morreu na praia mesmo depois de ter feito de tudo para grudar em Amanda e assim beliscar uma vaguinha na final. Já o último paredão expôs o fracasso do "BBB 23". Foram míseros 22 milhões de votos contra 236 milhões no "BBB 20", 514 milhões no "BBB 21" e 278 milhões no já fraco "BBB 22". 


A final foi insossa, o que acabou representando bem a reta final decepcionante da edição. Com os eliminados e os cantores convidados para o show em um estúdio junto com o apresentador, as finalistas viram os VTs e o constrangimento acabou inevitável diante das piadas ferinas de Paulo Vieira e Dani Calabresa ridicularizando a temporada e as escolhas de parte do público. Já o anúncio da campeã teve um Tadeu exaltando o trio e premiando Amanda, que se consagrou vencedora com 68,9% dos votos, de um total de pouco mais de 76 milhões de votos, um fiasco histórico ----- citando apenas as duas últimas edições: 751 milhões de votos no "BBB 22", que premiou Arthur Aguiar, e 633 milhões de votos no "BBB 21", que consagrou Juliette. 


O "BBB 23" chegou ao final com a marca do fracasso e não tem como afirmar que não foi merecido. Até a audiência foi a menor da história do reality ---- 20 pontos (em nível comparativo, a final do "BBB 22" teve 26 pontos e a do "BBB 21" marcou 34 pontos). Boninho e a produção do programa não têm culpa das decisões controversas do público, ou parte dele, mas houve cumplicidade em diversas situações. A forma como protegeram as atitudes de Bruna classificando como fruto de 'autenticidade', os péssimos discursos de Tadeu Schmidt ---- que só fez elogios genéricos a todos e escondeu qualquer crítica mais enfática ----, a repescagem de última hora e as expulsões classificadas como meras eliminações ajudaram a destruir o conjunto da temporada que já vai tarde. 

13 comentários:

  1. "Quer ganhar o BBB? Seja uma planta!"

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    1. e porque o nicássio não ganhou dps que voltou na 2x? uar

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  2. Fiz uma boa escolha de não ter assistido essa edição então.

    Boa semana!

    O JOVEM JORNALISTA está no ar com muitos posts e novidades! Não deixe de conferir!

    Jovem Jornalista
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    Até mais, Emerson Garcia

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  3. Vou ser sincera, no início, justamente nas edições de maior sucesso, eu não me interessava pelo BBB. Achava mesmo uma tolice alguém desperdiçar tempo vendo um bando de pessoas comuns interagindo de forma... torta, rsrs.
    Porém, uma moça, de um blog que eu seguia, adorou o programa e passou a comentá-lo.
    Foi aí que eu vi o grande trunfo de um programa desse: a possibilidade de a gente "ver" os processos mentais das pessoas, a moral de cada uma delas (expressa, por exemplo, nos preconceitos, na integridade, no oportunismo, etc.) a habilidade (ou não) de lidar com desafios, decepções e frustrações. E tudo combinado com um esforço para ganhar o jogo.
    Daí eu tive que admitir, para mim mesma, que isso é interessante, rsrs.
    Mas esse último BBB foi muito caótico e careceu de pessoas mais ativas.

    Beijão

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    1. Terei que discordar de vc, o elenco estava disposto. A edição que em sua tentativa de passar pano para os camarotes que falhou grandemente pra costurar as narrativas. Tentaram resgatar a fórmula do início do programa enaltecendo casais, esmo os almas sebosas, e ignoraram narrativas e personagens importantes.

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  4. Ainda não sei bem como há pessoas que se prestam a essas cenas ridículas...

    Bom fim-de-semana!

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  5. Eu sou viciado em BBB, Marly, mas esse foi ruim demais...

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  6. Baseado na sua review, o fundo do mar deveria tá numa igreja, de tão imaculados e sem erros que foram. por isso morreram todos, deveriam ter ido pra tv aparecida kk

    (menos vc, Sarah, vc realmente jogou diferente do abominável Fred Nicácio)

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