A novela das seis da Globo carrega todos os bons clichês de um folhetim. Não por acaso tem sido tão gostoso acompanhar "Além da Ilusão". E os personagens, em sua maioria, são bem construídos. Há um em especial que desperta uma avalanche de sentimentos em quem assiste: Matias. É um tipo de papel que fracassaria nas mãos de um ator medíocre. Mas não é o caso. Antônio Calloni está irretocável.
No início da história, Matias era um juiz que tinha adoração por Elisa (Larissa Manoela), sua filha mais velha. Até então, era apenas um pai enérgico que não aceitava ver a herdeira namorando um mágico sem futuro. No entanto, aquele sujeito foi ficando cada vez mais obsessivo até chegar ao ponto de assassinar a própria filha acidentalmente. Isso porque queria matar Davi (Rafael Vitti), seu futuro genro. Minutos depois do crime, já planejou e botou em prática uma estratégia para incriminar o mocinho. Conseguiu. Para culminar, ainda culpou a filha caçula, Dorinha (Sofia Budke), uma criança, pela morte da irmã.
Pelo conjunto de atrocidades relatadas ficaria impossível sentir qualquer compaixão por Matias. Porém, o peso na consciência pelo crime cometido foi tão avassalador que o personagem desenvolveu esquizofrenia, doença que até hoje não tem cura, mas que na época, entre 1934 e 1944, tinha ainda menos recursos disponíveis para um tratamento digno.
O juiz foi desenvolvendo um processo de demência que o deixou totalmente fora da realidade com pequenos lapsos de sanidade. Já os surtos foram ficando cada vez mais frequentes e toda a transição do personagem foi defendida com brilhantismo pelo ator.O olhar perdido, a fala mais vagarosa, o andar manco pela dor no joelho que foi a causadora do tiro acidental dado em Elisa, enfim, Antônio Calloni compôs com detalhismo a nova condição de seu personagem. E o talento do intérprete é tanto que conseguiu despertar empatia no telespectador. Por alguns instantes foi possível sentir pena de Matias e não repulsa. As cenas do ator com Eriberto Leão são repletas de sensibilidade porque Leônidas é o único que tem paciência para lidar com o marido de Violeta (Malu Galli) e acabou virando um amigo.
No entanto, o personagem volta a ser repulsivo nos raros momentos de lucidez, vide a impactante sequência em que Matias revelou a Heloísa (Paloma Duarte) que se lembrava que era o pai da filha que a obrigou a dar para adoção. Um dos momentos mais fortes da trama e que expôs um 'plot' até então bem camuflado. Calloni deu um show ao lado de Paloma. E sempre se destacando, tanto em situações sensíveis quanto em instantes de pura maldade. Vale lembrar também que o racismo do juiz ficou evidente quando ameaçou Augusta (Olívia Araújo) para impedi-la de defender Davi no tribunal e no momento que recusou ser internado em um manicômio por um médico negro. Ou seja, o perfil é um poço de falhas de caráter imperdoáveis.
Recentemente, o personagem protagonizou outro surto quando viu Isadora na cama com Rafael. O ex-juiz não sabe que o mágico está fingindo se passar por outra pessoa, mas a situação idêntica ao trágico momento da primeira fase, que resultou na morte de Elisa, provocou um caos na mente de Matias e Calloni teve mais uma oportunidade de brilhar. É um dos atores mais viscerais do elenco. Nada mais apropriado do que estar com o papel mais complicado de ser interpretado na história. Até porque havia um risco de cair na caricatura por conta dos exageros necessários para a condução do personagem. Mas não caiu e vem dominando todas as cenas.
Antônio Calloni é um profissional que sempre faz jus aos constantes elogios que recebe a cada trabalho. Não tem sido diferente em "Além da Ilusão". Vale até mencionar a reprise de "O Clone", no "Vale a Pena Ver de Novo", recém-encerrada, onde também fez bonito na pele do carismático Mohamed. É um prazer vê-lo em cena.
Ele está fenomenal.
ResponderExcluirO Antonio Calloni está fazendo um trabalho espetacular. Difícil assistir à cena e não comentar. Que Artista, Sérigio, que artista! É um presente para nós, o público, poder acompanhar um desempenho tão visceral. Na minha humilde opinião, ele merece todos os prêmios por esse personagem. Já estamos no capítulo cem e eu ainda continuo impressionada com o trabalho que o Calloni vem fazendo. Dá para saber quando o Matias está mais lúcido e quando está em uma realidade paralela pelo olhar do personagem. Eu acho que mesmo se eu escrever um comentário de dez páginas a respeito da atuação do Calloni, ainda será isuficiente para expressar o que sinto. Grandioso! Surreal! Brilhante! De aplaudir de pé!
ResponderExcluirHoje foi o último capítulo da novela,confesso que me peguei pensando em qtos Matias existem perambulando por ai,cada um com sua história,sua dor..esse ator e maravilhoso e trouxe uma verdade ao seu personagem,algo q só um artista por excelência poderia fazer
ExcluirEle é simplesmente o MAIOR (e mais gato da minha vida também rsrsr)
ResponderExcluirSe não vier premiação com o Matias de melhor ator do ano pela Gl*bo, estará feita a maior injustiça da história dramaturgia. É isso.
Alternando momentos de vilania e loucura, Antônio Calloni torna Matias em um dos maiores trunfos de "Além Da Ilusão", com o costumeiro banho de interpretação por parte do ator.
ResponderExcluirGuilherme
Sempre de olho nos detalhes!
ResponderExcluirOlá, tudo bem? Confesso que essa novela não me envolveu visceralmente. Não é ruim, mas... Abs, Fabio www.blogfabiotv.blogspot.com.br
ResponderExcluirMuito bom de ver e aplaudir!
ResponderExcluirQuando o ator é bom o personagem agradece!
Um abraço!
Não estou seguindo novelas mas já tive oportunidade de ver algumas cenas e ele merece aplausos com sua interpretação. Abraço.
ResponderExcluirEstá, anonimo.
ResponderExcluirEndosso cada palavra, Chaconerrilla.
ResponderExcluirAcho que Pantanal vai dominar, Ane...
ResponderExcluirPerfeito, Gui.
ResponderExcluirSempre, Fá.
ResponderExcluirAbçs, Fabio.
ResponderExcluirSem duvida, Ane.
ResponderExcluirMerece mesmo, Marilene.
ResponderExcluirMelhor ator do ano, com certeza.
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