segunda-feira, 31 de janeiro de 2022

Romance de Vitória e Clemência é o maior acerto da reta final de "Nos Tempos do Imperador"

 A atual novela das seis, escrita por Alessandro Marson e Thereza Falcão, dirigida por Vinícius Coimbra, entra em sua última semana sem grandes viradas ou acontecimentos. A guerra entre Brasil e Paraguai se encaminha para o fim e todos já conhecem os desdobramentos que vêm a seguir. Mas os autores acertaram em cheio em um núcleo que se mostrou deslocado ao longo da história. Isso porque saíram da mesmice e apostaram em um 'plot twist' ótimo: a paixão entre Vitória e Clemência.


Maria Clara Gueiros e Dani Barros sempre estiveram muito bem ao longo da novela. Porém, suas personagens são de um núcleo cômico que nunca teve função no enredo e Clemência chegou a sumir por alguns meses da trama (a personagem tinha abandonado o marido e fugido com um amante). Quando a esposa de Quinzinho (Augusto Madeira) voltou, um triângulo amoroso acabou criado e as duas passaram a brigar por ele. No entanto, com a história entrando em seus momentos finais, os autores desenvolveram um bonito sentimento entre as duas. 

O saturado clichê da rivalidade feminina por causa de um homem foi deixado de lado através do amor que Clemência passou a nutrir por Vitória, que inicialmente não se deu conta do que estava sentindo. Após ter se segurado por um longo tempo, a ex de Quinzinho se declarou para a ex-rival, que se chocou e acabou se afastando.

No entanto, não demorou para constatar que estava sentindo a mesma coisa e as duas se beijaram em uma linda sequência bem dirigida pela equipe de Vinícius Coimbra. E melhor ainda ver o casal em uma novela das seis. 

Vale destacar ainda o bom diálogo das personagens em uma alusão ao que poderia acontecer no futuro. Afinal, a história se passa no século XIX, por volta de 1867. "Nunca tinha sentido isso antes. Com você me sinto viva." "Como vai ser agora?" "Não sei. É absurdo pensar na opinião dos outros. É nossa vida." "Não vão aceitar." "Podemos manter a discrição. Será nosso segredo. Nossa joia. Vamos deixar ela bem guardadinha no fundo do armário." "Por enquanto. Chegará o dia em que o amor será livre, sem armários". 

É a terceira vez que um folhetim das 18h exibe um beijo entre iguais. A primeira foi em "Orgulho & Paixão", de 2018, trama irretocável de Marcos Berstein, através de Luccino (Juliano Laham) e Otávio (Luiz Henrique Muller). Já a segunda foi na fraca "Órfãos da Terra", de 2019, com Camila (Anaju Dorigon) e Valéria (Bia Arantes). Uma pena que os três casais foram desenvolvidos apenas na reta final de cada novela. E o beijo dado nas últimas semanas de enredo. Ainda assim, não deixa de ser um progresso que merece ser elogiado. Só que a teledramaturgias precisa de mais. Falta um longo caminho. 

"Nos Tempos do Imperador" chega ao fim nesta sexta-feira (04) e o casal formado por Vitória e Clemência é o maior êxito da reta final da novela. Maria Clara Gueiros e Dani Barros estão com um merecido destaque.

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