sexta-feira, 24 de dezembro de 2021

As 70 novelas mais marcantes da televisão brasileira

 A televisão nacional completou 70 anos no dia 18 de setembro de 2020 e foram várias comemorações através de ótimas matérias em sites, jornais, revistas, enfim. Até um delicioso "Globo Repórter" de edição dupla foi apresentado pela Globo. Mas é inegável que a popularização do aparelho de TV no Brasil se deu por conta das novelas. A nossa teledramaturgia virou referência mundial e faz sucesso em todos os países. Agora, em 2021, as novelas comemoraram 70 anos de existência no dia 21 de dezembro. Então, nada mais justo do que listar os 70 folhetins mais marcantes ao longo de tantos anos de histórias que envolveram e prenderam o público. 



1- "Sua Vida me Pertence" (Tupi/1951):
A primeira telenovela brasileira. Produzida pela extinta TV Tupi em 1951. Escrita e dirigida por Walter Forster, que também protagonizou a novela ao lado de Vida Alves. Lia de Aguiar interpretava a antagonista e o casal principal foi o primeiro a beijar na televisão. O toque de lábios provocou um alvoroço na época e grande parte do público ficou escandalizado, afinal, era a primeira vez que viam algo tão íntimo ser exposto. Vida, falecida em 2017, entrou para a história da teledramaturgia e sempre dava entrevistas contando sobre esse tão conhecido pioneirismo na TV. 


2- "2-599 Ocupado" (Excelsior/1963):
Até 1963, as novelas não eram exibidas diariamente. Tudo mudou quando a TV Excelsior lançou a trama protagonizada por Tarcísio Meira e Glória Menezes. A trama era uma adaptação de Dulce Santucci do enredo de um autor argentino. Glória era uma telefonista de um presídio e o personagem de Tarcísio se apaixonava por sua voz em um único contato telefônico. 



3- "Beto Rockfeller" (Tupi/1969):
Protagonizada por Luis Gustavo, a novela da TV Tupi revolucionou a teledramaturgia quando adotou um texto com uma linguagem menos formal e abordou temas mais próximos da realidade do público. O folhetim com aquele tom mais teatralizado deixava de ser uma regra. 



4- "Irmãos Coragem" (Globo/1970):
Outro folhetim que teve Glória e Tarcísio como par romântico. Escrita por Janete Clair, a história --- que mesclava faroeste, garimpo e futebol --- foi a primeira que conquistou o público masculino. A novela até hoje sofre preconceito de uns e outros que consideram um gênero menor ou destinado a um público menos inteligente. Uma estupidez. Porém, na década de 70 o preconceito era ainda maior. Era um produto considerado para as mulheres. Mas a trama protagonizada por Tarcísio Meira, Glória Menezes, Regina Duarte, Cláudio Cavalcanti e Cláudio Marzo também caiu nas graças dos homens. 


5-"Selva de Pedra" (Globo/1972):
A novela marcou a consagração de Janete Clair como a rainha do horário nobre. Isso porque a história protagonizada por Francisco Cuoco, Dina Sfat e Regina Duarte atingiu a histórica marca de 100% dos televisores ligados no último capítulo, algo impossível nos dias de hoje com tantos veículos de informação e múltiplos serviços digitais. O feito colocou o folhetim para sempre na história da televisão. 





6- "O Bem-Amado" (Globo/1973):
A primeira novela a cores da televisão brasileira. Escrita por Dias Gomes e baseada na peça teatral "Odorico, o Bem Amado", escrita pelo mesmo autor, a trama virou referência pela crítica ao mundo político por meio da figura marcante de Odorico Paraguaçu, vivido pelo grande Paulo Gracindo. O prefeito da fictícia Sucupira era corrupto e demagogo. Seu grande sonho era a inauguração do cemitério da cidade, mas ninguém morria. Então, o protagonista acabou contratando um assassino para conseguir o primeiro 'inquilino' de seu cemitério, mas sempre fracassava. A trama ainda teve outras figuras emblemáticas como as irmãs Cajazeiras, o atrapalhado Dirceu Borboleta (Emiliano Queiroz), Zeca Diabo (Lima Duarte), entre outros. 



7- "O Rebu" (Globo/1974):
Escrita por Bráulio Pedroso e dirigida por Walter Avancini, a novela foi uma grande ousadia para a época e entrou para a história da teledramaturgia porque retratou seu enredo em apenas 24h. A trama teve 112 capítulos sobre um único dia. E justamente um dia marcado por um assassinato durante uma festa. O público só sabia que um crime tinha sido cometido, mas não tinha como descobrir a identidade do morto e muito menos quem matou. A produção teve um luxuoso remake em 2015, que não teve uma boa audiência, mas esbanjou qualidades e grandes cenas protagonizadas por Patrícia Pillar, Sophie Charlotte, Tony Ramos, Cássia Kiss, entre outros. 


8- "Gabriela" (Globo/1975):
A novela era uma adaptação do romance "Gabriela, Cravo e Canela", de Jorge Amado. Adaptada por Walter George Dust, a trama marcou a carreira de Sônia Braga na pele do papel título. A história fez um grande sucesso e até hoje a cena da protagonista subindo no telhado com um vestido curto, para pegar uma pipa, é lembrada pelo público. Entrou para a história da teledramaturgia. A produção teve um remake, escrito por Walcyr Carrasco, exibido em 2012, protagonizado por Juliana Paes, de grande repercussão, tendo Laura Cardoso e José Wilker como os maiores trunfos do elenco. 





9-"Pecado Capital" (Globo/1975):
A estreia de "Roque Santeiro", escrita por Dias Gomes, estava garantida. Mas a novela foi proibida pela ditadura militar. A missão para uma nova substituta ficou para a esposa do autor: Janete Clair. A autora acabou aproveitando o elenco do folhetim cancelado e criou o icônico drama protagonizado pelo taxista Carlão (Francisco Cuoco), que viveu um dilema quando encontrou uma bolsa cheia de dinheiro em seu táxi. A cena final, com o protagonista morrendo baleado e com a mala nos braços, ao som de "Dinheiro na mão é vendaval", entrou para a história. 


10- "Escrava Isaura" (Globo/1976):
Produzida pela Globo na faixa das seis e escrita por Gilberto Braga, adaptada do romance "A Escrava Isaura", de Bernardo Guimarães, a novela é uma das mais exportadas e marcou a teledramaturgia nacional. Protagonizada por Lucélia Santos, a escrava branca, e tendo Rubens de Falco na pele do vilão Leôncio, a história até hoje habita o imaginário popular e teve um remake bem-sucedido produzido pela Record, em 2004, protagonizado por Bianca Rinaldi. 



11- "Saramandaia" (Globo/1976):
Escrita por Dias Gomes, a novela foi um marco pela ousadia do realismo fantástico em uma história repleta de tipos peculiares que ficaram na memória do público. Até hoje a explosão de Dona Redonda (Hilza Carla) é lembrada, até por quem não viu a trama. Outras situações que ficaram na memória foram o voo de João Gibão (Juca de Oliveira) com suas lindas asas, as transformações do professor Aristóbulo (Ary Fontoura) em lobisomem, e as formigas que saiam do nariz de Zico Rosado (Castro Gonzaga). 




12- "O Astro" (Globo/1977):
A história de Janete Clair trazia Francisco Cuoco como vidente que virou empresário. A autora parou o país quando inseriu um misterioso assassinato em seu enredo e todos os telespectadores se perguntavam: "Quem matou Salomão Hayalla (Dionísio Azevedo)?". Não por acaso, o remake da obra, em 2011, adaptado por Alcides Nogueira e com Rodrigo Lombardi na pele de Herculano Quintanilha, também merece menção porque deixou sua marca na história da televisão. Isso porque a produção inaugurou uma nova faixa na grade da Globo: a das novelas das 23h, mais curtas que as dos horários tradicionais. 




13- "Dancin`Days" (Globo/1979):
Escrita por Gilberto Braga e baseada no argumento de Janete Clair, a novela ditou moda com as meias coloridas soquetes de lurex e o tomara-que-caia usado pela protagonista Júlia Matos, interpretada por Sonia Braga. As músicas tocadas na discoteca da novela estouraram e a história sobre uma presidiária que tentava retomar a vida na sociedade agradou a audiência. Joana Fomm, Glória Pires, Antônio Fagundes, Lauro Corona, Reginaldo Faria, Lidia Brondi e Beatriz Segall foram alguns dos destaques. 



14- "Guerra dos Sexos" (Globo/1983):
Silvio de Abreu revolucionou o humor da faixa das sete com essa emblemática novela protagonizada por Fernanda Montenegro e Paulo Autran. A história retratava a luta entre homens e mulheres em uma época onde o sexo feminino era visto como inferior ou limitado, principalmente no mercado de trabalho. Até hoje a cena de comédia pastelão do café da manhã de Charlô e Bimbo, onde um joga comida no outro, é lembrada e homenageada em diversas outras obras. A novela teve um remake em 2012, protagonizada por Tony Ramos e Irene Ravache, que fracassou por conta da temática datada para os dias de hoje. 


15- "Amor com amor se paga" (Globo/1984):
A novela foi um remake de outras duas tramas: "Camomila" e "Bem-me-quer". Escrita por Ivani Ribeiro, a novela exibida na TV Tupi ficou marcada na memória dos brasileiros e até hoje é lembrada por seu protagonista, o sovina Nonô Correa, interpretado pelo genial Ary Fontoura. O pão-duro tinha um quarto secreto repleto de joias e fingia ser pobre. Trancava até a geladeira com correntes e cadeado. 



16- "Cambalacho" (Globo/1986):
Silvio de Abreu imprimiu sua marca no horário das sete e a novela é mais uma que ficou para a memória televisiva. Protagonizada por Fernanda Montenegro e Gianfrancesco Guarnieri, a trama era sobre dois picaretas que viviam de 'cambalachos'. A vida dos malandros tem uma reviravolta quando a 171 Naná (Fernandona) herda a herança de um pai milionário, despertando a fúria da ambiciosa Andréia (Natália do Vale). O enredo era uma comédia rasgada e é um dos grandes sucessos do autor. Não se surpreenda se um remake for produzido no futuro. 





17-"Roque Santeiro" (Globo/1985/1986):
Escrita por Dias Gomes e Aguinaldo Silva, a história protagonizada por Regina Duarte, Lima Duarte e José Wilker marcou a carreira dos intérpretes e ficou na memória do público. O sucesso do casal Sinhozinho Malta e Viúva Porcina foi tanto que o final acabou mudado com um final feliz para o carismático par --- ela iria embora com Roque de avião. Um clássico. 


18- "Ti Ti Ti" (Globo/1985):
Escrita por Cassiano Gabus Mendes, a novela fez um baita sucesso com a rivalidade entre os estilistas protagonistas Jacques Leclair e Victor Valentim, interpretados por Reginaldo Faria e Luis Gustavo. A abertura, ao som de Rita Lee e com ótimos efeitos especiais para a época, também marcou. Aracy Balabanian, Nathalia Timberg, Sandra Bréa, Cássio Gabus Mendes e Marieta Severo foram alguns outros destaques do elenco. A história ainda ganhou um remake em 2010, também bem-sucedido, e escrito por Maria Adelaide Amaral. Alexandre Borges e Murilo Benício viveram os protagonistas.




19- "Brega & Chique" (Globo/1987):
Escrita por Cassiano Gabus Mendes, a novela fez um grande sucesso e marcou a volta de Marília Pêra aos folhetins, após 13 anos de hiato. A atriz honrou o protagonismo ao lado de Glória Menezes e a trama, sobre uma mulher rica e uma pobre que viram amigas e só depois descobrem que têm o mesmo marido, foi uma delícia de assistir. Marco Nanini, Raul Cortez, Jorge Dória e Cássia Kiss também brilharam e até hoje a ousada abertura, ao som de "Pelado", do Ultraje a Rigor, com a imagem de um homem (Vinícius Manne) com a bunda à mostra é lembrada pelo público. 


20- "Vale Tudo" (Globo/1988):
A novela mais memorável da teledramaturgia. A história escrita por Gilberto Braga, Aguinaldo Silva e Leonor Brasséres expôs com maestria a hipocrisia de uma sociedade corrupta e repleta de valores distorcidos, onde a impunidade reina. Infelizmente, um folhetim que se tornou atemporal em virtude da pouca evolução do país ao longo dos anos. Odette Roitman (Beatriz Segall) entrou para a galeria de grandes vilãs e o mistério em torno de seu assassinato mobilizou o Brasil. O desfecho ainda se mostrou ousado e criativo, uma vez que o crime foi acidental. A cena do corrupto Marco Aurélio (Reginaldo Faria) escapando da polícia e dando uma banana para o Brasil até hoje é lembrada, assim como os porres da alcoólatra Heleninha Roitman (Renata Sorrah). 




21- "Que Rei Sou Eu?" (Globo/1989):
Escrita por Cassiano Gabus Mendes e dirigida por Jorge Fernando, a novela virou um marco pela crítica social certeira através de figuras da realeza. Ambientada em 1786, três anos antes da Revolução Francesa, a trama fez uma boa analogia ao período de redemocratização brasileira, com um Brasil recém-saído da ditadura militar. Tereza Rachel brilhou como a rainha Valentine e Antônio Abujamra viveu seu melhor momento na televisão na pele do bruxo Mestre Ravengar. 



22- "O Salvador da Pátria" (Globo/1989):
Protagonizada por Lima Duarte e escrita por Lauro César Muniz, a novela foi ao ar em um momento importante da política brasileira, marcado pela volta das eleições diretas para presidente, e comoveu o público com o amor do ignorante Sassá Mutema por sua professora, vivida por Maitê Proença. Fora de cena, o personagem rendeu para Lima um convite (recusado) para ser vice-presidente na chapa encabeçada por Mário Covas. 


23- "Tieta" (Globo/1989):
Protagonizada por Betty Faria e escrita por Aguinaldo Silva, a produção foi um marco na teledramaturgia e o autor conseguiu um grande apelo popular através de inúmeros personagens marcantes, como a própria personagem central (exuberante e determinada) e tipos caricatos como a vilã Perpétua (Joana Fomm), as fogosas Cinira (Rosane Gofman) e Amorzinho (Lília Cabral), a inocente Tonha (Yoná Magalhães), o senhor Modesto (Armango Bógus) e o intolerante Zé Esteves (Sebastião Vasconcelos). A abertura, com o corpo de uma mulher nua (Isadora Ribeiro), entrou para a história e seria impensável hoje em dia. 


24- "Pantanal" (Manchete/1990):
Benedito Ruy Barbosa ofereceu sua sinopse para a Globo, mas a emissora achou loucura gravar em pleno Pantanal. Já a Rede Manchete topou. E a Globo se arrependeu da recusa. A novela foi um fenômeno de audiência e ocupou a liderança várias vezes. Vários personagens entraram para a história, como Juma Marruá (Cristiane Oliveira) e o Velho do Rio (Cláudio Marzo). As cenas sensuais também viraram uma marca da trama. A Globo, trinta anos depois, resolveu produzir o remake (previsto para março de 2022) e a nova Juma será vivida por Alanis Guillen. 


25- "Rainha da Sucata" (Globo/1990):
A novela que sofreu com o fenômeno de "Pantanal" foi justamente essa. Porém, Silvio de Abreu conseguiu driblar as dificuldades iniciais e transformou sua história em um grande sucesso e que também ficou na memória do brasileiro. Regina Duarte brilhou na pele da sucateira Maria do Carmo, enquanto Glória Menezes viveu um de seus maiores momentos na carreira como a inesquecível vilã da elite paulistana Laurinha Figueroa. A cena do suicídio da socialite, se jogando do topo de um prédio e incriminando a rival Maria do Carmo, entrou para a história da teledramaturgia. 




26- "Barriga de Aluguel" (Globo/1990):
Glória Perez acertou o coração do público com a envolvente história de um casal que contratou uma mulher para gerar o filho deles. A mulher, no entanto, se apega ao bebê e se recusa a entregá-lo após o nascimento. Protagonizada por Cláudia Abreu, Cássia Kiss e Victor Fasano, a novela foi uma das mais longas já feitas na Globo: 243 capítulos, o que refletiu no ritmo arrastado do enredo. Mário Lago, Beatriz Segall, Leonardo Villar, Denise Fraga, Humberto Martins e Jairo Mattos foram alguns outros bons nomes do elenco. 



27- "Vamp" (Globo/1991):
A primeira novela orgulhosamente "thrash" da televisão. Escrita por Antônio Calmon, a trama contava a história de uma cantora de rock que vendeu sua alma a um vampiro para fazer sucesso na carreira. Cláudia Ohana viveu seu melhor momento na carreira na pele da protagonista Natasha, ao lado de Ney Latorraca, intérprete do icônico Conde Vlad. Até hoje o clipe parodiando "Thriller", de Michael Jackson", é lembrado. 


28- "Pedra sobre Pedra" (Globo/1992):
Aguinaldo Silva usou com maestria o realismo fantástico através de personagens muito bem construídos. Embora tenha sido protagonizada pelos grandiosos Lima Duarte e Renata Sorrah, os tipos mais emblemáticos foram os secundários, como o inesquecível Jorge Tadeu (Fábio Jr.), o fotógrafo que transformava um arbusto em uma árvore frondosa cada vez que urinava na planta. Era cobiçado por todas as mulheres da cidade e continuou vivo mesmo após a sua morte (a mulher que comia a flor surgida na árvore conseguia trazê-lo de volta). Outros tipos marcaram, como o Cândido Alegria (Armando Bógus), Gioconda (Eloísa Mafalda), Eva Wilma (Hilda), entre outros. 



29- "Mulheres de Areia" (Globo/1993):
O remake da trama de Ivani Ribeiro, exibida em 1973, fez ainda mais sucesso que a original e Glória Pires deu um show como as gêmeas Ruth e Raquel. Os efeitos especiais limitados da época merecem elogios pelo ótimo resultado em cena com as irmãs frente a frente. O enredo da gêmea boa e gêmea má é um clichê dramatúrgico, mas é possível constatar que essa foi a mais marcante na abordagem. Raul Cortez, Susana Vieira, Vivianne Pasmanter, Guilherme Fontes, Paulo Gourlart e Marcos Frota na pele de Tonho da Lua foram outros destaques da história. 



30- "A Viagem" (Globo/1994):
O remake da novela de 1975, exibida pela Tupi, fez um sucesso ainda maior e a saudosa Ivani Ribeiro explorou a trama do espiritismo de uma forma sensível e nada panfletária. A produção é uma das mais bem-sucedidas da Globo e pela primeira vez na história o público torceu para a mocinha morrer e assim ficar ao lado do seu amor. Christiane Torloni e Antônio Fagundes emocionaram com os mocinhos Diná e Otávio, enquanto Guilherme Fontes esteve no auge da sua carreira na pele de Alexandre, um espírito atormentado que infernizava a vida de todos. Lucinha Lins, Nair Bello, Andrea Beltrão, Maurício Mattar, Cláudio Cavalcanti e Yara Cortes foram alguns dos outros destaques do elenco. 



31- "Éramos Seis" (SBT/1994):
O romance homônimo de Maria José Dupré teve vários remakes, mas é inegável que o mais marcante foi o produzido pelo SBT. A emissora de Silvio Santos nunca teve o costume de produção de teledramaturgia adulta e a ousadia na época surpreendeu. Tanto pelo capricho da cidade cenográfica quanto na escalação do elenco. Irene Ravache viveu um de seus maiores momentos na carreira como Dona Lola e foram vários os destaques. A Globo fez um novo remake em 2019, encerrado pouco antes da pandemia em 2020, e também merece menção pela extrema qualidade. Glória Pires honrou o peso da Lola e emocionou.


32- "A Próxima Vítima" (Globo/1995):
Silvio de Abreu revolucionou o horário nobre da Globo com um instigante mistério sobre um assassino que utilizava diferentes formas de matar. O clichê do "Quem Matou?", por incrível que pareça, não dominava a novela e, sim, o "Quem será o próximo a morrer?". O Brasil parou no último capítulo para a resolução do bem construído enigma. Aracy Balabanian, Celso Thiré, Giafrancesco Guarnieri, Thereza Raquel, José Wilker, Tony Ramos, Lima Duarte e Rosamaria Murtinho foram alguns dos muitos destaques. 


33- "Quatro por Quatro" (Globo/1995):
A melhor e mais lembrada novela de Carlos Lombardi. A trama das 19h da Globo sobre quatro mulheres que se conheceram por acaso em uma batida de trânsito e firmaram uma amizade arrebatou o público. Principalmente, porque além da amizade houve um acordo para uma vingança coletiva. Todas tinham algozes para dar o troco e uma ajudou a outra. Letícia Spiller e Marcello Novaes formaram o casal sensação com Babalu e Raí, enquanto Betty Lago, Elizabeth Savalla e Cristiana Oliveira também brilharam com suas personagens. Um sucesso merecido. 


34- "O Rei do Gado" (Globo/1996):
Uma das novelas mais aclamadas de Benedito Ruy Barbosa. A rivalidade entre a família Mezenga e os Berdinazzi arrebatou o público e a trama foi um sucesso. A história é lenta e se arrasta, mas é uma característica do autor, ainda mais na época, quando a agilidade na teledramaturgia não era cobrada. Antônio Fagundes e Raul Cortez deram um banho como Antônio e Jeremias. O elenco ainda tinha outros grandes nomes, como Walderez de Barros, Bete Mendes, Chica Xavier, Stênio Garcia, entre tantos mais. Foi a estreia de Lavínia Vlasak na televisão. 




35- "Xica da Silva" (Manchete/1997):
Escrita por Walcyr Carrasco (com o codinome Adamo Angel), a novela foi um grande marco da Rede Manchete. Protagonizada por Taís Araújo na pele da personagem título e baseada no livro homônimo de João Felício dos Santos, a trama tinha cenas de nudez e muitas sequências impactantes de violência. Drica Moraes brilhou como a vilã Violante e outros nomes sobressaíram, como: Victor Vagner, Guilherme Piva, Zezé Motta, Giovanna Antonelli e Sérgio Vioti. 


36- "Por Amor" (Globo/1997):
Manoel Carlos pautou o Brasil com a trama de uma mãe capaz de trocar o bebê morto da filha pelo seu próprio filho recém-nascido. Regina Duarte viveu um dos momentos mais emblemáticos de sua carreira e honrou o protagonismo da trama ao lado da filha, Gabriela Duarte, irretocável como Eduarda. Susana Vieira ainda ganhou seu melhor papel e deitou e rolou na pele da marcante vilã Branca Letícia de Barros Motta. Vivianne Pasmanter, Fábio Assunção, Paulo José, Cecília Dassi, Regina Braga, Eduardo Moscovis, Carolina Ferraz, Antônio Fagundes e Françoise Fourton foram outros destaques. 



37- "Torre de Babel" (Globo/1998):
Após o sucesso de "A Próxima Vítima", Silvio de Abreu mais uma vez conseguiu subverter o clichê do "Quem matou?". A pergunta saiu de cena e "Quem explodiu o shopping?" entrou no lugar. A novela teve um início turbulento por conta do roteiro pesado (o protagonista Clementino, vivido por Tony Ramos, assassina logo na estreia a esposa e o amante a golpes de pá). O casal lésbico, vivido por Christiane Torloni e Silvia Pfeifer, sofreu forte rejeição do público e a abordagem do vício em drogas de Guilherme (Marcello Antony) também incomodou. Ou seja, tudo que era "polêmico" teve reação negativa. Porém, o autor alterou algumas tramas e conseguiu transformar um aparente inevitável fracasso em um retumbante sucesso ao longo dos meses. Destaque para a vilã Sandrinha, que marcou a virada na carreira de Adriana Esteves, e o popular Jamanta (Cacá Carvalho). 



38- "Terra Nostra" (Globo/1999):
Benedito Ruy Barbosa emplacou mais um sucesso com a dramática história da imigração italiana e os reflexos econômicos no Brasil. O autor contou brilhantemente esse enredo através dos protagonistas Juliana (Ana Paula Arósio) e Matheo (Thiago Larceda), que se apaixonaram em um navio (em uma clara inspiração ao fenômeno "Titanic", exibido nos cinemas dois anos antes). Foi a estreia de Maria Fernanda Cândido, que se destacou na pele da exuberante Paola e fez um lindo par com o saudoso Raul Cortez, intérprete do italiano Francesco. 


39- "Força de um Desejo" (Globo/1999):
A novela de Gilberto Braga e Alcides Nogueira não foi um grande sucesso, mas esbanjou qualidades. O elenco era repleto de grandes nomes, os personagens muito bem escritos e a história, ambientada no século XIX, transbordava dramaticidade. Fábio Assunção e Malu Mader brilharam como mocinhos, mas Nathalia Timberg foi o maior nome do folhetim e deu um banho de atuação na pele da vilã Idalina. Reginaldo Faria, Sônia Braga (em uma luxuosa participação), Cláudia Abreu (perfeita na pele de Olívia, uma escrava branca), Paulo Betti, Denise Del Vechio e Cláudio Correa e Castro foram outros que brilharam na caprichada produção. 




40- "O Cravo e a Rosa" (Globo/2000):
A estreia de Walcyr Carrasco na Globo não poderia ter sido melhor. O autor, vindo do SBT, emplacou um fenômeno que entrou para a história da faixa das seis da emissora. A trama protagonizada por Catarina e Petruchio, baseada no clássico "A Megera Domada", de Shakespeare, conquistou a audiência e a química entre Adriana Esteves e Eduardo Moscovis foi um dos trunfos da produção, dirigida pelo saudoso Walter Avancini. 


41- "Laços de Família" (Globo/2000):
A novela foi um grande sucesso e entrou para a memória da televisão brasileira com a cena de Camila (Carolina Dieckmann) raspando a cabeça em meio ao tratamento contra um câncer. Foi o melhor folhetim de Manoel Carlos e a Helena melhor construída do escritor, interpretada brilhantemente por Vera Fisher em seu melhor momento. Marieta Severo, Giovanna Antonelli, Tony Ramos, Deborah Secco e Helena Ranaldi foram alguns outros destaques do grande elenco. 


42- "O Clone" (Globo/2001):
Glória Perez mais uma vez ousou e abordou a questão da clonagem humana como enredo central de sua produção. O que poderia soar ridículo acabou dando muito certo e o público embarcou na fantasia proposta pela autora, que também explorou a cultura muçulmana ---- como a novela foi ao ar pouco tempo depois do atentado às Torres Gêmeas, nos Estados Unidos, houve um medo da rejeição popular, que não aconteceu. Giovanna Antonelli e Murilo Benício honraram o protagonismo e o romance de Jade e Lucas ficou marcado, assim como os vários bordões de perfis populares, como Dona Jura (Solange Couto) --- "Né brinquedo, não" ----, Odete (Mara Manzan) ---- "Cada mergulho é um flash" ----, Tio Abdul (Sebastião Vasconcelos) ---- "Vai arder no mármore do inferno" ----, Khadija (Carla Diaz) ---- "Ishalá, é muito ouro" ----, entre tantos outros. 


43- "Mulheres Apaixonadas" (Globo/2002):
Manoel Carlos emplacou seu terceiro (e último) grande sucesso no horário nobre da Globo em sequência. Após o êxito de "Por Amor" e "Laços de Família", o autor conquistou o público com uma novela repleta de temáticas importantes e bem abordadas. Curiosamente, a história da Helena (Christiane Torloni) acabou ofuscada pelas paralelas, muito mais atrativas. Vide as grosserias de Dóris (Regiane Alves) com os avós ---- que resultou na criação do Estatuto do Idoso ----, o alcoolismo de Santana (Vera Holtz), a violência doméstica sofrida por Raquel (Helena Ranaldi), o ciúme doentio de Heloísa (Giulia Gam), entre tantos mais. 



44- "Celebridade" (Globo/2003):
Escrita por Gilberto Braga, dirigida por Dennis Carvalho, a novela fez um grande sucesso através da rivalidade entre a empresária Maria Clara Diniz e a invejosa Laura Prudente da Costa. Malu Mader e Cláudia Abreu honraram o posto de heroína e vilã da trama, respectivamente e a cena em que a mocinha dá uma surra na rival no banheiro entrou para a galeria de grandes sequências nacionais. 




45- "Chocolate com Pimenta" (Globo/2003):
A segunda novela de Walcyr Carrasco na Globo fez ainda mais sucesso que a primeira. Após "O Cravo e a Rosa", o autor conquistou o público com uma trama deliciosa (literalmente) sobre a vingança de Ana Francisca (Mariana Ximenes), que foi humilhada por vários moradores da fictícia cidade de Ventura, em São Paulo. A fábrica de chocolates Bombom era quase outro personagem e cenário de muitas guerras de bolo. Elizabeth Savalla viveu um de seus maiores momentos na carreira como a vilã Jezebel, enquanto outros também brilharam, como Murilo Benício, Drica Moraes, Osmar Prado, Cláudio Corrêa e Castro, Fúlvio Stefanini, Lília Cabral, Priscila Fantin, Rosane Gofman, entre tantos outros. 



46- "Senhora do Destino" (Globo/2004):
Aguinaldo Silva conquistou a audiência com a rivalidade entre Maria do Carmo (Susana Vieira) e Nazaré Tedesco (Renata Sorrah). Uma das vilãs mais memoráveis da teledramaturgia roubou o filho da protagonista e o enredo era voltado basicamente para a procura de uma mãe desesperada. Vários personagens tiveram um ótimo destaque, além das duas já citadas, vide o bicheiro Giovani Improta (José Wilker), a interesseira Viviane (Letícia Spiller), Josivaldo (José de Abreu), o corrupto Reginaldo (Du Moscovis), o mordomo Alfred (Ítalo Rossi), o casal formado por Barão e Baronesa de Bonsucesso (Raul Cortez e Glória Menezes), o taxista Constantino (Nuno Melo) e o aposentado Seu Jacques (Flávio Migliaccio). 



47- "Da Cor do Pecado" (Globo/2004):
A estreia de João Emanuel Carneiro como novelista foi em grande estilo. O autor emplacou um baita sucesso na faixa das sete e a trama ganhou repercussão pela presença de uma mocinha negra, a Preta (Taís Araújo). Taís teve uma linda química com Gianecchini, intérprete do milionário Paco, enquanto Giovanna Antonelli brilhou como a vilã Bárbara. Guilherme Weber viveu o auge de sua carreira na pele do vilão Tony e a família Sardinha (liderada pela querida Mamuska, vivida por Rosi Campos) conquistou as crianças. Ney Latorraca, Maitê Proença, Aracy Balabanian, Lima Duarte (que comoveu o país com a morte de Afonso Lambertinni), Sérgio Malheiros (a grata revelação mirim), Graziella Moreto e Tuca Andrada foram outros bons nomes do elenco. 



48- "Alma Gêmea" (Globo/2005):
Walcyr Carrasco conseguiu picos de 53 pontos em plena faixa das 18h com a história emocionante sobre reencarnação, protagonizada por Luna (Liliana Castro) e a índia Serena (Priscila Fantin). Flávia Alessandra viveu seu melhor momento na carreira na pele da vilã Cristina e sua dobradinha com Ana Lucia Torre (a víbora Débora) foi um acerto. Eduardo Moscovis brilhou como o mocinho sofrido Rafael, enquanto Neusa Maria Faro, Fúlvio Stefanini e Nicette Bruno divertiram como Divina, Osvaldo e Ofélia. Fernanda Souza e Emílio Orciollo Neto viraram um dos destaques do folhetim como os caipiras Mirna e Crispim. Já Elizabeth Savalla, Walderez de Barros, Fernanda Machado, Drica Moraes, Lady Francisco e Luigi Baricelli também ganharam ótimos papéis. 


49- "Paraíso Tropical" (Globo/2007):
Escrita por Gilberto Braga e Ricardo Linhares, a novela enfrentou dificuldades nos primeiros meses, mas logo os autores conseguiram conquistar o telespectador. A construção da narrativa do folhetim era exemplar e cada núcleo tinha destaque em um habilidoso esquema de rodízio. O maior destaque foi o casal de vilões Bebel e Olavo, interpretado por Camila Pitanga e Wagner Moura, que ofuscaram os mocinhos da trama. A primeira novela da Globo indicada ao Emmy Internacional. 




50- "A Favorita" (Globo/2008):
João Emanuel Carneiro estreou no horário nobre com uma ousada trama central que sofreu uma rejeição inicial justamente por conta da coragem do autor, que resolveu enganar o público junto com os personagens. Ninguém sabia quem era a mocinha e a vilã da história. Donatela (Cláudia Raia) e Flora (Patrícia Pillar) contavam versões diferentes de uma mesma história e o telespectador não tinha a versão verdadeira. Foi mais fácil achar que a rica perua era a vilã e a loira pobre que foi presa a mocinha. Mas era justamente o contrário. A cena em que Flora se revela foi memorável e virou uma das melhores lembranças dos folhetim. 



51- "Caras & Bocas" (Globo/2009):
Escrita por Walcyr Carrasco, a novela ficou marcada pelo protagonismo de um macaco, o Xico. O animal pintava telas lindas que fizeram sucesso no mercado e Denis (Marcos Pasquim) acabava levando os créditos. A novela foi um fenômeno de audiência e tinha todos os ingredientes de um bom folhetim das sete. Isabelle Drummond acabou roubando a cena na pele da mimada Bianca e seu bordão "É a treva!" fez sucesso. Flávia Alessandra, Elizabeth Savalla, e Débora Evelyn, na pele da vilã Judith, foram alguns outros destaques. 



52- "Cordel Encantado" (Globo/2011):
Escrita por Duca Rachid e Thelma Guedes, a novela ousou ao mesclar o cangaço com conto de fadas. A trama foi um baita sucesso e conseguiu despertar a atenção do telespectador com uma história que usou com habilidade elementos de fantasia da Disney com os tradicionais clichês de um bom folhetim. Ninguém nunca tinha pensado em ver personagens de um reino encantado passando a viver em pleno sertão nordestino. Dirigida por Amora Mautner, a produção teve Cauã Reymond, Bianca Bin, Carmo Dalla Vechia, Debora Bloch e Nathalia Dill como alguns dos muitos destaques. 


 
53- "A Vida da Gente" (Globo/2011):
A primeira novela de Lícia Manzo, dirigida por Jayme Monjardim, foi uma aula de sensibilidade e emoção a cada capítulo. A trama protagonizada por duas irmãs que se amavam e acabavam separadas por um cruel destino impactou o público e destacou as atrizes Marjorie Estiano e Fernanda Vasconcellos, que deram um show como as protagonistas Manu e Ana. Todos os dramas familiares foram lindamente expostos e foi fácil mergulhar naquele enredo tão bem desenvolvido. Não por acaso, a produção é a terceira mais vendida da Globo no exterior. 


54- "Cheias de Charme" (Globo/2012):
Escrita por Filipe Miguez e Izabel de Oliveira, a novela foi um fenômeno das sete pela linguagem inovadora e musical que transformou três 'empreguetes' em cantoras famosas para a ira de Chayene, uma espécie de Joelma malvada da trama. A novela era colorida e orgulhosamente cafona. A música criada exclusivamente para o trio de protagonistas ("Levo vida de empreguete, eu pego às sete...") também fez sucesso fora da ficção. Taís Araújo, Isabelle Drummond e Leandra Leal tiveram uma ótima sintonia e Cláudia Abreu deu um show como a vilã que era muito mais engraçada do que maquiavélica. 



55- "Avenida Brasil" (Globo/2012):
João Emanuel Carneiro viveu seu auge com a novela que foi um fenômeno de popularidade, audiência e críticas positivas. A trama sobre a vingança de Rita/Nina (Mel Maia/Débora Falabella) contra Carminha (Adriana Esteves) caiu na boca do povo e a trama fez um merecido sucesso. Vários personagens emplacaram e o núcleo do Divino, bairro fictício, representou muito bem a ascensão da chamada classe C na época. Tudo funcionou, até o controverso núcleo do Cadinho (Alexandre Borges). 


56- "Lado a Lado" (Globo/2012):
Escrita por Claudia Lage e João Ximenes Braga, dirigida por Dennis Carvalho, a novela foi um primor do início ao fim. Protagonizada por quatro personagens ---- Edgar (Thiago Fragoso), Laura (Marjorie Estiano), Isabel (Camila Pitanga) e Zé Maria (Lázaro Ramos) ---- a trama, ambientada no século XX, abordou vários temas de relevância no país, como o surgimento das favelas, a chegada do futebol, a Revolta da Vacina, o feminismo, enfim. Infelizmente, foi um fracasso de audiência, mas venceu o Emmy Internacional com todo mérito. Destaque para a linda abertura ao som de "Liberdade Liberdade, abra as asas sobre nós", samba-enredo da Imperatriz Leopoldinense de 1989. 



57- "Sangue Bom" (Globo/2013):
A deliciosa novela de Maria Adelaide Amaral e Vincent Villari fez jus ao horário das sete e se mostrou uma ótima comédia romântica. Protagonizada por seis personagens totalmente distintos, a história mesclava muito bem momentos cômicos com dramáticos e a complexidade da protagonista Amora Campana, vivida por uma entregue Sophie Charlotte, era um dos trunfos do enredo. A trilha sonora também era um show à parte. 


58- "Amor à Vida" (Globo/2013):
A primeira novela de Walcyr Carrasco no horário nobre foi um grande sucesso e ainda entrou para a história da teledramaturgia com o primeiro beijo entre dois homens exibido em canal aberto. O casal Félix e Niko caiu nas graças do povo, que exigiu um beijo no desfecho da trama. Mateus Solano e Thiago Fragoso transbordaram química e deixaram uma marca que jamais será esquecida. 



59- "Meu Pedacinho de Chão"(Globo/2014):
A única novela que pareceu escrita pelo diretor e não pelo autor. Isso porque a trama foi um remake de Benedito Ruy Barbosa, baseado no folhetim homônimo do escritor, exibido em 1971. Porém, a história original não chegou a marcar. Mas Luiz Fernando Carvalho conseguiu produzir uma releitura memorável de um enredo sem maiores atrativos. O diretor transformou a obra em um conto de fadas de encher os olhos, onde a fantasia se fazia presente em cada figurino e detalhe de uma cidade cenográfica encantada. Os atores também entenderam a proposta e adotaram um tom interpretativo mais infantil. A produção fracassou, mas quem viu jamais se esqueceu do capricho da novela. Destaque para Juliana Paes, Osmar Prado, Antônio Fagundes, Bruna Linzmeyer, Johnny Massaro e Irandhir Santos, que emocionou na pele do doce Zelão. 



60- "Os Dez Mandamentos" (Record/2015):
O maior sucesso da Record. A emissora dos bispos dificilmente conseguirá superar o fenômeno que foi a novela escrita por Vivian de Oliveira, baseada nos quatro livros que compõem a Bíblia ---- Êxodo, Levítico, Números e Deuteronômio. A trama narrou a história de Moisés (Guilherme Winter) desde o nascimento até sua morte, destacando as Dez Pragas do Egito, a abertura do Mar Vermelho, a libertação do povo hebreu, a revelação dos dez mandamentos e a travessia dos 40 anos pelo deserto até a terra prometida. O fenômeno de audiência era tanto que venceu o "Jornal Nacional" algumas vezes, ameaçando a novela das nove da Globo na época. 




61-"Além do Tempo" (Globo/2015):
A novela espírita escrita por Elizabeth Jhin fez história na teledramaturgia com uma passagem de tempo de mais de 150 anos, com todos os personagens reencarnados. Nunca nenhum autor teve a coragem da escritora que emocionou o público com a trama de amor de várias vidas protagonizada por Alinne Moraes e Rafael Cardoso, intérpretes de Lívia e Felipe. A cena da passagem de tempo é antológica e arrepiante. Destaque ainda para Paolla Oliveira como a vilã Melissa, Emílio Dantas como o vilão Pedro e Irene Ravache na pele da condessa Vitória Castelini. 



62-"Sete Vidas" (Globo/2015): 
A autora Lícia Manzo conseguiu arrebatar o telespectador com a mesma facilidade que tinha conseguido em sua obra anterior, "A Vida da Gente". A trama em torno de um solitário homem, doador de sêmen, que se vê diante de sete filhos e não sabe como encaminhar sua vida primou pela delicadeza. O saudoso Domingos Montagner emocionou na pele de Miguel e até hoje a cena dos irmãos no parque de diversões é lembrada e aplaudida. 



63-"Verdades Secretas" (Globo/2015):
Escrito por Walcyr Carrasco, foi o folhetim de maior sucesso da faixa das 23h. A trama que abusava das cenas eróticas e era voltada para o mercado da prostituição de luxo prendeu o telespectador diante da tela. O termo "Book Rosa" caiu na boca do povo. A expectativa sobre o final do triângulo macabro protagonizado por Angel (Camila Queiroz), Carolina (Drica Moraes) e Alex (Rodrigo Lombardi) era um dos maiores trunfos do enredo e foram muitas as cenas impactantes, como o suicídio da mãe da protagonista no último capítulo. Vale destacar também o show de Grazi Massafera na pele da viciada Larissa, indicada ao Emmy Internacional de Melhor Atriz. 


64-"Totalmente Demais" (Globo/2016):
A primeira novela dos autores Rosane Svartman e Paulo Halm, dirigida por Luiz Henrique Rios, foi uma grata surpresa. A trama inspirada em clássicos como "Luzes da Cidade", "My Fair Lady" e "Bonequinha de Luxo" fez um imenso sucesso e conseguiu ter ainda mais audiência quando foi reprisada ano passado por conta da pandemia do novo coronavírus. Protagonizada por Juliana Paes, Marina Ruy Barbosa, Felipe Simas e Fábio Assunção, a história era ágil e repleta de bons casais. A saga de Eliza, que tinha uma vida pobre e virava uma modelo de sucesso, caiu nas graças do telespectador desde o primeiro capítulo. 




65- "O Outro Lado do Paraíso" (Globo/2017):
Escrita por Walcyr Carrasco e dirigida por Mauro Mendonça Filho, a novela apostou no clichê que raramente falha na teledramaturgia: a vingança. Não por acaso, a cena mais emblemática da novela e que deixou sua marca para sempre no mundo dos folhetins foi o retorno triunfal da protagonista Clara Tavares (Bianca Bin), após ter sido internada em uma clínica psiquiátrica, para destruir todos que acabaram com sua vida. Tudo ao som de "Blaze of Glory", de Jon Bon Jovi. A frase "Não imaginam o prazer que é estar de volta" se eternizou. 




66- "Novo Mundo" (Globo/2017):
Escrita por Alessandro Marson e Thereza Falcão, a novela fez uma deliciosa mescla entre o clássico dramalhão folhetinesco com várias passagens históricas do Brasil e com um toque lúdico através reviravoltas de um típico filme da Disney de capa e espada, como a saga "Piratas do Caribe". Caio Castro brilhou como Dom Pedro I e a cena da Proclamação da Independência foi a mais emblemática da novela, ainda contando com um planejamento certeiro: foi ao ar no dia 7 de setembro. Letícia Colin encantou na pele de Leopoldina, enquanto outros personagens também se destacaram, como Germana (Vivianne Pasmanter), Licurgo (Guilherme Piva) e Elvira Matamouros (Ingrid Guimarães). 


67- "A Força do Querer" (Globo/2017):
A melhor novela de Gloria Perez. Dirigida por Rogério Gomes, a trama arrebatou o telespectador com uma história lindamente protagonizada por três mulheres que fugiam de qualquer estereótipo de mocinha ou heroína: Ritinha, Jeiza e Bibi Perigosa. Isis Valverde, Paolla Oliveira e Juliana Paes deram um show em cena e a produção ainda abordou vários assuntos importantes, como o vício em jogo de Silvana (Lília Cabral) e o processo da transição de gênero com a personagem Ivana (Carol Duarte). 



68-"Orgulho e Paixão" (Globo/2018):
Escrita por Marcos Berstein e dirigida por Fred Mayrink, a novela era baseada em vários livros de Jane Austen, incluindo "Orgulho e Preconceito". O autor conseguiu transformar várias histórias em um delicioso folhetim das seis, onde o toque lúdico se fazia presente a todo momento, com direito a lindos musicais que permeavam alguns momentos da trama. Os casais eram todos construídos com delicadeza e o elenco claramente se divertia em cena. Dava gosto de ver. 


69-"Espelho da Vida" (Globo/2018):
A novela não foi um sucesso de audiência, mas marcou pela ousadia da autora. Elizabeth Jhin conseguiu mesclar o espiritismo com um enredo de realismo fantástico de uma forma arrebatadora. Impressionou como todos os desdobramentos do roteiro estavam interligados e tinham alguma explicação. A escritora se baseou em uma história real, ocorrida na capital baiana, ocorrida há 174 anos, quando uma jovem chamada Julia Fetal foi assassinada pelo noivo com uma bala de ouro. Na ficção, a personagem ganhou o nome de Júlia Castelo e Jhin criou um enredo de vidas passadas fascinante, onde um espelho era uma espécie de portal para a vida passada. Outra coragem da autora foi a inserção do mocinho apenas na reta final, após o mistério sobre o verdadeiro assassino ser revelado. Vitória Strada viveu seu melhor momento na pele da protagonista e vale destacar ainda Rafael Cardoso, Irene Ravache, Felipe Camargo, Júlia Lememertz, Alinne Moraes e Emiliano Queiroz. 


70-"Bom Sucesso" (Globo/2019):
Escrita por Rosane Svartman e Paulo Halm, dirigida por Luiz Henrique Rios, a novela conquistou o público com a história de uma humilde costureira que acaba mudando a vida de um poderoso homem que está com os dias contados. Grazi Massafera e Antônio Fagundes encantaram com a amizade de Paloma e Alberto e a cena dos personagens desfilando em plena Sapucaí entrou para a galeria de grandes momentos da teledramaturgia. A trama ainda focava em vários clássicos da literatura que complementavam com maestria os acontecimentos do enredo. Romulo Estrela, David Jr., Fabíula Nascimento, Lúcio Mauro Filho, Armando Babaioff e Valentina Vieira foram alguns outros destaques. 





É claro que em 70 anos de história fica difícil citar apenas 70 folhetins. A teledramaturgia tem uma respeitável trajetória e muitas outras tramas acabaram ficando de fora, mas o objetivo da postagem é apenas prestar uma merecida homenagem ao gênero que tanto faz sucesso com os brasileiros e que já exportou nossa cultura para todo o mundo ao longo destas décadas. Uma viagem no tempo. Palmas para a telenovela nacional.

42 comentários:

  1. Por isso tu é o melhor crítico.

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  2. Que presente de Natal para os noveleiros, Sérgio. E que bela homenagem. A melhor que já li desde que começaram essas matérias especiais sobre os 70 anos.

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  3. Esse texto é a representação de uma viagem no tempo.

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  4. QUE HOMENAGEM PERFEITA!!!!! FEZ JUS AOS 70 ANOS!!!!!!!!!!!

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  5. viva as novelas. amo!!! quando teve o rebu uma matéria dizia q tinham poucas imagens da trama anterior pq se perderam no incêndio. estão reprisando amor com amor se paga no viva. tenho visto uns pedaços antes de paraíso tropical que amo. amor com amor se paga é esquisitinha. fiquei muito chateada qd desistiram de reprisar força de um desejo no viva. queria muito ver essa novela. em compensação o cravo e a rosa... ah, e o clone... amo cordel encantado, lado a lado, cheias de charme, além do tempo, espelho da vida, bela relação. beijos, pedrita

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  6. Olá, tudo bem? Toda lista gera polêmicas. Senti enorme falta da novela Os Imigrantes produzida pela TV Bandeirantes. Aproveito a oportunidade para desejar um ótimo Natal! ps: É TV Excelsior (com s e não com c). Abs, Fabio www.blogfabiotv.blogspot.com.br

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  7. Faltou Vereda tropical,que parou o Brasil e Top modelo

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  8. Nenhum crítico prestou uma homenagem melhor do que você sobre os 70 anos das novelas. Parabéns.

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  9. Achei falta de Eta mundo bom, uma das maiores audiências em novelas das 6 mais recentes.

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  10. Esqueceram de "Eta Mundo Bom" que é mil vezes melhor do que muitas da lista

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  11. Um belo apanhado sobre algumas das novelas mais marcantes nestes 70 anos do formato no Brasil. E ninguém melhor que você para fazê-lo, Sérgio.

    Guilherme

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  12. Amei ver "Além do tempo", "Sete vidas", "Totalmente demais", "Orgulho e paixão" e "Espelho da vida" na lista. Minhas novelas preferidas, sem sombra de dúvida.

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  13. Amor com Amor se Paga é muito legal, finalmente o VIVA nos presenteou com essa jóia de Ivani Ribeiro. Novelas dos anos 80 são as melhores!

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  14. Esqueceu mencionar que Paraíso Tropical foi a primeira novela dida Globo indicada ao Emmy.

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  15. Muitas que eu queria botar nao teve como, Geovani.

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  16. Eu também amei Eta Mundo Bom, anonimo, mas eram só 70. Queria ter colocado Passione, O Beijo do Vampiro... enfim

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  17. Parabéns pelos 70 anos das novelas! Pude rememorar cada uma dessas produções que tanto marcaram o povo brasileiro.

    Boa semana e Feliz Ano Novo!


    Jovem Jornalista
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    Até mais, Emerson Garcia

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  18. Olá.
    Apenas dois comentários:
    1. Marília Pera ficou 13 anos sem fazer novelas, e não 5.
    2. Zé das Medalhas era de Roque Santeiro, e não de Pedra Sobre Pedra.

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  19. Uma pena novelas históricas e/ou inovadoras como a gata comeu, grito, escalada, casarão, espelho mágico, era uma vez e anjo mau serem esnobadas - bem como alguns autores Walter George Durst e Marcílio Moraes para tramas mais básicas/repetidas como paraíso tropical, totalmente demais ou autores que já apareceram na lista

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  20. Desculpe se a lista te decepcionou, anonimo.

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  21. Renascer, Vereda Tropical, Os Imigrantes e Êta Mundo Bom! marcaram muito mais que outras citadas no post.

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  22. Anjo Mau, Locomotivas kd?

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  23. Chocolate com Pimenta foi a terceira novela do Walcyr Carrasco na Globo. A segunda foi A Padroeira.

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  24. Os Dez Mandamentos venceu A Regra do Jogo.

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