quarta-feira, 23 de dezembro de 2020

"220 Volts" foi um especial hilário e emocionante

 O "220 Volts" é um dos marcos da carreira de Paulo Gustavo. O humorista estreou o programa em 2011 no Multishow e o sucesso foi estrondoso. O formato é simples. Vários quadros protagonizados pelos personagens icônicos do ator compõem a atração, quase sempre falando com a câmera (quebrando a chamada quarta parede), e o telespectador nem percebe o tempo passar. Ficou no ar até 2016 no canal a cabo e ganhou um especial na Globo em 2020, exibido nesta terça-feira (22/12).

Infelizmente, a emissora precisou passar por uma das piores crises em seu setor de humor (desmontado por completo em virtude do escândalo do assédio de Marcius Melhem, então todo poderoso do canal e já demitido) para dar espaço ao sarcasmo de Paulo na rede aberta. Mas antes tarde do que nunca. E valeu muito a pena. O humorista apresentou seus perfis mais queridos do público em esquetes impagáveis ---- todas gravadas em novembro, durante a pandemia, respeitando os protocolos e muitas apresentando situações atuais de forma crítica.

Maria Efisema, Senhora dos Absurdos (que virou a essência do bolsonarismo), Mulher Feia, Playboy, Famosa e, claro, a amada Dona Hermínia marcaram presença e foi difícil parar de rir.

O afiado texto ---- o especial foi escrito por Paulo com Fil Braz, roteirista parceiro de vários outros projetos ---- somado ao desempenho do intérprete se mostrou infalível. Vale destacar também o próprio Paulo em uma espécie de 'stand up comedy' intercalando os quadros. Tudo funcionou e matou a saudade da atração. 

As participações especiais ainda engrandeceram o programa. Vide a ótima dobradinha de Paulo Gustavo com Marcus Majella, seu amigo de longa data e colega de várias produções vitoriosas, incluindo o "Vai que Cola". Deborah Secco, Malu Valle, Herson Capri, Pedro Novaes, Rafael Zulu e a cantora Iza foram outras figuras que contracenaram com o humorista. Aliás, foram utilizados oito cenários, além de um camarim. Um palco com telas de LED também foi montado especialmente para o projeto. Paulo ainda emocionou com sua mensagem final de esperança e amor pela arte. 

O único problema foi o horário ingrato. Em meio a um momento de pura escassez de atrações inéditas (por conta da pandemia), foi absurdo colocar o especial depois da meia noite, após a longa reprise do especial de Roberto Carlos em Jerusalém. A lógica seria o "220 Volts" entrar logo depois da reexibição de "A Força do Querer". Mas, deixando a questão da grade de lado, foi uma deliciosa surpresa esse especial de fim de ano. Quem sabe não serve para 'ressuscitar' a série e ainda fixá-la na grade da emissora em 2021? Fica a dica. 

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