Genial como Lurdes, Regina Casé rouba a cena em "Amor de Mãe"

Longe das novelas desde uma pequena participação no remake de "Ciranda de Pedra", em 2008, Regina Casé retornou ao gênero em "Amor de Mãe", recém-iniciada, em pleno horário nobre da Globo. E vendo o desempenho da atriz na trama de Manuela Dias, dirigida por José Luiz Villamarim, é possível afirmar com tranquilidade como fazia falta. A produção ainda está no começo e muito água vai rolar, mas Lurdes chegou iluminando a tela.

A protagonista é a que mais honra o título do folhetim. Lurdes é a típica mãe brasileira e todas as suas atitudes são facilmente identificáveis. Todos os filhos observam características de suas mães na personagem. É a mãe leoa, a mãe protetora, a mãe que dá tudo pelos filhos, a mãe que se preocupa com cada passo que o filho dá, a mãe acolhedora, a mãe amorosa, a mãe barraqueira, a mãe que enfrenta até bandido para encontrar um filho desaparecido.

Nordestina, a personagem é mãe de Magno (Juliano Cazarré), Érica (Nanda Costa), Ryan (Thiago Martins) e Camila (Jéssica Ellen), adotada pela mulher assim que a encontrou abandonada em plena estrada. Nunca perdeu a esperança de achar Domênico, filho que foi vendido pelo pai há 20 anos. Humilde, luta para sustentar seus herdeiros e conseguiu dar uma educação de qualidade a todos.
Sempre preocupada com o próximo, se tornou melhor amiga de Thelma (Adriana Esteves) porque a viu passando mal na rua e foi ajudar. As duas criaram um laço bonito de se ver. Também ganhou um emprego como babá do filho recém-adotado de Vitória (Taís Araújo).

Lurdes é o elo de ligação das três protagonistas. Ou seja, involuntariamente, acaba ganhando mais importância na história, embora o trio represente o mote da novela. E o papel parece escrito sob medida para Regina, que se mostra entregue em todas as cenas. Tem dado gosto de ver o desempenho da intérprete. Até porque a personagem, até agora, é o único alívio cômico de um roteiro marcado por várias tragédias e muito sofrimento. E o humor de Lurdes é ocasional. O perfil não tem nada de cômico, mas algumas atitudes despertam risos em quem assiste até pela inocência do gesto ou transparência da fala.

A comparação com a carismática Val, do elogiado filme "Que Horas Ela Volta?", exibido em 2015 e que marcou a carreira da atriz, é inevitável. Mas a maior similaridade é apenas o talento de quem interpreta. Os contextos são completamente distintos. A vantagem do folhetim é poder presentear o público com a atuação de Regina ao longo de seis meses e não apenas por duas horas. Lurdes vem roubando a cena e tudo indica que será um costume até o final da produção. É um tipo que sobressai quando aparece, não tem jeito. E a sequência da atriz ao lado de Adriana Esteves, quando Lurdes acha cinco mil reais na praia e Thelma a ajuda na fuga, já está na lista de melhores da novela.

A personagem ainda protagonizou outra sequência memorável, quando Lurdes tirou fotos de Érica pela casa só porque a filha estava toda arrumada para uma festa. Teve fotografia até ao lado de uma samambaia. Que mãe nunca fez isso? E a virada no enredo da batalhadora mulher é a aproximação com Sandro (Humberto Carrão), bandido que está preso e ela acredita ser Domênico. É evidente que o rapaz não é o herdeiro dela e novos desdobramentos virão.

"Amor de Mãe" ainda está apenas em seu início. Ao menos por enquanto, vem se mostrando um folhetim dos mais promissores. E Lurdes é, sem dúvida, uma das maiores qualidades da trama. Regina Casé está ótima.