segunda-feira, 2 de setembro de 2019

"Malhação - Toda Forma de Amar" chega ao capítulo 100 com trama estagnada

A atual temporada de "Malhação" está surfando na onda de ótimas audiências da Globo nos últimos meses. "Malhação - Toda Forma de Amar" está até agora com média de 18 pontos, um ótimo índice, e um ponto a mais que a péssima fase anterior. E Emanuel Jacobina fez por merecer a aceitação do público, após duas tramas sofríveis do seriado adolescente escritas por ele em sequência entre 2015 e 2016 ("Seu Lugar no Mundo" e "Pro Dia Nascer Feliz"). Todavia, a produção chegou ao centésimo capítulo nesta segunda-feira (02/08) com o roteiro estagnado.


A história teve um início promissor e quase todos os personagens cativam de alguma forma, assim como seus respectivos conflitos. O mote central, inclusive, se baseia no clichê da mãe biológica lutando pela guarda da filha com a família adotiva. É uma temática que costuma conquistar o telespectador e a saga de Rita (Alanis Guillen) desperta interesse, assim como sua relação de discussões e beijos com Filipe (Pedro Novaes), filho da mulher que adotou a menina que a adolescente pariu.

As paralelas também têm várias qualidades, vide o mistério em torno do assassinato de Zé Carlos (Peter Brandão), o romance mais 'bruto' de Anjinha (Carol Dallarosa) e Cleber (Gabriel Santana), as tiradas de Thiago (Danilo Maia) e seu novo relacionamento com Jaqueline (Gabz), o triângulo cômico protagonizado por Carla (Mariana Santos),
Major Marco Rodrigo (Júlio Machado) e Madureira (Henri Castelli), a relação homoafetiva de Guga e Serginho (João Pedro Oliveira), entre outras situações. É um conjunto realmente atrativo e merecedor de elogios, já feitos neste blog.

Porém, há pouco mais de um mês que a trama perdeu o fôlego. Está na famigerada fase da 'barriga', período recheado de enrolações e acontecimentos irrelevantes. É até compreensível que o contexto envolvendo Rita e Filipe se arraste mais, afinal, é o principal argumento da temporada e o autor precisa manter o enredo até abril de 2020. A guarda da menina ser compartilhada entre mãe biológica e adotiva (como certamente ocorrerá no final, como todo bom clichê) agora seria muito cedo. Então é natural não apresentar tantas evoluções. Os conflitos apresentados até despertam atenção, como as brigas de Ligia (Paloma Duarte) e Joaquim (Joaquim Lopes) com o filho e as armações de Lara (Rosanne Mulholhand).

Jacobina erra totalmente ao estagnar as outras tramas. O artifício de um bom autor para disfarçar a falta de avanços do enredo central é justamente movimentar os paralelos em esquema de rodízio. Mas isso não ocorre na atual "Malhação". A promissora história de Guga e Serginho vem sendo desenvolvida de forma muito equivocada. Além de não caminhar com o enredo do rapaz que tem medo de contar sobre sua orientação sexual para o pai homofóbico e machista, o escritor escondeu o romance dos jovens. O público não viu o primeiro beijo, a primeira declaração, o início do namoro... Pelo contrário, foi surpreendido com o diálogo em que Serginho disse para Guga que já estava na hora de assumirem. Assumirem? O telespectador nem sabia que já estavam juntos. Enquanto isso, "Bom Sucesso", deliciosa novela das sete de Rosane Svartman e Paulo Halm, exibe o selinho de William (Diego Montgez) e Pablo (Rafael Infante) com naturalidade.

A história de Cleber e Anjinha é outra que parece perdida. Os dois estão juntos e felizes. Legal, mas e daí? A ausência de maiores conflitos implicou na diminuição do destaque do par. Já o triângulo formado por Carla, Madureira e Marco segue com muitas cenas. Entretanto, o que era engraçado ficou repetitivo. Passou da hora da dona do "Baixadas" assumir o que sente pelo policial, nem que seja para ocorrer uma separação futura. Até porque Neide (Quitéria Kelly) transformou a situação em um quarteto e o fato promoveria uma saia justa entre as amigas, o que resultaria em novos desdobramentos.

O concurso "Vai no Gás" é mais uma questão que se estendeu demasiadamente. A participação de Sophia Abrahão interpretando ela mesma promoveu cenas divertidas, mas o concurso parece interminável, assim como os ensaios e a rivalidade entre Nanda (Gabriela Mustafá) e Raíssa (Dora de Assis). Por sinal, nem mesmo o romance recém-iniciado da irmã de Thiago com Camelo (Ronald Sotto) deixou o núcleo melhor. Até porque é difícil torcer pelo casal depois que o personagem protagonizou vários ataques homofóbicos ao irmão Serginho. Até mesmo a relação de Beto (John Buckley) e Meg (Giulia Bertolli) se perdeu após a transa. Sem conflitos e com a ausência da vilã Martinha (Beatriz Damini) --- então amiga deles e retirada da história sem razão alguma ---, Jacobina inventou uma situação que não faz sentido: Meg se vê grávida e não sabe quem é o pai (Beto ou o ex). O detalhe é que a menina terminou com Guga há meses. É impossível qualquer possibilidade do amigo de Rita ser o pai e aquela cena extra da transa "recente" deles parece criada exclusivamente para evitar a exposição desse erro no roteiro.

Até o enredo de Milena (Giovanna Rispoli) parece sem rumo. A irmã surda de Jaqueline entrou na fase bem depois e protagonizou delicados momentos quando descobriu o parentesco com a filha de Vânia (Olívia Araújo). A vilania de Karina (Christine Fernandes) foi outro atrativo. Mas a sua aproximação com Daniel (Hugo Moura) se mostrou forçada e a menina perdeu parte da importância desde que o namoro foi iniciado. Vale citar ainda o longo período envolvendo os enigmas a respeito do assassinato de Zé Carlos, que estabeleceu o vínculo de amizade entre Rita, Jaque, Raíssa, Thiago e Anjinha ---- que presenciaram o sequestro do menino em uma van. Tudo bem que a justiça é lenta, mas as investigações do Major que nunca dão em nada já cansaram.

"Malhação - Toda Forma de Amar" tem uma trama com potencial. Os primeiros meses promissores foram a prova. Porém, corre o risco de entrar para a lista de produções que começaram maravilhosas e se perderam completamente pelo caminho --- vide a agora fraquíssima "Órfãos da Terra". Há muitos meses pela frente e Emanuel Jacobina tem tempo de sobra para voltar a apresentar aquela temporada ótima que marcou o começo do enredo. Mas é uma pena que tenha chegado ao capítulo 100 sem fôlego.

33 comentários:

  1. Jacobina voltou a ser Jacobina...

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  2. Será o fim da sina de Malhação? Com duas temporadas fracas seguidas... Veremos! Tô confiante com a temporada da Priscilla steinman. Acho que vai dar certo.

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  3. Putz... Você foi bem certeiro... E autor ainda "destruiu" meu casal Guginho, colocando o Guga pra trair Serginho. Poxa, ele é o cara mais bacana dessa trama, não merecia isso :/ meu elogio ao autor é que eu amo todos os casais jovens, Thiline, Rilipe, Clejinha, etc... Torcia por Carla e Madu, mas já vi que a Carla gosta mesmo do Major, e torço para que o autor não coloque Madu com a podre da Karina.

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  4. Disse tudo e m ais um pouco o que to achando da temporada atualmente. Nem sei porque me empolguei pq esse autor é decepção certa.

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  5. Traduziu meu sentimento com a temporada. Até larguei nas últimas semanas.

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  6. Alguem deveria mostrar esse texto pro Jacobina...

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  7. Análise impecável, Sérgio. "Malhação - Toda Forma De Amar" é até boa, mas aos poucos Emanuel Jacobina se encontra correndo o risco de ter uma recaída e destruir sua história na faixa horária. E pensar que havia quem comparasse a atual fase com a icônica "Malhação - Viva A Diferença" (2017)... Pelo menos para mim, Cao Hamburger em momento algum comprometeu a qualidade do conjunto geral de seu enredo, mesmo com um erro aqui e outro acolá diante de tantos acertos vistos na temporada. Até abril de 2020, espero apenas não me arrepender dos poucos elogios que fiz até então a "Malhação - Toda Forma De Amar".

    Guilherme

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  8. Está mais do que na hora do Ção Hamburguer escrever uma nova temporada de malhação ou quem sabe uma novela em outro horário.

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  9. Parem de endeusar Cao Hamburger tb né gente! Viva a Diferença tb tinha vários defeitos, aquelas baladinhas que serviam só pra encher linguiça, o didatismo em excesso no texto, não é pq as posteriores foram ruins que a torna boa.

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  10. Infelizmente, acho que o Jacobina está voltando a sua "velha forma". A trama continua boa, mas está precisando dar uma boa guinada, porque potencial para isso ela tem.
    Sobre o comentário acima, vamos continuar enaltecendo sim o Cao Hamburguer e Viva a Diferença e quantas vezes for preciso. Teve defeitos, não podemos negar, mas são pequenos em relação a importância dessa temporada para a história de Malhação. Se vc não curtiu, blz. Agora deixa quem apreciou, o direito de enaltecer.

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  11. Começou boa, mas perdeu o fôlego depois. De qualquer forma, ainda é mil vezes melhor que aquela Malhação Vidas Brasileiras. Agora, Sérgio, mudando completamente de assunto, esse programa Se Joga que a Globo vai estrear nas tardes, pelo amor de Deus, tá com cara de ser insuportável e olha que eu gosto dos apresentadores. Vão colocar aquilo pra competir diretamente com A Hora da Venenosa no Balanço Geral, posso estar enganada, mas eu acho que vai ser um fracasso e vão acabar rapidinho igual fizeram com o Vídeo Show comandado pelo Zeca Camargo. Aliás, tomara que voltem com o Vídeo Show.

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  12. Ahh que texto perfeito Sérgio, nua narração me deixa por dentro de todos os acontecimentos de Malhação, uma vez que não acompanho. Uma pena o ritmo ter começado bem, mas perdendo-se ao longo do caminho...
    Valeu querido, desejo um restante de semana maravilhoso!! !! :))

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  13. Quem nasceu para ser Emanuel Jacobina nunca será Cao Hamburguer. É impressionante o quanto o Jacobina se perde nas temporadas que escreve. Essa atual tem algumas qualidades, mas falta um tchan. Acho que os adultos têm destaque exagerado na trama. Falta personagens jovens mais interessantes. Todos são muito comuns e falta algo que repercuta. A temporada é um sucesso de audiência, mas a repercussão é zero. Ainda tem gente aqui nos comentários que não enxerga as qualidades e todos os méritos de Viva a diferença. Cao transformou Malhação e foi disparada a temporada mais relevante de todos os tempos dessa novela. Foi a única temporada que retratou o universo jovem sem aquele filtro bobo de casalzinho com vilã de antigamente. Todos os méritos dessa temporada devem ser exaltados. Enfim, espero que Jacobina não desande outra temporada. Por enquanto, não é uma temporada ruim, mas pode ser melhor.

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  14. Essa malhação não me anima muito. Vejo só por uns minutos mas nada me chama atenção, então desligo. Uma personagem que achei bem interessante no momento que entrou na trama foi a irmã de Jaqueline, mas se perderam na história dela também. Saudades Viva a diferença! Saudades das Five!
    Que apesar de alguns erros, foi uma Malhação maravilhosa.

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  15. Vc concorda que Malhação viva a diferença tinha um um didatismo em excesso no texto? E que as baladas eram apenas enrolação? Enfim, viu algum defeito em Viva a Diferença? Vi que algumas pessoas acham isso, mesmo gostando da novela. Eu adorei o seu texto e você é muito imparcial. Elogiou até onde deu, mas agora a história apresenta falhas que você mencionou com muita clareza. Acho que a sina está quebrada. Tô apostando muito na qualidade da substituta que será da pupila de Rosane Svartman. Adoroooooooo!

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  16. Olá Sérgio, boa tarde meu querido...
    Concordo plenamente com sua análise sobre Malhação - Toda Forma de Amar.
    .
    A temporada começou realmente com Gás Total, podemos até listar o que está acontecendo de errado na trama.

    1 - A trama do Zé Carlos praticamente morreu com o tempo.

    2 - O Thiago desenvolveu um certo distúrbio psicológico depois do assalto que houve na lanchonete, porém isso não foi explorado.

    3 - O núcleo adulto tem muito mais destaque do que os próprios protagonistas jovens da trama.

    4 - O núcleo do Serginho e Guga perdeu a mão dês de quando começou.

    5 - A saída de Martinha acredito que ninguém tenha entendido muito bem, porque ela simplesmente foi embora e ficou por isso.

    6 - A Rita só vive falando da filha e isso se torna extremamente cansativo.

    7 - Cleber e Anjinha são o casal mais feliz e fica por isso mesmo.

    Uma série de fatores que podemos listar, porém ainda temos o personagem Rui (Rômulo Arantes Neto) que chegará próximo ao capítulo 120 da temporada. Vamos ver o que nos aguarda.

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  17. Será, Matheus? Ainda assim é melhor que o pavor da passada...

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  18. E nem vi defeitos em Viva a Diferença, anonimo... Ou se vi nem lembro, confesso.

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  19. Muito obrigado, Duda. Olha, nnao via as baladas como enrolação pq sempre rendiam bons conflitos, como a overdose de Lica, por exemplo. Mas ainda assim era uma forma criativa de evitar barriga. E nao via didatismo.

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