Marina Moschen e Sérgio Malheiros foram esquecidos em "Verão 90"

A atual novela das sete da Globo está em plena reta final e não funcionou. Foram muitos os erros de "Verão 90" e Izabel de Oliveira e Paula Amaral pecaram principalmente na total ausência de história. Não havia um fio condutor para estruturar o enredo e tudo se perdeu em esquetes avulsas. Os problemas foram tantos que afetaram até mesmo os poucos acertos da produção, como o casal Larissa e Diego.

Marina Moschen e Sérgio Malheiros se destacaram logo no início do folhetim e o desenvolvimento do par, até então, estava muito interessante. Ao contrário da pressa em torno do casal Manu (Isabell Drummond) e João (Rafael Vitti), que se apaixonaram e ficaram juntos rapidamente, houve uma boa condução do nascimento do amor entre a patricinha e o menino mais humilde. O clichê que raramente falha na teledramaturgia.

O primeiro encontro se deu por conta de um gesto racista da menina --- ela achou, por segundos, que ele havia furtado sua bolsa --- e a situação, obviamente, rendeu um embate. Aos poucos, no entanto, os dois foram se conhecendo melhor e partiu dela a atitude de se desculpar para iniciar uma aproximação.
Até porque ambos começaram a estudar na mesma faculdade. As autoras foram cuidadosas no desenvolvimento e não demorou para essa relação virar a melhor da novela. Afinal, era a única que apresentava um conflito de verdade.

E a química entre os atores sempre transbordou. Antes mesmo do primeiro beijo. As trocas de olhares, os sorrisos, enfim, era um casal que dava gosto de torcer. Marina Moschen novamente roubava a cena em uma novela ---- fez o mesmo em "Rock Story" e "Deus Salve o Rei" ---- e Sérgio Malheiros protagonizava ótimos momentos ao lado da colega. A sintonia era visível e o talento da dupla valorizado. Tudo parecia perfeito até o capítulo que rendeu recorde de audiência para a trama: o da troca de casais.

Izabel de Oliveira e Paula Amaral, inclusive, merecem elogios pela criatividade da virada da história dos pares --- ainda que tenha sido absurda. O arrogante Quinzinho (Caio Paduan) desistiu de se casar com Larissa e foi atrás de Dandara (Dandara Mariana), para quem se declarou e propôs a situação um tanto inusitada. Já Larissa foi correndo atrás de Diego e os dois finalmente encararam aquele amor sem medo do preconceito da sociedade. O playboy atravessou a igreja com outra noiva, para o desespero de Mercedes (Totia Meirelles) e choque dos convidados, ao som de "Preta" (Beto Barbosa). Uma sequência ótima.

Todavia, a história de Larissa e Diego acabou ali. As autoras simplesmente esqueceram do casal depois dessa virada. Os personagens perderam a função e viraram figurantes. Passaram a aparecer uma ou  duas vezes por semana, se muito, e sempre em cenas irrelevantes, como a bobagem em torno da prisão de Candé (Kayky Britto), irmão da patricinha. O único casal da novela que tinha conflitos atrativos ficou igual aos demais: sem história. Com isso, obviamente, os atores ficaram sem destaque e se viram subaproveitados, após um início promissor. Agora, por exemplo, os dois estão envolvidos na forçada situação da volta da mãe de Larissa, que é uma golpista.

É verdade que os atores não foram exceções. Vários outros sofreram do mesmo mal ao longo da novela. Jeniffer Nascimento foi deixada de lado junto com o bobo mistério sobre Kika (ela é a cantora mascarada que aparece a cada dois meses e olhe lá), enquanto Cláudia Ohana (Janice), Fabiana Karla (Madá), Marcus Veras, Val Perré (Otoniel) e Flávio Tolezani (Raimundo) viram seus perfis minguarem à medida que as semanas se passavam. O único que se cansou da condução da autoras foi Humberto Martins, que pediu para sair da produção, embora todos os envolvidos neguem. E nem dá para julgar o ator, pois Herculano era tão sem função que nem deu para sentir falta.

"Verão 90" se encaminha para o fim e é lamentável que tantos erros tenham sido apresentados, entre eles a perda de relevância do par mais atrativo do folhetim. Marina Moschen e Sérgio Malheiros não mereciam tamanho descaso e no caso da atriz é preciso enfatizar que já é a segunda vez que a 'boicotam' ---- vale lembrar do sucesso de Selena em "Deus Salve o Rei", que ofuscou Amália (Marina Ruy Barbosa) e Catarina (Bruna Marquezine), mas depois teve sua importância estranhamente diminuída e somente retomada na reta final. Difícil compreender.