Saída de Otaviano Costa expõe despreparo da Globo na área de entretenimento

O comunicado oficial da Rede Globo nesta quarta-feira (24/04) surpreendeu muita gente. A emissora anunciou o desligamento de Otaviano Costa da empresa, após dez anos contratado. Até porque o apresentador acabou de estrear seu novo programa, o "Tá Brincando!", cuja primeira temporada foi exibida entre 5 de janeiro e 16 de março. A segunda, inclusive, chegou a ser confirmada para 2020 na coletiva de lançamento da atração.

Porém, como formato não deu o resultado de audiência que a Globo almejava, a emissora acabou desistindo da continuação ano que vem. O programa se manteve líder e valorizava a terceira idade. Não era um projeto empolgante, mas ao menos cumpriu o que prometeu. No entanto, não foi o bastante. Com esse cancelamento, Otaviano ficou sem projeto na casa (até porque o "Vídeo Show" já foi lamentavelmente extinto) e decidiu não renovar seu contrato que ia até o final de maio. A decisão foi de comum acordo e, segundo consta, saiu da emissora de portas abertas para um retorno futuro.

A questão é a falta de planejamento da Globo na área do entretenimento. Claro que as produções dramatúrgicas não estão incluídas. O problema tem sido na criação de programas. Há apresentadores demais e atrações de menos. Falta espaço até na grade. Com isso, já há uma fila de espera na empresa para o comando de um formato para chamar de seu.
O "Estrelas" chegou ao fim em abril de 2018 e até hoje Angélica não tem um projeto encaminhado. Até cogitaram um novo produto para a apresentadora, sem maiores informações para a imprensa, mas engavetaram pouco tempo depois.

Fernanda Gentil estava na área de esportes da Globo desde 2012 e foi transferida para o entretenimento no ano passado com a promessa de ganhar um programa. Com o final do "Vídeo Show", até cogitou-se uma estreia próxima da jornalista na faixa da atração vespertina, mas a solução da emissora foi a antecipação da "Sessão da Tarde" e a inserção de reprises de "A Grande Família". Gentil segue na geladeira esperando a concretização de seu projeto. A dúvida é: se não sabiam o que fazer com a apresentadora, por que a retiraram do "Esporte Espetacular"? Poderiam ao menos deixá-la no comando do jornalístico esportivo dominical enquanto não tinham nada decidido.

O "É de Casa" estreou em agosto de 2015 nas manhãs de sábado e o objetivo do programa parece ser "abrigar" vários profissionais que aguardam um lugar ao sol. Afinal, são quatro apresentadores: Cissa Guimarães, Ana Furtado, Zeca Camargo e Patrícia Poeta. Zeca ficou sem função desde que foi retirado do "Fantástico" sem razão aparente e não deu certo no "Vídeo Show". Acabou transferido para esse formato. Patrícia deixou o jornalismo para seguir os passos de Fátima Bernardes, mas até hoje espera seu programa. Enquanto isso, marca presença aos sábados em esquema de rodízio com Ana e Cissa. E eram seis com André Marques e Tiago Leifert.

Aliás, Leifert representa a grande incoerência da Globo em todo esse imbróglio envolvendo apresentadores querendo seu espaço. Embora tenha saído do "É de Casa", ele fazia parte do programa. Depois conseguiu a famigerada vaga para o lugar do insubstituível Pedro Bial no comando do "Big Brother Brasil", a partir da décima sétima edição. Comanda o "The Voice Brasil" desde a primeira temporada, em 2012. Chegou a comandar o "The Voice Kids" e só foi substituído por André Marques porque era impossível continuar junto com o "BBB". E ainda ganhou o "Zero 1" em 2016, atração que fala sobre jogos e vários costumes nerd, exibido aos sábados, após o "Altas Horas". Não tem programa demais para uma só pessoa e justamente em uma emissora que vem alegando falta de espaço para tanta gente que deseja apresentar?  Por que Tiago tem tantos privilégios e os outros não?

Uma boa solução que resolveria muitos problemas seria a colocação de Angélica para comandar o "The Voice Brasil" e o Otaviano Costa para apresentar o "BBB 20". Ou então a própria Fernanda Gentil apresentando o reality. Afinal, Leifert foi alvo de merecidas críticas do público e da imprensa especializada durante sua péssima apresentação do "BBB 19". Comandar apenas o "Zero 1" já estaria de bom tamanho, até porque o apresentador não esconde que é um apaixonado por games. Qual a razão de não liberar os outros formatos para pessoas que estão lutando com justiça por um espaço? A décima nona edição do "BBB" acabou de ser encerrada e Tiago já vai voltar com o "The Voice" em julho. E está no ar aos sábados. Um desgaste desnecessário de imagem. Ainda poderiam voltar com o "Vídeo Show" apenas ao sábados à tarde, abrindo duas vagas de apresentadores. O formato sobre os bastidores da televisão faz falta e é triste ver a maior emissora do país se apoiando em uma reprise do "Sai de Baixo".

A saída de Otaviano Costa demonstrou o despreparo atual da área de planejamento da Globo em programas de entretenimento. Ele é um ótimo comunicador e fará falta. Poderia até mesmo comandar a nova edição do "Popstar", já que Taís Araújo está envolvida na próxima novela das nove e Fernanda Lima engravidou. Enquanto isso, Tiago Leifert segue no comando de três atrações da casa. Resta torcer para que Angélica e Fernanda Gentil não sejam as próximas vítimas.