Letícia Spiller está ótima em "O Sétimo Guardião"

A atual novela das nove, dirigida por Rogério Gomes, vem enfrentando uma sucessão de problemas. "O Sétimo Guardião" não emplacou e os conflitos apresentados por Aguinaldo Silva até agora não provocaram qualquer tipo de interesse por sua história. Até os personagens são ruins. Mas entre as exceções está Marilda, vivida com competência por Letícia Spiller.

A primeira dama da fictícia Serro Azul é uma completa caricatura. Com um figurino exagerado e vários trejeitos ao andar, a perua protagoniza as melhores situações cômicas da trama --- as únicas que despertam riso, vale ressaltar. Letícia ainda resolveu adotar um sotaque interiorano para a personagem e a ideia foi aceita pela direção e pelo autor. Embora parte da crítica e do público tenha rejeitado, a atriz foi muito feliz nessa ideia. O fato dos demais perfis não terem sotaque não obriga que ela não tenha. E combinou muito bem com o papel.

Marilda é afetada e Letícia sempre se sobressai em papéis mais carregados nas tintas. É difícil não se divertir com os diálogos da mulher com a irmã, Valentina (Lilia Cabral), principalmente quando as duas traçam futuros planos para a fonte milagrosa e tudo o que aquela mina de ouro pode render. Afinal, vale lembrar que o autor foi muito sagaz ao colocá-la como uma pessoa que não envelhece graças aos seus banhos com a famigerada água.
É irmã mais velha da vilã e parece mais nova. Aguinaldo usou a fonte da juventude natural que a atriz carrega dentro de si (ela, Paula Toller, Alessandra Negrini, Malu Mader, entre outras) para sua personagem.

As cenas protagonizadas por Letícia e Dan Stulbach também merecem elogios. Marilda e Eurico se acham muito mais do que realmente são e já discutiram várias vezes por conta de divergências sobre a prefeitura. Mas os dois sempre tiveram uma vida sexual ativa, agora interrompida pelo castigo da fonte pela traição do prefeito. Aliás, esse fato a aproximou mais do pedreiro Fabim (Marcello Melo Jr.). As tentativas da esposa chifrar o marido rendem momentos cômicos e a atriz tem uma boa sintonia com Marcello. Tanto que o ator faria apenas uma participação no início da trama e acabou ficando.

A intérprete merecia um bom papel na televisão, após tantos perfis ruins em sequência. Embora sempre atue bem e consiga mostrar seu talento até em papéis que não fazem jus ao seu talento, Letícia não tinha uma personagem marcante desde a ardilosa Viviane, de "Senhora do Destino" (2004), do mesmo autor. Aliás, Aguinaldo não foi feliz quando a escalou para "Duas Caras", em 2007 ---- Eva era apagada e avulsa no enredo. É preciso destacar ainda a falta de sorte da atriz nas novelas nos últimos anos. Só esteve em produções ruins e que fracassaram, vide "Malhação - Conectados" (2011), "Salve Jorge" (2012), "Joia Rara" (2013), "Boogie Oogie" (2014), "I Love Paraisópolis" (2015), "Sol Nascente" (2016) e "Os Dias Eram Assim" (2017) --- as duas últimas tiveram um bom desempenho na audiência, mas apresentaram enredos fracos e Spiller não teve bons papéis. Agora, infelizmente, sua sorte não mudou na atual novela das nove, pois "O Sétimo Guardião" também vem fracassando e seu enredo deixa muito a desejar. No entanto, pelo menos, ganhou uma personagem atrativa.

Letícia Spiller é uma profissional que saiu do "Xou da Xuxa/Xuxa Park" (1989/1992), onde se destacava como Paquita da Xuxa, para se dedicar ao ofício de atriz e logo virou uma das maiores revelações da teledramaturgia em sua estreia em "Quatro por Quatro", na pele da icônica Babalu. Desde então, nunca mais saiu do ar e tem o carinho e a admiração do público. Que bom que agora vem sendo valorizada como merece na pele da histriônica ''Mariiiiiiiilda".