Há salvação para o "BBB 19?

A décima nona edição do "Big Brother Brasil" estreou no dia 15 de janeiro e até agora não disse a que veio. Já era previsível, por sinal, que o reality enfrentaria problemas com a audiência em virtude do fracasso de "O Sétimo Guardião". Ou seja, agora não tem o fenômeno "O Outro Lado do Paraíso" para o programa 'pegar carona'. A atração precisaria ser muito atrativa para conquistar o telespectador. Mas isso não aconteceu ainda.

E será que vai acontecer? Tudo é possível, todavia, a produção não parece muito preocupada em esquentar o jogo. A seleção dos participantes foi boa. A ideia de Boninho claramente foi provocar uma guerra entre ''nichos''. Escalou jovens brancos, bem-nascidos e fúteis juntamente com negros engajados, inteligentes e que tiveram uma vida bem mais difícil. Nem foi necessário estabelecer uma divisão de grupos. Tudo aconteceu naturalmente através da convivência.

Não por acaso, o público apelidou um grupo de "Gaiola" --- em referência ao "Gaiola das Popozudas", antigo grupo de funk comandado por Valesca Popozuda ou ao Baila da Gaiola famoso no RJ ----- e o outro de "Villa Mix" (baladas ou festivais frequentados por jovens ricos e 'mauricinhos'). De um lado estão Rodrigo, Gabriela, Rízia, Danrley, Elana, Alan e Hana (eliminada); do outro Gustavo (eliminado), Diego, Isabella, Carolina, Maycon e Tereza.
Os elementos "coringas" da casa são Paula e Hariany, dupla que não criou laço com ninguém e fala mal de todo mundo. Parece uma estrutura excelente para um bom reality show, correto? Teoricamente sim, mas na prática o que tem sido visto é um grupo que não rende.

E a produção tem boa parte de culpa. A Prova da Comida, um elemento que sempre gerou brigas e aumentou rivalidades no "BBB", foi simplesmente extinta sem qualquer explicação plausível. Agora todos fazem compras individuais em poucos minutos diante de uma espécie de Caixa Eletrônico. Uma bobagem. E já foi possível perceber que a equipe do programa se arrependeu. Afinal, recentemente Tiago Leifert lançou uma enquete perguntando se o telespectador queria a volta da Prova da Comida em um domingo. Claro que ganhou a opção "sim". E a situação acabou provocando um atrito entre os participantes.

O Big Fone, um dos maiores elementos de tensão da casa, segue subaproveitado. Esse é um erro das últimas cinco edições, vale ressaltar. Só tocou uma vez até agora e provavelmente não tocará mais que umas 4 vezes até o final, caso siga o padrão dos anos anteriores. Já o Jogo da Discórdia, realizado toda segunda-feira, é o maior equívoco do "BBB 19". O famigerado jogo criado para gerar discussões entre os participantes teria que ser feito com todos os moradores da casa. Mas apenas 4 ou 5 pessoas participam porque o programa fica sem tempo. E o pior é que os realizadores nem sabem aproveitar o Pay Per View ---- serviço de canal a cabo bem caro que o assinante paga. Se não há tempo na edição da Globo, por que não continuam com o jogo apenas para quem assina o canal? Depois poderiam mostrar os melhores momentos na edição de terça-feira. Porém, Leifert simplesmente encerra o jogo sem a participação nem da metade da casa. O efeito, claro, é nulo. Até agora ninguém se aborreceu ou ficou em uma saia justa por causa do quadro.

Os participantes também ainda não fizeram por merecer grandes torcidas. O grupo liderado por Diego tem movimentado um pouco o jogo com combinações de votos recheados de cinismo em torno das articulações, mas o grupo adversário não reage. Embora Rodrigo, Gabi, Rízia e Danrley sejam pessoas inteligentes e aparentemente bem queridas, ignoram as atitudes de seus adversários achando que o público ficará do lado deles só pelo fato de não combinarem nada. É delicioso acompanhar a conversa deles sobre racismo e outros temas importantes. Verdadeiras aulas. Mas se continuarem assim, ignorando o jogo, serão eliminados facilmente por omissão. Toda ação gera uma reação. Resta esperar isso acontecer. Ao menos para movimentar um pouquinho esse jogo. Já Paula era engraçada no início, mas seus comentários racistas e repletos de preconceitos expõem uma pessoa pequena e maledicente. Sua atitude, inclusive, acaba respingando na fiel escudeira Hariany, que muitas vezes não contesta nada dos absurdos que a amiga profere.

O "Big Brother Brasil 19" tem deixado muito a desejar e a baixa audiência é justificável ---- nesta terça, dia da eliminação de Hana, marcou apenas 20 pontos. Para culminar, Tiago Leifert segue com comentários desnecessários, tentando a todo custo manipular o público de acordo com suas opiniões e preferências. Muitas vezes até "explica" diálogos ao invés de apenas exibi-los para deixar o público tirar suas conclusões. Enfim, se continuar do jeito que está o "BBB 19" entrará fácil para a lista de piores edições. Será que ainda há salvação?