quinta-feira, 11 de janeiro de 2018

"Treze Dias Longe do Sol" instiga e prende telespectador com um enredo sufocante

Coprodução da Globo com a O2 Filmes, "Treze Dias Longe do Sol" estreou nesta segunda-feira, dia 8, dois meses após já ter os seus dez capítulos disponibilizados na Globo Play ---- a emissora liberou a produção completa para assinantes da sua plataforma no dia 2 de novembro de 2017. A minissérie, escrita por Elena Soárez e Luciano Moura (dirigida pelo próprio Moura), conta uma instigante história em torno do desabamento de um prédio, dividindo o contexto entre os sobreviventes lutando pela vida nos escombros e os envolvidos no acidente tentando escapar da culpa.


A trama é viciante. Quem se aventurou pela Globo Play com certeza viu todos os capítulos em menos de uma semana. Os autores usaram habilmente tragédias reais provocadas por canalhice humana (como a queda do Edifício Palace II, em 1998, no Rio de Janeiro, por exemplo) para contar um enredo sombrio e sufocante, repleto de perfis dúbios e incrivelmente reais. O intuito é a exploração das reações mais radicais do ser humano frente aos seus limites em situações extremas, revelando não só o instinto de sobrevivência (literal ou não), como também o verdadeiro caráter de cada um.

No início do primeiro capítulo, há um elemento de tensão que acaba sendo o protagonista: o temporal que cai enquanto a obra do prédio (construído para ser um centro médico) é realizada. Enquanto a chuva desaba do céu, o engenheiro Saulo (Selton Mello) se preocupa com os atrasos da equipe e ainda precisa lidar com a fiscalização de sua ex-namorada, Marion (Carolina Dieckmann), filha do dono desse empreendimento ---- o médico Rupp (Lima Duarte).
Os operários se preocupam com os vazamentos da garagem do subsolo e tentam alertar Saulo, que ignora as chamadas no rádio, se preocupando apenas em se explicar para a ex. No fim do primeiro bloco, o desmoronamento do edifício acontece, em uma cena muito bem realizada pela equipe de efeitos visuais.

A partir de então, o roteiro é dividido entre três pânicos: o dos sobreviventes, presos no subsolo, em meios aos escombros; o da parceira de Saulo ---- a ambiciosa Gilda (Débora Bloch), diretora da construtora ---- juntamente com o herdeiro do falecido dono da construtora ---- Vitor (Paulo Vilhena) ----, e o da equipe de bombeiros, liberada pelo Tenente-Coronel Marco Antônio (Fabrício Boliveira), que se organiza para salvar todas as vítimas. Ainda há o desespero de Newton (Enrique Diaz), ex-colega de Saulo e acadêmico que fez os cálculos para a construção. Logo o público percebe que o prédio caiu por falha humana e a ambição dos poderosos envolvidos deixa rapidamente explícito que foram usados materiais de baixa qualidade e mão de obra não regulamentada para a execução do serviço.

O enredo é minuciosamente bem entrelaçado, mesclando todas as tensões e prendendo o telespectador com habilidade. Enquanto Gilda tenta jogar a culpa do desastre em cima do ingênuo Newton, ao mesmo tempo que sofre a 'perda' de Saulo (fruto de um amor platônico), o poderoso Rupp ameaça Vitor e promete vingar a 'morte' da filha. Já no subsolo, em meio aos escombros, Saulo, Marion e os demais operários lutam para sobreviver e sair daquele lugar, se vendo ainda diante de vários dilemas ---- como Jesuíno (Antônio Fábio), mestre de obras, que se desespera com o fato da filha (Yasmin - Camila Márdila) ter ido ao prédio contar a ele que estava grávida (implicando, claro no medo de ter morrido no desabamento). Os operários Bené (Arilson Lopes), Zica (Démick Lopes) e Daréu (Rômulo Braga) são as outras vítimas que acompanham os demais na agonia.

Aliás, a produção optou em trabalhar com alguns atores do nordeste, menos conhecidos, para ficar a trama mais realista. E todos são ótimos, incluindo, claro, os mais experientes. Selton Mello é figura rara na televisão e seu último trabalho havia sido a minissérie "Ligações Perigosas", em 2016. Ele brilha na pele do ambicioso Saulo, um dos responsáveis pelo desabamento e, ironicamente, uma das vítimas. É um tipo dúbio defendido com competência. Débora Bloch também está irretocável e a calculista Gilda não poderia ter uma intérprete melhor --- o maior destaque da produção. Carolina Dieckmann é outra merecedora de elogios, após dois anos afastada da teledramaturgia (sua última novela foi "A Regra do Jogo", em 2015). E Lima Duarte engrandece qualquer elenco. Enfim, é um belo time.

"Treze Dias Longe do Sol" é uma minissérie muito bem cuidada e o enredo do casal Elena Soárez e Luciano Moura reúne todos os elementos que prendem o público. Criativo usar o desabamento de um prédio para expor a verdadeira índole das pessoas, explorando as nuances de cada um, enquanto o tempo corre e diminui a cada segundo as chances de sobrevivência todos.

16 comentários:

  1. To achando boa, mas não maravilhooooooooosa...Vamos ver.

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  2. Eu to amando e que show da Débora Bloch! Adorei a crítica! É o que penso!

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  3. Que série sensacional, Meu Deus!! To amando rever. Pena que provavelmente será ignorada em todas as premiações, tal qual a excelente Ligações Perigosas. Que saudades de ver o Selton Mello na TV. E que bom poder vê - lo contracenar com a Carolina anos depois da insossa Tropicaliente. Confesso que sempre shippo os dois rs.

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  4. Olá querido amigo Sérgio, desculpe a ausência por aqui, só hj pude te visitar e desejar um feliz Ano Novo mesmo que atrasadinha.

    A série promete, estou gostando especialmente do elenco.

    Tenha uma tarde de paz !
    Bjs no core!

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  5. Olá Sérgio
    Um 2018 maravilhoso pra ti e todos aí com muita saúde, amor,sucesso e cultura!

    Estou gostando bastante da minissérie.
    Instigante como foi bem construída a narrativa, bem alinhavada e minuciosamente entrelaçadas as histórias, sem deixar pontas e deixando entrever aspectos sombrios dos personagens.
    Um elenco afiado e excelentes interpretações.
    Um plot que poderia ter sido infelizmente baseado em fatos, já que levando em consideração a ganância e falta de escrúpulos de algumas pessoas com relação ao dinheiro.
    Excelente resenha!
    Bjs Luli
    Café com Leitura na Rede

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  6. interessante e instigante mesmo, diante de enorme série de situações extremas , o pior e o melhor do ser humano será sempre demonstrado no limite de fragilização;tipo d enredo que muito me agrada e ainda com belos/as e talentosos/as atores e atrizes; assistirei Sérgio; Belo ano de 2018 para ti e obrigado!

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  7. Apesar do nome da série destacar os que estavam debaixo dos escombros, a narrativa é muito melhor construída por quem está do lado de fora.
    Além disso, a própria história é contada de maneira rápida demais.

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  8. Olá, tudo bem? Treze Dias Longe do Sol é uma minissérie sufocante.... Esse clima realmente passa no vídeo, mas não fica entre as melhores exibidas na Globo... Abs, Fabio www.tvfabio.zip.net

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  9. Com certeza será ignorada, Débora. Isso é certeza...

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  10. Tu sumiu msm, Dina. Bem vinda de volta. bjs

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  11. Desejo em dobro pra vc, Luli. E excelente comentário, é isso. bj

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  12. Só o final me decepcionou, Izabel. O resto eu gostei muito.

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