sexta-feira, 20 de janeiro de 2017

Destaque de "Dois Irmãos", Antônio Fagundes se "especializou" em cenas emocionantes com seus filhos na ficção

"Dois Irmãos" chega ao fim nesta sexta-feira (20/01) e um dos acertos da minissérie baseada no romance homônimo de Milton Hatoum foi o elenco escalado. Um dos grandes destaques da trama de Maria Camargo, dirigida por Luiz Fernando Carvalho, foi Antônio Fagundes interpretando o libanês Halim. O personagem já entrou para a lista dos melhores de sua carreira e ainda proporcionou para o ator uma cena, entre tantas brilhantes, emocionante ao lado de Cauã Reymond (Yaqub/Omar).


Halim, corroído pelo remorso por ter mandando Yaqub para uma aldeia no Sul, abraçou o filho pela primeira vez (enquanto se despedia do rapaz, que mais uma vez ia embora de Manaus), deixando suas lágrimas escorrerem, e fazendo questão de dizer que aquela também era a casa dele. A cena foi curta. Durou menos de 40 segundos. Ainda assim, o sentimento daquele pai arrependido pôde ser observado com nitidez graças ao talento de Fagundes, assim como a tentativa de controle da emoção de Yaqub, que interrompeu o longo abraço. Cauã também merece elogios.

Porém, essa não foi a primeira vez que Antônio Fagundes protagonizou uma sequência assim. Ele já virou um expert em momentos de pura emoção ao lado de seus filhos da ficção. A cena de "Dois Irmãos" foi a quarta do intérprete vivenciando situações parecidas, guardadas as devidas proporções, obviamente ---- afinal, cada trama tem as suas particularidades.
Além da minissérie, "Renascer", "Amor à Vida" e "Velho Chico" presentearam o ator e o público com cenas repletas de emoção e sensibilidade.

Após praticamente uma vida inteira de rivalidade, incluindo a disputa pela mesma mulher, José Inocêncio (Fagundes) e o filho João Inocêncio (Marcos Palmeira) se reconciliaram no último capítulo de "Renascer" (1993), novela de Benedito Ruy Barbosa. O pai pediu perdão em seu leito de morte e os dois deram um forte abraço, enquanto o poderoso fazendeiro segurava um pedaço da espada que o filho havia lhe dado, parecendo um crucifixo. Foi a despedida doída de suas pessoas machucadas em virtude de um longo período de mágoas guardadas. Zé Inocêncio faleceu nos braços do filho, com lágrimas nos olhos. A cena foi emocionante e até hoje é lembrada.


Já o momento protagonizado pelo ator em "Amor à Vida" (2013) foi a cena mais tocante da novela e entrou para a história da teledramaturgia. Foram 220 capítulos com César vomitando ódio em cima de Félix, destilando muitas vezes comentários homofóbicos. O filho não era santo, vale lembrar, e em várias discussões não tinha razão. Entretanto, a vilania do melhor personagem da carreira de Mateus Solano se dava justamente por conta da rejeição do pai e da inveja que sempre sentiu do carinho que a irmã Paloma (Paolla Oliveira) recebia dele. Na última cena da trama de Walcyr Carrasco, pai e filho se reconciliaram diante de um lindo pôr do sol e Félix finalmente ouviu César dizer que o amava, o chamando de 'meu filho'. A sequência foi primorosa e de uma delicadeza imensa, honrando os 48 pontos de audiência.


Ano passado, Fagundes protagonizou a terceira cena tocante ao lado de um filho na ficção e também no último capítulo. O sensível momento em que Afrânio fez as pazes com Martim (Lee Taylor), em uma mistura de sonho e alucinação, primou pela poesia. O abraço do pai que tanto renegou aquele filho, pedindo perdão por tudo o que havia feito, foi lindo e emocionou o telespectador. O ator mais uma vez expôs o seu conhecido talento e ao lado do colega Lee, uma grata revelação do folhetim de Benedito Ruy Barbosa e Bruno Luperi. Foi uma das muitas cenas delicadas da reta final da trama.


Antônio Fagundes é um dos melhores e mais respeitados atores brasileiros. Além de inúmeros bons trabalhos no cinema, no teatro e na televisão, o intérprete acabou adquirindo essa curiosa 'experiência' de vivenciar grandes emoções ao lado de talentosos colegas que interpretaram seus filhos no universo ficcional. O caso de "Dois Irmãos" acaba de entrar para essa seleta galeria de grandiosas cenas do talentoso ator, o que não deixa de ser uma curiosidade e uma coincidência bastante interessantes.

18 comentários:

  1. Mais um ótimo texto, Sérgio. Antônio Fagundes é um grande ator e se destacou em todas essas produções. Essas cenas ao lado dos filhos dele na ficção foram emocionantes e a de Dois Irmãos comprovou essa especialidade de Fagundes em protagonizar essas cenas ao lado dos filhos.

    Parabéns pela análise! Um grande abraço!

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  2. ADOREI O TEXTOOOOOOOO!!!!!!!!!!!!!!!!

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  3. A de Amor à Vida foi a melhor!

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  4. Nossa, nem tinha parado pra refletir sobre isso! É verdade!

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  5. Fagundes é o máximo,adoro os trabalhos dele! abraços praianos,chica e um lindo fds!

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  6. Fagundes derrapou em Velho Chico, mas sempre foi um grande ator. Adorei a postagem.

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  7. Acrescento mais duas cenas lindas do Fagundes com filhos da ficção:

    Em Por Amor, a emoção de Atílio ao descobrir que é pai de Léo(Murilo Benício), e quando este lhe diz, no último capítulo, que ele será avô.

    Em Terra Nostra, quando Gumercindo faz o parto da esposa, Maria do Socorro(Débora Duarte), e a ajuda a trazer ao mundo seu primeiro filho homem.

    Foram cenas maravilhosas também!

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  8. Ah, esqueci de citar outra cena semelhante protagonizada por ele em Por Amor. A mais importante: Quando o Atílio, depois de saber que seu filho com Helena(Regina Duarte) está vivo, vai ao apartamento de Eduarda(Gabriela Duarte) e pega o pequeno Marcelinho no colo pela primeira vez. Uma das cenas mais bonitas do final dessa novela maravilhosa! E dizem que Fagundes chegou a se queixar do personagem na época... mas acho que ele não tinha do que reclamar, pois também teve grandes momentos, como a cena citada.

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  9. JF, excelentes complementos. É verdade, essas cenas foram lindíssimas também e lembro bem. Ele não tinha motivo algum pra reclamar do Atílio, foi um grande personagem.

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  10. Protagonizada por Antônio Fagundes, o melhor ator em cena, e bem explorada por Eliane Giardini, que brilha em cenas mais dramáticas, a cena anuncia a decadência da família a partir da morte de seu patriarca, que passou a noite de natal fora porque não conseguia sequer suportar a voz do próprio filho.

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