Criada por Fernando Bonassi, José Alvarenga Jr. e Marçal Aquino, "Supermax" é um dos projetos mais ousados da Globo por várias razões: primeira produção nacional voltada para o terror, sobrepondo o suspense e abusando de sequências sanguinolentas; elenco quase todo formado por atores pouco conhecidos do público; e estilo muito semelhante aos seriados americanos do gênero. Outro traço de ousadia foi a forma de divulgá-la: a emissora lançou 11 episódios na internet (através do aplicativo Globo Play), deixando somente o último (décimo segundo) inédito para ir ao ar na televisão. A questão é que todos esses pontos podem explicar o fracasso do produto, que configura a menor audiência de uma série da líder na faixa das 23h, superando até mesmo a problemática "O Dentista Mascarado".
A série estreou com 15 pontos e foi perdendo audiência a cada semana. Até chegar aos 9 pontos, perdendo algumas vezes a liderança para o sucesso "MasterChef Profissionais" ---- na penúltima terça de novembro (dia 22), a Band chegou a ficar mais de uma hora em primeiro lugar (74 minutos) -----, e até mesmo ficando atrás do SBT. É um resultado péssimo, onde sua média geral é de apenas 12 pontos. Entretanto, o capricho da produção é evidente. O presídio construído é grandioso e os efeitos especiais dos elementos sobrenaturais passam longe de qualquer tipo de 'tosquice', por exemplo. Então qual a razão do público não corresponder? É difícil fazer qualquer tipo de análise de um fracasso, pois não existe ciência exata em se tratando de televisão. Mas, como citado no primeiro parágrafo, há algumas explicações plausíveis.
O 'thriller' é um gênero de nicho, ou seja, só agrada um determinado tipo de público. Uma pessoa que não gosta de comédia romântica, hipoteticamente, pode vir a gostar de um seriado ou filme com essas características caso o enredo lhe agrade. Mas um telespectador que não gosta de terror por causa das cenas fortes e momentos de 'susto'' jamais se interessará por alguma produção do tipo, por mais que a história seja interessante.
Não é um formato que atrai quem nunca curtiu a proposta. Para culminar, a Globo lançou onze episódios na Globo Play justamente para atrair os fãs do estilo, além daqueles que se acostumaram a ver séries sem serviços de Streaming, como na Netflix, por exemplo. Os números do seu aplicativo foram bem positivos, pois segundo a emissora 44% dos espectadores que viram o primeiro episódio decidiram ver o segundo. Porém, a longo prazo, foi algo catastrófico para a tevê.
Afinal, todos que se interessaram pela série já viram os 11 episódios e, obviamente, a maioria não quis ver a 'reprise' na Globo. Portanto, com grande parte do público alvo 'descartado', sobraram os que não são fãs do gênero. Esses foram abandonando a produção aos poucos, 'coincidentemente' à medida que o terror ia aumentando. E o enredo da trama só começa a ser ligeiramente explicado a partir do sexto episódio, sendo um tiro no escuro até então. O que se acompanha inicialmente é apenas um grupo de criminosos isolados em um presídio de segurança máxima na Floresta Amazônica, cujo objetivo é ganhar dois milhões de reais seguindo as normas de um tradicional reality show ---- tendo até Pedro Bial como apresentador. Mas, aos poucos, os participantes se veem jogados à própria sorte, precisando sobreviver em meio a acontecimentos anormais e aterrorizantes, incluindo um vírus letal que começa a infectar os mais vulneráveis.
É justamente esse um outro ponto que provoca discussão. O terror é um gênero muito fácil de pecar pelos absurdos. Claro que a ficção permite muitas 'licenças', vide os inúmeros filmes de super-heróis e afins. Porém, as situações oriundas de 'demônios' ou algo do tipo exigem explicações 'plausíveis' até mesmo dentro do universo da fantasia. No caso de "Supermax" até há bons elementos que decifram o aparecimento de seres assustadores e tudo o que originou o vírus letal, por exemplo. A questão é a existência de um reality show, confinando vários criminosos em um local isolado e ainda transmitindo a rotina deles inicialmente. Qual o sentido disso? Ou seja, o contexto da reunião das 'vítimas' ficou bastante frágil, sendo necessário ainda citar a superficialidade dos personagens. Os rápidos flashbacks que apareceram para explicar os crimes de cada um só prejudicaram a narrativa e em nada acrescentaram à densidade dos perfis. Tanto que não dá vontade de torcer por absolutamente ninguém ali, pouco importando quem morre, quem vive ou quem vai escapar.
Escalar um elenco de rostos pouco conhecidos do público ---- exceção de Mariana Ximenes, Cléo Pires e Erom Cordeiro ----- com o objetivo de aproximar o telespectador daqueles personagens foi uma ótima ideia. Todavia, de nada adiantou por causa da pouca relevância dos perfis. Para piorar, muitos ali pecaram pelo excesso, fruto de uma direção equivocada. Há várias interpretações exageradas, até mesmo dos intérpretes mais famosos. Tudo beira o teatral, o que é uma falha grave para um produto que busca o realismo, mesmo dentro de um thriller. E nem há chance de grandes atuações, uma vez que a maioria das cenas resultam em conversas irrelevantes sobre os mistérios do local, brigas bobas ou em gritos de desespero.
"Supermax" está longe de ser uma produção péssima, pelo contrário. A ousadia na aposta de um formato inédito no Brasil é mais do que válida, assim como o método de exibição adotado pela emissora. A série até foi gravada por outro elenco (apresentando novos personagens) com único intuito de ser vendida para o mercado internacional ----- mais uma inovação merecedora de reconhecimento. Os efeitos especiais também são dignos de elogios, incluindo o cenário do presídio, construído com impressionante perfeição. Porém, infelizmente, a trama possui defeitos visíveis e situações que culminaram para o seu fracasso televisivo. Uma pena.
Eu explicaria em um parágrafo: pq é muito ruim.
ResponderExcluirRealmente, é possível dar todos os detalhes técnicos (impressionantes)! Porém a série em si era ruim.
ExcluirPerfeito o texto. Foi uma conjunção de erros. Lançar todos os episódios na internet deixando só o último pra tv era claro que afastaria a audiência. Se ao menos fizessem o esquema de Justiça, exibindo o episódio algumas horas antes na internet ok. E os personagens são rasos e pessimamente interpretados. Nem Mariana Ximenes escapou de uma atuação artificial. Como vc bem disse, não dá vontade de torcer por ninguém. Dane-se que morre! E esse gênero do terror é mt específico, a maioria não gosta.
ResponderExcluirQue crítica boa, hem?
ResponderExcluirConcordo com cada vírgula!
ResponderExcluirOlá Sérgio, muito bom dia.
ResponderExcluirTudo Bem?
Eu não assisti porque morro de medo de coisas desse gênero sabe? rsrs
E Também pelo horário em que passou, muito tarde!
Mas gostei muito da sua análise, muito boa!
Aqui ficamos por dentro de tudo!
Beijos e um dia maravilhoso amigo!
Olá,Sérgio...perfeita análise dos motivos do fracasso televisivo da série...definitivamente , terror não faz meu gênero, ainda mais em formato "seriado", dividido em partes , mas gostei da forma ousada de divulgação ,claro,que incorreu de perder a audiência por assistirem todos os 11 e depois poucos foram assistir o "replay" na Globo...e os atores/atrizes não tão conhecidos seria importante para a renovação,porém, realmente, os perfis não foram muito atrativos...uma pena...obrigado pelo carinho, Belos dias, abraços!
ResponderExcluirSuperMax é muito boa,mas tem coisas que precisam ser pontuadas.
ResponderExcluirPrimeiramente : por ser uma espécie de Reality Show era de se esperar que fosse exibida apenas um dia na semana. Porém, a Globo sabendo que Terror não atrai tanto assim, não era mais fácil ser exibidas pelo menos duas vezes na semana?
Segundo : Que horário ingrato. Se as novelas das 23h dão menos de 15, mesmo com um público mais assíduo, imagine uma série inovadora como essa.
Terceiro : Impossível dar mais de 13 nesse horário recebendo com 16 pontos de Nada Será Como Antes e concorrendo contra o Masterchef e a sessão de filmes do SBT
Quarto : O tão aclamado " Ta no Ar: A Tv na Tv" dava 10/11 pontos, perdeu pra Praça é nossa e Masterchef e foi considerado sucesso. Não entendo essa lógica.
Quinto : Liberar os 11 episódios na Internet foi a "morte" da série. De 1 a 3 até vai, mas tudo isso é burrice.
Mesmo com problemas de execução, novo seriado da rede Globo mostra potencial ao sair da caixa
ResponderExcluirMesmo com problemas de execução, novo seriado da rede Globo mostra potencial ao sair da caixa.
ResponderExcluirA história demora para engrenar, deixando evidente o vício novelesco da emissora e a falta de experiencia dos produtores, que mantém a parte “reality” do seriado por tempo demais na tela. Porém quando a trama engrena o que se vê é um thriller psicológico de boa qualidade, que se sustenta pelo caráter experimental da obra.
A qualidade visual também é um ponto forte da serie. A fotografia, uma mescla de imagens de câmeras de segurança e ângulos sombrios convence e ajuda a criar o clima de tensão presente em cada momento da trama. Os efeitos especiais impressionam pela qualidade e pelo uso pontual desse recurso por parte dos roteiristas.
Antes de mais nada, amigo Sérgio, quero lhe desejar Parabéns pelo aniversário, ainda que atrasado. Saúde, paz e amor. Em segundo lugar, parabéns pela ótima crítica, que expressou justamente o que penso a respeito da série. Abraços.
ResponderExcluirNão entendo nada dessa série, o pouco que vi foi uma imitação barata de Lost.
ResponderExcluirbig beijos
Eu queria te perguntar uma coisa que não tem nada haver com o post se for possível. É que eu torço por um casal de uma novela, cujos os atores eu já percebi não se gostam tanto fora de cena. Isso me incomoda um pouco. Voce acha que é possivel seguir shippando e separar as coisas? isso já aconteceu com você? Eu não quero desistir deles mas tem esse entrave.
ResponderExcluirO ponto negativo da série fica por conta das atuações canastronas de alguns personagens, com destaque para os dois nomes mais conhecidos do elenco: Mariana Ximenes e Cléo Pires. Ambas as atrizes demonstram claras limitações quando atuam fora do padrão atual da TV aberta e não conseguem em nenhum momento entregar uma atuação profunda e convincente. Não é nenhuma surpresa que os melhores momentos das veteranas, são vistos em situações nas quais estão impossibilitadas de falar ou de elaborar um monólogo coerente.
ResponderExcluirNada a ver. A série é ruim mesmo.
ExcluirMesmo longe de ser o terror sombrio e escancarado dos trailers, Supermax é uma grata surpresa na TV brasileira. Uma experiência de ficção internacional no Brasil e para o público nacional. E dentro desse contexto ela cumpre a sua função, com os erros e acertos inerentes a um projeto experimental. Se virão outras histórias ou se a TV aberta voltará para a zona de conforto da canastrice novelesca (Geração Brasil, Negócio da China, Verdades Secretas, Fina Estampa, Êta Mundo Bom, etc) só o tempo dirá, mas por enquanto Supermax é o oxigênio que a TV brasileira precisa.
ResponderExcluirEntendo, anonimo.
ResponderExcluirMt bom o seu comentário, Letícia. É isso. Eu, por ex, odeio terror.
ResponderExcluirValeu, Jânio!
ResponderExcluirObrigado, anonimo.
ResponderExcluirEntendo perfeitamente, Adriana. rsrsrs bjão!!!!
ResponderExcluirNem o meu, Felis. E obrigado pelo elogio. abçs
ResponderExcluirFoi mta burrice liberar 11 eps na internet, anonimo. E gostei das suas pontuações, embora um horário mais cedo seria inviável em virtude das cenas sanguinolentas.
ResponderExcluirObrigado pelo comentário, Izabel!
ResponderExcluirMt obrigado pelo carinho, Elvira. E não tem problema ser atrasado. Fico sempre feliz em te ver aqui, pois conseguimos manter contato assim msm depois do fim lá na parte de comentários do outro blog. bjsss
ResponderExcluirÉ uma trama complexa msm, Lulu. bjs
ResponderExcluirÉ possível sim, anonimo. Mas de qual casal se refere? Se os atores não se gostam é problema deles. A trama nada tem a ver com isso. abçs
ResponderExcluirConcordo.
ExcluirObrigado pelos comentários, Cleanskin.
ResponderExcluirEu prefiro não dizer qual o casal porque eu nem tenho certeza se é verdade e não quero que você tenha uma má impressão deles. Mas muito obrigado pela sua resposta, ela me ajudou a não desistir deles, como você disse o importante é a trama.
ResponderExcluirOk, anonimo.
ResponderExcluirPor que a série fracassou?
ResponderExcluirPorque conseguiu desagradar todo mundo: tanto quem curte terror como quem não curte
Quem curte é acostumado com superproduções americanas e sempre torce o nariz pras produções brasileiras.
Quem não curte não vai ver nem que a Globo obrigue.
Os fãs do gênero em geral odiaram a série, criticaram o Bial, as atrizes, mas apresento outras falhas:
A série é muito fraquinha, esse diretor aí, José Alvarenga Jr., nem é essa coca cola toda, afinal ele também dirigiu Chapa Quente, Como Aproveitar o Fim do Mundo, Malhação Conectados (simplesmente a PIOR temporada de Malhação de todos os tempos) e... O Dentista Mascarado! De fracasso ele entende!
Grande parte dos atores da série é do teatro, por isso nem vou falar das atuações deles. Minhas críticas vão para as globais badaladas Mariana Ximenes e Cléo Pires, que não conseguiram ir além nas suas atuações. Cléo foi a mesma marrenta de sempre, Mariana só fazia cara de má, é por essas e outras que ela não ganhou (e nem vai ganhar) nenhum prêmio neste ano.
E o texto? Fizeram um estardalhaço por que ia ter o Rafael Draccon e não sei mais quem... Pelo visto, foi muito barulho por nada, porque o texto da série foi tão ruim quanto o resto, e muitas vezes mais atrapalhou do que ajudou.
O episódio que eu mais gostei foi justamente o décimo, com o flashback mostrando as origens da Supermax. Foi muito interessante ver a origem de tudo, e isso mostra que se a Globo tivesse tido a coragem de colocar apenas atores pouco conhecidos, a série poderia ter dado mais certo, já que nesse episódio que eu falei não tinha nenhum grande nome famoso.
Alguém aí em cima se atreveu a comparar Supermax com Tá No Ar, mas a comédia do Adnet e do Marcius Melhem ao menos consegue gerar muita repercussão positiva com suas brilhantes sacadas e críticas sociais, Supermax nem isso consegue.
A propósito, a Globo vai reprisar todos os episódios já exibidos na madrugada dessa sexta (9). Quem topa ver???
E pra fechar uma boa notícia: não vai ter segunda temporada!
Só não concordo com a parte do Tá no Ar. Que ainda não entendi por que ainda está no ar.
ExcluirFelipe, excelente comentário o seu.
ResponderExcluirOlha, eu, sinceramente, assisti pouco mais do que pedaços de três capítulos... curto muito terror e suspense e por isso só cheguei à seguinte conclusão: a Globo ou esses diretores da série, não entendem absolutamente nada de terror. A construção das cenas de suspense eram extremamente forçadas, fora do ritmo, trilha ora fraca, ora exagerada, ora nada a ver, um terror mesmo, não no sentido positivo, mas no sentido de péssimo... Parece que colocaram pessoas pra produzir uma série de suspense sem nunca, na vida delas, terem assistido um filme suspense... Em se tratando de suspense, menos é mais... Eu teria vergonha de exibir isso. ..
ResponderExcluirOlha, eu, sinceramente, assisti pouco mais do que pedaços de três capítulos... curto muito terror e suspense e por isso só cheguei à seguinte conclusão: a Globo ou esses diretores da série, não entendem absolutamente nada de terror. A construção das cenas de suspense eram extremamente forçadas, fora do ritmo, trilha ora fraca, ora exagerada, ora nada a ver, um terror mesmo, não no sentido positivo, mas no sentido de péssimo... Parece que colocaram pessoas pra produzir uma série de suspense sem nunca, na vida delas, terem assistido um filme suspense... Em se tratando de suspense, menos é mais... Eu teria vergonha de exibir isso. ..
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