A dois capítulos de seu fim, "Vale Tudo" apresentou uma das piores últimas semanas da história da teledramaturgia. Nem parece que o remake adaptado por Manuela Dias e dirigido por Paulo Silvestrini está acabando. Não acontece praticamente nada de relevante e os poucos acontecimentos exibidos serviram apenas para destruir qualquer resquício de lógica na saga de Maria de Fátima (Bella Campos) e ainda tirou todo o clímax para a revelação do verdadeiro assassino de Odete Roitman (Debora Bloch).
Para disfarçar a falta de enredo na reta final, a autora optou por reprisar inúmeras vezes as cenas de Odete dialogando com cada um dos cinco suspeitos de seu assassinato, com uma preferência para Celina (Malu Galli) e Heleninha (Paolla Oliveira), que já apareceram em quase todos os capítulos da última semana enfrentando a vilã e apontando a arma para ela. Tanto que as duas já assumiram o crime para uma inocentar a outra. O delegado não fez em nenhum momento o teste de pólvora nas mãos das suspeitas e ambas também confessaram o crime sem a presença de um advogado sequer. Nem cela na delegacia tem para elas ficarem. Tanto que as cenas são sempre em uma sala. Faltou verba para o cenário e para a contratação de um ator?
A quantidade de reprises minou qualquer expectativa para a revelação do assassino de Odete. Claro que a curiosidade persiste, mas já foram exibidas tantas vezes as mesmas cenas que é inevitável a diminuição do impacto da sequência verdadeira no último capítulo. Ficou maçante, o que é raro em se tratando de situações enigmáticas envolvendo um grande crime.
Normalmente, são esses tipos de artifícios que instigam o público. Só que erraram até nisso no remake. Tanto que a audiência caiu significativamente, o que não é comum em nenhuma reta final de novela. Por pior que seja uma história, os números dos instantes derradeiros costumam aumentar e não diminuir. Ainda mais em um enredo em que o principal mote virou o famigerado 'Quem matou?'.Para culminar, a saga de Maria de Fátima foi destruída na última semana. Além da questão da gravidez ter virado piada pela total ausência de barriga, toda a inteligência da vilã foi jogada no lixo. E por pura conveniência de roteiro. A autora modificou tantos conflitos da história original que acabou afundando a credibilidade da trama. Manuela 'imbecilizou' Odete e colocou a empresária para se casar com César (Cauã Reymond), deixando 50% de sua fortuna caso morresse. O único intuito foi deixar o gigolô como um dos suspeitos dos crime. Só que a escritora esqueceu que o fato implicaria em uma mudança no arco de Fátima, afinal, a filha de Raquel (Taís Araújo) está grávida de César. E isso foi a sua ruína em 1988, já que o golpe da barriga em Afonso (Humberto Carrão) deu errado. Porém, agora César está bilionário e ainda mais rico que o enteado, já que Afonso tem que dividir os 50% da herança com os dois irmãos. Ou seja, Fátima triunfou acidentalmente em seu plano. Ela engravidou de um ricaço.
Portanto, era para a vilã estar infernizando o César e botando o ex na Justiça para o pagamento de pensão, no caso auxílios gravídicos. Não foi justamente o arco de Lucimar (Ingrid Gaigher) e Vasco (Thiago Martins)? A abordagem do tema não fez explodir as procuras de mães indo atrás de seus direitos? Como o fato é ignorado com a Fátima, que tanto sonhou com isso? Qual o sentido a personagem trabalhar em uma padaria e aceitar sua pobreza? E toda a dinheirama que ganhava por mês de Odete, enquanto a chantageava? Ela gastou tudo com o quê? É tudo fruto de uma conveniência de roteiro para 'puni-la', mas sem qualquer coerência. Fátima realmente ficava na miséria em 1988 porque não teve armas para chantagear Odete e César era um pobretão. A autora agora mudou tudo isso, mas não mudou o castigo, o que aniquilou a saga da filha de Raquel. E o pior é o que acontece depois que a personagem tem o filho.
Em 1988, Fátima vende a criança por vinte e cinco mil dólares e Raquel consegue recuperar o neto, o que resulta em um novo embate entre mãe e filha. Agora, a personagem decide entregar a criança para adoção. Fica claro que a autora quis manter o 'plot' da obra original nos 45 minutos do segundo tempo e de forma covarde porque não teve a ousadia da polêmica envolvendo o tráfico de crianças. Só que, no novo contexto, qual a lógica de Fátima querer se livrar de seu pote de ouro? O seu bebê é filho de um sujeito que herdou 50% da fortuna da família Almeida Roitman, algo que ela tanto sonhou a novela inteira. Como Manuela Dias pode destruir de forma tão amadora um roteiro tão simples? O público se sente idiota assistindo ao que vem sendo apresentado. Até porque nem vale a pena se aprofundar na passagem de tempo súbita que resultou na cura do câncer de Afonso, a ponto dele já estar com cabelo, Solange e Fátima entrarem em trabalho de parto ao mesmo tempo e Heleninha ficar na cadeia por meses por conta de uma confissão de um assassinato sem qualquer prova.
"Vale Tudo" está perto de seu fim e assusta constatar a quantidade de erros banais cometidos em plena reta final, principalmente em torno do mistério sobre o assassino de Odete Roitman e da trajetória de Maria de Fátima, as duas vilãs que representaram os poucos acertos do remake. Manuela Dias bombardeou até os raros êxitos de sua obra a dois dias da finalização. Que triste.
Olá, Sérgio! Com todo o respeito, mas nem parece que é a mesma autora de Justiça 1. Seria legal a realização de um curso de escrita. Curso completo, com criação de personagens, desenvolvimento de enredo, roteiro, diálogos e tudo o que se tem direito. Pois eu não sei o que está acontecendo, mas é de um amadorismo gigante. Também é bom ter amigas sinceras para chegar e dizer: "Amada? Cê tá bem? Isso aqui é um surto por isso e isso."
ResponderExcluirMas pelo que já ouvi ela não aceita críticas e as atribuí ao fato de ser mulher, aí realmente fica difícil.
É como dizia Norman Vincent Peale:
"O problema que a maioria de nós tem é que preferimos ser arruinados por elogios do que salvos por críticas."
Em tempo: Hoje minha mãe tava assistindo indignada com não sei o que, quando do nada ela solta: "Mas até eu escreveria isso melhor"
Hahahahah.
Detalhe que ela não é como eu para notar problemas narrativos, eu noto porque já estudei escrita por conta, eu leio muito, eu escrevo narrativas e quando posso assisto alguma coisa seja série, filme ou novela, a minha mãe não. Ela é uma telespectadora normal ela assiste pra se divertir, passartempo, logo ela não se liga nesses detalhes, todavia ela começou a perceber já faz tempo, logo é porque o negócio está preocupante.
Fico até feliz que ela note, questione e comente porque é sinal que o cérebro dela está ativo, mas lamento por ela não estar vendo uma história que realmente vale ser vista
Ah, um ponto. Eu comentei sobre Justiça 1 e é até muito engraçado que alguém que escreveu J1 e J2. Acabe por cometer tantos erros jurídicos.
ResponderExcluirEu não sou advogada, mas estudo para tribunais e tenho algumas matérias de Direito na minha grade curricular.
Esse povo todo já foi na delegacia depor sem advogado, mas a Celina quando ela volta e confessa que é culpada de novo sem advogado. Posteriormente Heleninha aparece e diz que a culpa é dela e a Celina fala que confessou para proteger a Heleninha e a Heleninha fala pra soltar a Celina e prender ela.
Existe um crime no CP que é o de Autoacusação Falsa. ART 341 que é quando uma pessoa imputa a si a autoria de um crime inexistente ou assume o crime no lugar de outra pessoa. Geralmente uma pessoa próxima. E esse crime é punível com pena de detenção. Então, não, você não pode ir na delegacia assumir um crime, depois dizer que só fez aquilo pra proteger Fulaninha e ir embora pra casa como se nada tivesse acontecido.
E o delegado não pode te prender com base somente na sua confissão. Sabe quando estamos assistindo jornal e o repórter ou apresentador do Jornal fala:
"O suspeito confessou o crime e foi liberado pela polícia" E a gente se questiona por que soltou se a pessoa confessou?Um dos motivos é o 341. Porque não se sabe se a confissão é sincera ou apenas para proteger o verdadeiro culpado. Por isso que o correto sempre é que a confissão venha acompanhada de provas lícitas e evidentes da culpabilidade daquela pessoa.
Tem a questão da tortura também que é proibida, é inconstitucional, depois de um tempo se descobre a inocência da pessoa e está diz que confessou porque foi torturada.
Enfim por isso que é incoerente demais tudo o que vem acontecendo na novela, mas será que alguma coisa faz sentido?
Ahh, mas não querem pagar advogado sendo que a filha da Consuelo é advogada. Não sei de qual área, mas ali ela poderia ser advogada da Fátima se não na esfera criminal, na civil para cobrar pensão do César
eu nao estou assistindo nenhuma novela atualmente. minto, estou revendo no globo novelas a maravilhosa além do tempo. parece q a autora de vale tudo não sabe o q fazer com a protagonista se não é pra ela perder tudo de novo e ficar rica de novo em segundos. fora essa narrativa não sabe criar outra. e desculpe, isso tem nome. beijos, pedrita
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