Nesta terça (05/08), após alguns adiamentos e reedições de capítulos por conta da programação da Globo, que mexeu na grade para a transmissão de alguns jogos de futebol, foi exibido o capítulo que marcou a morte de Abel em "Dona de Mim". Quando a notícia saiu em vários sites houve uma imediata surpresa do público. A equipe da novela conseguiu segurar bem o segredo. No entanto, desde então as reclamações nas redes sociais são muitas, o que é compreensível. Tony Ramos enriquece qualquer elenco.
A atual novela das sete ainda não engrenou. A história de Rosane Svartman está longe de ser um fracasso e elevou os índices da produção anterior, mas ainda não é um sucesso. E dá para entender porque o enredo ainda não fisgou de jeito o telespectador. Há uma impressão de um prólogo que nunca acaba. A trama parece que ainda não começou de fato, o que é um problema. Até mesmo sobre o que se trata o roteiro da obra é uma dúvida que naturalmente surge. A saga da Leona (Clara Moneke) se resume a que exatamente? Ela quer ser mãe de novo, após a perda de sua filha? Quer ficar com a Sofia (Elis Cabral) trabalhando de babá até o fim da vida? Quer fazer faculdade e ter um bom emprego? Quer tudo isso ao mesmo tempo? Enfim, são questionamentos pertinentes e que acabam enfraquecendo a narrativa.
A família Boaz sempre foi o maior chamariz do folhetim, até porque é lá que Leona trabalha e criou um lindo vínculo com Sofia e todas aquelas pessoas que moram na mansão. Mas muitas situações que aconteciam ali passaram a andar em círculos e nem mesmo a chegada de Vanderson (Armando Babaioff) proporcionou uma reviravolta.
Tanto que a manobra jurídica realizada para que o pai da menina ficasse com a sua guarda se mostrou recheada de absurdos e conveniências de roteiro, o que implicou na perda de qualquer impacto dramático. A volta de Nina (Flora Camolese), filha de Filipa (Cláudia Abreu), era uma outra promessa de novos conflitos, mas também deixa a desejar até o momento. As faíscas entre mãe e filha rendem ótimas cenas, mas nada que provoque uma alteração significativa no roteiro.A morte trágica de Abel, em um acidente de carro provocado por Jaques (Marcello Novaes), marca a verdadeira grande virada de "Dona de Mim". Até mesmo os embates entre os irmãos estavam cansativos e a obsessão do vilão pela presidência da fábrica minou a paciência de qualquer um. Tanto que é de fácil compreensão a conduta de Tânia (Aline Borges) diante de seu marido que só sabe apertar a mesma tecla. Nem ela aguentava aquela chatice. O assassinato do patriarca tem tudo para iniciar uma leva interessante de arcos dramáticos no enredo. Porém, há o risco de prejudicar ainda mais a narrativa sem uma figura tão importante e interpretada por um dos maiores atores do país.
Rosane é uma autora experiente e sabe bem como explorar bons clichês folhetinescos para prender a atenção da audiência. Não por acaso é conhecida como a rainha das sete, após três novelas seguidas de imenso sucesso na faixa ("Totalmente Demais" e "Bom Sucesso", que escreveu junto com o talentoso Paulo Halm, e "Vai na Fé"). A sua coragem em abrir mão de Tony Ramos antes do centésimo capítulo (a novela exibiu o 84º nesta terça) é louvável. O ator estava irretocável na pele do íntegro Abel e protagonizou várias cenas merecedoras de elogios desde o início da trama. Sua parceria com Juan Paiva (Samuel) era de visível sensibilidade, sua química com Cláudia Abreu deliciosa, sua dobradinha com a gigante Suely Franco (Rosa) dava gosto de ver e seus momentos com a pequena Elis Cabral transbordavam delicadeza. Vale citar ainda as cenas com Rafael Vitti (Davi), Bel Lima (Ayla), Clara Moneke, Marcello Novaes e tantos outros, uma vez que seu personagem era cativante e movimentava quase todos os núcleos.
A sequência da morte trágica de Abel em um acidente no túnel Barra-São Conrado, no Rio de Janeiro, foi toda feita em computação gráfica porque a Globo não gasta mais dinheiro destruindo carros de verdade, o que sempre prejudica o resultado desse tipo de cena. No entanto, a cena foi de tirar o fôlego graças ao bom trabalho da equipe de direção de Allan Fiterman. Um último ato que honra a importância do personagem para a história. E vale citar ainda a cena final de Tony Ramos ao lado da grande Suely Franco, quando Abel surgiu em sonho para se despedir de Rosa. O jogo de luzes simulando o chamado outro lado da vida intensificou a sensibilidade da cena do filho dando adeus para sua mãe.
Resta torcer para que a morte de Abel realmente traga uma reviravolta significativa em "Dona de Mim" e inicie a história, de fato, após meses sem grandes acontecimentos. Mas independente do que vier a ocorrer nos próximos meses, é inegável que Tony Ramos fará muita falta na novela das sete.
Segue a sina de matar personagens importantes: Malhação 2012 foi a Marcela, Malhação 2014 foi o Alan, Totalmente Demais a Sofia, Bom Sucesso Elias, Vai Na Fé foi o personagem que era casado com a protagonista e Dona de Mim o Abel. Qual deles teve mais impacto para vc e qual delas foi a melhor cena?
ResponderExcluirAcho que a autora se inspirou na série This is us, em que o personagem mais querido da série, Jack Pearson, morre, aparece em flash backs e os paralelos entre infância e vida adulta mostra a influência dele na personalidade dos filhos. Fora a semelhança do Davi e Samuel com o Kevin e o Randall. Adoro seus conteúdos! Bjs
ResponderExcluirRealmente os irmãos lembram "This is Us". O Samuel ser adotado e a diferença com o Davi é extremamente parecido com a série. Se seguir os flashbacks vai ficar ainda mais parecido com a série e pode ser bacana.
ExcluirPuxa Sérgio, fiquei chateada com a morte do Abel pois o personagem do Tonny Ramos era maravilhoso. Vê-lo em cena é uma aula de teatro a céu aberto!!
ResponderExcluirRealmente uma pena, espero que a novela melhore, mas sem o Tony fica tudo meio duvidoso...
Beijos e lindo restante de semana!
O Abel é um personagem importante para a narrativa, mas eu acredito que é justamente essa importância que acaba implicando em um bloqueio para os outros perfis da história. Tudo gira em torno do Abel, mas ao mesmo tempo paralisa os outros personagens e tramas paralelas. Acho a morte dele necessária para os outros perfis e histórias deslancharem. Leo finalmente poderá ser protagonista já que ela parece avulsa e coadjuvante. Filipa poderá ter os conflitos ainda mais explorados sem a dependência de Abel em sua vida. Os filhos homens poderão cometer mais erros e isso também abrirá possiblidade de conflitos, afinal, com o auxilio do pai Samuel é muito perfeito e isso o torna limitado dentro do roteiro. As tramas paralelas também terão a chance de ganhar melhores contornos, inclusive, com a Nina que finalmente pode vir a se destacar com mais êxito e movimentar a trama. O Abel fará muita falta, mas é inegável que ele empatava o restante do enredo. Acredito que ele era o maior responsável por esse prólogo arrastado que nunca chega ao fim. É a ausência dele que fará a história iniciar de fato e assim a trama poderá ter um arco narrativo definido. Mas depende da criatividade da Rosane Svartman porque se a condução for errônea, a ausência de Abel será um problema ainda maior. Mas se autora for competente, ela transformará a falta desse personagem na solução que esse roteiro tanto necessita. Já que no meu ver está bem claro que é exatamente essa virada que pode fazer a trama engrenar de fato e minar os problemas da história.
ResponderExcluirConcordo com o texto todo! Vai ser a peça chave pra juntar o quebra cabeça e destrinchar as histórias.
ExcluirNão entendo isso, a novela ainda não atingiu o público visado e - ainda assim - 'matam' um personagem simpático aos telespectadores. Quero crer que os produtores sabem o que estão fazendo, rsrs.
ResponderExcluirBeijo
Tony Ramos é muito bom ator e sempre faz falta com seus personagens. Um abraço! :-)
ResponderExcluirMe chama atenção o magnetismo que a Rosane Svartman tem diante do público noveleiro. Mesmo escrevendo uma trama que é incontestavelmente inferior as produções anteriores com a autoria dela, o folhetim ainda cativa a audiência. Em um período de jogos onde a programação tem sido afetada em horários aleatórios, "Dona de Mim" tem um desempenho no ibope superior à antecessora "Volta por Cima". Eu consigo entender a razão para esse feito. Mesmo com os equívocos do roteiro, o texto característico da autora está presente o tempo inteiro e a audiência consegue identificar os diálogos muito bem escritos pela Rosane. Acredito que isso explica a audiência satisfatória mesmo diante de uma produção com um prólogo tão arrastado e com situações cansativas pela repetição. A Rosane tem essa pegada fatal através da escrita, o que causa um inevitável apelo popular onde a audiência se deixa seduzir com esse chamariz irresistível da autora.
ResponderExcluirUma perda irreparável. Custo acreditar que o personagem partiu. Talvez ele volte no futuro, falando: "você não imaginam o prazer que é estar de volta". Quem dera se assim fosse.
ResponderExcluirBoa semana!
O JOVEM JORNALISTA está em HIATUS DE INVERNO do dia 04 de agosto à 08 de setembro, mas comentarei nos blogs amigos nesse período. O JJ, portanto, está cheio de posts legais e interessantes. Não deixe de conferir!
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