quarta-feira, 14 de julho de 2021

"Salve-se Quem Puder" provou que é necessário um cuidado na escalação do elenco infantil

Não é fácil escalar um elenco e essa dificuldade duplica quando se trata de atores mirins. Embora exista muita procura, em virtude da necessidade dos personagens terem filhos, a oferta nem sempre condiz com a expectativa. Muitas vezes a profissão nem é o sonho da criança, mas uma ambição dos pais. Acaba sendo mais complicado achar pequenos que tenham desenvoltura diante das câmeras. Todavia, há muitos talentos revelados e exemplos não faltam. Mas o problema da seleção salta aos olhos em "Salve-se Quem Puder".


Alice Palmar e Ygor Marçal interpretam Queen e Mosquito, filhos adotivos de Alan (Thiago Fragoso). As crianças têm uma grande importância para o núcleo protagonizado pelo advogado. Afinal, é por causa da indisciplina dos pequenos que o personagem acaba contratando Kyra (Vitória Strada), chamada de Cleide, como babá. É o caso do patrão que se apaixona pela cuidadora de seus herdeiros, típico clichê visto inúmeras vezes em outras novelas, livros, peças teatrais e filmes. Ou seja, um cuidado maior na escalação era fundamental.

As crianças ainda não estavam prontas para tamanho desafio. O autor Daniel Ortiz escreve muitas falas para os personagens e os dois falam tudo decoradinho, parecendo um jogral. Não há emoção ou verdade em praticamente nada do que é dito.
Parece muito uma peça infantil produzida em escolas, onde todos os pequenos participam mesmo sem experiência alguma em atuação. Para culminar, há uma clara dificuldade de dicção. Muitas vezes fica difícil entender o que os filhos de Alan estão falando. E é normal porque ambos têm apenas seis anos.

A culpa, claro, não é dos atores mirins. São apenas crianças. Mas quem fez a escolha merece críticas. O próprio autor também se equivocou quando colocou uma grande quantidade de texto na boca dos pequenos. Se o intuito era colocar os perfis com tantas falas, por qual razão não escalaram ao menos crianças mais velhas? Com um pouco mais de experiência? Aliás, não falta exemplo visto na própria Globo nos últimos anos. Maria Luiza Galhano deu um show como Florzinha em "Espelho da Vida" (2019) e Maju Lima emocionou na pele da Isabel na primeira fase de "Éramos Seis" (2019). 

Até a reprise de "A Vida da Gente" (2011) mostra o acerto na escalação das crianças. Jesuela Moro esteve impecável na pele da provocativa Júlia e honrava o texto que Lícia Manzo escrevia para a pequena. Victor Navega Motta foi outro bom nome e o garoto emocionou como o tímido Francisco. Já Kaic Crescente também convenceu como o carente Tiago. A produção da impecável novela das seis expôs um cuidado na escolha de cada ator mirim e fez toda diferença. 

Inevitável, ainda, não comparar o caso de "Salve-se Quem Puder" com a produção que a antecedeu. Valentina Vieira e João Bravo divertiram e emocionaram o público em "Bom Sucesso", quando interpretaram com brilhantismo Sofia e Peter. Mas tem a questão da idade. Ele tinha dez anos e ela onze. Isso conta muito. Ou seja, se a criança não for pelo menos um pouquinho mais velha, a lição é clara: não a escale para um personagem que exija muito. Dificilmente haverá um bom retorno por razões óbvias. O menino e a menina ainda estão no processo do desenvolvimento da dicção. Como querem que ainda atuem com maior precisão? Difícil. Nada contra intérpretes muito pequenos, mas caso sejam, que vivam na trama personagens com poucas falas ou não muito importantes. Não é o caso da novela das sete que está perto do fim.

A retomada da novela, quase sete meses depois da interrupção das gravações por conta da pandemia, ao menos expôs uma leve melhora no desempenho de Alice Palmar. E as crianças têm o carisma como elemento de apoio. Mas "Salve-se Quem Puder", mesmo sem a intenção, deixou claro que é necessário um cuidado redobrado na escolha do elenco infantil. Para o bem dos pequenos e da novela. 

34 comentários:

  1. Ai obrigada por esse texto. Eu tava me achando muito má por achar essas crianças péssimas atuando. São umas graças, mas nao nasceram pra isso. Quem sabe na adolescência, se quiserem, podem estudar.

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  2. Nossa sim!!!!! São muito robóticos, coitados.

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  3. Exatamente. Fico vendo as crianças na reprise de A Vida da Gente e impressiona a diferença. Como voce mesmo escreveu são muito novinhas as de Salve-se quem puder e nao é culpa delas. Duas crianças um pouco mais velhas eram necessárias nesses papéis.

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  4. Concordo. A culpa não é das crianças, são só crianças, mas de quem as aprovou para personagens com tanta relevância. Eu também não entendo muitas coisas que elas falam (era pior na primeira fase) e quando falam soa nada natural e tudo decoradinho. A trama de Kyra e Alan ficaria ainda melhor com crianças mais experientes.

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  5. Essas crianças são chatas e o desempenho do atores mirins e péssimo e acho isso mais falta de talento mesmo porque bruna marquezine,isabelle drummond,jesuela moro,joao bravo,pedro malta,etc também eram muito novos quando começaram e deram show

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  6. Tem toda a razão quanto às crianças e por vezes são sonhos por realizar dos pais.
    que tenha um bom dia.

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  7. Não deve ser fácil nem para as crianças nem para os actores adultos. Sendo tão novinhas se calhar o melhor era terem menos falas.
    Abraços

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  8. Que texto incrível amigo, você disse tudo!!
    É preciso ter muito cuidado em dar falas excessivas às crianças, pois são ainda muito pequenas e precisam de estudo, de cuidado e de talento...Creio que muitos já nascem com o dom!
    Você sempre é muito bom em seus posts amigo! Excelente esse tema!!
    Tenha um ótimo final de semana!! :)))

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  9. Devem ser parentes de algum diretor ou similar.

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  10. Não achei as crianças ruins,na verdade gostei muito da interpretação deles.
    Tem atores adultos piores.
    Por exemplo essa atriz que fez a personagem Petra irmã da Alexia,mulherzinha chata,sem sal,outra também bem sem graça essa atriz que fez a Gabi, amiga da Luna,outra chata,parecia um robô.

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    1. Que isso, a gabi é muito boa atriz, vc deve ta c ranço da personagem,mas qndo ela aparecia geral falava bem da atuaçao

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  11. Que maldade! As crianças foram ótimas!

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  12. Enfim nem Jesus agradou a todos, que dirá duas crianças indefesas, pois eu amei a atuação deles é se não fossem bons não teriam sido contratados.

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  13. Justamente pela idade delas achei ótima a atuação. Ridículo querer comparar com outras crianças e acusar os pais como se as crianças não tivessem passado por uma seleção.

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  14. Muito interessante seu ponto de vista.

    Boa semana!

    Jovem Jornalista
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    Até mais, Emerson Garcia

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  15. Concordo, anonimo, a atriz que fez a Petra era fraca mesmo.

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