terça-feira, 16 de abril de 2019

"Malhação - Toda Forma de Amar" estreia com conflitos promissores

"Vida vida que amor brincadeira; eles amaram de qualquer maneira; qualquer maneira de amor vale a pena; qualquer maneira de amor vale amar; pena que pena que coisa bonita; qual a palavra que nunca foi dita; qualquer maneira de amor vale aquela; qualquer maneira de amor vale amar". O trecho da clássica música "Paula e Bebeto", cantada por Milton Nascimento, combina bastante com a nova temporada de "Malhação" e não por acaso virou o tema de abertura em uma versão cantada por Milton e Iza. A estreia, nesta terça-feira (16/04), causou a melhor das impressões.


Emanuel Jacobina apresentou bem o mote principal de "Malhação - Toda Forma de Amar" através do paralelo entre a família bem-sucedida passeando pelo Parque doo Ibirapuera, em São Paulo, e a vida solitária de Rita (Alanis Guillen), em Duque de Caxias, baixada fluminense, Rio de Janeiro. Enquanto Joaquim (Joaquim Lopes) e Lígia (Paloma Duarte) comemoravam o registro da filha que lutaram para adotar com o filho biológico Filipe (Pedro Novaes), a menina descobria na missa de sétimo dia de seu pai ---- através da vizinha Isaura (Anja Bittencourt) ---- que a sua filha (parida há um ano) não tinha morrido.

O pontapé inicial foi dado de forma clara e sem maiores enrolações. Ainda assim não soou apressado. Esse enredo é um dos maiores clichês da teledramaturgia, mas sempre desperta interesse se bem desenvolvido. Tomara que o autor consiga estabelecer todos os bons desdobramentos que essa situação pode render, até porque Rita e Filipe se apaixonarão.
Aliás, um acerto o casal nem ter se conhecido no primeiro capítulo. Nada pior do que uma paixão construída de forma forçada e rápida demais. Há casos onde a química dos atores até consegue apagar o contexto raso --- vide o amor entre Jamil (Renato Góes) e Laila (Julia Dalavia) em "Órfãos da Terra" ---, mas em outros o fracasso do par é inevitável.

O mocinho fica diante de uma situação muito desconfortável, afinal, se apaixona pela mãe que reivindica a guarda da criança que seus pais acabaram de oficializar a adoção. É um contexto novelístico irresistível. Mas esse início ainda apresentou outros conflitos com potencial. A cena da marrenta Anjinha (Caroline Dallarosa) jogando futebol e enfrentando os garotos agradou, assim como o hilário momento em que a menina disse para o pai (o policial Marco ---- Julio Machado) que arrumaria um namorado nem que fosse na porrada. Tem tudo para ser uma das personagens mais queridas da história.

Outro perfil convidativo é Jaqueline, vivida pela talentosa Gabz, novo talento do rap. A sua parceria com a sempre ótima Olívia Araújo, intérprete de Vânia, tem chances de render bastante. A cena em que a lutadora de Muay Thai se revoltou com o conformismo da mãe ---- que aceita a pensão do pai (César - Tato Gabus Mendes) da garota, desde que ele se mantenha longe ---- foi boa. Vale destacar ainda personagens como Carla (Mariana Santos) e seus filhos, Thiago (Danilo Maia) e Raíssa (Dora de Assis), que também prometem momentos de drama e comédia.

Já a outra trama principal da nova temporada levanta inevitáveis comparações com a primorosa "Malhação - Viva a Diferença" (2017/2018). Seis jovens presenciam o sequestro de um garoto (vivido por Peter Brandão) em uma van e a partir daquele instante de extrema tensão todos estabelecem um vínculo e acabam criando um grupo de WhatsApp chamado "Deu Ruim". Os envolvidos são justamente os personagens centrais: Rita, Jaqueline, Anjinha, Raíssa, Thiago e Guga (Pedro Alves). Embora fique clara a "inspiração" do autor, resta torcer para que o desenvolvimento seja tão primoroso quanto da produção que venceu recentemente o Emmy Internacional Kids de melhor série.

"Malhação - Toda Forma de Amar" apresentou um promissor início. A estreia foi agradável, dinâmica e apresentou personagens com enredos animadores. Tomara que Emanuel Jacobina esteja com a mesma inspiração da época que escreveu a temporada de 2010 de "Malhação" ---- protagonizada por Pedro (Bruno Gissoni) e Catarina (Daniela Carvalho) ---- e passe muito longe dos anos que elaborou as péssimas "Malhação - seu lugar no mundo" e "Pro Dia Nascer Feliz" (2015/2016).

25 comentários:

  1. Me surpreendi positivamente. Não esperava grandes coisas, mas gostei.

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  2. Sabe que também curti???

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  3. Sérgio, lendo a sua análise sobre a estreia de "Malhação - Toda Forma De Amar", vejo que ela ofuscou completamente a da esquecível temporada anterior. Resta saber se Emanuel Jacobina será capaz de manter a lógica e a coerência de sua história por cerca de um ano e um mês (se a Rede Globo decidir deixar "Malhação - Toda Forma De Amar" em exibição por esse período de tempo).

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  4. Adorei sua primeira impressão e adorei o primeiro capítulo. Significa, Sérgio?

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  5. como a serie q começou anteontem soou artificial o começo. e achei q malhacao mantém o clichê do negro pobre e brancos melhor de vida. sim, há pouca migração ainda pela questão social, mas manter o negro na pobreza nas novelas não ajuda a sociedade. beijos, pedrita

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  6. Também achei o início bom, mas to achando apressada demais essa história da mãe atrás da filha.

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  7. Não acompanhei a temporada anterior, porque logo assim que começou, não entendi a trama do menino Kavaco, depois teve a trama da menina que era candomblecista (extremamente raso e foi esquecível a trama dela, pois quase ninguém comenta sobre a quinzena dessa personagem), a trama da anorexia foi rasa também, enfim... uma série de equívocos que aconteceu na temporada anterior.
    Acredito que Jacobina não irá falhar em Toda Forma De Amar, apesar de ter criado Seu Lugar No Mundo e Pro Dia Nascer Feliz (e essa última ter resgatado algo que não víamos a anos em Malhação, a situação de entrar novos personagens, alguns permanecerem e outros irem embora) que não caíram tanto no gosto do público, porém por incrível que pareça, não ficou abaixo da média na meta de sua audiência, ao contrário de Vidas brasileiras.
    Essa trama de agora que estreou, tem tudo para decolar, os personagens são expressivos, e também teremos aquele Clichê do mocinho e da mocinha que se apaixonam mas o romance é interrompido por uma vilã Teen, que na maioria das vezes roba a cena (risos).

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  8. Olá Sérgio! Eu não assisti. E provavelmente não verei, mas espero que por você seja boa. Tu sofrestes demais com a anterior. Hahaha. Então aquela do Prates e da Marina acho que foi Seu Lugar no Mundo o início foi legal, mas depois... Foi só ladeira abaixo. Mas se aquela lenda de uma temporada boa, uma ruim, uma boa... Se a lenda continuar se repentindo melhor pra ti agora.

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  9. E acredito que até agora os diálogos em "Malhação - Toda Forma De Amar" soam mais naturais que os da frustrante fase anterior. Quanto a essa lenda de haver uma temporada boa sendo substituída por uma ruim e outra novamente boa, não sei se "Malhação - Toda Forma De Amar" será legal, mas a sua substituta, roteirizada por Priscila Steinman, tem grandes chances de ser bacana. Afinal, Steinman já foi colaboradora de "Malhação - Intensa Como A Vida" (2012), escreveu o especial de fim de ano "O Natal Perfeito" (2018), e ainda atuou nas novelas "Totalmente Demais" (2015) e "Novo Mundo" (2017), bem como nas séries "Justiça" (2016) e na segunda temporada de "Sob Pressão" (2017).

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  10. Só é uma pena que o Ricardo Linhares esteja cotado para supervisionar a substituta de "Malhação - Toda Forma De Amar"...

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  11. *supervisionar o texto da substituta de "Malhação - Toda Forma De Amar"...

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  12. Pelo menos para mim, o link abaixo já representa uma humilhação colossal em qualquer resquício da fase anterior de "Malhação":

    https://extra.globo.com/tv-e-lazer/telinha/malhacao-retorno-de-paloma-duarte-rendeu-mais-de-10-mil-buscas-no-google-23606733.html

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  13. Essa é a dúvida de um milhão, anonimo...

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  14. Essa Seu lugar do mundo era muito ruim mesmo, Leitora... kkkk

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  15. Tb to com ótimas expectativas pra Malhação da Priscila, anonimo!

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  16. Ele ja vai supervisionar a trama da Manuela Dias, anonimo...Nao sei se terá disponibilidade...

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  17. Se é a que está a passar agora é horrivel.
    Se eu fosse um ator consagrado fugia de ter um papel no seriado, pois nesse contexto até atores já admirados parecem uns canastrões. É tudo meloso, exagerado, formulático, idealista, moralista, demasiado diversificado nos temas, é tudo mau.

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