segunda-feira, 11 de novembro de 2024

"Garota do Momento" reúne todos os clichês de um ótimo folhetim

 A estreia de Alessandra Poggi como autora solo foi em "Além da Ilusão", novela das seis exibida em 2022 e que foi muito bem-sucedida. A história conquistou o público e apresentou ingredientes infalíveis de um delicioso dramalhão. Dois anos depois, a escritora estreou sua nova trama na mesma faixa horária, nesta segunda-feira (04/11), na Globo, e repete a fórmula que deu certo anteriormente. "Garota do Momento" vem apresentando um início dos mais promissores. 


A sinopse da novela é muito bem amarrada. Beatriz (Duda Santos) acredita desde os quatro anos ter sido abandonada pela mãe, Clarice (Carol Castro). Só que ela não sabe que, na verdade, Clarice perdeu a memória em um grave acidente. Dezesseis anos depois, quando finalmente descobre o paradeiro da mãe, Beatriz se depara com uma outra Bia (Maisa) em seu lugar e precisa lidar com essa nova realidade, dando início a uma jornada – cheia de obstáculos – de reconciliação com o passado. Nessa busca por identidade, surge o entendimento de sua potência, ao desafiar os padrões impostos na década de 1950, quando se torna garota-propaganda de uma das maiores empresas de sabonetes do país.  

O primeiro capítulo começou com a jovem Beatriz descobrindo que sua mãe está viva. A mãe, uma pintora talentosa, havia deixado a menina sob os cuidados da avó, Carmem (Solange Couto), anos atrás, em Petrópolis, enquanto tentava uma oportunidade no Rio de Janeiro.

A descoberta veio logo depois de uma linda cena em que a mocinha ensinou aos seus alunos o itan (termo de origem iorubá que significa história ou conto) das religiões de matriz africana de uma forma lúdica. 

Após a cena, em 1958, houve uma volta no tempo (dezesseis anos antes) para apresentar ao telespectador como tudo tinha acontecido. Um recurso que virou algo comum em séries e novelas, principalmente em estreias. Na capital carioca, Clarice cruzou o caminho do poderoso empresário Juliano Alencar (Fábio Assunção), herdeiro da Perfumaria Carioca, que se apaixonou por ela e a pediu em casamento. No entanto, a vida de Clarice tomou um rumo inesperado quando ela presenciou uma discussão entre Juliano e sua amante, Valéria (Julia Stockler). No confronto, Valéria morreu acidentalmente, após ter levado um tapa na cara do empresário e sido empurrada, o que causou uma queda sobre uma mesinha de centro. A cena foi muito bem atuada e dirigida. Em seguida, quando tentou ir à polícia denunciar Juliano, a mãe de Beatriz acabou atropelada por um bondinho e perdeu a memória. 

A partir desse ponto, Juliano e sua mãe, Maristela (Lilia Cabral), aproveitam-se da amnésia de Clarice para tecer uma rede de mentiras. A vilã criou um plano magistral e sem furos, que foi exposto para o telespectador com imagens enquanto a personagem contava cada detalhe. Um recurso que ficou mais lembrado através do filme "Truque de Mestre", de 2013. Eles apresentaram a Clarice outra menina, Bia (Maisa), filha de Juliano com a amante morta, alegando que era a verdadeira Beatriz. Até uma irmã para Clarice foi inventada, a ambiciosa Zélia (Letícia Colin), que momentos antes tinha sido pega por Maristela desviando dinheiro da Perfumaria e por conta do flagra ficou em suas mãos. O retrospecto foi encerrado e a história voltou para o ano de 1958. 

A foto que Beatriz descobriu da mãe em uma revista acendeu a sua vontade de ir ao Rio de Janeiro procurá-la. A mocinha chegou à Cidade Maravilhosa em época de Carnaval e conheceu o jornalista e fotógrafo Beto (Pedro Novaes) durante um bloco em uma cena tipicamente folhetinesca: Beatriz deu um soco no rapaz sem querer, depois que foi assediada por um terceiro. A sequência marcou o final da estreia da novela, que se mostrou primorosa, embora um pouco corrida em virtude do flashback que renderia pelo menos mais um capítulo inteiro. 

Agora, os demais núcleos e personagens vêm sendo apresentados e todos estão repletos de atrativos, com bons atores e conflitos que têm potencial. A ideia de ter um programa de televisão que representa os formatos típicos dos anos 50 através do Alfredo Honório Show é uma ótima sacada, assim como foi a escalação de Eduardo Sterblitch para viver o apresentador, que forma uma família com Teresa (Maria Eduarda de Carvalho) e Eugênia (Klara Castanho) ---- Edu e Maria repetem a parceria de sucesso do remake de "Éramos Seis", de 2019. O conflito em torno de Lígia (Palomma Duarte), mulher que largou a família para seguir a carreira de cantora, é outro ponto que desperta interesse pelas boas discussões em torno do machismo da época e que ainda reverbera nos dias atuais. O futuro casal formado pela sonhadora Celeste (Debora Ozório) e pelo inocente Edu (Caio Manhente) também provoca boas expectativas, assim como as maldades de Zélia, Maristela e Juliano, três vilões que prometem dar o que falar. Pelo menos é o que se espera depois da decepção em torno da inutilidade dos canalhas de "No Rancho Fundo". 

A primeira semana da trama se mostrou impecável e o capítulo do último sábado (09/11) proporcionou um gancho de tirar o fôlego que marca o primeiro reencontro da mocinha com sua mãe, após uma confusão armada por Juliano durante um evento de lançamento na Perfumaria Carioca. O vilão botou um sabonete na bolsa da protagonista e a acusou de furto, o que causou um embate entre as duas Beatrizes. A briga aconteceu justo na chegada de Clarice, que chamou Bia de 'minha estrelinha', apelido que a protagonista nunca esqueceu quando era criança. A comoção da personagem proporcionou um grande desempenho de Duda Santos, que está perfeita como mocinha, e Carol Castro, que ganhou um papel que faz jus ao seu talento. E a injustiça sofrida por Beatriz causará uma onda de protestos, que culminará na escolha de seu nome para o concurso que dá o título ao folhetim. 

"Garota do Momento" ---- que ainda tem uma deliciosa abertura ao som de "Tutti Frutti" (nome inicialmente pensado para a novela), de Little Richard ---- apresentou uma estreia de encher os olhos e a trama de Alessandra Poggi, que tem direção geral de Jeferson De e direção artística de Natalia Grimberg, reúne todos os clichês de um bom folhetim. A autora disse que já escreveu 120 capítulos e prefere assim porque fica mais fácil para mudar só as partes que não funcionarem. Se a trama seguir do jeito que começou, não precisará mexer em muita coisa.

8 comentários:

  1. Sérgio,
    Confesso que ainda não parei para assistir essa novela sabia?
    beijos
    www.luluonthesky.com

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  2. a trama é muito bem construída mesmo. folhetim de primeira. sim, muito mirabolante o q arrumam pra protagonista, mas tudo coerente. sim, todas as tramas tem boas histórias. ótimo elenco. muitos segredos. beijos, pedrita

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  3. Tu sabes bem apresentar o enredo e novela! Muito bom teu post,mas não assisto! abração, lindo dia! Tuuuuuuuuudo de bom,chica

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  4. Torço muito pelo sucesso dessa novela. Os temas abordados tornaram-se prementes
    porque nesses últimos tempos, há quem queira (inclusive através da política) impor novamente
    os costumes opressores (machismo e outros), em pleno 2024.

    Beijão

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  5. Pela resenha parece ser uma novela bem interessante.
    Abraços

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  6. A primeira semana foi impecável! Amei cada segundo dos capítulos. Estou ansiosa para conhecer mais dos personagens e de me aventurar por uma história bonita e bem escrita! Que siga assim até o final!

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  7. Sérgio, o que você está achando da atuação da Maisa?

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