A nova série da Globo, escrita por Manuela Dias e baseada no mesmo formato e universo de "Justiça", exibida em 2016, apresenta quatro histórias fortes e com elementos que prendem a atenção do público. No entanto, há várias incongruências no roteiro que prejudicam a narrativa. Ainda assim, o conjunto desperta interesse por conta de um fator decisivo: o elenco escalado.
Os atores sustentam a história através de interpretações contundentes. A autora e o diretor, Gustavo Fernández, foram muito felizes na escolha do time de "Justiça 2" e em todas as cenas o êxito na escalação aflora. É até injusto citar um grande destaque porque a disputa é acirrada, inclusive entre os coadjuvantes e participações pontuais.
Entre os protagonistas, Belize Pombal, Alice Wegmann e Juan Paiva acabam sobressaindo por conta da dramaticidade de suas respectivas histórias, todas impregnadas de sofrimento por todos os lados, onde não há um respiro sequer.
Uma mulher presa por ter cometido um crime em legítima defesa, uma garota violentada pelo tio e um rapaz que foi parar na cadeia por conta de um reconhecimento facial racista. A narrativa do trio fica cada vez mais pesada com o passar dos episódios, o que vai exigindo uma entrega mais intensa doa atores, que correspondem integralmente.Belize Pombal é uma força da natureza. Sua potência cênica é fascinante e seu trabalho irretocável ficou conhecido pelo grande público através da primeira fase do remake de "Renascer", onde emocionou na pele da também sofrida Quitéria, mãe de Maria Santa (Duda Santos). A atriz ganhou uma merecida protagonista na série e arrebata assim que surge em cena. A saga de Geiza é a pior de todas e as cenas dilaceram o telespectador. O olhar de profunda tristeza da personagem toca fundo em quem assiste e Belize fez uma dobradinha incrível com a igualmente talentosa Gi Fernandes, que viveu Sandra, a única filha daquela mulher. E o acontecimento trágico dessa trama proporcionou uma cena de elevado grau de dificuldade para a intérprete, que tirou de letra.
Alice Wegmann prova mais uma vez que está pronta para qualquer desafio, inclusive uma protagonista de novela, ainda que não esteja em seus planos por agora diante do seu envolvimento com tantos outros projetos. Carolina é uma mulher de olhar triste e distante por conta de tantos abusos sofridos ao longo da infância e adolescência. A prisão do abusador Jayme (Murilo Benício), durante sete anos, não provoca qualquer melhora em seu estado psicológico e sua soltura ocasiona uma piora ainda maior em sua vida. São cenas desconfortáveis e pesadas. A atriz está irretocável em cena e vale destacar seus momentos ao lado de Murilo Benício e Júlia Lemmertz, intérprete de Júlia, a mãe omissa e adoentada de Carolina.
Juan Paiva vem se destacando como João Pedro no remake de "Renascer" e ganhou mais um personagem sofredor em "Justiça 2", uma vez que Balthazar come o pão que o diabo amassou e está em uma situação muito pior que a do caçula de Zé Inocêncio (Marcos Palmeira) na novela das nove. Preso injustamente por sete anos, o motoboy não conseguiu se despedir da avó, que faleceu enquanto o neto estava na cadeia, e se viu sem o pouco que tinha quando saiu da prisão. O ator virou um 'expert' em interpretar tipos que não conseguem um segundo de paz e está ótimo na série. Aliás, em seu núcleo há outros talentos que precisam ser citados. Jéssica Marques merece elogios pela composição da íntegra Larissa, amor da vida do rapaz, assim como as participações de Dja Martins como a avó Regina e Amir Haddad como o Seu Galdino. E o que dizer sobre Marco Ricca e Maria Padilha?! O ator está magistral vivendo o violento e corrupto Nestor, um vilão maniqueísta digno de dramalhão mexicano. Já Maria faz muita falta na televisão e voltou com uma personagem que honra seu talento. A perua Silvana aparenta valer tão pouco quanto o seu marido, mas com o passar dos episódios vai ficando claro que é mais uma vítima do responsável por todos os males da história.
A saga de Milena (Nanda Costa) é a mais fraca da série e é impossível comprar qualquer narrativa em cima do que vai acontecendo com aquela protagonista, mas a química entre Nanda e Paolla Oliveira é incontestável e sempre é bom ver um casal homoafetivo sendo explorado sem a censura ainda tão presente na teledramaturgia da Globo. E Paolla interpreta uma personagem totalmente diferente de tudo o que já tinha feito na televisão. A poderosa empresária musical é uma psicopata que não pensou duas vezes antes de assassinar o meio irmão que conheceu no dia do velório de seu pai. A atriz está à vontade em cena. Vale elogiar também Marcello Novaes na pele do mau-caráter Egisto, assim como Teresa Seiblitz (mais uma figura que faz falta nas novelas) na pele de Silvana e Juliana Xavier como Luara.
E Leandra Leal é a única atriz que participou de "Justiça" há 8 anos e voltou como Kellen, a cafetina que acaba participante direta ou indiretamente de todas as histórias. Ela foi um dos grandes destaques da série original e não é diferente na continuação. Ainda mais solta em cena, a atriz faz uma dobradinha deliciosa com Fábio Lago, intérprete de Darlan, marido da personagem. Ainda é necessário mencionar todos os demais integrantes do elenco que se destacam, como Danton Mello interpretando um tipo que nunca tinha vivido antes na carreira. O metódico, introspectivo e depressivo Abílio é um perfil que muitos autores jamais direcionariam para o ator, que está seguro em cena. Rita Assemany (tia Ingrid), Giovanni Venturinni (Elias) e a participação visceral de Filipe Bragança no terceiro episódio (como Renato) também foram grandes acertos.
"Justiça 2" tem bastante problemas em seu desenvolvimento, mas o talento dos atores faz diferença. É o ponto alto da série.
Gracias por la recomendación
ResponderExcluirVou ter que achar um tempo para ver esta série. Cada resenha tua me deixa mais curiosa.
ResponderExcluirBeijão
Agora a história... que coisa RUIM. Botar o remake de Vale Tudo nas mãos dessa mulher é uma temeridade.
ResponderExcluirRealmente. Concordo em gênero, número e grau!
ResponderExcluirBoa semana!
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Até mais, Emerson Garcia
O elenco está excelente mesmo Zamenza, só achei que esqueceu de mencionar o Luciano Mallmann que está muito bem como Cassiano. E dos protagonistas, acho que a Nanda Costa destoa um pouquinho, acho ela uma atriz um pouco limitada. No mais, concordo com tudo.
ResponderExcluirAbraço
Bjs, Citu.
ResponderExcluirVeja, Marly, até pra tirar uma conclusão. bjsssss
ResponderExcluirMedo, Yasmin...
ResponderExcluirObrigado, Emerson.
ResponderExcluirÉ que nao achei ele tão bem, Juan...
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