Eliane Giardini fez de Agatha um dos maiores sucessos de "Terra e Paixão"

 A participação de Eliane Giardini em "Terra e Paixão" foi a melhor coisa que aconteceu na novela de Walcyr Carrasco, que agora tem a parceria de Thelma Guedes. Escalada pelo autor em fevereiro, a intérprete precisou manter segredo sobre a sua entrada na história que marcou a maior virada do enredo. Foram 98 capítulos e cinco meses no ar com muitas cenas ótimas e cada vez mais destaque a ponto do público se apaixonar por Agatha.

A atriz nunca tinha vivido uma grande vilã até hoje em sua carreira e Walcyr a presenteou com um tipo que começou aparentemente inofensivo até se revelar um demônio encarnado. O intuito da personagem era movimentar o enredo e assim que surgiu em cena conseguiu atingir o objetivo com louvor. A apresentação daquela enigmática mulher teve o mesmo estilo narrativo da inesquecível Flora (Patrícia Pillar), de "A Favorita" (2008), que saiu da cadeia com carinha de sofrida até se mostrar uma psicopata. Mas Walcyr não demorou tanto quanto João Emanuel Carneiro e logo foi dando pistas sobre o verdadeiro caráter de Agatha La Selva. Quanto mais cenas reveladoras a respeito de sua índole, mais o público se interessava pela saga da malvada. A ideia de colocá-la como uma especialista em chás e ervas venenosas foi uma sacada de mestre. 

 A esposa de Antônio La Selva (Tony Ramos) saiu da cadeia, após mais de 20 anos presa, para se vingar do marido e a razão de seu ódio só foi revelado nesta semana em uma sequência irretocável de Eliane e Tony, quando Agatha contou ao ricaço, que mal conseguia se mexer na cama por conta do envenenamento gradativo provocado pela víbora, a respeito do que tinha acontecido com seu pai no passado: o então fazendeiro teve todas as terras roubadas pelo pai de Antônio, que ainda mandou um de seus jagunços matá-lo.

 Ela precisou fugir com a mãe e as duas viveram na miséria. Ou seja, tudo o que Aline (Barbara Reis) passou nas mãos de um La Selva. A fria mulher largou Gentil (Flávio Bauraqui) para se casar com Antônio e assim se vingar, mas o vilão fez da sua vida um inferno, o que ocasionou a sua fuga com o médico que fez o parto de Caio (Cauã Reymond). Médico, por sua vez, que acabou assassinado por ela, cujo crime resultou na sua prisão. Um contexto que fez sentido com a saga da personagem ao mesmo tempo que justificou muitas de suas atitudes. 

Eliane Giardini protagonizou sequências muito boas com Tony Ramos e Gloria Pires, além de ter brilhado ao lado de Inez Viana (Angelina), Tatiana Tibúrcio (Jussara) e Rafael Vitti (Hélio). A sua presença engrandecia a história e todo o processo de mudança da vilã foi bem trabalhado até a verdadeira face ser exposta para o público e personagens. A expressão facial da atriz dava medo quando Agatha falava sozinha ou lançava um olhar maquiavélico digno de um delicioso dramalhão folhetinesco. É impossível mencionar todas as cenas que valorizaram o talento de Eliane, mas a armadilha preparada contra Aline destacou a frieza da mãe de Caio, que acertou um tiro de raspão certeiro em Antônio com direito a uma visível cara de satisfação pelo seu feito. O instante em que a mulher se revelou por completo. 

Já a última semana da vilã reservou grandes momentos. Walcyr e Thelma fizeram questão que Agatha se despedisse em grande estilo para ficar na memória do telespectador. A sequência em que a personagem se descontrolou com Antônio ---- depois que seu plano de casar Hélio com Petra (Debora Ozório) naufragou ---- impressionou pela crueldade; afinal, berrou com o marido, o mandou calar a boca e ainda tirou a sonda de seu braço de forma bruta. Outra cena merecedora de elogios foi o último embate com Irene, quando a Agatha revelou que sabia sobre o plano da rival de matar Caio em um 'acidente' de carro que acabou vitimando Daniel (Johnny Massaro). Eliane e Gloria Pires fizeram um duelo de gigantes ao longo da novela. 

O capítulo desta quinta-feira, dia 7, foi todo construído para o clímax do assassinato da vilã e a tensão dominou a narrativa. Como todo bom clichê novelesco, vários personagens foram colocados como suspeitos e é certo que a morte de Agatha não foi ocasionada apenas por uma pessoa. Até três pessoas (ou até mais) participaram, o que deixa o enigma ainda melhor. A sequência da previsão de Jurecê (Daniel Munduruku) arrepiou, assim como o momento final aterrorizando com o som de três tiros disparados e a imagem da malvada de branco e ensanguentada caída na escada. Um desfecho épico para uma personagem interpretada por uma das maiores atrizes do país e que deixou sua marca no enredo.

"Terra e Paixão" está a pouco mais de um mês de seu fim e a morte de Agatha encerra a brilhante participação de Eliane Giardini, que fez sua quarta novela bem-sucedida com Walcyr Carrasco, após "Amor à Vida" (2013), "Êta Mundo Bom!" (2016) e "O Outro Lado do Paraíso" (2017). A vilã fará muita falta, assim como os shows diários da intérprete na atual trama das nove. Mas valeu muito a pena cada capítulo com ela.