Impossível não cair na repetição em torno da fidelidade tacanha de Bruno Luperi ao roteiro de Benedito Ruy Barbosa. O neto se recusou a mudar qualquer mínimo conflito que seja no remake de "Pantanal". Tirando pequenas alterações que em nada afetam o roteiro, a trama é praticamente idêntica ao conjunto que foi exibido em 1990 na Rede Manchete. É como se a Globo estivesse reprisando a obra da concorrente, mas com a sua tecnologia e o seu elenco. E isso não é o significado de remake, embora alguns achem.
A maior falha da atitude de Luperi está na persistência dos erros da versão original. O autor tinha a chance de consertar todas as falhas que a produção teve há 32 anos e transformá-la em um produto perto da perfeição. Mas a sua justificativa é que a trama foi gravada com muita antecedência por conta das cheias do Pantanal e pela pandemia. Só que a desculpa usada recentemente em uma breve entrevista no "Encontro" não se sustenta. "Um Lugar ao Sol", "Nos Tempos do Imperador" e "Quanto Mais Vida, Melhor!" foram novelas prejudicadas pela pandemia. Foram obras fechadas que não puderam ser modificadas de acordo com a resposta do público. Só que "Pantanal" não se enquadra nesse time.
O remake foi tratado com todos os privilégios possíveis pela Globo, incluindo o intenso trabalho de divulgação. E várias cenas da novela foram gravadas com a produção já no ar. Aliás, até hoje tem ator gravando cena. Incluindo sequências da reta final e de publicidade inseridas na história. Então como Luperi pode usar a desculpa de uma frente grande de capítulos?
Se o remake tivesse sido um fracasso de audiência, não daria para modificar nada? Há controvérsias. E todo o longo preâmbulo deste texto tem como objetivo chegar ao casal Zé Lucas (Irandhir Santos) e Irma (Camila Morgado). Sem dúvida, o maior tiro no pé do escritor em sua 'adaptação'. Novamente é preciso lembrar: Zé Lucas foi um perfil criado de última hora por Benedito em 1990. Tudo porque o público não se conformou com a saída de Paulo Gorgulho da novela depois da mudança de fase. O ator vivia o Zé Leôncio, papel que foi para Cláudio Marzo com a passagem de tempo. Para resolver o problema, o autor criou mais um filho para o protagonista. Mas como foi uma espécie de improviso, o personagem não tinha um planejamento ou um arco dramático estruturado. Lucas acabou jogado de um núcleo para o outro e muitas vezes não tinha função, era mais um estorvo de cena. Afinal, em um momento estava em busca de um rumo na vida quando encontrou o pai por acaso. Depois virou rival dos irmãos para a conquista da tal sela de prata e posteriormente teve uma paixão súbita por Juma (Cristiana Oliveira), que resultou em um quase estupro. Ainda se apaixonou pela jornalista Érica (Gisela Reimann) e a largou no altar quando descobriu a farsa da gravidez. Só terminou ao lado de Irma (Elaine Cristina) porque Benedito precisou retirar Almir Sater (intérprete do Trindade) da história para o ator protagonizar "Ana Raio de Zé Trovão". Ou seja, foram situações que prejudicaram a narrativa do folhetim na época.Tudo poderia ter sido melhorado no remake. Até mesmo para uma valorização de Zé Lucas. Afinal, o papel ficou com o brilhante Irandhir Santos. Era a oportunidade de criar um novo arco para o primogênito de Leôncio (Marcos Palmeira). Ia alterar muito a história? Não muito. E ainda que alterasse, qual o problema? Tramas paralelas equivocadas é algo corriqueiro em folhetins e com "Pantanal" não foi diferente. Tanto que, quando o grande público lembra da obra de 1990, um dos perfis que ninguém ligava ou recordava com carinho era justamente o Zé Lucas. Juma, Velho do Rio, Maria Marruá, Leôncio, Tenório, Maria Bruaca, enfim, nunca faltou nome para o telespectador guardar na memória. Só que Lucas nunca esteve na lista. E não esteve porque era uma das falhas do enredo.
Com a saída de Trindade (Gabriel Sater), seguindo à risca o roteiro original, o remake perdeu muito. Até porque está em uma longa fase de barriga onde nada de relevante acontece. A história também se arrastava há 32 anos, mas tinha mais de 200 capítulos. Agora a produção terá 173 capítulos. Houve uma redução significativa, mas nem assim Luperi evitou a criticada fase de marasmo muito lembrada em 1990. Isso porque não criou nenhum conflito novo, então não adiantou reduzir o número de dias de folhetim no ar. E toda a construção do envolvimento entre Zé Lucas e Irma soa forçado. A personagem se conformou muito rapidamente com o abandono do homem que dizia amar. Se sofreu por três dias, foi muito. Na época, era compreensível a superficialidade da aproximação porque o autor teve que se virar com o que tinha diante da eliminação de um personagem tão emblemático. Mas Luperi não precisou lidar com imprevistos. Ele apenas copiou e colou tudo o que o avô fez, ainda que tenha soado equivocado. Ou seja, quis repetir os erros e não consertá-los.
A rejeição do público nas redes sociais é imensa e as várias críticas merecidas. Importante ressaltar que nenhum autor tem a obrigação de ceder a pressão popular ou a palpites sobre suas histórias. Afinal, são ficções onde eles são os criadores. Mas no caso de Bruno Luperi é tudo diferente. A trama não é dele e Benedito não teria criado o romance entre Irma e Zé Lucas se Almir Sater não tivesse sido escalado para uma outra produção. E o próprio neto faz questão de repetir em entrevistas que o avô lhe deu total liberdade na adaptação. Se é verdade ou não só os familiares e a Globo sabem, mas a afirmação apenas reforça a sua covardia em mexer no roteiro. O casal formado por Camila Morgado e Irandhir Santos se mostra o maior equívoco da reta final do remake.
Obrigado por mais essa macetada no preguiçoso.
ResponderExcluirEspero que esse homem nunca mais faça um remake na vida dele.
ResponderExcluirSuas colocações são perfeitas e fundamentadas. Gostei da análise que fez. Abraço.
ResponderExcluirSe Benedito Ruy Barbosa deu ao neto total liberdade na adaptação, então Bruno Luperi deveria ter o mínimo de bom senso e não repetir o que deu errado e/ou não era planejado para o folhetim de 1990 da Rede Manchete. O remake de "Pantanal" em exibição na Globo recebeu um tratamento demasiadamente privilegiado por parte da emissora para ser concebido com tamanha displicência no tocante à condução de certas tramas.
ResponderExcluirGuilherme
Olá, tudo bem? Confesso que não fico incomodado com esse casal. Abs, Fabio www.blogfabiotv.blogspot.com.br
ResponderExcluirPantanal passou em Portugal há vários anos. Acompanhei essa série com muito interesse e sei que teve enorme sucesso.
ResponderExcluirA versão atual está a passar também, mas parece-me que já não tem o mesmo impacto do primeiro seriado.
Abraço amigo.
Juvenal Nunes
Boa noite, Sérgio,
ResponderExcluirVou confessar: por falta de tempo, eu não vejo esta novela. Mas gostaria. Talvez a veja no futuro, por meio de vídeos e tal. Mas até eu, que não a assisto, já fiquei sabendo dos detalhes relativos a este casal, rsrs.
Abraço
Realmente é lamentável insistir nesse casal na novela.
ResponderExcluirBig Beijos
“Casal” podre! 🤮 Nunca será Irma e Trindade
ResponderExcluiravisa que o Luperi não é artista, Sérgio!
ResponderExcluirOutro personagem chaaaato e super valorizado é o tal de Zaqueu. De repente ele mudou , de muito afetado para o peão machudo. Ele é forçado, overacting, não passa veracidade no personagem. Acho que o diretor está querendo atingir e conquistar o publico LGBT+, só que beira o ridículo o rumo desse Zequeu. Acho mesmo muito ruim esse ator. Minha opinião.
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De nada, anonimo... kkkk
ResponderExcluirEu tambem, Yasmin.
ResponderExcluirBjs, Marilene.
ResponderExcluirPois é, Guilherme, nao há logica...
ResponderExcluirOk, Fabio.
ResponderExcluirAbraço, Juvenal!
ResponderExcluirBjs, Marly!
ResponderExcluirLamentavel, Lulu.
ResponderExcluirBjs, Tereesa!
ResponderExcluirNunca, anonimo.
ResponderExcluirAviso, anonimo. kkkk
ResponderExcluirAcho o Silvero bom, mas o personagem nao.
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